Classe dos Guerreiros - O Ressurgimento escrita por Milady Sara


Capítulo 9
Capítulo 9




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Três dias depois...

A noite estava silenciosa. Apenas os sons dos animais da floresta e do vento movendo as folhas das árvores tirava a impressão de estarem sozinhos ali.

Carter, Mia e Melanie eram os únicos acordados, o restante dos Guerreiros dormia desconfortável em seus cavalos. Estavam viajando sem parar, então cabia aos três ali tomarem conta de tudo durante a noite.

As garotas ficavam cada uma de um lado da fila de cavalos, enquanto o rapaz os puxava. Se não fosse por algumas poções que os mestres haviam dado aos cavalos, aquilo não seria possível, mas mesmo assim, no dia seguinte teriam de parar, do contrário os animais entrariam em colapso.

Mia olhou por um segundo para Caleb, um pouco a sua frente, ele dormia como todos os outros, encostado no pescoço do cavalo. Mas na verdade ela não olhava para ele, mas para o caderno que ele segurava enquanto dormia.

Nas últimas noites havia pensado no que ele tinha dito sobre desenhá-la, e se perguntava se aquilo seria mesmo verdade, afinal, fora as paisagens ou coisas que ele achava interessantes, a única pessoa que povoava aquelas páginas era Lena. Mas em nenhum momento ela se atreveu a tentar olhar, por medo de se decepcionar.

— Acho que eu vi uma macieira ali. – disse Melanie, tirando a outra de seus pensamentos.

— Colhe algumas. - falou Carter. Eles conversavam em voz baixa, mas ouviam-se perfeitamente. – Isso ajuda pra não perdermos tempo com isso. – assentindo, a de cabelos curtos entrou na escuridão da floresta. – Tem coelhos por aqui Mia, pode tentar caçar alguns?

— Claro. – respondeu ela automaticamente tirando o arco das costas e saindo da trilha. Era uma ótima ideia se concentrar em outra coisa.

~*~

O pátio estava vazio. Apenas o som das orbes que iluminavam o local tirava a impressão de aquele lugar ter sido completamente abandonado.

Os sapatos de Máxima faziam um barulho que ecoava a cada passo que ela dava na linha reta que fazia para chegar à parede na outra extremidade do pátio.

Ela finalmente parou e contemplou o velho ali acorrentado. Estava magro e respirava lentamente. Haviam sete cristais fincados em seu tórax, e sete gigantes orbes brilhantes repletos de magia ao seu lado.

Com um aceno de sua mão, ela fez os orbes flutuarem, e com um aceno da outra, ativou os cristais fincados no homem. Ele gemeu e se contorceu como se levasse um choque, e outros sete orbes começaram a se formar.

Com um sorriso cruel, Máxima se agachou e tocou levemente o queixo do homem, para olhá-lo nos olhos.

— Ainda tem esperança? – perguntou ela, mas o velho apenas cerrava os dentes, para evitar gritar enquanto sentia aquela dor. Com uma risada, a mulher foi embora levando os orbes.

~*~

Os Guerreiros estavam sentados em círculo ao redor de uma fumegante panela de sopa. Os cavalos dormiam em um canto.

Enquanto começaram a comer, uma brilhante carta apareceu flutuando direto para as mãos de Seth, era fácil reconhecer que se tratava de uma carta de Li. Ele a abriu enquanto mordia um pedaço de pão.

— Então? – perguntou Marin, o encarando enquanto levava uma colher de sopa á boca.

— Ela diz que os animais estão bem, não parecem ter ficado com nenhum dano permanente.

— E...? – perguntou Derek ao ver a careta do mestre.

— E... Theo está preocupado com os portos, os navios vêm sendo saqueados e destruídos.

— O que ele vai fazer? – indagou Drica.

— Aparentemente enviar mais algumas tropas pra tentar garantir a segurança, mas não sabe se isso vai realmente funcionar. – terminou fechando a carta. – A situação tá ficando complicada...

— Eles vão pensar em alguma coisa. – disse Marin. – Enquanto um ataque de verdade não for feito, estamos seguros.

— Quanto tempo para chegarmos até a bruxa? – perguntou Hunter.

— Pouco. – disse Lena abrindo o mapa em seu bolso. – Dois ou três dias se nada der errado.

Marin encarou sua tigela, pensativa.

~*~

Do lado de fora da fortaleza dos Noctem havia muito movimento. Alguns demônios sem armadura levavam ovelhas para um lado, outros traziam materiais de construção, um ou outro testavam novas armas.

Junto do muro, havia três gaiolas, grande o suficiente para caber uma pequena casa dentro, mas incrivelmente sujas. Em uma delas estava Leto, acorrentado, e exausto, jogado no chão em sua forma de pantera. Na do meio, um rapaz moreno abraçava seus joelhos com uma manta cobrindo seus ombros, e na outra, Jed e Charles estavam sentados em cantos opostos, sem olhar nos olhos um do outros.

Saído da floresta ao lado, Médio apareceu, seguido de Cassandra em seu estado de obediência, com olhar fixo. Ao vê-la, Charles lançou-se nas grades.

— O que fez com ela? Por que a levou por vários dias? – gritou ele enquanto o Nox se aproximava.

— Pare de drama. – disse Médio abrindo a jaula. – Ela estava trabalhando, e agora é a vez de vocês. - com um estalar de dedos, ele e Jed entraram em transe e se puseram de pé na porta da jaula. Os dois saíram e Cassandra entrou, e logo depois de Médio trancá-la, ela recobrou sua consciência e observou seus companheiros de distanciarem.

Com um suspiro ela sentou-se no chão. Não podia fazer nada além de esperar até que fosse o seu turno novamente. Olhando para sua direita ela viu o rapaz moreno com o rosto enterrado nos joelhos.

— Oi. – ela disse, mas não houve resposta. – Quem é você? – mas Victor apenas levantou o rosto exibindo seus olhos fundos e cansados. De súbito ele olhou para frente e ficou de pé, derrubando sua manta no chão, mostrando que ele usava apenas roupas íntimas.

Mínima apareceu trazendo uma moça também em roupas íntimas, os cabelos opacos que cobriam seu rosto eram estranhamente familiares para Cassandra. Quando a de tranças abriu a porta para o rapaz sair e a moça entrar, eles se cruzaram por um breve momento, que Victor usou para acariciar levemente o rosto da moça com os nós dos dedos. Em seguida, ele partiu com a Nox enquanto a moça sentava exatamente onde ele estava e se cobria com a manta.

Cassandra a encarou alguns segundos até finalmente se lembrar.

— Fox?! – perguntou ela, mas não houve resposta. – Fox, o que aconteceu com você? – a de cabelos opacos a olhou sem nenhuma expressão no olhar.

— O que acha que aconteceu comigo?

A Guerreira engasgou ao ouvir a voz da amiga, não passava de um rouco sussurro, como se ela estivesse fazendo gargarejo com pedras afiadas. Então um Nox apareceu perto das jaulas, jogou um bife na de Leto, que sequer se moveu, e ao jogar um na de Fox, a quimera avançou naquele pedaço de carne como um cão faminto.

— Fox... – falou Cassandra abismada. – O que fizeram com você?

—... – ela parou de mastigar a carne para responder. – Quando te tratam como animal, cedo ou tarde você vira um. – e voltou a devorar sua comida enquanto a outra a observava.


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