Beside You Anywhere escrita por Rocker


Capítulo 1
Capítulo Único




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Beside You Anywhere

Capítulo Único

Written by Rocker

 

Eu andava o mais rápido possível em direção à casa de Peter. Ainda não havia me acostumado com o inverno nova-iorquino, mesmo depois de quase três anos morando em solo estadunidense. Tremendo sobre quatro camadas de roupas de frio, eu apressei meu passo enquanto passava pelas ruas quase desertas do Queens e logo me vi de frente para a porta do meu melhor amigo. Minha mãe sabia que eu viria e falou que se o frio apertasse, eu poderia passar a noite nos Parker, contanto que tia May permitisse. Noites de sábado eram sempre as de sessão de filmes e minha mãe sabia que eu não perderia uma maratona de Harry Potter por nada.

Tirei a mão do bolso apenas para apertar a campainha e logo voltei a esquentá-la com o pano do sobretudo.

— Triz?! – ela exclamou, alterando meu apelido meu apelido brasileiro com o sotaque, e me encarou espantada. – Senhor! Você parece estar congelando! Entre, entre, vamos arranjar um chocolate quente para você!

— Obrigada, tia May. – com a convivência com Peter, acabei me acostumando a tratá-la como tia também. – Não está tão frio, eu que não me acostumei ainda. Estou acostumada a 18º de mínima no inverno do Brasil. Logo eu esquento de novo, juro.

— Tem certeza? – ela perguntou, ainda preocupada. – Posso fazer algo quente para você rapidinho.

— Certeza absoluta, tia May. – eu ri baixinho. – Eu vim para a sessão de filmes.

— Claro! – ela bateu em sua própria testa, como se tivesse esquecido. – Pode subir, sabe bem onde fica o quarto dele.

Corei violentamente e corri escada acima, tentando ignorar o rubor. Fui direto no quarto de Peter.

— Peter? – chamei-o e girei a maçaneta, mas a porta não abria. – Peter, sou eu, Beatriz! – ouvi um barulho lá dentro, como se algo pesado tivesse caído. – Peter? – chamei mais uma vez, desconfiada.

— Triz! – Peter abriu a porta, meio ofegante, mas eu percebi que ele impedia a passagem e isso me deixou mais desconfiada. – O que veio fazer aqui?!

Arqueei uma sobrancelha. – Peter, hoje é sábado.

Minha esperança de que com isso ele entendesse foi em vão. Peter olhou-me, confuso, mas não disse nada.

— Hoje é a maratona de Harry Potter, Peter, não acredito que esqueceu nossas sessões de sábado! – exclamei, empurrando-o e entrando no quarto. – Você anda muito estranho nos últimos dias e eu quero saber o porquê.

Percebi Peter engolindo em seco e eu me sentei ao seu lado na cama de casal. Permanecemos em silêncio durante vários minutos e, durante todo esse tempo, ele ficou mexendo os dedos nervosamente.

— Você sabe que pode me contar qualquer coisa, não é? – sussurrei, segurando sua mão e brincando com seus dedos, como eu sempre fazia para acalmá-lo.

— Não há nada para dizer. – ele insistiu, mas só pelo tom de voz eu percebi que ele mentia para mim.

— Tudo bem. – foi tudo o que eu disse antes de me levantar e pegar a mochila pequena que eu havia deixado no chão.

— Onde você vai? – ele perguntou antes que eu alcançasse a porta. – E a maratona?

— Como quer que eu fique e aja como se você não estivesse mentindo para mim?! – virei-me, tentando controlar minha fúria repentina. – Não dá, Peter, eu só acho que depois de quase três anos de amizade você poderia começar a confiar um pouco mais em mim! Você acha que não dói saber que meu melhor e único amigo aqui está escondendo algo de mim?!

— Triz... – por um segundo eu pensei que ele me diria, mas o que veio a seguir doeu meu coração. – Me desculpe.

Fiquei alguns segundos observando seu rosto, mas ele não me encarava. Engoli as lágrimas e virei-me para sair. Já me preparava para contar alguma mentira para tia May e correr para casa e chorar no colo da minha mãe que o menino que eu amava secretamente não confiava em mim. Antes disso, porém, senti algo grudento segurando meu pulso e tudo o que vi foi um pedaço de teia antes de ser puxada para trás. Vi Peter puxar-me pela teia até que eu estivesse contra seu peito. O impacto foi forte o suficiente para que caíssemos na cama, com ele sobre meu corpo. Meu cérebro parecia derreter à medida que caía a ficha do que havia acabado de acontecer e eu ligava os pontos.

— Peter, você é o... – comecei a dizer, ainda meio assustada, mas ele logo me interrompeu.

— Não diga alto, tia May ainda não sabe. – ele ralhou, mas logo sua expressão se suavizou. – Me desculpe, Triz, eu não queria te assustar e muito menos te contar desse jeito. Por favor, me diz que não me odeia. – ele sussurrou a última frase, fechando os olhos com força.

De repente meu coração se acalmou e eu abri um sorriso automaticamente enquanto levava minha mão até sua bochecha.

— Eu jamais te odiaria por algo assim, Peter.

— Ufa, ainda bem, porque eu já estava começando a pensar em... – ele começou a falar rapidamente e depois eu parei de entender o que ele dizia.

Minha primeira reação para fazê-lo calar a boca foi selar nossos lábios, que estavam a centímetros de distância. Peter ficou de início, mas depois o que era para ser só um selar de lábios para calá-lo tornou-se um beijo casto e desejoso. Nossas línguas de repente começaram a batalhar por espaço e uma de suas mãos, que não sustentavam seu peso para não me esmagar, migrou até minha cintura, acariciando-a.

— Isso foi... Uau! – ele murmurou quando nos separamos pela falta de ar.

— Desculpa, era só pra te calar a boca, porque depois da quinta palavra eu já não entendia mais nada. – pedi desculpa, completamente envergonhada e tentando ao máximo evitar seu olhar.

Peter nada disse, só se jogou ao meu lado no colchão e cobriu os olhos com o braço.

— O que foi? – perguntei, criando coragem para encará-lo ao sentar-me.

Peter abriu um sorriso amargo.

— Você está pedindo desculpas pela melhor coisa que me aconteceu nos últimos anos.

Arregalei os olhos. – O-quê?!

Peter sentou-se também, apoiando o cotovelo no joelho, mas ainda sem me olhar.

— Talvez eu não te veja mais apenas como minha amiga.

Corei intensamente e abaixei a cabeça. Eu sabia que não conseguiria dizer as próximas palavras olhando para ele.

— Talvez eu sinta o mesmo.

Depois de vários segundos em silêncio tenso, eu senti seus dedos levantando meu queixo e seus lábios encaixando-se novamente nos meus. Uma euforia desconhecida tomou conta de meu corpo e eu levei meus dedos até seus cabelos, bagunçando-os à medida de que aprofundávamos o beijo.

— Espero mesmo que o fato de eu ser o Homem Aranha não tenha te deixado irritada. – ele murmurou contra meus lábios na pausa entre os beijos.

Eu ri baixinho.

— Você sempre vai ser meu Peter. A diferença é que agora você anda mascarado por aí salvando Nova York.

Ele riu também, voltando a me inebriar novamente com seus beijos doces e macios.

Naquele dia não vimos nenhum filme da maratona de Harry Potter, como o esperado. Ao invés disso, dissemos à tia May que íamos dormir mais cedo e saímos voando em teias pela cidade.

 

 


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