Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 12
Capítulo 12 – Apenas um dia ruim


Notas iniciais do capítulo

Gente, ninguém mais comenta. Só uma pessoa. Que houve com o restante de vocês? Ç.Ç Assim perco a vontade de escrever, apesar de ter tantas pessoas acompanhando a história. Agradeço a todos. =) Mas confesso que sem comentários minha inspiração fica com preguiça. Ç.Ç



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Capítulo 12 – Apenas um dia ruim

Ainda que o Batman também segurasse seus pés, Harley quase chutou os dois enquanto Pâmela trabalhava. Muitos gritos e sangue depois ela conseguiu, e observou o projétil que havia removido com a pinça.

— Essa bala é do Espantalho. Ele costuma usar essas.

Pâmela largou a bala numa bandeja, precisava estancar o ferimento depressa. Harley ainda chorava, embora não estivesse totalmente consciente. A Hera Venenosa procurou por algum tecido, encontrando panos de prato limpos numa gaveta da cozinha e pressionou um em cima do ponto de sangramento. Harley se contorceu outra vez.

— Calma, calma... – a Hera pediu alisando os cabelos da amiga e beijando sua testa – Vai ficar tudo bem agora. Aguente, por favor... Harley, não vá morrer!

Ela ministrou algumas ervas e logo o sangramento estava consideravelmente menor, parando poucos minutos depois. Pâmela chorava quase sem esperança quando conseguiu estancar. Harley havia desmaiado outra vez. Ela limpou o sangue do corpo da amiga e com ajuda do homem morcego enfaixou o local ferido. O Batman apenas observou em silêncio a tristeza e o desespero nos olhos verdes da Hera e o fato de criminosas que ele sempre julgou verdadeiras ameaças serem capazes amar e se preocupar uma com a outra como verdadeiras irmãs, como qualquer pessoa normal.

— Ela perdeu muito sangue... – a Hera disse quase num sussurro.

— Mas está viva. Não desista dela. Ela não desistiu ainda, e não acredito que vá.

— Não vou. Ela é minha família – disse olhando o rosto adormecido de Harley – Você não pode morrer, Harley. Ainda há coisas que você precisa fazer, só você pode fazer.

— Cuide dela o melhor que puder. Há algo que preciso dizer. Ela precisa sobreviver pra isso.

— Do que está falando? Não vai nos mandar pra Arkham? – Ela perguntou enxugando as lágrimas dos olhos.

— Não hoje. Eu preciso pedir desculpas. Mas agora o momento é do palhaço. Eu vou voltar depois.

— Obrigada – ela falou quando ele se virou para sair – Por que está nos ajudando? Só por pena?

— Há pessoas lá fora que olham por vocês.

Pâmela observou intrigada o homem morcego fechar a porta e ir embora, pensando nos possíveis significados do que ele acabara de dizer. Mas isso era para depois. Precisava cuidar de Harley. Ela estava pálida e fraca. Fez mais uma mistura de ervas, aquilo a ajudaria a recuperar o sangue rapidamente, e fez Harley beber com cuidado para não engasgá-la.

— Eu sinto muito ter conseguido imunizar você de tantos venenos, mas não do gás do medo.

Pâmela sentou-se num banco, se sentindo exausta e tentando se acalmar. Ficara tão nervosa que podia sentir seu coração bater contra o peito com tamanha força que podia até ouvi-lo. A Hera sorriu ao lembrar-se de quando se conheceram durante um roubo e fugiram juntas num carro enquanto os seguranças endoidavam atrás delas.

— Você não pode morrer, Harley...

******

— Batsy... – o Coringa sorriu ao ver o homem morcego se aproximando.

— O que houve com os outros?

— Deixe que continuassem a festinha com Waller já que você que era o convidado principal foi interceptado e eu preciso encontrar Harley. Depois vou matar aquele Espantalho de jardim por atirar nela.

O Batman olhou em volta. Nenhuma viva alma além dele, do Coringa e de seu capanga mais fiel. O cenário destruído e o vento gelado tornavam a noite ainda mais sombria. Carros de polícia não estavam à vista, Waller devia ser a responsável. O Coringa tinha manchas de sangue espalhadas pelo terno prateado e alguns rasgões nas roupas ensanguentados de tiros de raspão.

— Você estava com Harley. O sangue dela está em você. Eu desci, ela sumiu, ela levou um tiro, havia sangue no asfalto, como há nas suas roupas de morcego. Onde ela está?

— Você pode encontrar sozinho.

O Coringa riu.

— Adoro quando você demonstra que também sabe fazer piadas, Batsy.

— Ela ainda deve estar confusa.

— Posso resolver isso.

— Se conseguir falar com ela. Está desacordada.

O Batman ficou surpreso, mas conseguiu esconder ao ver uma breve preocupação nos olhos do palhaço, ou seria apenas irritação e tédio?

— Ela vai acordar.

— Devia deixá-la acordar desses sonhos sem fim.

— A realidade é um lugar ruim, já falamos muito sobre isso.

— O passado pra você pode ser um bando de correntes, mas o que você não sabe ou talvez não aceite é que ele pode ser a chave pra liberdade se você deixá-lo ir. Prendê-lo dentro de você é que é o abismo que você tanto teme. Eu perguntei muitas vezes, mas você nunca revelou uma palavra do que você foi um dia ou do que instigou todo esse ódio aí dentro. Se não quer dizer pra mim, eu acho que Harley merece e deve saber. É impossível mudar qualquer coisa que já se fez, mas sempre pode fazer algo a respeito. Não gosta de piadas? A piada sempre esteve em você, antes de estar em todos os outros – o morcego disse antes de desaparecer na noite atrás do Espantalho e de Charada.

Jonny observou, esperando seu chefe rir como um louco, como deveria acontecer, mas ele ficou longos segundos em silêncio, observando o morcego ir embora.

— Vamos atrás delas.

— Delas?

— Acha mesmo que um homem da justiça deixaria uma mulher ferida sozinha? Se não a levou pra Arkham, a Hera Venenosa deve estar com ela.

******

Hera colocava em ordem as coisas que havia bagunçado no restaurante, deixando à mão apenas as que poderia precisar para Harley. Ao terminar sentou-se outra vez ao lado da amiga e a verificou. Continuava desacordada e pálida, mas respirava normalmente e seu coração parecia bem. As bandagens estavam manchadas de sangue, mas o ferimento não sangrava mais.

— Esse balcão duro e frio deve estar desconfortável.

Pâmela pegou mais panos na gaveta e os arrumou embaixo da cabeça de Harley. Depois puxou a toalha de uma das mesas para aquecer suas pernas e a colocou sobre a amiga.

— É o melhor que posso fazer agora, Harley.

A Hera se assustou quando alguém abriu a porta. Pegou sua arma e apontou na direção da silhueta, que estranhamente lhe era familiar. As poucas luzes acesas dificultavam sua visão. Seu sangue ferveu de raiva ao ver o Coringa e só não atirou ou gritou com ele para não incomodar Harley.

— O que quer aqui?! – Perguntou dando a volta no balcão para ficar na frente de Harley.

— Abaixe essa arma. Não fui eu que atirei nela.

— Não importa! Indiretamente você a meteu nisso!

— Eu vim aqui calmamente porque me preocupo com ela ou ainda estaria lá com eles, ou brincando com o Batsy. Eu o encontrei no caminho, mas ele é muito nobre, não disse onde vocês estavam e descobri pelas evidências mais óbvias que ele tinha salvado Harley. Abaixe essa arma, Pam.

Os dois se viraram para Harley ao escutar o barulho de tecidos sendo mexidos. Ela estava reagindo. Pam guardou a arma e os dois correram para ela, um de cada lado do balcão. O Coringa afastou a toalha e viu as bandagens ensanguentadas por baixo da blusa, em seguida olhando o rosto da palhacinha. Estava pálida, mais do que já era naturalmente.

— Harley...

Ela piscou algumas vezes e abriu os olhos azuis, olhando em volta confusa.

— Diga alguma coisa – Pâmela suplicou.

— Pam... Estou viva? – Sua voz estava um pouco fraca.

— Sim, por um milagre e pelo Batsy você está.

— Mas eu ia me afogar... Ela me fez cair.

— Afogar? Ela? Harley... Deve ter visto ilusões, você respirou o gás do medo. Quem você viu?

Ela hesitou em responder, não gostava de falar.

— Quinzel.

— Foi só uma ilusão, está tudo bem agora – Pam lhe disse docemente ao afagar seu rosto – Fique quieta, ok? Você foi baleada, caso não se lembre – a Hera informou indicando o local baleado – Mesmo minhas ervas não podem te curar instantaneamente. Eu tirei suas botas pra não haver o risco de você nos matar acidentalmente enquanto eu removia a bala. E foi mesmo uma boa ideia.

— Você e mais quem?

— O Batman pegou você quando caiu e te trouxemos pra cá. Ele segurou você enquanto removi a bala. Não se lembra de ter gritado e chorado?

Ela negou com a cabeça.

— Tudo bem, esqueça. Agora só descanse – Pam afagou o topo de sua cabeça.

Harley observou as bandagens por baixo de sua roupa e só então se atentou à outra presença ali ao ver uma mão branca familiar repousada sobre seu ferimento, e o olhou. Ele a encarava com seriedade e uma certa apreensão. Harley começou a lembra-se dos últimos dias, do momento em que haviam se encontrado antes dela ser ferida, e a tristeza a tomou novamente. Ela desviou o olhar e virou o rosto para o outro lado. O Coringa trocou um olhar com a Hera Venenosa. Ela não queria sair e deixar Harley com ele, mas sabia que ele não faria nada com ela naquele estado, ao menos ela esperava que não.

— Harley, eu vou arrumar a bagunça que deixei procurando coisas pela cozinha e ver se tem alguma coisa pra você comer, eu volto daqui a pouco. Me chame se precisar – ela disse ironicamente, recebendo um olhar chateado do Coringa antes de se dirigir à cozinha.

— Harley... Olhe pra mim.

Sem resposta.

— Me desculpe pela outra noite.

— Você sempre pede desculpas e sempre faz de novo.

Ele deslizou as mãos pelo cabelo, nervoso.

— Eu tento, mas é muito difícil pra mim não ser assim. Às vezes machucamos quem amamos.

— Você deu um claro exemplo que não me ama naquela noite.

Um silêncio incômodo permaneceu por bastante tempo.

— Naquela dia você queria saber o que aconteceu.

Harley o olhou ao ouvir aquelas palavras.

— Eu vou te contar, Harley... Porque a distância entre mim e o mundo é apenas um dia ruim.


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