Im-paciente escrita por Mary Ficwriter, Mary


Capítulo 1
Saúde


Notas iniciais do capítulo

OMG!
Sim, a pessoa que não consegue escrever uma longfic decente há... 2 anos? Sim, está ai com mais uma oneshot, dando a cara tapa ao invés de atualizar as fics em andamento. Eu não tomo jeito mesmo, tsk tsk...
Ah, mas hoje é dia de festa!
Parece que, pelas minhas contas, o baby-shark-whale mais amado desse fandom completa mais um ano de vida e eu como fã louca, mãe doente desse Yamazaki rabugento, não podia deixar a data passar em branco, não mesmo!

Primeira SouMako que eu escrevo *fogos/tiros/confetes* Nem acredito que finalmente estou escrevendo sobre meu OTP *chora* Espero que gostem e agradem.

Mil beijos para todos e boa leitura, nos encontramos nas notas finais.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/708361/chapter/1

“Feliz aniversário, Yamazaki-senpai! (ง ˙ω˙)ว Obrigado por sempre cuidar tão bem de nós! Momo-kun e eu te desejamos melhoras para que possa voltar aos treinos o mais rápido possível! (18:26 ✔✔)”

Os dedos correram pela tela rachada do Iphone após visualizar a mensagem de Nitori, fechando o aplicativo de mensagens. Os olhos azuis-ciano pareciam tediosos antes que ele colocasse o celular ao lado do travesseiro, antes de puxar um dos cobertores para cima do corpo.

Quase sete da noite e nem sinal dele.

Havia aquela dor no corpo todo. Sua cabeça estava ardendo em febre, os olhos lacrimejados e seu nariz entupido. Tudo, absolutamente tudo parecia querer contribuir para seu mal estar, e para completar a lista de coisas que estavam ali para atrapalhar o seu dia; literalmente o seu dia, tinha seu melhor amigo que entrava no dormitório de segundo em segundo, sempre com uma piada idiota.

Rin poderia lhe dar uma trégua ao menos hoje, não é?

Hospitais são uma perda de tempo, foi isso que havia dito a Makoto quando o namorado ofereceu companhia para ir até algum consultório médico.

Não havia dito nenhuma mentira, ou tinha?

Sousuke jamais achou necessário se enfiar em uma sala de espera com mais de uma dúzia de pessoas, grande maioria delas sendo mães com crianças de colo que não parariam de chorar um segundo sequer, choros esses que o fariam perder a paciência de ter de esperar para ser atendido e assim ser diagnosticado com uma gripezinha atoa que poderia ser curada com um banho e cama quente.

Era seu aniversário, ele não queria passar esse dia enfiado em uma sala de espera, e onde o Tachibana estava com a cabeça quando ofereceu esse tipo de coisa a ele? Que droga de presente, francamente... Makoto poderia ser mais criativo e dar a ele algo mais, hn... emocionante, mas oferecer companhia ao medico não era algo que agradava o Yamazaki em nada.

Se bem que, agora, ele se arrependia de não ter ido.

A recomendação que Makoto havia feito ocorreu no dia anterior pela manhã, e agora estava lá, enfurnado embaixo de três cobertores pesados, suando como nunca antes, rodeado por milhões de lenços usados, espirrando de quinze em quinze segundos, com dor de cabeça e fome.

Se ele tivesse ouvido-o, mas não, precisava bater o pé como o teimoso que era e ignorar todos aqueles “Mas e se piorar”, “E se você passar mal à noite”, “E se você estiver sozinho”.

E se, e se... Naquele momento achara que o Tachibana estava exagerando, mas agora já não tinha tanta certeza e se arrependia de ter recusado a ajuda dele a ponto de ele irritar-se e ir para casa, largando o Yamazaki sozinho no dormitório da Samezuka.

Não basta ficar doente, tinha de ficar doente e sofrendo sozinho.

— Que jeito maravilhoso de passar o aniversário, hein? – a fala veio acompanhada por uma cortina de vapor que saiu pela porta do banheiro.

Girando os olhos em direção a quem havia o ofendido, Sousuke encontrou Rin parado ao arco da entrada encarando-o enquanto secava as pontas molhadas dos fios ruivos com uma toalha que estava em seu pescoço.

O Matsuoka vestia uma calça jeans, esta, aliás, estava com os botões desfeitos revelando o tecido vermelho da cueca, havia também a falta da camiseta e, se o Yamazaki não estivesse com o nariz entupido, poderia sentir o cheiro do sabonete e loção pós-barba.

— Vai sair? – perguntou ignorando a ofensa do outro.

— Vou. – Matsuoka respondeu, seguindo para a escrivaninha enquanto secava os cabelos. – Respirar os seus germes pode me fazer mal. Não estou afim de pegar seu resfriado. – complementou com um sorriso por cima dos ombros antes de pegar o celular ao qual desbloqueou com rapidez com um breve deslizar sobre a tela.

— Ótimo amigo você se mostra. – o moreno sentou-se na cama buscando a caixa de lenços de papel e não a encontrando caçou um pano que estava sobre seu cobertor e quando estava prestes a assuar o nariz sentiu o tecido ser puxado de sua mão com brutalidade.

— Não vai se limpar com a minha camiseta. – ralhou o ruivo enquanto desdobrava a peça de cor preta, vestindo-a em seguida. – Já fui generoso o suficiente em deixar você ficar com a cama debaixo por hoje, não abuse da minha boa vontade. – avisou caminhando até a escrivaninha, abrindo uma das gavetas e pegando uma nova caixa de lenços. – Toma. – lançou ao Yamazaki, que a segurou no ar.

O moreno arrebentou o lacre da caixa com um puxão, tomando logo três folhas do papel branco, assoando o nariz de forma exagerada e barulhenta, fazendo o Matsuoka retorcer o rosto em uma expressão de puro asco.

— Você devia ir à enfermaria. – recomendou. – Pelo menos ver se consegue pegar um remédio, sei lá.

— Não preciso disso. – refutou. – Se eu dorbir...

— “Isso passa”. Aham, Sousuke, continue a pensar assim, mas quando estiver à beira da morte não diga que não avisei. – rebateu o Matsuoka, pegando a jaqueta que descansava na cadeira rente a mesa de estudos. – De qualquer forma, eu vou indo.

— Vai ver o Dadase? – o de olhos azuis questionou parecendo realmente curioso pela primeira vez.

— São seis da tarde de um sábado, ir à farmácia para você que eu não estaria indo, não é mesmo? – ironizou o ruivo com um sorriso aberto que fez com que Sousuke tivesse uma vontade súbita de levantar e socá-lo na face.

Não agora, porque era capaz de levantar e cair de cara.

— A menos que você queira algo... – postergou com um sorriso. – Talvez queira que eu mande uma mensagem para certa pessoa, um vizinho do Haru que talvez more por ali perto... – induziu o pedido de forma sugestiva.

Sousuke semicerrou os cílios em sinal de aviso.

— Não quero favor nenhum da sua parte, obrigado. – rebateu irritado.

— Tudo bem, só ‘tô tentando ajudar. – deu de ombros enquanto pegava o celular e a carteira. – Estou com o celular, qualquer coisa só me ligar. – avisou. – Vou deixar a porta do quarto aberta. Não sei a que horas volto. – deu a conversa por encerrada enquanto seguia a saída.

Esbera, Rin!

— Sabia. – o Matsuoka sorriu vitorioso, soltando a maçaneta e voltando-se ao doente. – O que eu devo dizer ao Makoto?

— Não quero que diga nada a ele, imbecil. – desdenhou fungando em seguida.  – Só... Se vê-lo, pode be mandar uma mensagem? Só quero saber se está tudo bem com ele.

— Ele poderia estar com você aqui agora, você sabe... – arqueou uma das sobrancelhas. – Ou num hospital quem sabe.

— Rin, não enche. – rebateu enquanto dava às costas ao ruivo e se cobria até a cabeça. – Só estou te pedindo isso, se puder fazer o favor, ótibo. Senão, não vem be passar sermão. – cortou de forma rude.

— Grosso... Espero que se divirta no seu fim de dia sozinho. – o Matsuoka torceu o nariz antes de sair do quarto, apagando a luz, deixando uma pequena fresta aberta para que a luz dos corredores invadisse o quarto, impedindo o amigo de ficar em puro breu.

Poucos segundos depois do ruivo se retirar, Sousuke descobriu-se, sentando na cama, buscando a caixa de lenços, assoando o nariz pela milionésima vez, para logo depois jogar o lenço usado no chão de forma descartável e em seguida deixou-se cair no colchão, buscando seu celular embaixo do travesseiro, checando se não havia mensagem alguma, ao menos a de certo alguém. Não havia.

Makoto nunca havia ficado em silêncio durante tanto tempo. Era seu aniversário e ele estava doente, poxa! Certo que se não tivesse batido o pé e contrariado-o, ele não estaria o evitando agora.

Aqui se faz, aqui se paga, não é verdade?

Fungando, o Yamazaki deixou o celular de lado, virando-se para a o lado, cobrindo-se até. Poucos minutos antes, havia tomado ao menos um analgésico por insistência de Rin, que agora parecia começar a fazer efeito no seu organismo, ou seja: sono. E o pior é que ele não queria dormir, estava cedo demais. Droga

— Rin, eu vou te batar... – resmungou, sentindo suas pálpebras pesarem e sua mente começar a desligar-se sem sua permissão, fazendo-o cair em curtos espaços de sonolência.

Sua mente passou a vagar para um lugar distante, mas por ele já conhecido. Conhecia aquela porta branca de madeira lascada, assim como conhecia aquela sala de estar com moveis rústicos talhados de forma bem traçada. O cheiro que chegava a suas narinas era inconfundível e muito o agradava. Arroz fresco e sopa de legumes, seu favorito e para sua felicidade, era a especialidade de sua mãe. Seus pés caminharam de forma ansiosa, levando-o até a cozinha, esperando encontrar a figura materna à pia como de costume, mas local se encontrava vazio, no fogão havia três panelas no fogo, e pela janela ele via o verde do jardim da frente.

O Yamazaki seguiu até o fogão, mas ao chegar perto do eletrodoméstico, notou que por algum motivo estranho não conseguia alcançá-lo, as panelas estavam altas demais e ele tão pequeno. Assim, ele passou a esticar os curtos bracinhos para cima, na esperança de alcançar a refeição tão cobiçada, mas não conseguia, por mais que ficasse na ponta dos pés, por mais que esticasse seus braços...

Sousuke-kun... — a voz era doce, leve e suave.

Uma mão foi posta em seus cabelos, acariciando carinhosamente, tão antipico de sua mãe fazer caso o pegasse xeretando nas panelas.

Se fosse sua mãe, ele receberia um tapa na palma da mão.

Sousuke-kun... – o toque permanecia em seus cabelos, os dedos se emaranhando em seu couro cabeludo em um cafuné tão bom que chegava a causar em si arrepios em sua pele e um desejo de pedir para que a aquela pessoa jamais parasse de acariciá-lo. – Sousuke...

O terceiro chamado foi dito rente a sua orelha, mais baixo e mais intimo.

Perdido entre o consciente e o inconsciente, as imagens de seus sonhos passaram a dispersar lentamente, trazendo a realidade até si enquanto apertava as pálpebras com força antes de abri-las lentamente, despertando por completo, olhando para o estrado do beliche de cima.

— Pensei que não fosse acordar.

Virando seu corpo lentamente na cama, encontrou um par de verdes olhos que o fitavam com um brilho indecifrável, mas que para o Yamazaki passava a impressão arrogância e presunção, mesmo que soubesse que aquele que estava sentado ao seu lado não tinha nenhum desses traços à sua personalidade.

— Não esperava que viesse be ver... – comentou piscando lentamente os olhos, pensando ainda estar sonhando. – Achei que estivesse bravo. – completou em um sussurro.

Makoto ergueu as sobrancelhas de forma surpresa, antes de soltar um suspiro e se colocar de pé.

— E quem disse que não estou? – questionou ele, seguindo até a escrivaninha onde descansava uma mochila vermelha, a qual ele passou a abrir. – Mas minha mãe cozinhou miso hoje, e me disse para trazer um pouco para você. – explicou ainda de costas enquanto depositava três potes encima da escrivaninha.

Sousuke piscou algumas vezes, analisando toda a postura do Tachibana com cautela antes de pigarrear e se sentar na cama, pouco curvado para não bater a cabeça no beliche. Ele coçou a própria garganta, sentindo-a raspar um pouco e seu ouvido doer.

Parece que não estava melhorando, inferno.

— Agradeça sua bãe por bim. – pediu de cabeça baixa, incapaz de encarar o outro devido a vergonha de suas atitudes passadas.

Ele agradecia ser Makoto quem havia oferecido companhia até o hospital, porque caso fosse Rin, ele tinha certeza de que o Matsuoka estaria zombando dele até agora pela recusa e piora clara, horas depois.

— Sem problemas.

Houve um silêncio no quarto, um daqueles bem constrangedores e incômodos. Makoto não agia assim normalmente, e era muito desconfortável quando o escorpiano o tratava daquela forma seca e indiferente, por mais que Sousuke tivesse a total certeza de que aquela pose não duraria por muito tempo, afinal, era Makoto e não precisava ser explicado nada mais além disso.

Sousuke deixou seus olhos recaírem nos cobertores, notando a falta da bagunça que havia deixado antes de cair no sono. Olhando ao redor, notou também que não havia sequer um lenço de papel jogado pelo quarto, o quê fê-lo chegar à conclusão de que o mais novo havia limpado tudo antes que acordasse.

Devia agradecê-lo mais uma vez ou...

— Se sente melhor? – os olhos azuis logo se voltaram a Tachibana, que o encarava de braços cruzados, o quadril apoiado na cadeira do computador, o olhar curioso.

Sousuke maneou a cabeça em um “não” antes de responder:

— Rin be deu um rebédio antes de sair, mas be deu sono. – bocejou ao fim da frase antes de massagear o pescoço dolorido por ter dormido de mau jeito.

— Hm. – Makoto assentiu de forma vaga, virando-se novamente para a mochila, vasculhando o bolso dianteiro desta. – Por que não vai lavar o rosto, despertar... E-eu passei na farmácia. – sua voz falhou um pouco ao pronunciar a última parte. Sousuke viu-o puxar um pequeno saco de papel de dentro do bolso. – Comprei aspirina, mas acho que você devia comer algo primeiro antes de tomar remédio. – complementou de forma pensativa antes de abrir o pequeno saco e deixar a cartela de comprimidos cair em sua mão.

Sousuke sentiu o coração derreter diante o gesto simples, porém, de grande significado para ele, pois, por mais que o Tachibana se esforçasse para mostrar-se indiferente a sua gripe, ele ainda estava ali sendo quem sempre fora e aquele pequeno rubor na face que ele tentava a todo custo esconder ao estar de costas para si comprovava sua tese.

Abrindo espaços nas cobertas e sentindo um súbito frio, o moreno ajeitou o moletom cinza ao corpo antes de se colocar de pé, espreguiçando-se.

O Yamazaki caminhou até próximo do outro, parando ao lado do Tachibana, admirando brevemente as feições envergonhadas do outro antes de depositar os lábios em sua bochecha em um beijo carinhoso.

— Obrigado. – sussurrou quando ainda próximo dele.

Se dirigiu ao banheiro adjacente ao quarto pouco depois, incapaz de presenciar a vermelhidão que tomou o rosto do outro rapaz assim que saiu do cômodo.

Encarando seu reflexo no espelho, o Yamazaki notou o quanto estava destruído; um verdadeiro caco. Os olhos estavam cansados com pequenas bolsas escuras abaixo destes, o rosto pálido e o cabelo uma bagunça.

Ele alisou o rosto exausto e pouco disposto antes de ligar a torneira, juntando uma quantidade considerável de água nas mãos, molhando o rosto em seguida para despertar por completo, empurrando uma quantidade menor para os fios negros de seu cabelo, alinhando-os como pôde aos pentea-los com os dedos. Aproveitou da privacidade para se livrar também do moletom que usava, notando estar usando a camiseta verde-limão de malha leve que pertencia a um de seus pijamas.

Bom, pelo menos agora estava pouco mais apresentável.

Ele enfiou o agasalho de qualquer jeito dentro do cesto de roupas sujas que já vazava de tantas peças socadas de qualquer jeito lá dentro – Rin e essa mania irritante de sempre prometer que iria levar as roupas para a lavanderia, mas viver adiando a obrigação que desta vez era dele.

Com uma ultima olhada no espelho, e ajeitando um pouco suas vestes amassadas, o Yamazaki abriu a porta, encontrando o Tachibana sentado à beira de sua cama. Os olhos verdes estavam distraídos no líquido amarelado que ele mexia brevemente, misturando e testando um pouco da temperatura ao tocar a vasilha várias vezes com a palma.

— Te deixaram subir sem problemas? – Sousuke se pronunciou, fazendo o outro assustar-se com a quebra repentina do silêncio.

Makoto mexeu a boca algumas vezes sem exatamente nenhum som sair, ele piscou algumas vezes, como quem não tivesse entendido a questão impostar, mas logo assentiu de uma única vez.

— Hm! Eu tive alguns problemas com a segurança na entrada, mas Mikoshiba-san me ajudou a subir. – explicou com os olhos voltando-se para a vasilha em mãos, antes de afastar-se brevemente na cama, dando espaço para o Yamazaki.

Sousuke arqueou uma das sobrancelhas, remexendo os lábios de forma pensativa.

— Momo? – questionou enquanto caminhava em direção à cama.

— Seijurou-kun. – corrigiu o outro, engolindo em seco e incapaz de encarar o outro quando Sousuke aproximou-se mais, sentando-se ao seu lado na cama. – Ele veio visitar o Momo-kun e me ajudou a explicar para os seguranças que eu estava vindo ver um... Amigo.

Sousuke não conseguiu evitar sorrir com deboche ao imaginar o namorado tentando explicar-se para os seguranças da Samezuka que estava ali para vê-lo, e ainda convencer o senpai de Rin que isso era verdade.

— Um amigo, hein? – foi impossível não provocá-lo. – Que ótimo abigo eu tenho, não é mesmo? – um sorriso de canto de boca tomou conta de suas feições ao mesmo tempo em que uma mão descansava sobre a coxa do Tachibana, que de imediato virou o rosto em sua direção, repreendendo-o com um olhar irritado.

— Sousuke... – chamou com seriedade, recebendo um olhar inocente por parte dos azuis antes que o dono erguesse as mãos em rendição. – E-eu vim apenas te entregar isto – apontou. – Não quero gracinhas. – advertiu.

Ah, mas ele era tão adorável!

Sousuke simplesmente não podia se controlar ao ver aquela expressão raivosa e aquele corar rosado nas bochechas do Tachibana, era quase impossível se controlar diante as atuais condições.

— Se deite, eu vou buscar água para você tomar seu remédio. – o de olhos verdes pedia enquanto se levantava, e quando notou o maior debaixo dos cobertores lhe entregou a sopa de miso. – Está quente. – avisou.

Sousuke, em contrapartida, exibiu feições chateadas.

— O que foi? – Makoto inquiriu.

— Você dão vai be dar na boca? – devolveu outra pergunta.

Makoto arregalou os olhos de forma surpresa para aquela questão inesperada. Sousuke estava se aproveitando de sua boa vontade, aquilo já era demais, até porquê... Ele estava bravo. Isso mesmo, ele ainda estava bravo!

Fique bravo, Makoto!

— Você tem mãos para isso. – devolveu com o tom mais indiferente que conseguiu.

O Yamazaki conteve sua vontade de abrir a boca em surpresa para àquela clara recusa ao seu pedido, mas ainda assim se conteve, ele sabia muito bem que o outro apenas estava fazendo cena. E com essa certeza em mente, ele apelou e...

Fez biquinho.

— Eu ‘tô doente, Tachibaby... – ele praticamente choramingou. – Estou praticamente morrendo... – parou a fala para forçar uma tosse exagerada e claramente mentirosa.

Makoto franziu o cenho, unindo as sobrancelhas castanhas de forma irritada, mas mesmo a chateação com Sousuke, por fazê-lo ceder, ele caminhou até o outro lado do cômodo, buscando a cadeira que ficava junto a escrivaninha e trouxe para perto da cama.

— Me dá isso. – ele praticamente tomou a sopa da mão do Yamazaki ao mesmo tempo em que sentava na cadeira.

Satisfeito com a presença do outro ao seu lado e feliz em ter seu pedido atendido, Sousuke ajeitou-se na cama com um sorriso travesso a postos enquanto afofava o travesseiro em suas costas para ficar mais confortável, já Makoto soprava pacientemente uma quantidade pequena de miso na colher aguardando o outro se acomodar no lugar.

Os olhos azuis ciano assistiam tudo com atenção, desde a forma como os dedos ossudos seguravam a colher de prata, em como os olhos pareciam concentrados no que faziam, em como os cílios do outro eram longos, ou como o vinculo entre as sombrancelhas havia sumido, trazendo a suavidade de volta às expressões do Tachibana.

— Estou feliz que esteja aqui. – falou do nada, surpreendendo o outro, que se virou para cima, encarando-o por debaixo dos cílios, piscando de forma confusa. – Eu achei que não viria hoje, depois daquilo. – acrescentou as duas últimas palavras em tom mais baixo.

Makoto encarou-o por breves momentos, os lábios movendo-se como se ele quisesse responder algo, mas não sabendo como colocar em palavras o que queria dizer, sendo assim limitou-se a responder somente um:

— Não tem de quê. – respondeu antes de direcionar a colher a boca do outro, que abriu a boca e...

Sentiu uma imensa vontade de cuspir tudo aquilo na privada.

Definitivamente não foi a mãe dele quem fez isso, Sousuke pensou enquanto sentia aquele gosto estranho se espalhar pela sua boca, mas contendo-se muito para não exibir qualquer expressão estranha.

Enquanto tentava mastigar aquela mistura estranha que fazia seu estômago embrulhar, seus olhos recaíram nos dedos do outro, notando pela primeira vez um band-aid de coelhinhos no anelar deste (era impossível não imaginar Ren colando aquilo no dedo do Nii-san), e mesmo que não houvesse um curativo no dedo do rapaz, a expressão insegura que Makoto adotava ao analisar suas feições denunciava a verdade: Ele havia, novamente, tentado cozinhar.

Sousuke sabia que Makoto era realmente um desastre na cozinha, e ele tinha noção de que o próprio sabia disto, mas, cara, sinceramente não dava para não se comover na forma como ele tentava de verdade fazer algo que o agradasse, e saber que ele havia tentando fazer algo para levar para si para ter simplesmente a desculpa de ir vê-lo agradava Sousuke em níveis inimagináveis.

Tanto a ponto que fez um esforço grande para engolir aquilo.

— Sua bãe mudou algum ingrediente, não é? – perguntou forçando uma expressão curiosa.

— Está ruim? – os olhos verdes mostraram-se preocupados.

Sousuke conteve um sorriso.

— Não ruim... Só diferente. – a expressão que recebeu em retorno não foi de alivio, mas o Tachibana parecia um pouco mais conformado ao relaxar os ombros.

Ok, ele havia relaxado o outro, mas ele realmente teria de comer o resto daquilo?

O silêncio voltou a reinar entre eles enquanto Makoto voltava mexer aquela mistura estranha, algumas vezes soprando antes de levar algumas colheradas à boca do outro, que fazia um esforço grande para não mastigar nada antes de engolir.

Será que dava para pular para a parte do comprido?

— Me desculpe. – o Tachibana falou do nada, chamando a atenção do outro que engoliu uma nova porção de “miso” antes de questioná-lo com surpresa na voz:

— Pelo quê? – as sobrancelhas negras uniram-se.

— Por ter saído ontem, e te deixar sozinho hoje. Me desculpe. – repetiu meio sem jeito, os olhos se virando para a cortina que esvoaçava com a brisa leve daquela noite. – Fui imaturo.

— Makoto. – o tom era sério e grave, o nomeado voltou-se para frente, encarando o outro. – Você não tem que be pedir desculpas, já falamos sobre isso.

Ele se cansava disso, dessa bondade que o outro tinha, sempre desculpando-se por coisas das quais não tinha culpa alguma.

— Eu fui o teimoso, deveria ter te ouvido, do contrário poderíamos estar aproveitando melhor o nosso dia hoje. – admitiu com um pequeno manear com a cabeça e suspiro pensativo antes de soltar um espirro logo em seguida.

— Saúde.

— Obrigado.

Ambos riram.

— Eu queria que tivéssemos saído, mas com você assim. – Makoto apontou enquanto colocava a vasilha quase vazia de lado (Sousuke suspirou aliviado por não ter de comer o resto). – Eu tinha planejado de irmos ao planetário hoje, seria meu presente pra você.

O Yamazaki sorriu brevemente, antes de curvar seu corpo para frente, sua mão guiando-se para a nuca do outro, trazendo-o para perto, Makoto facilitou o caminho ao empurrar-se para frente, unindo sua testa ao do outro, que lhe deu um selinho breve antes de pronunciar.

— Você estar aqui é o que importa. – respondeu como um segredo ao ser dito naquele tom baixo, seus lábios roçando aos do Tachibana a cada palavra proferida.

Makoto não evitou corar e sorrir com os olhos fechados, tentando conter ao máximo sua timidez, a qual ele não conseguia conter de outra forma.

— Sendo assim: Feliz aniversário, eu acho...

Sousuke riu nasalmente antes de deixar a mão livre pousar no quadril do outro, puxando o outro de forma que Makoto entendeu como um convite para que ele se aproximasse ainda mais.

— Ainda não... – o de olhos azuis falou, vendo o outro encará-lo confuso ao se sentar no colchão junto dele, mas a dúvida foi esclarecida quando o Tachibana sentiu as mãos do Yamazaki adentrando sua camiseta e acariciando suas costas enquanto o puxava para mais perto.

— So-sousuke.... – chamou ao mesmo tempo em que segurava os ombros do outro, tentando afastá-lo. – O que você-

— É meu aniversário, lembra? – o outro falou, com o nariz afundando-se na curva do pescoço alheio.

— Eu sei, mas... – Makoto falou em um sussurro, mas foi interrompido quando sentiu seu pescoço ser mordido e beijado logo em seguida, sua boca formando um “O” sem som algum escapar dela, seu coração bombeando forte contra seu peito. – Eu posso pegar seu resfriado, assim... – murmurou como última desculpa para escapar dos braços do outro, mas sentindo outras partes de seu corpo discordar veemente de seus pensamentos.

Seu corpo nunca iria negá-lo, iria?

— Não se preocupe. – acalmou Sousuke, enquanto agarrava a barra da camiseta vermelha do rapaz, puxando-a para fora de seu corpo. – Eu posso cuidar de nós dois...

(* * *)

Na manhã seguinte, Sousuke acordou com a luz do sol atravessando a janela, buscou o celular no travesseiro ao lado, mas havia algo pesado em cima de seu braço e, voltando seus olhos para baixo, ele encontrou um punhado de fios castanhos que roçavam em seu nariz.

Foi impossível não sorrir diante a constatação de quem estava ali.

Ele acarinhou os cabelos do Tachibana, ouvindo-o reclamar algo sobre estar com frio e “Mais cinco minutos...” antes de se virar na cama, puxando o braço que lhe fazia carinho, fazendo com que o moreno o abraçasse mais uma vez. Sousuke sorriu e chegou a conclusão de que só mais cinco minutinhos...

A porta foi aberta de abrupto.

— FELIZ... !

Sousuke saltou em um susto contido, voltando-se a entrada do quarto de imediato e dando de cara com Rin parado lá com a mão travada na maçaneta, a boca entreaberta e uma expressão surpresa no rosto. Logo atrás dele vinham Momo, Nitori e Kisumi, o último parecia que iria dividir o rosto em dois ao sorrir de forma pouco contida, segurando mais de meia dúzia de balões, enquanto isso Nitori parecia um bobo ao segurar um bolo que claramente não aguentava sozinho.

Com o braço livre o Yamazaki maneou o indicador em círculos, falando sem som algum sair de seus lábios:

— Depois, depois...

E os colegas lentamente pisaram para trás devagar, fechando a porta com a cautela que não tiveram ao abri-la. Mas, mesmo com o quarto novamente em silêncio, ele foi capaz de ouvir a risada do Shigino e um comentário maldoso de Rin sobre ele e Makoto não terem trancado a porta.

Sousuke riu.

— Sousukee...

Makoto movimentou-se na cama, procurando pelo braço que o abraçava, e não tardou ao Yamazaki tomar a posição anteriormente posta, alisando os bíceps do outro com carinho.

— Hm...

— Eu acho que eu ouvi a voz do Kisumi... – resmungou ainda dormindo.

— Deve ter sido impressão. – acalmou-o enquanto puxava o cobertor para cobrir ambos.

— Hm... Atchim!

— Saúde.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Feliz aniversário, Sousuke! ♥

Quero agradecer quem leu até aqui, se quiser comentar será bem vindo, lembrando que não mordo a menos que me peçam.
Quem quiser acompanhar outras fanfics minha, tenho já três fanfics no fandom de Free! (RinHaru, KisuHaru, KisuAii - tá faltando uns ships aí, mas um dia eu chego lá!)

Espero que tenha gostado.
Beijos e até uma próxima!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Im-paciente" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.