Wide Arms Wide Open escrita por ChewyCullen
O silêncio imperava pela casa, não se ouvia um único ruído senão o cantar das cigarras do lado de fora. Haylix abriu a janela cuidadosamente para fazer barulho, pendolou-se inspirando o ar nocturno – podia sentir o cheiro forte do orvalho sobre a relva, lembrava-lhe vagamente os dias de estio que passava no Kansas com os avós. Acabou por se sentar sobre o parapeito da janela mirando a lua no negrume da noite, fechou os olhos permitindo-se desfrutar daquele momento – não conseguia adormecer e sempre que o fazia acordava sobressaltada alagada em suor, os pesadelos pareciam não ter fim. Uma brisa quente e leve remexeu os seus cabelos castanhos brônzeos.
“ – Não consegues dormir J? – a voz melódica de Miriam soou da soleira da porta. A mais nova não se moveu um milímetro, continuou de olhos fechados apreciando a situação.
- Bem da ultima vez que me certifiquei estava acordada, mas pode ser que tenha adormecido e esteja a sonhar. – murmurou com impaciência.
- Ui, que amor. – sentou-se perto das pernas da irmã espreitando para o lado de fora – Sabes, assim vais acabar velha e solteira.
- Eu não me chamo Miriam Haylix sabes. – lançou um olhar desafiador.
A mais velha abriu a boca numa expressão algo irritada-ofendida. Desde quando Jessica lhe respondia assim?
- Ao menos eu arranjo namorado, para ser deixada.
- Claro… - revirou os olhos atirando uma almofada que por ali se encontrava á outra. Esta voou pelo ar acertando em cheio no rosto arredondado e harmonioso da morena, provocando o riso da sua arremessadora.
- Queres guerra é pirralha?”
Um sorriso triste delineou-se nos seus lábios ao recordar, cerrou os dentes num tentativa de travar as grossas pérolas translúcidas que teimavam em formar-se nos olhos. Levantou-se, foi até á cabeceira da cama. Pegou na embalagem branca retirando de lá um capsula amarelada que num movimento rápido levou á boca digerindo-a com um pouco de água – “Vivam as maravilhas da ciência” pensou.
Deixou-se cair sobre os lençóis vermelhos, não demorou muito até que os superiferos começassem a fazer efeito. Uma dormência forte apoderou-se do seu corpo despejando a mente de qualquer pensamento, finalmente adormeceu.
**
- Mãe! – berrou o do meio – Onde é que estão a estacas?
- Fala baixo. – repreendeu – Queres acorda-la já tão cedo?
- Não é assim tão cedo mãe, aliás daí nada é melhor ir acorda-la. – acomodou as malas no porta-bagagens – Mas, onde estão as estacas?
- Devem estar no armário. – informou Louise.
- Não. – Kellan chegou á garagem trazendo ás costas um enorme saco esverdeado, e pela maneira como este o transportava adivinhava-se que seria pesado – Já lá fui ver e não está nada. – pousou o saco junto á roda traseira direita.
- Não? – admirou-se – Então deve estar na despensa, eu vou ver.
- Despacha-te. – pediu ao ver a progenitora afastar-se. – K, trouxes-te as amarras?
- Ya. – atrofiaram outra mala no espaço ínfimo que sobrava na traseira do jipe. – A Soph?
- Foi comprar umas cenas que lhe pedi, para a viagem. – limpou , com as costas da mão, o suor que lhe escorria pela testa - Por falar nisso a Victoria sempre vem? – encarou o irmão.
- Sim, eu vou busca-la a casa e vamos no carro dela.
- Ah! – deu uma ênfase provocadora – Já te topei mano. – riu-se – Demora o tempo que quiseres. – os dois loiros riram-se em conjunto e realizaram o cumprimento que tinham inventado em crianças.
- A festa é porque? – quis saber Sophie. Deixou uns sacos brancos sobre uma velha pilha de caixas de cartão sentado-se sobre a caixa de ferramentas. Estava um calor abrasador e ainda só eram 8:30 da manhã.
- Vamos fazer a viagem sozinhos Soph. – a troca de olhares entre os três foi evidente.
- Sim?!
- Um bocado lenta, não? – gozou Jensen dando um trago de água. – Kellan, Victoria. Capiche?
- Ahhh! – exclamou alto - Já percebi.
- Mesmo loira.
- Cala a boca que tu também és. – atirou-lhe uma garrafa de água que este desviou habilmente. –Idiota.
- Cega.
- Meninos chega. – repreendeu Louise – Aqui estão as estacas.
- Obrigado mãe. – o mais entroncado apressou-se a ajudar a mãe, colocando em seguida as estacas no carro. – Parem. – ordenou sentindo água a ensopar-lhe a camisa de cavas.
- Oh mãe, olha ele. – a mais nova escondeu-se atrás da figura maternal deitando a língua de fora ao irmão mais velho.
- Jensen pára.
- Que lata, ela é começou. – amuou. A jovem levou a mão á boca abafando o riso.
- E tu também Sophie, pára. – fixou-a – É melhor irem acordar a Jessica, se querem chegar ainda de dia lá ao parque.
- Eu vou. – dizendo isto Jensen desertou da garagem correndo ás escadas, subiu-as duas a duas mas sem fazer barulho. Passou o corredor rapidamente estacando á porta do quarto onde estava amiga. Rodou a maçaneta suavemente empurrando a porta, mergulhando na quietude do quarto. Jessica dormia levemente sobre a cama ,em posição fetal, voltada para a janela deixando os raios de sol reflectirem sobre a pele das suas coxas robustas e musculosas e nos seus braços delicados e esguios. O rapaz engoliu em seco ao observar tal cenário, inspirou fundo e aproximou-se, debruçando-se sobre o seu corpo.
- Jess! – chamou. A morena remexeu-se na cama de modo a ficar de bruços sobre a mesma. – Rise and shine sunshine. – cantarolou – nada, limitou-se a ficar na mesma posição. – Jess acorda.
- Que horas são? – o seu angulo de visão alcançou o visor digital do relógio, 8:45 – Jensen, pelo amor de Deus. – enterrou a cabeça na almofada desejando voltar ao sono.
- Não sejas preguiçosa, está um dia óptimo. Vamos aproveitar. – a mais nova ergeu a cabeça bruscamente encarando o jovem. Fitou-o de olhos semicerrados – desde quando ele era madrugador? E desde quando usava aquelas frases?
- Que bicho te picou?
- Nenhum. – sorriu embaraçado – Agora levanta-te ou não chegamos a tempo.
- A tempo do quê? – sentou-se na cama abraçando a almofada e ergueu uma das sobrancelhas olhando-o desconfiada.
- É mais de “onde”. – roubou-lhe a almofada – Despacha-te. – começou a afastar-se mas uma mão pequena alcançou o seu pulso direito detendo-o. Puxou-o para baixo usando-o como apoio de modo a colocar-se de pé perto do aloirado. Jessica baixou a cabeça escondendo um sorriso tímido e envergonhado, pousou o indicador sobre o peito do outro e deu uma gargalhada atrapalhada.
- Obrigado por tudo Jensen. – desenhou algo indefinido com indicador. Ele abanou a cabeça negativamente e sorriu. Ergue-lhe o rosto com mão cruzando os olhares.
- Não tens de quê Jess. – passou a mão pela face rosada dela – Além disso é isso que os amigos fazem uns pelos outros, certo?
Abanou a cabeça afirmativamente e sorriu atirando-se por fim para aqueles braços tão fortes e seguros. Abraçaram-se por alguns minutos em silêncio desfrutando do perfume um do outro.
- Obrigado. – segredou-lhe o mais novo dos rapazes Lutz.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!