Uma vida feliz para Arlequina? escrita por Dani Tsubasa


Capítulo 10
Capítulo 10 – Guerra em Gotham City




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Capítulo 10 – Guerra em Gotham City

— Não sei, Pam... Eu nunca duvidei que ele me amasse. Mas ultimamente tem ficado difícil.

— Vai ser difícil, Harley. Mas devia deixá-lo de uma vez. Nós sabemos o que vai acontecer se você voltar. Tudo vai se repetir num loop infinito.

— Eu queria tanto que ele ficasse mais calmo, que encontrássemos nossos filhos e pudéssemos criá-los juntos e felizes. Ainda não teríamos uma vida normal, mas...

— Eu sinto te dizer, querida, mas nós duas sabemos que isso não é possível. Em algum momento, se encontrarmos essas crianças, você terá que escolher entre elas e ele. E espero que escolha certo. Ainda mais se precisarmos entrar numa luta pra tirá-los da família adotiva. Mas veremos isso depois, a prioridade é saber onde estão e com quem. Você fica aqui até decidir o que fazer, fique aqui por quanto tempo quiser e precisar.

— Obrigada, Pam.

******

Uma semana. Uma semana sem ouvir a voz de Harley tagarelando pela casa, o chamando de Pudinzinho ou rindo loucamente enquanto os dois tramavam contra o Batman. Conseguia se distrair durante o dia, sentindo o vazio da casa apenas a noite quando ia dormir sozinho, sem nem mesmo as hienas para fazer qualquer barulho. Ele era o Coringa, nunca admitiria que sentia falta dela, nem acreditava nisso. Era confortável dormir abraçado com ela, talvez sentisse falta apenas disso. Podia chamar outra mulher ou visitar alguma boate do crime, mas não sentia vontade.

— Ela é minha Harley Quinn... – falou num tom possessivo com bastante ênfase na palavra “minha” – Minha palhacinha do crime!

Naquela noite iniciaria seus planos de conquistar Gotham, com ou sem ela. E esperava atraí-la assim. E que o Batman não a encontrasse primeiro. Arlequina não tinha medo do Batman, embora de longe soubesse que não podia com ele. Ao contrário de muitas vilãs e vilões que sairiam correndo. Sorriu, se sentindo orgulhoso.

— Minha melhor criação.

******

O Batman caminhava por uma rua escura e silenciosa. Gordon o informara de que havia percebido uma movimentação estranha entre algumas autoridades. Se o palhaço tinha algo a ver com isso ou não ele não sabia dizer, mas algo estava errado. Eram vinte e uma horas e meia, ainda havia pessoas na rua, seria um problema se algo muito ruim acontecesse. Parou de andar e apurou os ouvidos tentando captar algo naquele silêncio agonizante. Nada. Mas entrou em alerta quando ouviu um estouro distante e viu fogos de artifício coloridos explodirem nos céus.

— Droga!

Dirigiu o Batmóvel na maior velocidade que era possível até se aproximar do local e parar numa rua escondida. Quando adentrou o centro de Gotham, pessoas corriam e gritavam em pânico, deixando às pressas todos os estabelecimentos públicos ainda abertos. Carros arrancavam a toda velocidade, por muita sorte não causando nenhum acidente. Algumas paredes estavam danificadas e bombas pareciam ter explodido ali. Mais fogos explodiam em mil cores e sons e uma risada maligna e muito familiar ressoou através de um autofalante.

— Boa noite, Batsy! HA HA HA HA HA HA HA HA. O que está achando da festa, moecergo?! Essa foi organizada especialmente pra você!

Em poucos minutos as ruas em volta estavam desertadas, donos de restaurantes e casas noturnas haviam fechado o lugar e fugido, sem pouco se importarem que podia haver um buraco na parede ou mais bombas lá dentro. O Batman olhou para o alto de um prédio e em meio à fumaça restante das explosões, lá estava ele, o rei de Gotham, com seu sorriso maníaco.

— Por que está sozinho? Espero que não a tenha matado finalmente.

******

— O palhaço está em cena. É hora de começar – Waller informou pelo rádio.

— Estamos a postos, os dois estão se aproximando do palhaço.

******

O homem morcego subia as escadas de emergência do prédio, onde o Coringa ainda deveria estar esperando por ele, mas parou ao ouvir passos. Passos que não eram estranhos e que já não ouvia há um tempo. Uma risada debochada invadiu o andar e o Batman se virou. Não havia nada. E não era o Coringa.

— Qual o pior pesadelo de um morcego que dorme?

Antes que pudesse pensar em alguma coisa, o morcego sentiu algo perfurar seu pescoço e logo tudo em volta estava embaçado. Vultos e vozes surgiam diante dele, uma delas há muito tempo não ouvida, uma voz que lhe causava dor.

— Bruce...

Aquela voz doce. Aquele garoto podia ser um grande combatente do crime, mas mantinha e demonstrava o coração doce e gentil que Bruce costumava reprimir em si mesmo.

— Robin...

Mas a imagem do amigo permaneceu por pouco tempo. Logo risadas terríveis invadiram o lugar e mil imagens do Coringa apareceram. E enquanto uma guerra declarada entre três dos maiores vilões de Gotham se iniciava, o homem morcego estava preso em seus piores pesadelos.

******

Harley observava a cidade em caos de um andar ao alto de um antigo prédio abandonado. Ele deveria estar causando aquela anarquia para chamar atenção dela ou descarregar sua raiva por ela ter ido embora. O plano Gotham, o que haviam planejados juntos para dominar a cidade. E pela primeira vez ela não estava com ele numa investida grande como essa. Olhou rapidamente em volta. Aquele não era um prédio qualquer, era o prédio em que anos atrás, logo que ela se tornara Arlequina, havia lido um dos planos anti-Batman dele e tentado matar o Batman por si mesma, jogando-a vivo num tanque de piranhas. O Coringa ficara furioso e a atirara lá embaixo, ainda gritando para ela Não chamá-lo de Pudinzinho. Não morrera pela inacreditável sorte de cair em cima de um monte de bolsas de lixo. E era pela janela quebrada naquele dia que ela estava sentada no chão observando a cidade. Escutou barulhos nas escadas por onde havia subido, e levantou-se com o taco de baseball em mãos, pronta para acertar a cabeça do primeiro idiota que aparecesse.

— Harley...

Por um segundo ficou sem reação. A voz a chamou calma e cautelosamente.

— Como me encontrou? – Perguntou abaixando o taco.

— Vim aqui por acaso, mas acho que ia gostar de participar da festa. Vamos conversar... Sinto falta de dormir com você à noite.

A criminosa sentiu seu coração balançar, mas não cedeu.

— Sempre conversar... Pra que? Pra você me espancar da próxima vez? Ou me atirar daqui de cima de novo? – Ela falou lhe apontando a arma.

— Você não atiraria em mim, docinho.

— Dessa vez não é pra você.

O Coringa olhou em volta confuso, não havia nada.

— O que ela tá fazendo aqui?! Ela tá morta! Não devia existir mais!!

— Harley, amor... Não há ninguém aqui além de você e eu.

— Amor nada! Tá esquecido de quando me jogou daqui de cima pra morrer naquele dia?!! Tive sorte de cair em cima de um monte de lixo. E nem pude fugir! Fui levada aos pedaços pra Arkham!!

O Coringa já pensava em como tentar acalmá-la, mas assustou-se quando Harley disparou contra o vazio, atingindo a parede atrás dele.

— Morre de uma vez!! Você se foi há muito tempo! Se voltar agora o que é que eu vou fazer?!! Quem eu vou ser?!! – Gritou atirando novamente enquanto dava passos desatentos e perigosos para o buraco na parede atrás de si.

— Harley...!

Ela parou assustada, sem tirar os olhos do que quer que estivesse vendo.

— Parece que você não muda. Continua nem aí pra mim.

O Coringa se virou ao ouvir passos, sorrindo ao ver o velho conhecido.

— Esse gás de cozinha não serve pra mim. Por que veio? Aquela bandida contratou você e mais quem? Deixa a minha menina fora disso.

— Sua... – ele riu com a voz rouca – Sua propriedade. Quer que eu enumere as vezes que soube que você não a matou por um triz?

— Até parece que você não já matou todo mundo vigiando lá fora e que você não quer fugir. Gotham é minha e o Batsy também, seu Espantalho de jardim. Não cruza o meu caminho, e eu não impeço o seu.

— Harley... Por que não dá uma olhada lá embaixo?

— Não fala com ela!!

— Malditas vozes!! CALEM A BOCA!! – Ela gritou.

Harley deu mais alguns passos atrás e seus olhos se arregalaram de pavor ao olhar lá embaixo e ver um grande oceano tomando a cidade.

— Harley, volta pra cá!

— Você não gosta de vê-la cair, palhaço? – O Espantalho riu – Vamos ver mais uma vez.

Antes que qualquer reação pudesse ser tomada, o Espantalho havia puxado uma arma e atirado em Harley, a atingindo quase no mesmo lugar de seu pesadelo semanas atrás. Ela caiu sem poder tomar qualquer reação, e o em milésimos de segundo o Coringa estava em pânico na beirada do prédio vendo Harley ir cada vez mais longe e sangrando em direção ao chão. E dessa vez não havia nada para amortecer sua queda.

— Qual é o fim que já está presente antes de tudo começar?

— EU VOU MATAR OS DOIS!! – O Coringa gritou puxando a arma.

— Ele não gosta de sangue, você deve se lembrar, por isso chegou propositalmente atrasado. O que acha de nos divertimos agora?

******

— Harley! Onde está?! Por que não me atende?!

Pâmela começava a entrar em Pânico ao ver a cidade tomada pelo caos nos noticiários. Ela conhecia o padrão do Coringa, aquilo era demais até para ele. Havia mais alguém destruindo Gotham. Harley podia estar com o Coringa, ou não!

— Que noite que essa doida foi inventar de sair pra observar a cidade!! Por que hoje, Harley?! Eu não devia ter deixado ela ir! Tem mais alguém por trás de tudo isso! Tenho certeza.

A Hera caminhava de um lado para o outro enquanto era observada pelos olhos confusos das hienas.

— Fiquem aqui, meninos! Eu preciso ir!

Ela correu pela casa, apanhando algumas coisas, incluindo ervas e venenos e já ia abrir a porta quando seu celular tocou.

— Que seja Harley!!

Puxou o telefone do bolso e arregalou os olhos ao ver de quem se tratava.

— Droga! Tão importante! Mas num momento tão inconveniente! – Ela reclamou antes de atender.

— Selina?!


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