Você e Eu, Eu e Você escrita por Débora Silva, SENHORA RIVERO


Capítulo 32
Capítulo 32 - "Gosto de fruta silvestre"




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/707854/chapter/32

Os dias se passaram voando, correria, trabalho e muitos problemas, como era comum a rotina de Heriberto e Victória. Depois de retornarem da casa refúgio no dia da chuva, os dois estranhavam-se com mais frequência que o normal a ponto de Rafael e Virgínia ficarem preocupados.

Naquela manhã, lá estava Victória, acordando de modo estranho. A cabeça doía, estava nua na cama, os travesseiros em volta do corpo. Abriu os olhos de modo lento. Fazia calor e o quarto estava claro demais.

Lembrava-se de beber umas doses de tequila na noite anterior. Quando tentou mover o corpo, se sentia cansada e dolorida. Moveu-se tendo certeza de que tinham feito amor pois suas pernas doíam. Sentou-se na cama, olhou em volta, tudo revirado e vestiu a camisola que estava no assento duplo no quarto.

Foi ao banheiro e de lá saiu para tomar café. Já na escada podia ouvir as gargalhadas de Heriberto com os filhos a mesa. Qual era o motivo de tanta felicidade? Desceu sentindo dor no corpo, especialmente entre suas pernas.

VICTÓRIA – Bom dia!– sorriu, beijou a filha, depois beijou o filho com carinho.

Heriberto a olhou, sorriu e a puxou para seu colo.

VICTÓRIA – Bom dia, meu amor! – sorriu para ele o acariciando.

Heriberto deu um beijo curto nela e Victória o beijou mais. Adorava ficar assim juntinho dele. Os filhos se entreolharam, mas não disseram nada, os dois não ficavam assim há tempos.

HERIBERTO – Bom dia! – sorriu.

Victória acomodou-se no colo dele e pegou um café.

VICTÓRIA – Minha cabeça dói. –tomou um gole de café e tocou a cabeça.

HERIBERTO — Só a cabeça? – riu dela e beijou seu braço com carinho.

VICTÓRIA — Heriberto, os meninos aqui...– moveu-se no colo dele e sentiu-se incomoda, estava com dor.

RAFAEL – Pô Sandoval, ontem teve festinha e gritaria... a gente teve até que sair pra tomar um ar. – ele comeu sua fruta e sorriu olhando a mãe.

VICTÓRIA – Deixe disso, Rafael! – o olhou com o canto dos olhos.

VIRGÍNIA — Mãe você mexeu no meu suco ontem? Estava dentro da geladeira e hoje não o encontrei. – olhou a mãe, sabia que Victória era impertinente, de  certo tinha jogado fora. – Nem era meu, era de um amigo.– falou comendo seu pão.

VICTÓRIA — Suco? Que suco? O de laranja? – olhou a filha e tomou seu café de modo calmo.– Eu e sei pai apenas bebemos um pouco... – falou  sem preocupar-se.

Virgínia mudou de expressão no mesmo momento e sentiu pavor.

VIRGÍNIA — Mãeeeee. – gritou levantando da mesa.– Um pouco? E quem tomou o resto? – passou a mão pelos longos cabelos pretos.

VICTÓRIA – Não sei, minha filha, mas eu, eu e seu pai tomamos. – tomou mais café sem entender o desespero da filha. – Estava uma delícia, não foi, Heriberto? Eu até estranhei porque parecia que tinha uma outra coisa junto. Um gosto de fruta silvestre.

Rafael gargalhou e olhou a irmã que estava consternada.

VIRGÍNIA — Tinha, mãe, tinha uma coisa lá dentro e vocês pelos gritos e risadas tomaram demais, meu Deus! – ela suspirou. – Vocês estão bem mesmo? Não se machucaram?

HERIBERTO – Eu estou bem, eu acho ...– gargalhou sem se controlar, sem conseguir chamar a atenção da filha por algo tão grave.

Victoria olhou para Heriberto. Estava em choque.

VICTÓRIA — Como assim tinha uma coisa lá? – ela esperou a resposta da filha com horror.

HERIBERTO – Enlouquecida...– falou no ouvido dela bem baixo para que só ela ouvisse.

Victória sentiu o estômago e se ajeitou no colo dele de novo. Respirou fundo, olhou para os filhos a mesa e se segurou. Sentiu o marido passar as mãos em seu quadril por baixo da mesa e teve medo do que aquele gesto significava.

HERIBERTO – Minha filha, temos que ir ao hospital por beber esse negocio?– ele perguntou olhando sério para a filha, mas sem brigar.

VICTÓRIA – Virgínia, o que tinha? Droga? Eu tomei drogas ontem? – nervosa e falando alto com a filha. – Você não tem noção das coisas! – falou de cabeça baixa e sentindo desespero total.

RAFAEL – Pô, Sandoval, droga, droga não era... só um relaxante. –  garalhou debochando da situação.

Rafael gargalhou.

VIRGÍNIA — Vocês nem precisam, era um relaxante, somente isso, mas em quantidades grandes pode ter efeitos.

RAFAEL — Você está dolorida, mãe? – perguntou debochando da mãe e tentando acalmar os ânimos, teve medo que a mãe se levantasse e batesse em sua irmã.

Heriberto gargalhou alto.

VICTÓRIA – Do que você está rindo tanto, Heriberto? – ela o olhou de modo recriminador.

HERIBERTO – Estou feliz. – passou a mão no traseiro dela.

Victória recuou e sentiu-se constrangida. Virou-se e olhou para ele de novo, Heriberto estava agindo de modo estranho.

VICTÓRIA – Você não fez...–suspirou horrorizada com o que lhe passava na cabeça.

Heriberto riu mais ainda do desespero dela.

VICTÓRIA – Heriberto... – falou tensa.

RAFAEL – Pô, Sandoval, que foi? Tá tensa? – riu e comeu mais.

VICTÓRIA — Rafael, por favor... – ela suspirou tentando processar aquela informação.

HERIBERTO – Não, meu amor, não fiz, mas foi quase. Você grita demais. – ele fez um gesto com o rosto.

VICTÓRIA — Como quase?– falou baixo.

VIRGÍNIA — O que estão falando baixo ai? Mamãe, preciso saber se está com dor e onde deixaram o resto do suco. – investigou tomando seu suco.

VICTÓRIA – Virgínia, estou tão desapontada. Vou proibir você de colocar coisas na geladeira. Corremos risco de vida com você! –olhou a filha de modo arisco.

VIRGÍNIA – Mãe, eu deixei escrito enorme na frente: “ Não tomar!” A senhora que tomou e ainda deu ao meu pai!

VICTÓRIA – Foi o contrário! Seu pai tomou e veio sorrindo com um copo para mim no quarto quando estávamos...– parou de falar.

RAFAEL – Nojentos! – fez uma cara de nojo.

VIRGÍNIA – Mas a senhora disse agorinha que tinha sido a senhora quem pegou! Perdeu a memória também? – olhou a mãe preocupada.

RAFAEL – Ai, Vivi, melhor não piorar as coisas! – tentou alertar a irmã, estava toda errada.

VICTÓRIA — Eu já nem lembro mais! Não importa quem pegou! Você quase nos envenenou! – falou com raiva e bem alto.

Heriberto gargalhou juntamente com os filhos.

VICTÓRIA – Para de rir, Heriberto, isso é sério! – estava ficando irritada com ele.

VIRGÍNIA – Não era veneno, mãe! – tentou ser gentil e simples.

Victória se levantou do colo dele e colocou mais café na xícara. Sentia tanta raiva e Decepção ao mesmo tempo.

VICTÓRIA – Um bom dia para vocês! – e foi para o escritório de casa.

Observaram a saída dela.

VIRGÍNIA – Papai com esse suco você poderia ter arrancado tudo dela, conseguiu?

Ele suspirou e sorriu.

RAFAEL — Pô, velho, Sandoval já grita sem suquinho da alegria, imagina com.– riu alto.

HERIBERTO – Sua mãe me destruiu, quebrou o quarto todo. Não entrem lá!

Rafael riu mais alto. Heriberto tomou seu último gole de café e foi atrás dela. Victória estava sentada no sofá com alguns croquis em volta, ele entrou e a olhou. Ela bebia seu café e não o viu chegar.

HERIBERTO – Amor, está brava?– ela o olhou.

VICTÓRIA — Essa delinquente nos drogou, Heriberto! –  a voz carregada de raiva. – Isso é o tipo de coisa que não posso tolerar! Estou brava com ela e vou dar um corretivo! Não criamos nossos filhos para serem delinquentes!

HERIBERTO — Meu amor, você não viu que não podíamos beber e mesmo assim levou pra gente.  – falou paciente com ela.

VICTÓRIA — Eu estava distraída e estava uma delícia. Eu voltei até para pegar mais. Bebemos tudo que tinha na geladeira. –suspirou e olhou o café.– Ela tocou no café? Vocês arrumaram a mesa juntos? – preocupada depois daquele episódio.

HERIBERTO – Deixe de paranoia. E se tivesse algo já estaria com o fogo de ontem. –  ele a olhou de modo malicioso. – Mulher me acabou!– gozou dela.

VICTÓRIA – Para... –riu dengosa. – O que foi que fiz de diferente? Eu estava igual a todo dia... Só me lembro que teve uma hora que a gente estava dentro do guarda roupa. – fez expressão de quem desejava se lembrar mais.

HERIBERTO – Estava alucinada, me mordeu bem aqui. – apontou para a calça indicando seu membro.

VICTÓRIA — Você me comeu dentro do guarda roupa, Heriberto? – horrorizada.

HERIBERTO – Depois de me bater... – ele suspirou.

VICTÓRIA – Eu te mordi? Te bati? – ela o olhou com medo de perguntar mais.

HERIBERTO – Disse que se eu não subisse novamente iria me bater mais!

Victória o olhou e foi ficando assustada.

VICTÓRIA – Você está mentindo, Heriberto! Está se aproveitando porque eu não me lembro. – falou aborrecida, como podia ser possível que todas essas coisas tivessem acontecido e ela não se lembrasse de nada?

HERIBERTO — Mas como iria subir se me bateu tão forte que a minha vontade era de bater em você! –  ele suspirou. – Não estou meu amor.

VICTÓRIA – Eu te machuquei?– ela o chamou para perto, assustada. – Desculpa, meu amor.

HERIBERTO – Gritou no meio do quarto: “Me coma, Heriberto ou eu me jogo da sacada.”

VICTÓRIA – Onde eu te machuquei? –  buscou o local analisando com os olhos. – Que horror, tá vendo, culpa da sua filha!

HERIBERTO — Me machucou, Vick, estou roxo e com as bolas doendo. – ele admitiu por fim.

VICTÓRIA – Meu Deus, meu amor, me deixa colocar algo ai. Um remédio. – ia tocar mas achou melhor não.

HERIBERTO – Não, já estou bem. Fique longe, por enquanto. – ele riu.– Posso te contar algo? Não quero que fique brava.

O rosto dele mudou e Victória teve medo de ouvir.

VICTÓRIA – Fala, Heriberto. – temerosa.

HERIBERTO – Você queria que eu...– parou por um momento.– Que eu te... Você sabe e quando eu fui, você começou a gritar, meu amor, então, não foi culpa minha...

VICTÓRIA – O que?– ficou de pé olhando para ele. Heriberto não podia estar falando o que ela achava que estava falando. – Você comeu meu traseiro? Herberto não minta pra mim! – falou alto e apavorada com a declaração dele.

HERIBERTO – Só entrei, Vick. – admitiu tenso, ela ficaria furiosa e ficou.

Victória suspirou. A expressão de decepção nos olhos dela foi pior do que se ela tivesse gritado com ele.

VICTÓRIA – É por isso que estou com dor. Você não podia, Heriberto! Como você pode?– se sentou e fez cara de choro.

HERIBERTO – Meu amor...– se aproximou dela e a tocou nos ombros.

Victória o olhou.

HERIBERTO — Eu só me lembro de entrar e você gritar. Eu só tenho alguns flashes de memória. –   estava sendo sincero com ela.

VICTÓRIA – Você entrou... mesmo sabendo que eu nunca quis. –  abaixou os olhos e sentiu tristeza. – Se você só tem flashes, então, como pode garantir que não terminou? Você não sabe, é isso? – olhou nos olhos dele.

HERIBERTO – Você me pediu, Victória e isso eu tenho bem claro! – falou aborrecido também com aquelas coisas. – Me deu um tapa na cara. Eu acordei com essa imagem na cabeça.

VICTÓRIA – Chega, Heriberto! – ela fez um sinal com a mão.

HERIBERTO – Com essa imagem do tapa e dizendo: “ Você não queria? É seu!

VICTÓRIA — Eu não quero mais saber! – ela estava triste.

HERIBERTO — Meu amor, está pensando que eu fiz de propósito? O mesmo suco que você tomou, eu tomei. Não seja injusta, Victória! – ele ficou aborrecido, o que ela estava pensando?

VICTÓRIA – Me desculpe.– se sentou no colo dele.– Mas estou chateada. Não gosto de pensar que você...

HERIBERTO – O que esta insinuando, Victória? – zangado com o que ela estava querendo declarar.

VICTÓRIA — Heriberto, não estou insinuando, só falei... – se moveu no colo dele sentiu dor. – Que não gosto de pensar que fizemos coisas um com outro que não nos lembramos. –  olhou para ele, que não a olhava. – E por que esse tom comigo?

HERIBERTO – Que tom? Estou apenas lhe respondendo do mesmo modo como me acusa. Não se mova assim, minha perna dói.

Victória ia sair do colo dele.

HERIBERTO – Não disse pra sair.– a segurou e ela ficou séria.– Onde dói? – ele perguntou.

VICTÓRIA — Deixa pra lá. – ela se levantou e se sentou ao lado dele.

HERIBERTO – Onde dói, Victória? – voltou a perguntar.

VICTÓRIA – Você sabe onde...onde você tentou penetrar ou melhor... onde você penetrou. – o encarou.

HERIBERTO – Então, estamos quites. –  falou aborrecido. – Te dói aí e me dói aqui.– tocou nas calças com cuidado e se levantou indo a porta.

VICTÓRIA – Meu amor, por favor, me desculpe. – passou a mão nos cabelos, nervosa.– Precisamos nos acalmar sim. Eu vou tomar um banho de banheira e tentar esquecer a noite de ontem...

Victória foi até ele na porta e o enlaçou com carinho. Queria que os dois ficassem bem, não queria brigar.

VICTÓRIA — Você vem? – sussurrou.

HERIBERTO – Não tem medo do que eu possa tentar mesmo com você sóbria?– estava irritado.

VICTÓRIA — Deixe disso...– o beijou com carinho. – Já pedi desculpas. É só um banho.

HERIBERTO – Mas vai ser só isso mesmo. Não aguento nem ficar de pé.– abriu a porta e fez uma expressão de dor.

VICTÓRIA – Sim, meu amor e eu não posso sentar...– riu

Ele riu também e subiram para o quarto.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Você e Eu, Eu e Você" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.