Pov. Jessica:

Havia se passado um mês desde a morte do canalha,algumas coisas mudaram, Malcom tem me ajudado no "escritório", Trish me ajudou financeiramente, eu tenho bebido menos,não,eu não parei de beber,só tenho bebido um pouco menos, se você não entendeu,mas voltando a história...

Eu estava voltando de mais um caso quando vi a porta entreaberta,"Malcom,seu desleixado", entrei e me surpreendi ao não ver ele em lugar nenhum

--Malcom - chamei

--ele não está,mandei ele passear - ouvi em resposta,uma voz feminina - queria uma conversa em particular,venha até mim, Jessica Jones

Novamente senti aquela sensação de quando Kilgrave me controlava,"impossível...",fui até a área do escritório

--Codinome Investigações,meio brega,mas eu gostei - falou a garota de cabelos castanhos sentada na minha cadeira,ela sorriu ao me ver - sente - se,temos contas a acerta

Obedeci,me sentindo realmente mal por dentro, afinal achei que finalmente havia me livrado de qualquer tipo de controle

--qual o seu problema comigo?- ela riu e movimentou um pouco as mãos levitando uma garrafa de uísque

--direta, dá pra ver porque ele gostava tanto de você!uísque?- ela perguntou me dando o copo, tomei em um gole,a menina parecia observar cada movimento meu - acho que já sabe porque eu estou aqui não é mesmo, Jessie

Seu tom mudou um pouco quando me chamou pelo apelido,e eu só conhecia uma pessoa que chamava meu nome nesse tom, eu a olhei espantada

--eu achei que era impossível...- foi a única coisa que consegui pronunciar,me faltavam palavras,algo que é muito raro pra mim,ela sorriu

--tão impossível quanto meu pai ter mandado você mata-lo?- ela indagou com uma raiva palpável na voz - tão impossível quanto meu pai ser enterrado com um nome mundano,hã,você sabe o quanto estragou minha vida?- ela movimentou as mãos com raiva fazendo o copo que estava na mesa voar e quebrar na parede - sabe a dor que eu passei?

Pai?ela estava falando do Kilgrave...Por mais impossível que pareça,na minha frente estava a filha de Zebediah Kilgrave,o mesmo poder,só que muito mais forte

--seu pai fez coisas horríveis com pessoas inocentes - exclamei com um misto de raiva e medo na voz - o que fiz foi necessário

--necessário?- ela levantou a mão esquerda e eu comecei a sentir uma leve pressão no pescoço,que foi aumentando conforme ela levantava mais a mão com um olhar assassino - ele só fez aquilo por sua culpa,você o deixou pra morrer depois daquele acidente,e mesmo depois de tudo você não tinha o direito de matá-lo,você tirou meu pai de mim!- sua voz estava embargada em tristeza enquanto ela me levitava aumentando ainda mais a pressão no meu pescoço - por mais que não pareça ele era um bom pai,ele era o melhor pai, depois de você deixá-lo para morrer como um vira-lata - ela levantou da cadeira e deu a volta na mesa me olhando com os olhos já lacrimejando - ele me mandava uma mensagem toda noite pra avisar que estava bem,pra perguntar sobre a escola e naquela noite ele me mandou uma mensagem falando pra esperar no cais em um lugar mais distante,eu esperei até ver a notícia de sua morte,eu chorei,eu choro...

A pressão se desfez quando ela abaixou a mão e colocou no rosto se encostando na mesa, eu cai no chão massageando o pescoço

--ele disse que erámos uma família,ele disse que você era o amor dele,ele...- mesmo com as mãos no rosto era percepítivel a tristeza em sua voz,hesitante me aproximei lhe abraçando,demorou um pouco,mas a garotinha correspondeu ao meu gesto - eu sinto saudades dele a todo momento...

--me desculpe...- respondi acariciando seus cabelos e apoiando meu queixo em sua cabeça

--Charlotte,mas ele sempre me chamava de Purple...- não pude deixar de sorrir um pouco ao ouvir o apelido carinhoso

--OK,Charlie,por quê você não descansa um pouco?- perguntei no tom mais carinhoso possível

--você fica comigo até eu dormir?- ela questionou sussurrando,assenti e a levei até o meu quarto,ela deitou e em poucos minutos estava dormindo,levantei e fui até a cozinha,disquei um número.

--Trish,preciso te mostrar algo,venha rápido...