"What we've got here is failure to communicate
Some men you just can't reach
So you get what we had here last week
Which is the way he wants it, well, he gets it
I don't like it any more than you men"

Corri segurando a arma na direção à coluna de um prédio em ruínas. Meu coração pulava quase para fora da boca, enquanto inalava aquela fumaça nauseante de poeira, terra, pólvora e cheiro de sangue. Sentei atrás da coluna e esperei não ser atingido por nenhum dos tiros que me circulavam. Pq o Nate tinha que ser tão teimoso? Não tínhamos que sair da base hoje! E agora eu estou aqui no meio de um tiroteio... Sou Johnnatan Foster Thorson, o filho mais velho de Jane e Thor. Participo da resistência e sou um dos líderes da de NY. E justo hoje dei ouvidos ao meu amigo.

Vi uma mulher de vestido na coluna ao lado da minha. Não conseguia ver seu rosto... Estava muito sujo e a fumaça encobria suas feições. Mas pela sua posição, parecia extremamente assustada. Não a recrimino. Se eu não estivesse acostumado a ser alvo de tiros, também estaria assustado. Alguém acertou um tiro na coluna dela, fazendo-a se encolher mais. É... Ela deve estar bem mais que assustada.

Por isso, assim que os tiros deram um tempinho, de uns dez segundos, não pensei duas vezes antes de correr até ela, pegá-la no colo, apesar de ouvir um resmungo, e levá-la para dentro do prédio, mesmo temeroso que este desabasse a qualquer instante. Meu pai me ensinou a ser assim, até desaparecer há 9 anos, quando eu tinha 20. Dia 27 de novembro.

Deixei a mulher no chão, perto de uma viga de metal, que se caísse não ia matá-la, nem machucá-la. Prendê-la? Muito provável, mas depois eu a tiraria dos escombros.

Pela primeira vez vi seu rosto. Era Charlotte Stark. Meu coração falhou uma batida.

— O que você está fazendo aqui Lottie?

— Porque me pegou no colo?

— Você estava no meio do tiroteio! E parecia assustada!

— Mal dava para ver algo lá fora! Porque acha que estava assustada?

— Você estava encolhida! Aliás, não pode apenas me agradecer? Te tirei do fogo cruzado!

— Eu não pedi por isso! - Olhei para ela com uma sobrancelha levantada, a fazendo revirar os olhos e bufar. - Okay! Obrigada! Mas não faça mais isso! Não fique me pegando no colo como se eu fosse indefesa ou algo do tipo!

— Eu nunca pensaria isso de você Lottie. - Isso a fez calar na hora. - Eu sei o quanto você é capaz de fazer qualquer coisa que queira. Mas porque está aqui? Porque estava lá fora? E sem a armadura?

— A Iron Lady está no conserto. Eu meio que quebrei o braço esquerdo anteontem, quando estava lutando contra uns doidos da Hydra.

— Você quebrou um braço numa luta? Como você fez isso? É um braço mecânico! MECÂNICO!

— Não olha assim para mim! E nem fale assim comigo! - Seus olhos azuis faiscavam em minha direção, como se estivessem prestes a me carbonizar, mas ao invés disso, ela bufou de novo - Os agentes da pescoçuda tentaculosa - só para constar, esse é mais um dos apelidos que a família Stark deu para a Hydra - estavam com uma arma diferente... Eu não sei o que era... Só sei que ela conseguiu desativar o meu braço. Por sorte foi só isso. Sai logo em seguida.

— Como assim desativar o seu braço?

Ela não conseguiu responder. Começaram explosões fora do prédio, fazendo-o tremer inteiro e despencar. Abracei ela, levando-a para mais perto da parede e protegendo-a contra os destroços. Placas pequenas do teto caíram sobre mim, deixando alguns arranhões mas não chegaram a machucar. Quando pararam de cair, me afastei um pouco para ver seu rosto. Seus olhos azuis me fitavam intensamente, enquanto sua boca formava um sorriso lindo, me fazendo sorrir sem perceber.

— Ainda bem que você é um semideus!

— Sim... Mas o semideus aqui não vai aguentar o prédio inteiro, então vamos embora.

— Mas você não estava lutando lá fora? - Ela perguntou segurando a minha metralhadora em suas mãos.

— Estava, mas manter você em segurança é mais importante!

— Eu não preciso! Não sou indefesa!

— Eu não disse que era. Mas você está desarmada! Então é melhor...

— Peraí! Você disse que me manter em segurança é mais importante? Quer dizer que para você eu sou mais importante do que a guerra? - ela abriu ainda mais o sorriso, fazendo minhas bochechas esquentarem. - Eu sempre soube que era muito importante para todos neste mundo, que eu sou uma das luzes que mantém essa terra viva, mas você nunca tinha dito isso para mim... - seu comentário me fez corar um pouco, mas afastei essa sensação de mim.

— Só vamos embora Lottie!

Eu tentei levantar, porém ela segurou pela camisa e me deu um selinho. Fiquei atônito, sem saber o que fazer ou pelo menos como parar de corar... Ela deu uma linda risada e disse para irmos, antes de tudo cair sobre a gente. Levantei puxando ela e de repente ouvi passos vindo em nossa direção. Me postei na frente dela e apontei a metralhadora na direção do som, esperando quem quer que fosse.

Em poucos segundos, vi uma pessoa de roupa igual a minha e com a arma apontada para nós. Sorri e abaixei a arma e ele fez o mesmo.

— O que está acontecendo aqui? Lottie? Porque você está sem sua armadura no meio de um confronto? Você é maluca?

— Olha como fala comigo Nathaniel! Respeito com a minha perfeita pessoa! - Nate riu ainda mais enquanto Lottie desfez a carranca fingida.

— Okay milady... Não falo mais nada sobre as suas condições psicológicas! Mas me respondam... Porque você está tão vermelho John? - Arregalei os olhos inconscientemente - O que vocês andaram aprontando? -sua sobrancelha se ergueu minimamente - Lottie, Lottie, Lottie! Não faça nada contra a inocência do meu amigo!

— Eu não fiz nada! Ele que é muito tímido!

Eles ficaram rindo da minha cara até escutarmos mais uma explosão que tremeu o prédio.

— Okay... Melhor nós saímos daqui...

— Quantos tem lá fora Nate?

— Uns quinze...

— Quinze? O que vamos fazer! Ela está desarmada!

— Não fale por mim John! - ela disse olhando para mim com os braços cruzados. Em seguido se virou para o Nate. - O que vamos fazer! Eu to desarmada! - Cara de pau! Linda, mas cara de pau!

— Acho que deve ter alguma arma a mais lá na entrada. Esperem aqui.

Ele foi correndo até lá, nos deixando sozinhos de novo. Levantei a arma pronto para atirar em qualquer inimigo, quando senti suas mãos abraçando a minha cintura e seu rosto encostado nas minhas costas. Isso fez minhas pernas bambearem... Ai meu Odin! O que está acontecendo comigo! Porque logo no meio de um tiroteio essas coisas estão acontecendo?

— Eu sou uma tola! Porque eu sai de casa desarmada!

— Você não é tola. Só confiante demais em suas capacidades limitadas de combate sem armadura. - ela de tapa no meio do meu braço para depois a sentir sorrir nas minhas costas, me fazendo sorrir junto.

Logo o Nate voltou com uma pistola nas mãos e a entregou à Lottie. Em seguida saímos enfileirados do prédio, tomando cuidado para não chamar atenção. Mas assim que saímos, vi os agentes da Hydra na nossa frente, apontando suas armas para nós. Dessa maneira começou o tiroteio. Fomos correndo em direção às ruas que iriam nos levar ao nosso carro ao mesmo tempo em que atirávamos neles. Como diria e disse a Lottie, adrenalina pura!

— Ahhhrr! Minhas balas acabaram! - Olhei para ela que na mesma hora jogou a pistola no chão e começou a correr mais rápido. Assim que a vi desprotegida, não aguente ir a peguei no colo, dei a minha arma a ela e corri o mais rápido que pude, sem olhar para trás e só parei quando chegamos na van preta. O Nate abriu o carro de longe e rapidamente abri a porta do carona, com a Lottie ainda no meu colo. Assim que fechei a porta, ela começou a rir desesperadamente, me fazendo rir também. Nem quando o Nate entrou paramos.

— Eu sei que os pombinhos estão ligados no 220 agora, mas seria bom se atirassem nos caras que estão nos alcançando! - Ele quase gritou num fôlego só enquanto ligava o carro e arrancava.

Lottie, sem dizer nada e ainda no meu colo, não que eu esteja reclamando, abriu a janela e continuou a atirar com a minha metralhadora, que já estava ficando sem balas, mas antes de acabar, conseguimos despista-los.

— Contagem final?

— Treze mortos Nate. É só para constar... - seu sorriso lindo voltou aos seus lábios - Eram dezessete agentes. Não uns quinze!

— Desculpa se eu não tenho uma mente que conta rápido Senhorita Stark!

— Vou deixar passar essa Barton. E você senhor Thorson - ela virou seu rosto para mim, com um olhar intenso, o que fez com que me coração batesse a mil por hora - temos que conversar! Porque se eu depender de você para dar o primeiro passo...

— Vai esperar por décadas!

— Cala boca Nate! E não precisamos conversar Lottie. Eu já sei o que eu quero. - ela abriu a boca para me retrucar, mas a parei com um beijo. De verdade, dessa vez.

Suas mãos voaram para os meus cabelos, me puxando para mais perto, assim como eu a puxei pela cintura, sentindo que ela era todo o ar que eu precisava. Mas isso durou pouco. Logo o carro parou de repente, e, se eu não a estivesse segurando, ela teria voado pelo pára-brisas. Nos separamos e viramos para o nosso condutor, que estava com a arma na mão em posição de ataque. Assim que olhamos para frente, vimos três carros da Hydra cheio de loucos que estavam prestes a nos matar...

— É... - Disse a Lottie - Vamos ter que deixar nossa conversa para depois John...

Ela saiu do meu colo, mas com a minha metralhadora em punho, enquanto eu rapidamente peguei um rifle de precisão que estava atrás dos bancos com um pente de balas para ela.

— John... Lottie... - o Nate virou levemente o rosto para nós olhar - Está na hora da diversão! - e assim começou a disparar loucamente, como apenas um resistente biruta poderia fazer.

"And all these things are swept aside
By bloody hands time can't deny
And are washed away by your genocide
And history hides the lies of our civil wars"