Os Reis do Verão escrita por Sr Inspiration


Capítulo 2
O Mais Perto do Inferno.


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos.



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O mais perto do inferno que eu conheço é pequena cidade em que moro, por que eu digo isso? Porque mesmo ela sendo cercada por quilômetros de hectares de florestas, a cidade em si se concentra em nove ruas, as três primeiras que pertencem a área da indústria pesqueira, as melhores sardinhas saem daqui, provavelmente essa que está em seu prato agora, se você for um amante de sardinhas. Da quarta a sexta é a área de comércio, onde fica o único Shopping que temos, o Starbucks, o cinema, cyber café e outras diversas lojas de conveniência. As outras três são as longas ruas residenciais. Casas antigas com fachadas bem cuidadas, eu vivo em uma delas, ou vivia.
Não muito longe dali fica escola, pra lá que estou indo, ou tentando, estou no banheiro a muito tempo isto é fato, mas o papai Smurff já estava exagerando nas batidas.
— Joe, você está ai mais de 55 minutos — disse ele enquanto batia na porta afim de derrubar. Enquanto isso eu fazia um penteado diferente no meu cabelo, o meu corte me incomodava as vezes, parece um cosplay do Justin Bieber em 2010.
Mais batidas na porta e a voz rouca e horrenda do Frank enchendo a minha paciência.
— Joe, eu sei que se masturbar é legal, mas não é ecologicamente correto fazer isso com o chuveiro ligado —
Aquele velho me dava dor de cabeça. Fechei os olhos e coloquei as mãos no ouvido. Imaginei Kelly em um lindo pasto ao pôr do sol, tão linda, loira, sorriso largo, olhos pequenos e pretos como o céu a noite. Eu sabia que isso era amor, só não poderia admitir.
— Joe sai logo eu preciso tomar banho — repetiu Frankeinstein aos berros.
Abri os olhos e peguei o creme de barbear, despejei no chão e na parede do box. Só porque eu tenho 15 anos e gosto de uma garota linda não significa que eu me masturbo, não ali no banheiro, mas vamos fazer com que ele pense que está no comando. Desliguei o chuveiro e sai pelado, não tenho o hábito de levar toalha ou cueca. Ao sair Frank me olha e se espanta.
— Ai meu Deus Joe, que droga, quando for tomar banho leve a toalha ou uma cueca —
Revirei os olhos e ele continuou.
— Você não é mais o filho do papai, agora vai que você tá molhando todo chão — disse ele.
Sai andando até meu quarto, seria bom ir voando, pena que não sei fazer isso. Ouvi o velho barbudo reclamar mais alguma coisa, ignorei.
Depois de colocar qualquer roupa que achei no armário, lá estava eu, fazendo meu projeto da casa de pássaro, ali mesmo na calçada, preguei umas tábuas e "Tcharam", lá estava uma casa de pássaro novinha em folha, ou melhor, em madeira. Larguei as ferramentas ali mesmo e peguei minha bicicleta, coloquei a casa de pássaro na minha mochila e fui pedalando para escola. Eu nunca ia pelo caminho tradicional, pegava uma rota alternativa pela floresta, passava pela nova ponte de concreto que era a nova favorita, ela ligava a área residencial até a escola, o centro de saúde, prefeitura e o resto desse lixo todo.
Prendi a bicicleta com a corrente ao lado de uma bicicleta horrível de cor amarela toda descascada.
Coloquei os fones de ouvido e fui até a minha sala. Último dia, amanhã começavam as férias de verão e eu só sabia de uma coisa, esse verão não seria como os outros que eu passava jogando Banco Imobiliário com Frank, Heather e aquele seu namorado chinês bundão. Eu não sabia por que ela estava com ele, minha irmã é linda e inteligente, ele não passa de um puxa saco do trouxa do meu pai.
O senhor Adams ficou olhando minha casa de pássaros em cima da mesa dele, passou mais de cinco minutos fazendo isso. Olhando daqui e prestando bem atenção nos detalhes, ela não estava tão boa assim.
— Isso tá horrível Joe Toy — disse ele quase cuspindo.
— Esse projeto era pra ser entregue semana passada, olha isso — continuou
Assim que tocou em uma das tábuas ela se soltou e caiu na mesa. Fiz cara de dor, pois sabia que a nota não seria nada boa.
Sai da sala ainda com os fones no ouvido, uma banda de rock incrível estourando meus tímpanos. Os corredores lotados, gente nos bebedouros, nos armários no chão e acho que até no teto.
Uma garota loira esbarra em mim, Kelly. Tirei os fones imediatamente a tempo de ouvir ela dizer:
— Ei, você e Patrick vão ficar
por aqui? Vocês deviam ir à festa de fim de ano, é uma tradição, tem que saber disso agora que já é quase um veterano — disse ela toda entusiasmada.
A cada palavra que saia de sua boca, eu ficava ainda mais apaixonado por ela, seu rosto angelical, o jeito como se vestia, o modo como se mexia, e depois de alguns minutos em silêncio percebi que estava hipnotizado, Kelly me olhava com uma cara estranha, quando percebi já era tarde, de qualquer forma respondi:
—Sim, vamos, nós vamos — repeti as frases por causa do nervosismo, era impossível não ficar nervoso ao lado dela, mas eu tentava.
— Legal, vai ser no lago Wolf então... —
E quando estava prestes a terminar de falar, alguns dos garotos do time vieram por trás de mim e tiraram minha camisa tão rápido quando um carro de corrida, e ali estava eu, branco e magrela sem camisa na frente da escola toda.
— Ai meu Deus Joe, se quiser eu te empresto uma camisa, tenho umas cinco no armário — disse ela solidária.
O sinal tocou e estávamos saindo da escola, eu estava usando uma camisa bem caladinha amarela e vermelha, com um arco íris no centro, era essa ou a azul com um unicórnio.
— Até que não ficou tão ruim em você — disse rindo, claro que ela só estava tentando ser simpática, agora sim eu parecia o Justin Bieber.
— Então, vai ter um esquenta antes do jogo de hoje, lá no apartamento do Paul, você vem? — sorriu depois do convite. E claro que eu não ia pro apartamento do Paul, e desde quando esse idiota tem um apartamento?
Aproposito Paul era o namorado dela, isso mesmo, o namorado do meu amor. Era um patleta assim como Patrick; sarado, cabelos longos e uma barba muito legal. Claro que você deve estar pensando que eu não chego aos pés dele, cabelo de maricas, espantalho e rostinho de bebê, mas eu tenho minhas qualidades, devo ter alguma.
Ai depois que eles se beijaram ela disse:
— A gente se vê a noite tá legal? — e ai Paul deu outro beijo nela. Me olhou como se estivesse vendo um cachorro sujo e faminto.
— Ei gata, vamos logo? — a voz grossa dele não me dava medo, não mesmo.
— Tchau Joe — disse Kelly, assim que entrou na lata velha que Paul chamava de carro fez um sinal de adeus com a mão direita.
Dei um sorriso pra ela e fiquei ali olhando o carro se distanciar.
Adeus escola, adeus trabalhos e bem vindo verão, seja muito bem vindo, eu não sabia o que estava prestes a fazer, e nem sabia o que ia fazer, mas alguma coisa iria aprontar, qualquer coisa.


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Notas finais do capítulo

Agradeço novamente a todos que tiraram um tempo pra ler, comentem para eu saber se gostaram okay? Abraços.



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