A Grande Mentira escrita por P P Gonçalves


Capítulo 4
Capítulo 04 - Entra o Nick na história


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Com certeza, mas houveram motivos de força maior para que isto ocorresse. Não me estenderei muito.

Vamos as capítulo.



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Meu aniversário. Uma data incrivelmente importante. Comemorativa. Eu sou a pessoa mais importante do salão. Todos invejam meu vestido, meus sapatos e minha maquiagem. Ninguém ganha mais atenção que eu!

É deveria ser assim um grande aniversario, mas não o meu. Eu estou com um belo vestido, com sapatos bonitos, com a maquiagem perfeita, mas ninguém esta dando a mínima atenção para mim. Minha irmã esta trajando um lindo vestido vermelho e sapatos pretos, sua maquiagem é de olhos marcantes e boca nude. E todos estão falando dela, na verdade estão falando sobre ela e o casamento.

Eu virei coadjuvante no meu próprio aniversario!

Bela comemoração!” Comentou Duda. “Você esta linda! Não sabe o quanto eu queria andar com um salto desses!” Minha prima ainda tentava me animar e até que conseguiu arrancar um pequeno sorriso meu.

Um dia você consegue, e sem quebrar o pé!” Rimos juntas, lembrando da falha tentativa dela de aprender a andar de salto para sua festa de 15 anos, o que resultou em um pé quebrado e uma festa adiada!

Amor, a Vanessa esta te chamando!” Lucas veio chamá-la e com um pedido de desculpas em seu olhar ela foi conversar com minha irmã.

E era oficial, eu estava completamente sozinha, abandonada, atirada as traças, em meu próprio aniversario!

Dramas a parte, eu não sabia exatamente como me portar nesta situação. Eu deveria ir e começar a falar do casamento da Vanessa com as meninas? Ou então começar a discutir política com os mais velhos? Melhor, conversar de futebol com meus primos, porque eu entendo muita coisa de futebol. Deixando a ironia de lado. O que realmente me restava era: ir brincar com as crianças, ou; ir me trancar no meu quarto! Ambas as opções eram deprimentes!

Analisei novamente a cena. Eu estava sozinha em uma mesa, Vanessa estava rodeada de mulheres rindo e conversando, ate minha mãe esta lá com ela.

Em outro canto estão os tios e tias, e isso inclui também meu pai, conversando sobre política, religião e afins. E por fim, mas não menos importante estão meus primos, no lado oposta ao de meus tios, falando de futebol, lutas e outros esportes.

Na área aberta estavam as crianças brincando, minha mãe sempre contrata a empresa de recreação com os brinquedos e cuidadores. Ir pra La ate seria divertido, mas seria meu fim. Iria taxar em minha testa: PERDEDORA!

Então estava decidido, iria para o segundo andar e me trancaria no meu quarto. Desligaria meu telefone, pegaria meu antigo MP4 e colocaria na playlist da sofrência, sim eu tenho uma playlist para momentos de bad, colocaria meus fones no ultimo volume e só sairia do quarto no outro dia para ir trabalhar.

Subi as escadas esperando que alguém me chamasse, podia ser qualquer pessoa, que alguém me impedisse de ficar sozinha, mas ninguém percebeu meus movimentos, minha mãe estava tão concentrada no que falava que não desviava o seu olhar de Vanessa.

E no fim eu já estava no meu quarto, tranquei a porta e escorei minha testa nela, com a mão ainda na maçaneta. A vontade de chorar, que eu vinha segurando desde o momentos antes, se intensificou no segundo em que fiquei realmente sozinha. E eu chorei, chorei tanto que ate comecei a soluçar, e eu soluçava tão alto que eu quase não ouvi a leve batida em minha porta.

Eu não queria atender, mas só podia ser uma pessoa do outro lado, minha mãe, e ela não me deixaria em paz ate eu atendê-la. Tinha plena certeza de que ela havia escutado meu choro e soluços, afinal eu ainda estava escorada na porta, por isso nem me importei em esconder as lagrimas enquanto destrancava a porta e a abria.

Imaginem minha surpresa ao não ver minha mãe parada do outro lado da porta, mas sim Nickolas e ele não parecia surpreso em me encontrar em um estado lastimável.

O que você faz aqui?” Perguntei enquanto tentava secar as lagrimas que ainda escorriam pelo meu rosto.

Eu quem deveria te fazer esta pergunta!” Ele falou entrando no meu quarto e fechando a porta atrás de si. “Você é a aniversariante, deveria estar lá em baixo, se divertindo e bebendo e não aqui trancada no quarto chorando!” Ele me segurou pelos ombros, quando eu ia me virar de costas para ele, quando eu ia fugir de seu olhar. “O que esta acontecendo? Conte-me, eu sei que tem algo errado. Vi isso no dia em que o Patrick deixou você comigo e com os meninos na costureira.” Eu não me lembrava do Nick ser tão observador. “Desabafa comigo! Eu sei que você precisa e eu prometo não contar nada a ninguém!” E essa foi minha gota d’água. Eu desabei, me agarrei a ele e comecei a chorar, um choro desesperado, angustiado e que me deixava mais leve a cada segundo.

Quando finalmente me acalmei e consegui falar contei ao Nick o que estava acontecendo, contei tudo, não escondi nada dele. Eu precisava contar isso para alguém ou acabaria enlouquecendo, não necessitava de conselhos só que outra pessoa me ouvisse. E ele ouviu, não falou nada ate que eu terminasse meu monologo e quando terminei fiquei surpresa com suas primeiras palavras. Esperava um julgamento, não um desabafo.

E você acha que pra mim é fácil? Não é só você que se apaixonou pelo melhor amigo e vai ser amadrinha do casamento dele. Eu amo a Vanessa, e qualquer um pode ver isso, ate um cego percebe que eu a amo. E eu vou vê-la se casar com outro, mas diferente de você ao menos eu disse isso pra ela.” Ele não parecia muito estável, talvez fosse entrar em colapso, assim como eu há minutos atrás. “Ela jogou na minha cara que jamais teríamos algo mais que amizade e que ama o Patrick, e acredite, doeu muito ouvir isso, mas ao menos eu sei que eu tentei. Não vou passar minha vida toda no: e se eu tivesse dito o que sentia? E se eu tivesse tentado? E se? E se?” Quando ele terminou de falar percebi que suas mãos estavam fechadas em unho sobre suas pernas. Já estávamos sentados em minha cama e esta altura da conversa.

Eu não sabia muito que falar ou fazer com sua revelação, mas sabia que ele precisava de conforto, então peguei suas mãos e as segurei junto as minhas e esperei ate eu ele relaxasse e por fim abrisse suas mãos, ficamos longos minutos em silencio, de mãos dadas, sentados em minha cama, um de frente para o outro, cada um perdido em seu próprio pensamento. E teríamos ficado mais tempo assim se não fossemos interrompidos por alguém que abriu a porta do meu quarto sem ao menos se anunciar.

Sua mãe esta a sua procura.” Falou Patrick parado na soleira da porta. “Querem cantar o parabéns!” Ele nos encarava serio.

OK.” Respondi soltando as mãos de Nickolas e me levantando. “Avisa ela que já desço!” Terminei de falar no exato momento em que entrava no banheiro e fechava a porta.

Assim que me vi segura olhei meu reflexo no espelho e eu estava horrível. Cabelo estava bagunçado, olhos um pouco vermelhos e nariz completamente vermelho. Peguei meu kit de maquiagens e comecei a retocar o que precisava e esconder as marcas de que em algum momento eu havia chorado aquela noite. Demorei uns dez minutos no máximo e quando retornei ao quarto Nickolas ainda estava lá me esperando.

Agradeci sua presença com um sorriso e então descemos, juntos, ate o salão onde ocorria minha festa.

Assim que chegamos ao fim da escada percebi que todos nos olhavam. Éramos o centro da atenção de todos. Finalmente estava ganhando a devida atenção que eu merecia, mas já não a queria mais.

Minha mãe vinha em minha direção, deu um olhar significativo para o Nick, que estava perigosamente perto de mim, e parece que seu sorriso ficou maior do que já estava. Ela me pegou pelo braço e me levou em direção a mesa de doces com um grade FELIZ ANIVERSÁRIO pendurado à parede.

Logo ela acendeu a vela representando minha idade e todos começaram a cantar o parabéns. Eu não tinha mais nenhum animo para a festa. Ao fim da cantoria os garçons vieram para cortar o bolo, e eu sabia que teria que fazer um “discurso” antes de dar o primeiro pedaço de bolo a alguém.

Eu não fazia a mínima idéia do que deveria falar, na realidade não sabia nem para quem dar o primeiro pedaço do bolo. Em todos os anos anteriores o primeiro pedaço sempre foi destinado ao Pat, mas agora, este ano...

O garçom me entregou a primeira fatia do bolo, não havia mais tempo algum, precisava falar algo.

Boa noite!” Saudei os convidados. “Agradeço a presença de todos aqui!” Sorri, olhando para todos. Eu não sabia o que fazer, falar ou expressar. Eu estava entrando em pânico. Olhei ao redor buscando auxilio. O primeiro olhar que vi foi o do Pat, mas seu olhar mostrava indiferença, algo que não esperava vindo dele. O segundo olhar que vi foi o do Nick, ele me mostrava encorajamento. “Bom, ainda não sei bem o que dizer. Tenho tanto em mente, mas não consigo organizar tudo para poder expressar em palavras!” Eu ri de nervosa e alguns convidados me acompanharam no riso. “Mas vamos ao que realmente interessa, o primeiro pedaço do bolo vai para uma pessoa especial, um amigo, alguém que esta sempre disponível pra me ouvir!” Pude ver que minha irmã se virou para o Pat e cochichou algo em seu ouvido ele concordou minimamente com o que ela disse e ela virou-se novamente para mim. “Vem buscar seu bolo Nick!”

Todos estavam chocados, ninguém esperava esta declaração. Ate o Pat, que antes mostrava indiferença agora parecia atordoado e traído. Minha irmã me olhava com raiva pura estampada em seu olhar. E Nick estava surpreso, e no fundo eu também estava.

Ele sorriu pra mim e veio em minha direção para pegar seu bolo. Que ainda estava seguro em minhas mãos.

Vem comigo!” Foi a única coisa que ele falou ao pegar o prato de minhas mãos e seguir em direção ao estacionamento. Eu só peguei outro prato com bolo e o segui.

Melhor aqui não é?” Ele sentou-se em um banco próximo ao pequeno lago que possuíamos.

Bem melhor!” Me juntei a ele no banco.

Posso ser seu porto seguro se você quiser!” Ele ofereceu enquanto comia sua fatia de bolo.

Eu acho que vou aceitar sua proposta!” Sorri enquanto comia meu bolo.

Eu sabia que era errado usá-lo desta maneira, mas ele estava no mesmo barco que eu e sabia exatamente onde estava se metendo, então me recuso a sentir culpa!


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Notas finais do capítulo

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