About coffee and crimes escrita por Zia Jackson


Capítulo 1
O dia em que Lola fez um pacto com meu despertador


Notas iniciais do capítulo

Hello!
Eu sou a Zia, escritora da fic. Gostaria de agradecer por ter se interessado pela história
Boa leitura ♥



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Desculpa, mas minha rotina não permite que eu seja a Barbie.

— Tati Bernardi

 

Todo trabalho tem pontos em comum. Seja a rotina exaustiva, os funcionários viciados em café, os colegas de trabalho que fofocam o dia inteiro ou até mesmo o chefe mal humorado. É engraçado pensar que, em um mundo diverso e vasto como o nosso,algumas coisas tendem a seguir um padrão, tendem a ser semelhantes.

Você não espera que, ao chegar ao trabalho, se depare com sangue e uma cena de crime. É aí, meu amigo, aonde acaba a semelhança que existe entre o meu trabalho e o seu.

Eu sou Emily White, seja bem vindo ao meu dia a dia como perita criminal.

* * *

Segunda feira, 7:30 a.m

O som irritante do despertador me acordou de um sonho em que eu era uma linda e rica atriz de Hollywood casada com um galã. Abri os olhos devagar, incomodada com a claridade que vinha da janela do meu quarto.

Balbuciei,sonolenta

—Sempre me esqueço de fechar a cortina.

Violentamente, desliguei o despertador e virei-me para o outro lado da cama. Não demorou até minha cadela parasse aos pés da minha cama e começasse a latir.

— Só mais cinco minutos, Lola — Resmunguei.

Lola, porém continuou latindo. De forma relutante, levantei-me e caminhei como um zumbi até a minúscula cozinha do meu igualmente minúsculo apartamento. Coloquei ração no potinho de Lola, que começou a comer assim que me afastei. E então, voltei àquele ponto da rotina humana de tomar um banho rápido, escovar os dentes, pentear os cabelos, escolher uma roupa confortável e ao mesmo tempo elegante para ir ao trabalho e fazer uma maquiagem leve. Quando olhei no relógio, percebi que eu tinha apenas cinco minutos para comprar meu copo de café na cafeteria da esquina (e ainda encontrar o meu chefe na cena de crime no endereço em que ele acabou de me mandar por mensagem) ou seja, eu agora me encaixava no padrão de pessoa que vai levar uma bronca por se atrasar, de novo.

Coloquei minha sapatilha preferida ( que é, obviamente, a mais confortável), me despedi de Lola e tranquei a porta do apartamento. Por sorte, a cafeteria estava quase vazia e meu café ficou pronto em dois minutos. Depois disso, corri como uma louca pelas calçadas até chegar à cena do crime.

— Atrasada. Nem sei porque ainda me surpreendo com isso, srta. White. — Disse meu chefe, com desgosto.

— Me desculpe, Sr.  Fox, não irá acontecer novamente.

William Fox, meu chefe, é um homem alto, negro e que fica muito nervoso quando me atraso. Tem cabelos grisalhos e muito ralos, que ele se recusa a raspar apesar das grandes falhas capilares. Ah, e não posso esquecer de mencionar sua expressão “eu-vou-matar-você-caso-se-atrase-novamente-Srta.White”. Mas eu entendo isso, até mesmo eu tenho raiva dos meus atrasos. Sr.Fox tem um filho que está no segundo ano de residência médica em um hospital da cidade e uma esposa muito gentil que adora levar café para todos os funcionários da delegacia e do laboratório dos peritos.

— Qual é o caso de hoje? — Indago, colocando as mãos nos bolsos da jaqueta.

— A vítima é Melissa Martin, uma atendente do bar do outro lado da rua.  — Disse o Sr.Fox, apontando para o bar. — O dono do bar diz que ontem foi seu dia de folga, e que o turno dela começaria hoje, às seis da manhã.  

Direcionei meu olhar para o corpo de Melissa. Assustei-me ao perceber que, assim como eu, ela tinha longos cabelos pretos e olhos da mesma cor. Sua pele era tom de café com leite, assim como a minha e até mesmo a forma de seu corpo (magra, com curvas muito sutis). Só que, ao passo em que minha altura era considerada mediana, a vítima era alta.

— Seis da manhã? Não é meio cedo para um bar estar aberto? — Perguntei.

— Conheço bares que funcionam 24 horas, Srta.White. O que aconteceu aqui foi que, às cinco e quarenta e cinco, o dono do bar disse que ouviu disparos de arma de fogo e que, quando saiu viu que sua funcionária havia sido atingida. Ela nem mesmo chegou a ir para o hospital, faleceu imediatamente. Agora pegue seu kit e comece a analisar. Quem quer que seja o atirador, com certeza deixou algo que o incrimine.

— Sim, senhor. — Disse, dando um último gole no meu café antes de colocar as luvas e começar a trabalhar.

* * *

Chequei o relógio, constatando que eram 18:30. De onde eu vim, significa “a hora em que a liberdade começa”, mas você pode conhecer apenas como “fim de expediente”. Arrumei de forma superficial a bagunça que acumulara em minha mesa durante o dia inteiro, saí apressadamente do laboratório de pesquisa criminalística e desci as escadas que levavam ao hall de entrada da delegacia. Porém, quando estava prestes a alcançar as grandes portas de vidro que levavam à doce vida fora do trabalho, ouvi a insuportável voz do igualmente insuportável do meu colega de trabalho: Michael Adams.

— Emily! — Gritou. — Achou que ia escapar de mim?

Pensando duas vezes antes de ignora-lo e sair correndo para a minha casa, dei a meia volta.

— Ah, é você. — Falei com indiferença

Michael Adams é o tipo de babaca que você ainda vai conhecer antes dos trinta anos. Loiro, alto, olhos azuis e um rosto de galã angelical que escondem o quão vazio ele é por dentro. É o tipo de cara “machão”, mulherengo e idiota que acha que o segredo para a conquista é encher o saco de uma mulher que está claramente desinteressada. Se eu pudesse descrevê-lo com uma palavra, seria fútil.

— Poxa Em, não fale com tanta indiferença assim, eu me magoo fácil.

— Não me chame de Em, Michael. Só meus amigos me chamam pelo apelido.

— E eu não sou seu amigo?

— Depois daquele encontro patético? Não.

 Ele fez a típica carinha de cachorro sem dono.

— Você sabe que muitas garotas por aqui venderiam a mãe no eBay para me ter como amigo.

— Então vá procura-las. — Falei, retomando o meu caminho.

Para o meu azar, é claro que ele me seguiu.

— Qual é, Em. Você bem que gostou do nosso encontro.

— Saímos há seis meses e eu nunca te liguei para marcar uma segunda vez. Acho que esse é um sinal de falta de interesse muito evidente.

Ele parou na minha frente, sorrindo maliciosamente.

— Estarei livre nesse sábado, se quiser...

Soltei um “tá, qualquer coisa te aviso” e parti em direção à estação do metro. O prédio onde eu morava não ficava muito longe do trabalho, mas estava anoitecendo e meus pés já estavam inchados e cansados. Além disso, o carrinho de lanches que ficava perto da estação tinha o melhor hot dog da cidade e depois de um dia intenso de trabalho eu realmente precisava de carboidratos e lipídeos no meu corpo (dieta? Desconheço).

Voltei pra casa e meus olhos identificaram uma coisa nova: organização. Além de não ser pontual, sou uma pessoa muito desorganizada.

Só havia um motivo o apartamento estar bem organizado e cheirando à produto de limpeza: Camille Reynolds, minha colega de quarto que irá se casar em breve.

— Camille? — Chamei, enquanto acariciava Lola com uma mão e trancava a porta com a outra (eis um outro fato sobre mim: por estar ligada à polícia, segurança nunca é demais para mim. Por isso, tenho mais de cinco trancas na porta do apartamento) — Está em casa?

Uma porta rangeu e logo em seguida minha amiga estava bem na minha frente. Uma mulher de cabelos pretos na altura do ombro, baixa estatura, gordinha e com olhos esverdeados. Era o tipo de pessoa que não precisava conhecer para gostar

— Emily o que vai ser desse apartamento quando eu me casar? Fiquei duas semanas fora e virou uma zona!

— Eu estava torcendo para que você e Liam viessem morar aqui e me adotassem como filha, assim a casa ficaria sempre impecável.

Camille riu, mas isso não era uma surpresa. Ela sempre ri,até mesmo das minhas piadas mais ridículas. Por coincidência, ela conheceu seu noivo em um karaokê enquanto ria da minha falta de talento musical.

— Você deixou o Liam sozinho na casa dele?

— Ele é grandinho,pode se virar por uns dias sem mim. Além disso, eu precisava de uma das nossas noites de terror. —Ela disse, sorrindo. — Tenho que aproveitar meus últimos meses como solteira e prefiro fazer isso comendo muita comida chinesa e chocolate com a minha melhor amiga enquanto assisto O Exorcista.

— Ligue para o restaurante chinês enquanto tomo um banho. — Falei, me direcionando para o banheiro.

— Dia difícil no trabalho? — Camille perguntou.

— Não imagina como.

Então, fui tomar banho enquanto praticamente gritava a descrição do meu dia para minha amiga. Ela, como sempre, escutou tudo até o final com muita paciência.

Quando a comida finalmente chegou, nos sentamos no sofá e começamos a assistir ao filme (apesar de já termos assistido mais de dez vezes e termos decorado as falas). Tentei aproveitar ao máximo esse momento entre amigas, pois depois do casamento de Camille com Liam eles não seriam tão comuns assim.


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Notas finais do capítulo

Primeiramente: Muito obrigada por ler ♥ , se gostou não deixe de acompanhar a fic e deixar um review (falei igual youtuber agora kk)
Qualquer dúvida, sugestão ou crítica construtiva,podem me falar ♥

Vou passar algumas informações sobre a fic:
Todo começo de capítulo terá uma imagem ou frase que se encaixe no tema. Pode ser um tweet/conversa de whats/ postagem no face falsa de algum personagem, o trecho de um livro ou uma citação de um pensador.
História também postada no wattpad



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