De todos os seres encantados, elfos são os mais fabulosos, Analice que os diga.

  A manhã se estendia preguiçosamente, com os primeiros raios solares agraciando o gramado e convidando os animais a acordarem. Não só eles como também todos os seres, só não incluía Analice, a jovem estava muito bem enrolada em suas cobertas quentinhas, na cama macia e envolta de braços másculos protetores.

  Sentiu a face ser circundada por vários beijos, virou os lábios em um sorriso, cobriu o rosto com os lençóis e ouviu o tão amado riso. No segundo que fechou os olhos foi arrastada pelo colchão e pega no colo. Reprimiu um grito de surpresa e foi levada ao lavabo, a água estava tão agradável que nem sentira a diferença. O jovem também adentrou se banhando, o corpo feminino se achegou ao seu e trocaram beijos apaixonados pelo tempo que ficaram de “molho”.

  Quando saíram os corpos estavam avermelhados, fumaçantes e preenchiam o quarto com aromas, a menina optou por escolher um vestido de seda amarelo com tons de laranja , uma tiara de topázios e o cabelo claro preso em uma leve trança solta. O príncipe vestiu uma calça verde escuro, uma camisa roxa folgada de tecido com detalhes em dourados e folhas de azepinho prateada combinando com os fios negros.

  As faces risonhas do casal irradiavam felicidades por todo o castelo, os servos soltavam elogios e isso apenas alegravam os reis. A mesa do café da manhã era farta com muitas comidas variadas, diversos doces e salgados, sucos de diferentes colorações e sabores, tudo muito rico. Aquela visão esfomeava qualquer perante ela.

  O silêncio foi rompido por passos seguidos de tilintar de jóias, as enormes portas do salão foram abertas e as duas figuras imponentes surgiram, a rainha tinha um andado gracioso e atrás de si o final das vestes azul com prata, em seu rosto um magnífico sorriso que só não era mais chamativo do que as duas pontas de suas orelhas pontiagudas. O homem moreno com seus trajes elegantes, olhar firme e as mãos cobertas de anéis engatada na feminina de unhas compridas, se aproximaram e foram recebidos pelos jovens sorridentes, se saudaram com ósculos e sentaram-se.

  Foram servidos e a humana não tardou em logo se saciar, comendo de tudo um pouco. Os três também se alimentaram sendo embalados por um bom papo.

  Após o desjejum foram passear, como não havia previsão de volta levaram uma pequena cestinha com algumas frutinhas. O céu era lípido confundindo com os mares por eterna semelhança, os pássaros cantavam e os animais transitavam pelo local.

  Os noivos ao avistarem os campos verdejantes, se puseram a correr livremente. A brisa afagava-os, os sons das risadas alegres misturavam com os cantos, os capins a fazer cócegas nas peles distintas. A menina logo cansou e foi alcançada pelo namorado que rodopiou-a no ar. O cheiro de flores invadiu as narinas e atraiu as atenções, os jardins reais estavam perto e as pequenas fadinhas colonizadoras já se movimentavam indo coletar seus pólens ou abrigarem-se.

  Deitaram no gramado emaranhados, um por cima do outro. Iniciaram uma conversa animada regada a vários beijos e carícias. Os olhos verdes apaixonado do elfo refletidos nas íris negras da humana.

  Analice encarava a paisagem absorta em seus próprios pensamentos que incluía uma pessoa que sentia tanta falta. Bianca. Parecia que fora ontem que havia visto a amiga, que conversaram, abraçaram e choraram.

  —Sente falta dela, não é? –A voz grave de Asram sobressaltou-a inesperada. Concordou tristemente. A cabeça se apoiou em seu ombro e delicadamente beijou lhe a mão.

  —Não fique triste, ela estará pensando em você também. –Acarinhou o rosto.

  —Jura? –Assentiu positivamente. O corpo desabou sobre seu colo e as mãos contornaram o pescoço trazendo nelas um delicado pingente folheado a ouro com um coração encaixado no outro. As lágrimas rolaram ao acaricia-lo. –Ela me deu em meu aniversário. –Anunciou-a.

  —Muito lindo, sei que ele tem uma grande importância para você! Mas ficar triste e chorar não irá adiantar, eu acho que você deve fazer algo para avisa-la de que sente sua falta e nunca a esquecera! –Sorriu incentivando-a e a erguendo.

  Caminharam de volta ao reino, na praça dos mercadores o trafego era grande, várias pessoas indo e vindo, comprando e vendendo e o rosto triste da princesa não era reconhecido entre as multidões. Procuravam o que comprar para que pudesse avisa-la no Mundo dos Homens. A morena andava cabisbaixa sem fé de que conseguiria um contato com sua amiga em outro mundo, foi então que estranhou, as ruas da cidade estavam molhadas porém fazia tempo que tinha chovido, e em uma das poças de água viu algo que lhe animou e felicitou ligeiramente.

  Se virou rapidamente contemplando um vendedor idoso com seu carrinho cheio de balões. Um enorme sorriso surgiu no rosto, antes triste agora iluminando-o. Correu para lá, arrastando o elfo desentendido.

  Comprou um balão e segurou-o como se sua vida dependesse daquilo. Rumaram de volta para o castelo com a menina afobada, se enfiou no quarto procurando com pressa algum pedaço de pergaminho e uma pena, molhou-a na tinta e escreveu com letras corridas mas com amor em cada palavra, enrolou o papel na fita amarela e subiu velozmente os degraus para a área mais alta do castelo com o noivo ao encalço curioso.

  Abriu as portas da varanda e correu até a borda. Pegara o rolinho escrito e amarrou na linha de seu balão azul. Quando sentiu braços abraçarem-na pela cintura e as mãos engatarem nas suas, soltou-o emocionada e confiante que seu pedido seria atendido.

  O casal se beijou alegre sendo testemunhados pela enorme estrela a brilhar no horizonte.

  Bianca, eu te amo e não se esqueça, sempre seremos melhores amigas.

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  Nem sempre anjos tem asas e auréolas, as vezes só o amor unicamente de Bianca.

  O dia amanhecia anuviado e frio, trazendo a brisa gelada e pintando a cidade de prateado, todos os seres cobertos como podiam, não faziam questão em se levantarem para iniciarem o dia e isso incluía Bianca, a jovem estava muito bem enrolada em suas cobertas quentinhas, agarrada a seu urso de pelúcia e presa pelo peso adicional de Cacau.

  Sentiu a face ser ricocheteada por batidas de rabo insistentes, resmungou algo empurrando-a e se virando para o outro lado. Dessa vez, fora ensopada por lambidas urgentes e levou os braços para defender-se. A cachorra sorridente carregou lhe as cobertas escada a baixo obrigando-a a despertar.

  O corpo sonolento descia tropeçando nos degraus e não enxergava um palmo a sua frente. Deu um encontrão no móvel da sala que resultou em seu dedo mindinho quase ser arrancado do pé. Choramingou atraindo a atenção dos senhores que brigavam com a cadela. A mãe preocupada seguiu o burburinho de lamentações encontrando a filha deitada no sofá balançando a perna e a vermelhidão no local, enquanto o pai travava uma batalha com o ser mortal de fofura que agora rasgava as cobertas.

  A morena um pouco mais suavizada acompanhou-a para a cozinha onde foi servida com um copo de chocolate quente, um pedaço do delicioso bolo de banana que tanto decorava a geladeira e o tão almejado controle da televisão por assinatura. Os pais foram acabar com a folia do animal que após umas palmadas deitou-se no sofá fazendo companhia a dona.

  Logo ouvira batidas na porta e se levantou em sobressalto correndo até lá mancando com o maior sorriso que seu rosto exibiu. Ao abri-la deparou-se com os enérgicos olhos azuis. Pulou em seu colo e foi pega prontamente pelo moreno envergonhado que adentrou a residência cumprimentando os sogros. Fora respondido calorosamente por eles.

  Zacarias também foi servido com o chocolate, o bolo e disputou o controle da TV com a namorada, que logo travaram uma luta de almofadas abandonando o desenho A Guarda do Leão no Disney Junior.

  Os responsáveis subiram ao quarto se aprontarem para o dia, a esposa vestiu um vestido leve florido, estava gelado mas ela dificilmente sentia frio e passou um fraco batom nos lábios. O marido trajou uma calça preta com uma camisa azul polo e o inconfundível sotaque francês. Desceram e foram acompanhar os dois, então decidiram fazer uma maratona de série, felizmente eles tinham Netflix.

  Estavam todos empolgados, até mesmo a vira-lata se encontrava atraída. Só deram conta que a manhã havia ido embora quando os raios solares invadiu a casa pelas janelas entreabertas.

  A família tinha o plano de ficar o final de semana todo em casa, não haviam recebido convites para nada e tio Marcos fora viajar. Foi quando um carro de som passou pela rua anunciando que no início da tarde o parque temático estaria aberto esperando a população para se divertirem. Esse anúncio foi como uma alavanca acionada, a garota aventureira se levantou de súbito sorrindo e pedindo aos pais, obrigando o namorado a ajuda-la na petição.

  A mãe que não nega nada para a filha, deixou com que fosse para esse tal parque, desde que a avisasse de todos seus passos por lá. Agradeceu-a com um beijo estalado e também no pai, que dava o dinheiro e partiu com o companheiro.

  Não demoraram a chegar no local que já estava lotado de gente, os maiores destaques eram crianças correndo, brincando e gritando, não, berrando.

  Muitas atrações e brinquedos haviam no parque e o ambiente era animado, parado que ninguém ficou. Logo adultos e jovens se misturavam com os menor.

  O casal ficara o tempo todo de mãos dadas. A namorada usava o shorts de quando se aventurou no outro mundo, ele se tornou uma relíquia muito importante, uma blusinha decorada e o sorriso belo no rosto. E o namorado com uma calça jeans, camiseta branca e encarava tudo fascinado, pois de onde vinha não tinha isso.

  Foram na montanha-russa, tobogãs de água, carrinhos de bate-bate e diversos outros. Quando se cansaram foram tomar sorvete, iguaria que o garoto adorava, Bianca escolheu de flocos, já Zac, de todos os sabores experimentou.

  A tarde estava agitada, quente e sendo muito bem aproveitada, ela quase esquecera do outro mundo, quase. Enquanto esperava-o sua mente vagou para o Mundo das Fadas, lugar encantado que tanto adorou em sua visita porém havia perdido o que amava lá, mas Rafael ouvira seu pedido, pelo menos uma vez e lhe devolveu o que fora tirado ingratamente dela. Perdera outra coisa também para esse mundo, sua melhor amiga. Analice. Parecia que fora ontem que havia visto a amiga, que conversaram, abraçaram e choraram.

  Lágrimas saudosas escorreram pela face e pingaram sobre o braço alheio, despertando-o do transe mágico de sabores.

  —Esta tudo bem? –Apurou-se em preocupar. Negou, vertendo mais lágrimas. Mostrou-lhe um cordão dourado com um coração, dentro dele duas fotos, uma do namorado e a outra da amiga.

  —Sente falta dela, não é? –Correu a mão para enxugar lhe o rosto. Concordou tristemente.

  —Não fique triste, ela estará pensando em você também. –Acarinhou o rosto.

  —Jura? –Assentiu positivamente. Ele levantou-a nos braços e se puseram novamente a andar, não gostava de vê-la triste, sabia como Analice era importante para ela.

  —Vamos passear, podemos encontrar alguma pista que ela lhe mandou. –Sorriu incentivando-a e vendo o enorme sorriso que surgiu em seu rosto.

  —Pista, pista. É isso!! –Desatinou a correr procurando uma coisa. Não demorou a encontrar um vendedor de balões, o corpo disparou em direção mas teve uma parada brusca. Uma menininha comprava o último balão vermelho dentre.

  —Me desculpe! Mas eu preciso dele muito mais que ela. –Se atirou pegando-o e dando-a o sorvete do namorado, a garotinha ficou feliz com a troca. Nem ouviu o agradecimento. Segurou-o como se sua vida dependesse daquilo.

  Enfiou as mãos no bolso, para sua surpresa tinha um papel amarelo nele, emprestou uma caneta de alguém que passava por perto, escreveu com letras corridas mas com amor em cada palavra e enrolou-o. Comprou uma entrada para a roda gigante, se acomodou com o menino que sorria animado, já sabendo do que se tratava. Pegara o rolinho escrito e amarrou na linha de seu balão vermelho. Quando sentiu braços abraçarem e as mãos engatarem nas suas, lá no alto soltou-o emocionada e confiante que seu pedido seria atendido.

  O casal se beijou alegre sendo testemunhados pela enorme estrela a brilhar no horizonte.

  Analice, eu te amo e não se esqueça, sempre seremos melhores amigas.

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