Sem trevos de quatro folhas escrita por sidhe


Capítulo 1
A de azar e B de bem feito.


Notas iniciais do capítulo

Oi, oi. Mais uma, só que BaekSoo e bem cheia de fantasia, é.
Enfim, boa leitura. ~



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Azar é algo pessoal. Sua sorte não é definida pelo número de pontos que você consegue marcar em determinado jogo ou o número de vezes que conseguiu se livrar de uma bronca de seus pais. Mas o seu azar pode ser definido pela quantidade de vacilos ocorridos durante toda a sua vida. E Kyungsoo tinha um hall repleto de histórias bizarras – e muito bem detalhadas –, sobre a sua vida azarenta e sem qualquer tipo de sorte e felicidade em seu ilustre bloco de notas do fracasso.  

A sensação de sempre esperar por tudo de ruim em sua vida já era bastante conhecida por ele. Mas nem sempre havia sido assim, e ao entrar naquela bendita escola tudo havia mudado. Agora, ele já não esperava mais coisas boas vindas de nada e de ninguém. Não ousava, nem ao menos, confiar em sua própria caneta, pois esta poderia estourar por algum fato excêntrico do destino e sujar toda a sua roupa. Assim como acontecera na semana anterior.  Kyungsoo nem ao menos acreditava em superstições. E mesmo depois de ter pesquisado sobre diversas mandingas que justificariam a sua grande maré de azar – durante aquele período de sua vida –, nenhuma delas parecia boa o suficiente para explicar milhares de imprevistos e acontecimentos de infortúnio. E com pesar, concluiu mentalmente que, havia gastado toda a sua cota sorte.



Notepad:

1) Caí na piscina e voltei encharcado para casa.

2) Encontrei um cachorro bonitinho na rua, tentei alimentá-lo com restos do meu sanduíche e ele começou a latir e me perseguir pelo quarteirão.

3) Esqueci meu estojo na escola.



E do outro lado da realidade...

Por mais que Chanyeol tentasse nada poderia mudar aquela relação grotesca que Baekhyun e Kyungsoo mantinham. Ambos viviam em pé de guerra e Chanyeol apenas intervinha indiretamente no presente; fazendo com que os dois, ao menos, se entendessem melhor.  

Todos eram afetados com seu otimismo, mas havia uma exceção. E essa tinha nome e sobrenome: Do Kyungsoo.    

Park Chanyeol não lembrava o motivo de estar ali, não sabia nem ao menos o que era. A única coisa que sabia era que sua missão era tornar tudo mais agradável. Ninguém o via ou ouvia. Para todos os efeitos, Park Chanyeol nem existia. O engraçado de tudo é que quando ele resolvia falar sozinho, as coisas realmente aconteciam. Como um passe de mágica tudo se realizava. Sua presença era marcada por uma áurea positiva, que tinha a ilustre intenção de ajudar os outros e retirar qualquer espécime de ódio do ambiente. Talvez fosse um ser iluminado e que, por algum motivo, sempre zelava pelo bem. Mas ele não se lembrava de absolutamente nada em relação ao que era e o motivo de ninguém vê-lo.

Ás vezes a dura realidade batia e questões fundamentais se mostravam presentes, tais como: O que eu sou? Por que estou aqui? Por que tenho essa capacidade de captar energias negativas e transformá-las em coisas boas? Quem sou eu?  

Chanyeol buscava por sua essência e o que mais lhe fazia recordar de suas memórias apenas ocorria quando ajudava pessoas com energia negativa. O motivo de sua existência era misterioso e até mesmo, pouco compreendido. Ele não era um anjo e muito menos um demônio. Ele não possuía assas e nem chifres. Na verdade, poderia ser considerado como um humano comum – isso apenas descartando o fato de não poder ser visto e possuir o dom de distribuir positividade.Também não podia voar, por isso apenas se contentava em andar. E por onde passava agraciava todos com a alegria, gerando sorrisos e comemorações estrondosas aos poucos que tinham a capacidade de percebê-la. Em dias chuvosos evitava acidentes de trânsito. Em dias de sol despertava um espírito brincalhão nas crianças e as instigava a sair de casa para brincar com seus amigos. Chanyeol nunca chegou a compreender o motivo pelo qual aquele bendito baixinho, vulgo, Kyungsoo não era afetado por seus toques e nem por suas palavras. Todos eram, então por que ele não?  

Lembrou vagamente da vez que observou Baekhyun esbarrar "acidentalmente" em Kyungsoo, derrubando todos os seus materiais, e assim resmungou um "você deveria ao menos se desculpar e ajudá-lo". E Baekhyun realmente se desculpou e ajudou Kyungsoo.   

Aquilo era mágico.  

Quando Chanyeol tocava no ombro de Kyungsoo nada acontecia. Ele nem ao menos sorria! Mas quando encostava-se no ombro de qualquer outra pessoa a reação era completamente diferente!: Causava sorrisos, boas vibrações, passava boa sorte e até mesmo ajudava a lidar com seus problemas mostrando soluções mais fáceis em seus pensamentos.  

Mas Kyungsoo era cercado por um murro feito exclusivamente de energias neutras. Embora, diante dos outros, se mostrasse inexpressivo e insensível havia muita confusão sentimental em seu interior. Do Kyungsoo era um enigma de incertezas e inseguranças. Mas não demonstrava qualquer indicio de negatividade ou positividade. Ele era unicamente neutro e esse poderia ser o motivo de Chanyeol não poder interferir diretamente.

Chanyeol via que o maior defeito daquele garoto era nunca ter coragem para revidar as provocações que recebia diariamente. Nunca pensar que, talvez, tudo estava errado e que não merecia ser tratado daquela maneira pelas pessoas e nem pelo destino. Não mostrar esperanças na vida e nem na felicidade também era algo muito errado. Ele não havia nascido azarado, só estava passando por uma fase onde se encontrava sem sorte alguma. E, com toda certeza, Chanyeol queria entender o motivo disso.

Esse foi um dos motivos que levou Chanyeol a segui-lo e tentar mudar a realidade ao seu redor e assim, tudo se tornaria mais alegre, afinal quando as coisas vão bem tudo se torna melhor. O pensamento de Kyungsoo não podia ser mudado por meio das intervenções diretas de Chanyeol e por isso ele iriamudar as pessoas e deixar o ambiente mais agradável.

Tudo isso indiretamente.

 Momentaneamente seu objetivo era interferir na vida de alguém impossibilitado de receber a virtude dos sentimentos de alegria e satisfação. Kyungsoo precisava de atenção, já que em todos os meses que vagou distribuindo amor e ajudando os outros e nunca encontrara alguém como Kyungsoo, alguém que não possuía sorte alguma. Uma alma neutra.  Ele era diferente e a aquela diferença não era conhecida por Chanyeol. E isso o instigava a manter aquela ideia idiota.  Talvez aquela diferença fosse algo importante. A monotonia de sempre fazer o que bem entendia com as pessoas era completamente dissipada quando estava ao lado de Kyungsoo. Ele não podia controlá-lo, mas podia tentar inverter alguns meros acontecimentos do cotidiano do rapaz. Com o propósito de tentar mudar aquela ideologia de que tudo estava ali para ferrá-lo e nada mais.  

Chanyeol tinha um plano.

Nada que uma boa dose de diversão e investigação não resolvesse.  

 

— Seu maldito idiota! — Baekhyun gritou em plenos pulmões, olhando para sua roupa suja por algum líquido estranho. — Eu odeio você com todas as minhas forças!  

E esse era mais um dia de comum para Kyungsoo. Onde, Byun Baekhyun, o único daquela escola que ousava lhe dirigir a palavra brigava consigo por algo. Não era novidade nenhuma que Kyungsoo era evitado. Ninguém em sã consciência gostava de ficar perto dele, pois achavam que aquele garoto poderia “infectá-los” com aquela má sorte. Esse foi o motivo para só conversar com Byun; um garoto que era tão excluído quanto ele e que, sempre que tinha a oportunidade, distribuía todo o seu ódio gratuito para com Kyungsoo.  

Assim, Kyungsoo apenas se mantinha estático olhando para Baekhyun enquanto segurava um copo grande e completamente estilhaçado que, já não estava mais cheio de vitamina, como há alguns minutos.          

Novamente havia acordado com o pé direito e, como sempre, tudo estava indo de mal a pior. Hoje em especial, sua última fatia de pão acabara queimada na torradeira, havia esquecido seu trabalho de artes em casa e se não fosse suficiente havia acabado de derramar vitamina Baekhyun. Logo em ByunBaekhyun! O seu único amigo.

Tudo fluía de uma maneira estranha, como um plano diabólico arquitetado por algum lunático. Se não tivesse queimado sua torrada não estaria com fome o que resultou na compra da vitamina, e ao se lembrar que havia esquecido o seu trabalho de artes saiu pelos corredores à procura daquela bendita professora, para ao menos tentar justificar. E bom, o que aconteceu a seguir foi o resultado dessa mesclagem de má sorte.  

— Eu vou acabar com você, está ouvindo?! — voltou a falar novamente deixando Kyungsoo mais nervoso do que já estava antes.  

— Por favor, me desculpe — repetiu essa frase por longos minutos e nada. E enfim, continuou. — Isso já aconteceu antes, Baekkie. Eu posso consertar isso! — tentou contornar a situação na tentativa falha de se livrar de ainda mais encrenca.  

— Mas é claro que... — estava pronto para dizer um alto e sonoro "não", porém algo estava errado. Aquilo não era mais o que queria. Na verdade, não queria fazer nenhum mau a Do Kyungsoo. Não agora. — sim...  

— Sim? — Kyungsoo perguntou surpreso, pois já conhecia o outro bem o suficiente para saber que ele, sem sombra de dúvidas, não fazia o tipo compreensivo. 

— Sim. É só um uniforme idiota, não tem importância alguma — sorriu de maneira gentil.  

E naquele momento Kyungsoo estranhou. Porque, mesmo se quisesse, era estranho aceitar o fato de não ter se dado tão mal mais uma vez naquele dia. Ainda mais por conhecer seu amigo bem o suficiente e saber que ele não era maleável daquela maneira.

Acima de tudo, alguém interviu. E esse alguém era invisível aos olhos de todos. Chanyeol repousou uma de suas mãos sobre o ombro de Baekhyun, e isso fez com que ele enxergasse a situação com outros olhos. Dando a ele a oportunidade de interpretar e aceitar que mesmo se continuasse a brigar com Kyungsoo nada mudaria. Suas roupas ainda estariam sujas, por isso não havia motivo de se estressar. Havia sido apenas um acidente.

 

 

Notpad:

1) Terei que limpar a roupa do Baekkie.

 

 

Os noticiários diziam que choveria muito naquela manhã. Kyungsoo até mesmo via os pingos de chuva caírem enquanto olhava por detrás de sua janela. E mesmo não querendo admitir, achava que sua má sorte estava de volta.

Na noite anterior nada de ruim havia acontecido. Nada. Por alguns minutos se questionou sobre o desaparecimento de quaisquer fragmentos de infortúnio em sua vida. E se enfim, sua sorte havia finalmente voltado. Mas bom, era uma terça feira e estava chovendo. O grande problema em tudo isso era que esse era o único dia em que ia andando para a escola.

Arrumou-se com botas, capa de chuva e seu precioso guarda-chuva. Já estava pronto para sair. E como em todos os outros dias que choviam se preparou, pois sempre que resolvia sair quando o clima estava fechado, algum tipo de tempestade resolvia de aparecer. Sempre.

Dessa vez, estava muito bem preparado. Aquela sua prevenção seria, sem sombra de dúvidas, o suficiente para não se molhar e chegar muito bem na escola. Mas para a sua felicidade, assim que saiu de casa não havia mais chuva alguma.

Chanyeol havia sorrido, mostrando aquele seu belo e brilhante sorriso para o céu, e assim os chuviscos cessaram, as nuvens se dissiparam e abriram lugar para o sol. Tudo se transformou em um belo dia de um minuto ao outro e Kyungsoo questionou-se mais uma vez sobre a volta de sua sorte. Tudo havia voltado ao normal?

 

 

Ainda tinha a tarefa de entregar á Baekhyun seu uniforme que, no momento, estava totalmente limpo e cheiroso. Kyungsoo se sentia orgulhoso. Havia conseguido fazer algo da maneira correta sozinho! E mesmo correndo o risco de fazer alguma espécie de tragédia ao lavar sozinho o uniforme de Baekhyun ainda sim se arriscou e, nada havia acontecido. Isso ocasionalmente deixava Kyungsoo ainda mais alegre. Distribuía sorrisos por onde passava e sentia aquela prosperidade se alastrar em seu corpo. O quão incrível aquilo poderia ser?

Chanyeol até acharia isso divino, mas nada havia mudado. A sorte de Kyungsoo não estava melhor ou pior. Continuava neutra, daquela maneira irreversível que dava a entender que ela nem ao menos existia. Ele poderia mudar o clima, o ambiente, controlar os objetos e, até mesmo, as pessoas ao redor de Kyungsoo, mas não surtia efeito algum. Tudo estava exatamente como antes. Sua ajuda não havia surtido nenhuma melhora ou avanço em influenciar diretamente Kyungsoo e isso o irritava bastante.

Park caminhava pelo corretor extenso daquele colégio, e claro, ao lado de Kyungsoo. Via as pessoas se esquivarem e evitarem contato com ele e achava aquilo tudo uma grande babaquice. Fez até mesmo uma nota mental para não agraciá-los com a boa sorte nunca, pois não eram dignos dessa.

O celular de Kyungsoo começou a tocar em um som animado e estranho. Fazendo com que ele rapidamente pegasse o celular de uma maneira completamente desajeitada quase o fazendo cair — e se não fosse por Chanyeol o celular realmente cairia.

Viu que se tratava de Baekhyun e logo atendeu.

— Hn... é. Alô? — disse com a voz baixa.

Soo. Eu preciso de uma ajuda. Tem como você chegar mais cedo na escola? — Kyungsoo percebeu o tom afobado de Baekhyun do outro lado da linha e preocupou-se automaticamente.

— Eu já estou na escola. Do que precisa?

Vamos matar aula hoje. Me encontre no terraço— e a chamada havia sido encerrada.

 

 

Baekhyun copiava rapidamente todas aquelas contas em seu caderno de matemática. Sabia que se não entregasse tudo pronto hoje acabaria se dando mal. Sua escapatória havia sido Kyungsoo que, por algum motivo, havia topado matar aula consigo no terraço da escola. Ele se mantinha concentrado em copiar corretamente todos os exercícios, mas se sentia incomodado a sempre perceber o olhar de Kyungsoo sobre si. Afinal, Baekhyun se incomodava com qualquer coisa e se ousassem fazer algo que não fosse de seu agrado não media esforços em tirar alguma satisfação.

— Tem alguma coisa na minha cara?  — perguntou sem medir a grosseria em seu tom de voz.

— Acho que não… Deveria ter? — Kyungsoo indagou inocentemente sem perceber a real intenção daquela pergunta.

— Você é realmente tapado. Não me olhe o tempo todo, isso é irritante — estalou a língua e voltou sua atenção a copiar as questões.

— E o que não é irritante para você, Baekhyun?

A essa altura do campeonato Chanyeol já observava a cena de perto. Via a inquietação de ambos e a forma que interagiam era contraditória a que o interior deles queria fazer. Aquilo poderia ser um ato de teimosia, camuflada por más vibrações. E por isso decidiu interferir mais uma vez naquele dia.

“Vamos, Baekhyun. Diga para ele o que você pensa.” — disse Chanyeol. Mesmo tendo completa certeza de que ninguém o ouviria sabia que isso faria Byun dizer o que realmente pensava.

— Seu sorriso. Eu não acho o seu sorriso irritante.

E com as bochechas coradas e o sorriso novamente presente em seus lábios mostrava a alegria palpável em Kyungsoo.

Mas nada havia mudado. Ele ainda mantinha uma energia neutra.  

 

Notpad:

1) Não entendi o motivo de Baekhyun me elogiar. Ele sempre diz que odeia tudo em mim.

2) Acabei me dando mal por ter matado aula.

 

Dias e dias se passaram, e Chanyeol ainda seguia Kyungsoo por todos os cantos, tentando entender o que havia de errado. A razão da sua existência estava ligada aquele garoto. E Chanyeol só precisava descobrir o motivo disso. Dentre milhões de pessoas, por que apenas ele era diferente?  

Mesmo que não quisesse admitir sentia algum tipo de oscilação em sua estatura espiritual. Uma sensação ruim, algo muito desagradável. Isso era ilógico, porque ele era o bem e o bem era algo perfeito. E a perfeição não pode ser composta de oscilações.

Dividia seu tempo em apreciar os benefícios trazidos por suas intervenções. Mas sua estrutura se abalava, sentia um desconforto e aos poucos se recordava do seu verdadeiro motivo e propósito.

Quando Baekhyun brigava com Kyungsoo sua estrutura se assentava novamente, dando-lhe o brilho, estabelecendo assim, seu otimismo e euforia.

A tristeza de Kyungsoo passou a fazer um efeito positivo em seu ser. E a sua alegria deixava-o fraco e débil em relação as suas habilidades.

Seus pensamentos começaram a ser completos de vultos e memórias sobre o que ele era. Ele ouvia vozes, não conseguia distinguir o verdadeiro dignificado delas, mas era perturbador: “Elemental artificial, entidade elemental. Artificial…. Artificial”. Eram sons incompletos, com vozes baixas e frenéticas. Chanyeol até mesmo cogitou a possibilidade de estar enlouquecendo.

O que era aquilo afinal?

E assim Chanyeol se afastou completamente. Deixando que Kyungsoo se cercasse novamente com toda a sua má sorte. Não iria ajudá-lo mais, o quão perturbador aquilo era não valia para apenas saber mais sobre si e sua existência. Chanyeol queria apenas a felicidade de ajudar e colaborar; sorrir para o céu e trazer dias ensolarados, andar por aí e distribuir amor e sorte, ajudar nas desventuras das pessoas que realmente mereciam — e isso não incluía mais Kyungsoo.

Estava chovendo e Kyungsoo sentado em um banco enquanto sentia a chuva cair sobre o seu corpo, lamentava-se por ter a infelicidade de estragar tudo mais uma vez. Sua vida estava indo bem, havia parado de ter tantos infortúnios em seu cotidiano. Enfim, tinha conseguido mostrar a Baekhyun que ele não era um completo fracasso. Mas isso mudou de uma hora para outra, tudo voltou a ser como era antes, passou a derrubar objetos, tropeçar em seus próprios pés, perder e quebrar suas coisas.

Até mesmo hoje, quando decidira sair para comprar algo na loja de conveniências que ficava a alguns quarteirões da sua casa, havia sido agraciado com uma baita de uma chuva. E seu monologo interior o forçou a pensar sobre tudo que tinha acontecido nos últimos dias.

Questionou-se principalmente sobre o que Baekhyun pensava de si. Será que ele gostaria de um fiasco de pessoa como ele?

Sempre se lembrava de todas as criticas que recebia frequentemente dele, da forma que ele dizia que odiava, a forma como Kyungsoo segurava o lápis, a maneira como ele sempre era um desastre, o jeito que sempre fazia algo errado. Ah, e Kyungsoo se lamentava por isso. Gostava tanto de Baekhyun e ser uma pessoa tão odiável não era um grande problema antes, mas agora, era. Porque, em sua percepção, receber o desprezo de quem mais gostava era a pior das dores. Seria capaz de receber o desprezo de qualquer um, menos dele. Naquele dia ao receber um elogio de Baekhyun, pensou que as coisas mudariam e que tudo seria diferente, que ele não seria mais um desastre completo afinal. Mas tudo havia voltado ao “normal”.

Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto permanecia sentado naquele banco, apreciando sua quase inexistente auto-estima se esvair. Uma lágrima desceu sobre sua bochecha e esse seu fragmento de choro havia sido o suficiente para que Chanyeol se manifestasse a frente de Kyungsoo em uma fração de segundos.

A chuva não afetaria Chanyeol, ele era apenas uma entidade. A forma que o outro estava deixava Park mais brilhante repleto de felicidade em seu interior, mas o seu pensamento se mostrava oposto. Sentiu-se mal diante daquilo. Sentiu-se mal por estar bem quando o outro estava na pior. E suas oscilações continuaram.

Enfim, havia entendido o que deveria fazer.

 

Entidade elemental artificial.

Entidade elemental artificial.

Entidade elemental artificial.

 

As vozes continuavam e martelavam entre os seus pensamentos. Depois de dias as vozes se tornaram mais claras. Uma voz rouca e grossa… Era a sua própria voz!

Então entendeu, a felicidade é o remate da tristeza, quando se está triste é necessário felicidade. Quando se tem azar é necessário a boa sorte para equilibrar as vibrações.

Kyungsoo era neutro, ele precisava de um complemento. E esse complemento era o próprio Park Chanyeol, aquele que entraria em equilíbrio com seu azar e infelicidade. Ele havia ajudado Kyungsoo por dias na esperança de ajudá-lo de alguma forma, trazendo-lhe o sucesso em todos os seus gestos. Quando Kyungsoo estava feliz Chanyeol perdia parte de sua euforia, quando Kyungsoo estava triste Chanyeol ganhava seu brilho novamente.

Eles se complementavam. Juntos teriam o equilíbrio necessário. Precisavam se conectar para Kyungsoo ter a positividade e negatividade em seu ser. Deixando assim, de ser uma energia neutra regada de tristeza e má sorte.

Chanyeol era uma criação da mente de Kyungsoo que havia sido feita inconscientemente enquanto frustrado rebatia sobre não precisar de nada em sua vida, de conseguir se virar sozinho. A sua sorte se personificou como uma entidade, deixando-o sozinho para se virar com toda aquela maré de azar. E no fim acabou se esquecendo do fundamental que era uma parte importante de alguém.

Ele levou sua mão em direção a testa de Kyungsoo de maneira delicada, sentiu seu corpo se estremecer com o contato. E o baixinho havia se levantado assim que Park tocara sua testa. Ele manteve o contato pó r longos segundos e finalmente sentiu-se leve e se esvaiu tornando-se parte de Kyungsoo e estabilizando aquela energia neutra.

Sussurrando apenas um “de agora em diante você faz a própria sorte” antes de sumir por completo este, que havia sido escutado precariamente por Kyungsoo, mas que depois de pensar um pouco concluiu que se tratava apenas de uma mera alucinação.

Estava de pé, olhando para alguém transitar do outro lado da calçada com um guarda-chuva rosa e coberto de florzinhas. Kyungsoo não sabia ao certo como havia tirado coragem para ir atrás daquele cara, onde, tinha quase certeza que seria Byun Baekhyun.

Mesmo se ele negasse e gritasse aos quatro ventos o quão irritante Kyungsoo era para si, e até o quão chato e insuportável ele era. Do Kyungsoo não desistiria. E ao constatar que era realmente Byun Baekhyun, ele apenas desejou para todos os deuses, anjos e criaturas que dentro de todo aquele ódio e insultos houvesse algum vestígio de amor. Da mesma forma que, mesmo Kyungsoo não tolerando as manias chatas de Baekhyun, a forma ude e ignorante dele de tratar as pessoas ainda não conseguia largá-lo. Amava-o demais para isso.

E se desse tudo errado, Kyungsoo não se importaria com as consequências.

Ele não precisava de trevo de quatro folhas ou qualquer outro amuleto da sorte, porque agora, ele fazia a sua própria sorte.


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Notas finais do capítulo

Enfim, foi isso.. q



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