Nossa primeira visão é a imagem do conhecido sofá da sala de estar dos Kurosaki, onde Yuki está sentado, com olhar entediado.

Nada demais, nada interessante.

— Olá!!                

Um vulto azul e vermelho gritou, passando de um lado para o outro da sala num pulo.

— Olá!!

E de novo.

— Olá!!

E de novo!

— Chega, Kagura. - Falou Yuki.

Na próxima cena, Kagura já está no sofá ao lado do primo, ambos sorrindo, embora o da menina seja visivelmente maior.

— Eu sou Hanakari Kagura.

— E eu sou Hitsugaya Yuki.

— E sejam bem-vindos para mais um vídeo! - Os dois completam.

— Nosso primeiro vídeo em meses. - A ruiva acrescenta.

— Pois é, desculpem por isso, mas vocês viram que nós não sabíamos nada de nada de como gravar ou editar no primeiro vídeo. Por isso botamos na cabeça que não iríamos postar mais nada até aprender e trazer um bom conteúdo pra vocês.

— E nós aprendemos, Yuki?

— Não, não apendemos.

— Não aprendemos.

— Quer dizer, aprendemos que somos um desastre com edição. Mas! - Yuki ergue um dedo, disposto a fazer suspence.

— Porém, contudo, entretanto, todavia!

— Nós arranjamos alguém para nos ajudar.

— Eba!

— Nosso primo, que inclusive está estudando cinema, concordou em nos ajudar na hora de gravar e editar os vídeos.

— É ele quem está na câmera agora, aliás.

— Dá um oi, Kazui.

Uma cabeça laranja surge em frente à câmera e as bochechas rubras de vergonha só dificultam para alguém dizer que Kurosaki Kazui está em seus dezessete anos.

— O-oi.

Diz rapidamente, voltando logo para trás da câmera.

— Esse foi o Kazui, pessoal! - Kagura bate palmas alegremente. - Ai, eu amo meus primos.

— Ei, e as primas?

Uma figura surge do nada de trás do sofá, apoiando os braços nas costas do mesmo. Os cabelos vermelhos estavam presos no costumeiro penteado de abacaxi e os olhos violáceos sorriam para as duas crianças.

— Claro que eu também te amo, Ichika.

— Embora você seja uma prima meio recente. - Yuki murmura baixinho.

Mas não baixinho o suficiente para escapar dos ouvidos de Ichika e ela, como vingança, dá um soco fortinho na cabeça do menino.

— Mas você desde sempre foi considerada da família.

Já Kagura ganha um abraço da ruiva maior por seu comentário.

— Se é pra considerar tanto, os irmãos da Ichika também deveriam estar aqui. – Yuki, de cara emburrada, comenta enquanto ajeita seu boné, que tinha saído do lugar graças ao soco da Abarai.

— Na verdade – a voz de Kazui soa de trás da câmera e os três se viram para ele. – A Tatsuki-san é minha madrinha, então eles são meio que meus primos e de certa forma, de vocês também.

Kagura e Yuki se olham por uns segundos, vendo sentido no que o mais velho dizia, mas no fim apenas deram de ombros.

— Acho que isso já ia um pouco longe demais.

— E podemos trazer eles outro dia, de qualquer forma.

— Mas tem alguém que não podia faltar. – Ichika fala distraída, olhando para os lados. – Eu não acredito que vocês querem fazer um vídeo para os primos, mas não trouxeram a Hisana!

— Nós queríamos trazer. – Yuki revira os olhos. – Mas o tio Ichigo não deixou porque “ela ainda é muito pequena para ter sua imagem exposta na internet desse jeito”.

— Mas a gente ainda traz ela algum dia! – Kagura fala como se fosse uma questão de honra.

— Er... pessoal. – Mais uma vez, os olhares se voltam para Kazui. – Desculpem me intrometer assim, eu sei que nem deveria, sendo o câmera, mas eu acho que o público deve estar meio confuso. Porque... bom... vocês nem falaram sobre o que seria o vídeo.

Os mais novos ficaram encarando o primo, ambos com cara de taxo, até que se olharam e o vídeo mais uma vez cortou.

Os sorrisos já estavam de volta nos rostos de nossos protagonistas e Ichika agora estava sentada no sofá, entre Yuki e Kagura.

— Sentimos muito pela confusão, pessoal. – Desculpou-se a Hanakari.

— Ainda estamos pegando o jeito, pelo menos esse vídeo já vai ter uma edição descente.

— E por falar no vídeo...

— Como vocês já devem ter notado...

— O assunto de hoje é...

— Primos! – Ambos indicam Ichika, exaltando-a, e a ruiva não resiste em soltar um sorriso arrogante por toda a atenção.

— E esta daqui é nossa prima, Abarai Ichika.

— Filha da tia Rukia e do Renji-san.

— E desde que o tio Ichigo se casou com a tia Rukia, é também filha dele e irmã do Kazui.

— Que, por sangue, é filho da tia Hime.

— Mas a gente não tá aqui pra transformar isso é Casos de Família. – Yuki resolve mudar de assunto pelo olhar ameaçador de Ichika, que diz claramente “não foi pra isso que vocês me chamaram aqui”.

— Até porque hoje está tudo certo: a tia Hime está bem com o Ishida-san; o Renji-san, feliz com a Tatsuki-san; e o tio Ichigo e a tia Rukia estão mais que ótimos, na Soul Society e criando a Hisana.

— Inclusive, a gente precisa falar um pouco mais pra vocês sobre a Soul Society, porque eu sinto que chamar ela de Mundo dos Mortos no último vídeo, nos fez parecer dois doidos.

— Ichika. – Kagura se volta para a prima. – Já que você mora lá, gostaria de fazer as honras?

— Pois bem. – A mais velha se dispôs, sentando mais na borda do sofá e olhando diretamente para a câmera. – É basicamente o que eles falaram, porque a Soul Society é o lugar pra onde as almas vão depois que o corpo morre. Mas claro, não é como naqueles desenhos bobos, que uma escada subindo aparece na sua frente – também não aparece uma descendo, calma.

“O que acontece é que na Soul Society, algumas almas que possuem um nível mais elevado de reisatsu – energia -, recebem um treinamento para vir à terra e recolher as almas que ficam por aqui. Esses são os Shinigamis e, prazer, eu sou uma.”

Dizer que Ichika estava orgulhosa seria pouco.

— E a mãe e o pai dela, o tio Ichigo e o meu pai também são Shinigamis. – Conclui Yuki.

— O meu pai também está morto, ele só não é um Shinigami. – Kagura acrescenta. – E o vovô, aquele que apareceu no vídeo passado, também foi um shinigami.

— Ou seja, essa família está mais morta do que viva. – Comenta Ichika.

— E ainda dizem que os mortos não falam. – Yuki solta um suspiro. – Ledo engano.

— E vocês querem saber como uma alma pode ter filhos com alguém vivo – Ichika indica os primos. – ou mais ainda, como duas almas podem criar uma vida? – Indica a si mesma. – Vão ficar querendo, pois nem nós sabemos.

— Não mesmo.

— Pergunte a Deus. – Yuki dá de ombros. – Ou melhor, pergunta pro Kubo.

— Então... acho que era isso.

— O vídeo deu um tempo bom. – Kazui informa.

— Ichika, foi muito legal te ter aqui, espero que você venha mais vezes. – Kagura aperta a mão da prima em cumprimento.

— Venho, claro, é só vocês me chamarem e os leitores pedirem nos comentários

— Então tá, povo esse foi o episódio de hoje. – Fala Yuki. – Esperamos que tenham gostado, do vídeo, dos nossos primos...

— Desculpa se hoje foi meio parado em compensação ao último, mas é que ninguém é tão excêntrico quanto o vovô.

— E a Ichika está bem calma também. – Mais uma vez, o murmúrio de Yuki não é baixo o suficiente e ele leva outro soco da prima.

— Mas o que não vai faltar nesses vídeos é bagunça e muita maluquice.

— Nossa família é enorme então esse é apenas o começo.

— E não se esqueça!

— Se gostou do vídeo, marca nos favoritos, clica em acompanhar e não esquece de deixar um comentário bonitinho pra nós.

— Um beijo na bochecha esquerda e TCHAU!