The Garden of Everything escrita por Yuui C
I.
Cá está você
Estrela da manhã
Feita de milagres
— Essa foi por muito pouco, não? — Ela suspirou, passando os dedos levemente pela bochecha esquerda. Era visível a pequena cicatriz esbranquiçada deixada pelo que antes fora um ferimento de um akuma.
Estavam em um telhado qualquer em plena luz do dia, poucos minutos após um ataque — contido com sucesso.
Contudo era visível que Hawkmoth, com o passar dos anos, havia se tornado mais e mais violento. O desespero estava tomando posse dele — da mesma forma, estava consumindo-os também.
— Chaton? — Sua voz era suave como o vento. Vento esse que espalhava seus cabelos soltos, também resultado do akuma. Um dos rabinhos fora desfeito.
Ele nada disse; estava absorto. Nos próprios medos e inseguranças.
Quanto tempo mais eles aguentariam aquilo? Já fazia oito anos desde a primeira vez. Estavam perto, bem perto. Ainda assim, tudo parecia esvair por seus dedos.
Sentiu-se ser tocado pela mão delicada e as orelhas empinaram, as pupilas retraíram, os ombros tencionaram-se. Então tudo se dissolveu na cor azul daqueles olhos, sempre tão cheios de compreensão, de carinho.
— Meu gatinho não é o mesmo de alguns anos. — Ela sorria e, ele percebeu, seus olhos não encaravam os dele.
Eles encaravam...
Os lábios.
— Acho que... — Abaixou o rosto, roçando nariz com nariz, os dedos dela perdendo-se em seus fios. — Os anos não tem feito muito bem pra mim?
— Duvido. — Sua risada era sonora, gostosa. Sua boca estava perto, perto, as respirações misturavam-se. — Eu sinto que... você está... — Roçavam-se, era possível sentir o cheiro adocicado do batom que ela usava; ele queria sentir o gosto, ter certeza de que eles faziam jus ao morango, à cereja que invadiam seu olfato.
Os olhos se fechavam e, por um instante, as respirações pararam.
Para voltarem rapidamente com o som alto do beep que os cercou.
Finalmente se encararam. Piscaram uma, duas vezes.
Outro beep e ela se afastou, um sorriso entristecido bailando pelos lábios avermelhados.
— É a minha deixa.
— Milady—! — Chamou-a. Ela esperou. Sentia a garganta seca, as mãos levemente trêmulas.
Estavam dançando entre si fazia muito tempo. Muito, muito tempo. Passava da hora de tomarem uma decisão; um passo, um único — era tudo o que precisavam.
Hesitou.
— Outrora... até outrora. — Sorriu. Ela o acompanhou; nenhum riso alcançava os olhos.
Ela partiu antes. Ele ficou. Ficou tempo o suficiente para o coração se acalmar; para pensar e repensar.
O que ela era para ele; o que ele era para ela. O que eles eram juntos — ou o que poderiam ser.
Tantas eram as coisas que se arrependeu de não ter dito. E jurou novamente.
Na próxima vez.
Sua perfeição
Sozinha
É tão incrível
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Para os que tiveram o primeiro contato comigo através da SaFT, essa história pode ser uma pequena surpresa, porque aqui eu estou longe daquela autora de 10k de palavras por capítulo. Contudo, eu acho que a dinâmica dessa peça mora justamente nas poucas palavras aplicadas ao contexto. Não se assustem se nada fizer sentido, tudo irá se resolver aos poucos!
Espero emocionar a todos tanto quanto ME emocionei escrevendo. Espero também compreensão, porque estou fugindo do meu estilo tradicional