A União Fujoshi escrita por Creeper


Capítulo 5
Gray


Notas iniciais do capítulo

GENTEEEEEE, DESCULPA QUE EU SUMI!!!!!!! MAS RETORNEI!!!!!! NÃO ME MATEM!!!!!!
BLOQUEIO CRIATIVO E PROBLEMAS T.T
O CAPÍTULO TÁ GIGANTESCO, QUASE 20.000 PALAVRAS!!!!!!! ESTOU LHES RECOMPENSANDO PELA DEMORA!!!!! CES VÃO DEMORAR PRA LER EU ACHO...
AMO VCS, SENTI SAUDADES!!!!!!! ♥
TO DE VOLTA u.u

Boa leitura, aproveitem ^-^ ♡!!!!



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Gray
Festival (d)e corações partidos!
—Ficou sabendo?-Grace me perguntou assim que desci as escadas vagarosamente, havia acabado de acordar, todo lesado e essa loira oxigenada já vem falando comigo.
Ela estava sentada no sofá, a televisão ligada, estava passando uma série que ela adorava, na mesinha de centro na sua frente estava um panfleto, ela apontou com a cabeça para ele. Dei de ombros, bocejando e pegando o papel.
—Avisamos que haverá uma mudança de planos quanto ao festival de fim de ano, estamos enviando esse comunicado para todos os estudantes matriculados na oitava série a terceiro colegial. A secretária de ensino teve uma reunião com os diretores dos colégios e propôs que todos os alunos se juntassem em um evento só. Então, aguardamos você na praia, estará sendo realizado um acampamento de no total cinco dias para que todos possam se hospedar. O palco de show será montado para as futuras apresentações. Para mais informações acesse o site...-li com a voz arrastada.
—Parece que você e os gêmeos ficarão juntos no final das contas!-Grace sorriu.-Você choramingou tanto por ficarem separados já que adoram esse festival desde quando eu e o Luciano os levavam quando ainda não podiam participar por conta própria.
Fiquei de boca aberta, os olhos arregalados.
—MEU DEUS, MEU LEO E EU ESTAREMOS JUNTOS!-gritei animado pulando no sofá todo elétrico.
Grace me olhou horrorizada.
—E...M-Minha Lya!-sorri inocente.
—B-Bem...O festival é daqui um mês...Já sabe o que vai apresentar?-Grace cruzou os braços.
—Não!-comecei a roer as unhas desesperadamente.
—Ah...Parece que Leo e Lya vão vir aqui mais tarde.-Grace deu de ombros.
—E VOCÊ SÓ ME AVISA AGORA?!-surtei. Tenho que lavar o cabelo, arrumar meu quarto, deixar tudo lindo e cheiroso!
—Bom dia!-Grazi desceu as escadas acompanhada de Letícia. Aquela cobra havia dormido aqui.
—Bom dia, Ce. Bom dia, Grayzinho.-Letícia acenou daquele jeito nojento.
Eu vou dar na cara dela se não deixar de ser cínica. Voz tão doce que me deu diabetes.
E ainda fica cortando nossos nomes ou os colocando no diminutivo! Isso é tão irritante!
Além de ter pegado muita intimidade com as pirralhas, nossas irmãzinhas, Giullia e Giovanna. Brincando...Alisando...Bajulando...
Quem tem muito papo com demônio, é porque é um. Letícia comanda o inferno e as gêmeas do capiroto são suas subordinadas.
—Vocês fizeram muito barulho!-Grace as encarou.-Não conseguia estudar e sabem que eu tenho provas a fazer no colégio!
—Desculpa, Ce!-Letícia fez biquinho, sentando-se ao lado de Grace e a abraçando carinhosamente.
—Hum...-Grace fez uma cara de poucos amigos.-Vão tomar café da manhã!
Estava prestes a subir as escadas.
—E você? Não vai comer?-Grace me questionou arqueando uma sobrancelha.
—A presença de CERTAS PESSOAS me fazem perder o apetite!-eu disse irônico revirando os olhos e subindo as pressas, mas não antes de ouvir Letícia choramingando.
—Não importa o que eu faça! Seu irmão nunca me aceita!-Letícia fez drama.
—Não fica assim, Lety, ele é um grosso! Não tem modos!-Grazi a acalmou.
Isso me deu nos nervos! Cerrei os dentes.
—Eu só acho que ele devia ao menos falar na minha cara...-Letícia fingiu limpar uma lágrima, fungando de leve e me mandando um olhar.
—Qual delas? Você tem tantas que é mais fácil mandar indireta!-não suportei e disse, a encarando, eu estava com um sorriso cínico.
Letícia arregalou os olhos, abaixou a cabeça e cobriu o rosto com as. mãos.
—GRAY!-Grace e Grazi brigaram comigo, furiosas.
—Agora eu sou o culpado?! Me poupem, se poupem e nos poupem!-eu disse indignado.
—Mamãe precisa ter uma boa conversa com você para mudar esses seus modos! Ou melhor...Ver se você aprende a ter algum!-Grazi disse insatisfeita.
Bufei e subi até meu quarto, encontrando mamãe, estava com seu roupão e pantufas, havia acabado de acordar, Giullia e Giovanna estavam no seu pé, haviam dormido com ela já que papai havia passado a noite fora por estar trabalhando.
—Está tudo bem?-mamãe me olhou.
—NUNCA ESTÁ NADA BEM!-gritei entrando em meu quarto e batendo a porta com força atrás de mim.
1) Eu perdi meu melhor amigo! O Nath.
2) Eu estou quase perdendo meu futuro namorado (Como eu tenho tanta certeza? Bem...Pra falar a verdade...Não tenho não) para aquela japa de cabelo escorrido!
3) Esse projeto de ruiva que passa 24 horas na minha casa!
4)...Eu assumi a mim mesmo e não sei como o resto vai aceitar.
—Gray...-mamãe abriu a porta devagar.-O que houve?
Cruzei os braços e abaixei a cabeça.
—Nada.-murmurei.
—Sabe que pode confiar na mamãe...-ela ousou entrar.
—Pela primeira vez...Não posso.-a encarei, engolindo em seco, um nó na garganta, os olhos ardendo.
—Você sabe que sempre pode!-mamãe me envolveu em seus braços.
—Talvez...Eu te conte, só não estou preparado ainda.-suspirei a afastando.
—Quando achar que for a hora, então, sempre estarei aqui para te ouvir.-mamãe acariciou meu rosto carinhosamente.
—Só que agora eu quero ficar sozinho.-pedi.
—Certo...-mamãe suspirou e saiu, tempinho depois as gêmeas entraram.
—Oi, bobão!-Giullia sorriu encapetada.
—Oi, maninho!-Giovanna era uma fofa.
Aquelas criaturas tinham 6 aninhos e só eram diferenciadas somente pela cor das roupas. De resto, idênticas, sem por nem tirar. Os cabelos definitivamente cacheados e castanhos, presos em um rabo-de-cavalo comprido, usando enormes laços, olhos da mesma cor e pele morena. Puxaram pro papai. Enquanto eu, Grazi e Grace puxamos pra mamãe. Nem dá pra saber como meus pais aguentam ter filhos gêmeos! Se fossem somente dois, tudo bem...Mas quatro!
—O que vocês querem?-murmurei.
—Te ajudar! O maninho tá triste!-Giovanna abraçou minhas pernas.
—Conta pra gente o que tá acontecendo!-Giullia começou a puxar a barra de minha camiseta.
—Vocês são novinhas demais...Não vão entender...-suspirei pegando cada uma debaixo de um braço, elas se debatiam e faziam manha.-Vem cá, vocês engordaram?!-olhei pro rosto sapeca de cada uma.-Caiam fora!-fui até a porta.
—Não! Conta pra gente, Gray!-Giullia mordeu meu braço, me fazendo solta-la automaticamente.-Ai!-reclamou quando caiu no chão.-Eu vou contar pra mamãe!-se levantou brava.
—Giullia, não!-a repreendi colocando Giovanna delicadamente no chão.-O que você quer em troca?-ri nervoso.
Giullia sempre distorcia a história e eu me dava mal!
—Conta o que tá te deixando triste!-ela inflou as bochecha e torceu a boca, brava, apontando para mim com o dedo indicador de modo autoritário.
—Eu já disse...Vocês não entendem!-bufei.
—Teatro! Teatro! Teatro!-Giovanna bateu palmas animada.
Quando menores, mamãe para ensinar elas a se comportarem, fazia uma espécie de teatros (as vezes eu e Grazi éramos obrigados a encenar), assim além de diverti-las, elas memorizavam.
" -Muito bem, Giovanna, o que você vê nos pés da sua irmã?-mamãe perguntou.
—Meias diferentes! Um pé com uma roxa e no outro uma azul!-Giovanna ficou confusa.
Giullia balançou os pezinhos, os encarando.
—Certo...E debaixo das meias, há o que?-mamãe tirou delicadamente as meias de Giullia.
—Pés!-Giovanna tombou a cabecinha de lado.
—Eles são diferentes?-mamãe sorriu.
—Não! São iguais!-Giovanna fez biquinho.
—Mas até agora não eram diferentes?-mamãe arqueou uma sobrancelha.
—As meias eram diferentes, mas o que elas cobriam...Não...-Grazi tomou a palavra.
—Exatamente!-mamãe suspirou satisfeita.-Isso serve para vocês aprenderem que podemos parecer diferentes por fora, mas o que importa é o que somos por dentro!
Giullia e Giovanna se entreolharam.
—Isso é uma lição valiosa!-mamãe as abraçou.-Nunca esqueçam, tá?
Grazi me olhou e deu um sorriso de canto.
—É por isso que eu adoro a mamãe...-saiu de perto.-Ela nunca julga ninguém! "
—Tá...-fechei a porta.-Mas...-ajoelhei na frente delas.-Prometem não contar nada pra mamãe?-olhei para elas desconfiado.
—Sim!-Giovanna sorriu.
—Giullia?-arqueei uma sobrancelha.
—Sim, bobão!-Giullia revirou os olhos.
—Hmmm...-me levantei.-Vou usar uma expressão bem comum! Basta interpretarem!
São crianças...Não vão entender mesmo! Só quero me livrar da mentira que Giullia contaria para mamãe!
As gêmeas sentaram-se no chão, ansiosas.
Abri a porta do armário (por sorte estava vazio, havia feito a limpa uns dias atrás), respirei fundo e entrei lá dentro, fechando, fiquei lá um tempinho, refletindo, até que abri a porta e saí de lá.
—Tcharam!-forcei um sorriso.
—Que?-elas fizeram careta, se entre olhando.
—O que eu acabei de fazer?!-perguntei indignado.
—Entrou no armário?-Giullia chutou.
—E depois disso?-perguntei com tédio.
—Saiu dele!-Giovanna levantou a mão, confusa.
—Exato!-sorri estalando os dedos.
De repente, a porta do quarto foi aberta. Era mamãe.
—Queridas...-mamãe começou.-O que estão fazendo? Deixem seu irmão em paz!
—Mamãe! Gray saiu do armário!-Giullia gritou animada olhando nossa mãe.
Mamãe me olhou horrorizada.
Eu arregalei os olhos e meu queixo caiu.
—É! Por isso ele está triste!-Giullia fez biquinho.
—B-Bem...-mamãe estava nervosa.-Grace fez brigadeiro, vão lá!
Giullia saiu em disparada, enquanto Giovanna levantou-se calmamente e foi andando feito uma mocinha.
—Gray...-mamãe entrou no quarto, fechando a porta atrás de si, os braços cruzados.-Pode me explicar?-perguntou calmamente.
—Mãe, é mentira delas!-bufei.
—Gray...Eu te conheço...-mamãe sentou-se em minha cama.
Tremi os lábios, os olhos arderam.
—O que está acontecendo?-mamãe foi compreensiva.
—Manhê!-me joguei na cama, deitando a cabeça em seu colo, choroso.-Você não vai ficar brava?
—Gray, independente do que...-mamãe alisou meus cabelos.
—Eu sou gay!-a cortei.
Ela arregalou os olhos, desviando o olhar.
—Eu gosto de garotos...-murmurei abraçando um travesseiro.
—Ah, meu filho...-mamãe riu ainda alisando meu cabelo delicadamente. Porém logo ficou séria.-Me conte como você chegou a essa conclusão.
—É que...Mãe...Acho que eu to...G-Gostando do L-Leo...-desviei o olhar.
—Que bonitinho...-mamãe disse fofa.
—E eu perdi o BV...Com um garoto...-minha cara devia estar fazendo cosplay de tomate.
Mamãe ficou surpresa, quase engasgando.
—Q-Quem?!-ela me olhou incrédula.
—Nath...-cobri o rosto com o travesseiro.
—Grazi vai ficar uma fera ao saber que você perdeu antes dela...-mamãe riu.
—Mãe! Dá pra levar isso a sério?!-bufei jogando o travesseiro longe.
—Não é fofoca...Mas...Ela ficaria muito furiosa se soubesse que você e o crochê dela se beijaram...
—Crush, mãe, me poupe! E além disso, é mais chique dizer senpai!-revirei os olhos. Até me dar conta...-QUE?!-arregalei os olhos.
—Grazi tem uma queda pelo Nathaniel, filho! Você nunca percebeu?-mamãe era tão fofoqueira.
Olhei para o teto fixamente. QUE?!
—Mãe...Você não é confiável. Saí daqui.-falei sério.
—Gray, todo mundo sabia dessas coisas, não é fofoca. Agora, vamos tratar desse assunto com seriedade, como mãe eu tenho que entender meu filho.-mamãe pigarreou.
Respirei fundo. Me sentei na sua frente, pegando novamente o travesseiro e o deixando no colo.
—Vai...Começa o sermão homofóbico.-fechei os olhos com força.
E ao invés de ouvir palavras ofensivas...Eu simplesmente ouvi um sussurro:
—Eu te aceito e te amo do jeito que você é.
E recebi um abraço...Um abraço tão caloroso, tão cheio de carinho, me sentia seguro e tranquilo, a correspondi, dei permissão para que as lágrimas caíssem. Ela me abraçou fortemente, como se me protegesse.
—Sem...J-Julgamentos?-hesitei, a voz embargada.
—Quem sou eu para julgar um ser humano o qual eu carreguei na barriga durante nove meses e tenho um imenso amor?-mamãe me soltou.-Eu não estaria cumprindo meu papel de mãe...-os olhos brilhando, prestes a chorar.-Se você não tiver o apoio materno...De quem terá? Filho, entenda, eu te amo, eu não quero te ver infeliz, por isso te aceito como é...Afinal, você não está fazendo nada de errado! Se estivesse roubando, matando, estrupando...
—Fumando, bebendo...-revirei os olhos.
—Isso sim é errado. Mas gostar, não! Todos tem o direito de amar!-mamãe acariciou meu rosto com a costa da mão.-Eu te amo e sempre vou te amar.-beijou minha testa.
Ficamos um tempo conversando. Eu não imaginava que ela seria tão compreensiva...Ela foi tão doce...Isso me deixou tão seguro!
Só que mamãe reforçou que outras pessoas não podiam aceitar, porém ela estaria sempre me protegendo, ela teve uma conversa séria comigo sobre os cuidados que eu deveria tomar em relacionamentos mais que amigáveis com outro garoto e discutimos sobre uma coisinha chata chamada "homofobia".
—Agora...Vá se arrumar. Seu crochê vem aqui hoje!-mamãe sorriu.
—Eu não suporto você falando errado! É crush, mãe!-revirei os olhos.
Mamãe abriu a porta, saí junto com ela, ela beijou o alto de minha cabeça e me abraçou novamente. Porém...Olhando por cima de seu ombro, vi Letícia espiando dentro de meu quarto, ela estava encostada na parede, curiosa. Cerrei os dentes e afastei mamãe.
Letícia deu um pulinho de susto quando eu fechei a porta bruscamente atrás de mim, ela estava incrédula ao me encarar.
—Gray!-mamãe me repreendeu.
—Tudo bem, tia Jéssica!-Letícia sorriu.-Acho que a Zi está te procurando!-sua voz fina e melosa me irritava.
Mamãe afirmou com a cabeça e desceu até o andar de baixo para procurar Grazi.
Cruzei os braços e mandei um olhar mortal para a ruiva.
Ela me olhou de modo superior e pude até ver nojo em sua expressão.
—Zizinha!-Letícia me ignorou, andando até a escada, reparei em seus pés, estava só de meias.
Dei um sorriso de canto e aproveitando que ela estava de costas, pisei no tapete o qual ela estava em cima, o puxando com o pé rapidamente, fazendo Letícia tropeçar, e cair de barriga no chão feito jaca madura. Ela deu de cara com o chão! Ri com minha maldade. Letícia me olhou por cima do ombro, torcendo o nariz e boca, vermelha de raiva.
—Ops...Desculpa!-me fingi de sonso.
—Não...Tudo bem...Foi um acidente...-Letícia se levantou, batendo a mão na roupa para tirar a poeira.-Doeu...-ela passou uma mão no rosto, massageando onde havia batido.
—Ué, foi essa a intenção.-dei de ombros passando por ela, porém ela me puxou de repente e me colocou contra a parede, me assustando.-Ué, kirida...-franzi a testa.
—Gray...Preciso te falar...E-Eu...Acho que eu tenho uma queda por v-você!-admitiu, o rosto vermelho.-E por isso fico sensível quando você me trata mal...-falou baixinho abaixando a cabeça.-Eu só queria...Que você me desse uma chance!-ergueu o rosto, passando os braços por meu pescoço, encostando sua testa na minha, nossas respirações misturadas.
Oxi! Tá me estranhando?!
—Saí, mona!-a empurrei sem delicadeza.-Que ousadia é essa?!Fique a três metros de distância de mim!
—Está me rejeitando?!-Letícia estava incrédula.-Que tipo de garoto perde uma oportunidade dessas!?-apontou para si mesma.
—Você é só uma garota comum do nono ano...Além de ter uma aparência muito clichê!-dei de ombros, entediado.-E muito atirada.
—Ou você não é homem de verdade!-Letícia cerrou os dentes.
—Kirida...Em primeiro lugar, não é porque eu não te peguei que não seja homem.-cruzei os braços. Hellou, homem é gênero, heterosexual é orientação.-E em segundo...Por que não se valoriza mais?!-estava incrédulo.-Eu, hein!-a olhei de cima a baixo e saí dali, descendo as escadas, a ouvindo gritar de ódio.
☆☆☆
Enfim, eu havia tomado café, tomado banho, deixando o pijama de lado, e arrumado meu quarto. Estava deitado em minha cama, jogando Amor Doce, de boas...Até a porta ser aberta bruscamente. Era Grazi, furiosa, vindo a passos pesados até mim, pegando meu celular e o atirando longe.
—Tá louca?!-gritei me levantando assustado.
—Como você teve coragem?!-Grazi disse chorosa.
—O que eu fiz?!-arregalei os olhos.
—Beijou o Nath!-Grazi me empurrou.
—Quem te contou?-prendi a respiração. Mamãe!
—Então é verdade?-Grazi me olhou incrédula.-Foi a Lety! Ela achou melhor me contar que você teve a capacidade de beijar o garoto que eu gosto!
—E vocês tem provas?!-cerrei os dentes.
Grazi pegou um celular que eu tinha certeza não ser dela. Ela me entregou o aparelho e nele havia uma foto minha e do Nath no nosso segundo beijo.
—Gray! Você traiu nosso trato de irmãos!-puxou o celular e o apertou com força.
—Q-Que? Foi ele quem me beijou! E outra, eu e ele não temos nada! Eu nem gosto dele! É todo seu!-falei com os olhos arregalados.
—Gray! Eu não sei se fico incrédula por você ter ficado com minha paixão ou por você ser gay!-Grazi estava brava e triste ao mesmo tempo.-Valeu! Agora sei que não posso mais confiar no meu próprio gêmeo!-respirou fundo, passando o braço nos olhos, os escondendo e saindo dali correndo.
—G-Grazi!-corri atrás dela, a puxando pelo pulso.
—Não fale comigo!-ela se soltou e passou por Letícia, entrando em seu quarto e batendo a porta. Letícia me olhou sorrindo malvada e andando devagar até o quarto de Grazi.
—Zi...E-Eu posso entrar?-bateu na porta com cautela.
—Entra! É só em você quem confio! Minha melhor amiga!-Grazi gritou.
Cerrei os dentes e punhos. Letícia entrou no quarto e fechou a porta lentamente.
Voltei para meu quarto, pegando meu celular, respirando fundo e engolindo em seco, tomando coragem para discar o número de Nathaniel. Caiu na caixa postal. Liguei de novo. Caixa postal. Liguei novamente. Percebi que foi desligado no quinto toque. Liguei umas cinco vezes, até finalmente ser atendido.
Oi, aqui é a Bárbara! B-Bem...O Nath me pediu para atender...
—Ah...O-Oi.-falei nervoso.
—Manda ele deixar recado!-ouvi a voz abafada de Nath.-E desliga logo pra gente continuar da onde parou!
—A-Ai, não morde minha bochecha!-ouvi a voz de Bárbara também abafada.
—Ei! Eu ainda estou aqui!-falei impaciente.
—Oi...Desculpe.
—Estão juntos?-arqueei uma sobrancelha.
—N-Não!
—Hm, sei!-disse irônico.-Bem...Fale para o Nath que...Precisamos conversar. E mais...Grazi tá uma fera comigo...Ela gosta dele e ficou sabendo que ficamos. Bem...E isso foi uma desculpa para voltar a falar contigo. Só. Tchau.-falei meio nervoso e prestes a desligar, Nath resolveu me responder:
—Nossa...Não nego que a Grazi é bem gata...AI! Não me bate, Babs! Bem...Quer voltar a falar comigo? Por que?
—Porque somos melhores amigos! Eu preciso de você!-falei.
Hum...É, Gray...Talvez eu pense no seu caso.
—Podemos nos encontrar?-me enchi de esperanças.-De preferência sem a "Babs"...-murmurei.
Que tal agora? Ela já está de saída...
—Não vai dar...Estou esperando uma visita...-disse sem graça.
Deixa eu adivinhar...Nathan e Natasha...
—Eles mesmos...-cerrei os dentes de leve.
Amanhã então após as aulas. Combinado?
—Combinado!-sorri.
Nath desligou. Suspirei.
—Hum...Babs?-fiz uma careta.-Ele foi até rápido...-me espreguicei.
—Entrando!-a porta foi aberta de repente. MAS ESSE POVO ADORA ENTRAR NO MEU QUARTO SEM PERMISSÃO! Era Lya.
—Ah...-sorri.-E aí!
—Oi.-Lya sorriu vindo até mim, baguncei seus cabelos e ela inflou as bochechas.-E...Antes que pergunte, o Leo não veio porque estava com preguiça ou sei lá.-deu de ombros.
Tentei esconder minha frustração.
—B-Bem...Ficou sabendo que os planos quanto ao festival mudaram?-sorri.
—Claro! Fiquei super animada! Agora você vai poder ficar conosco!-Lya comemorou.
—Gray!-mamãe gritou do andar debaixo.-Vem aqui!
—Ah...-bufei, indo até ela, sendo seguido por Lya que havia pego meu celular.-Oi, mamãe linda!
—Grace saiu e eu vou ao mercado com Giullia e Giovanna. Você e Grazi cuidem de tudo por aqui até eu, sua irmã ou papai chegar.-mamãe pegou as gêmeas pelas mãozinhas.
—Certo...-dei de ombros.
—Beijos, amo vocês e se comportem!-ela acenou com a cabeça e saiu.
—Uhuuu, casa só pra nós!-Lya comemorou.
Mandei um olhar de relance para Grazi, sentada no sofá abraçando os joelhos, quieta, abalada.
Mordi o lábio inferior.
—Zizinha, não fica assim!-Letícia saiu da cozinha com um copo de água e entregou pra Grazi, sentando-se ao seu lado e alisando seus cabelos.
—O que houve?-Lya sussurrou para mim franzindo a testa.
—Depois te explico...
—Oh, você é a Lya, né? Grazi me falou de você e do seu irmão! Gostaria muito de ser sua amig...-Letícia sorriu fofa.
—Cala essa boca!-Lya foi grosseira.-Que irritante!-revirou os olhos.
Lya sendo Lya detectou a falsidade.
—Hã? Ela não te fez nada!-Grazi franziu a testa.
—Grazi, vamos conversar!-falei sério.
Grazi virou o rosto tremendo os lábios.
—Eu vou te carregar!-cerrei os punhos.
Grazi continuou com o rosto virado.
Suspirei e fui até ela, a pegando no colo como se fosse uma noiva, ela começou a se debater e gritar.
Fui até a cozinha e a soltei, ela estava brava.
—Não pode ficar brigada comigo!-cerrei os dentes.-Isso é idiotice! Deixa de ser infantil! Nós sequer sabíamos que você gostava dele!
—Hum...-Grazi cruzou os braços e o rosto estava vermelho.
—Grazi, você tá fazendo uma tempestade em um copo da água! Que drama!-briguei com ela.-Se você ao menos tivesse me contado que gostava dele! Sempre contamos tudo um ao outro!-peguei em seus ombros.
—Nem tudo, né...-Grazi foi sarcástica.
Revirei os olhos e a abracei.
—Olha...De agora em diante contaremos tudo um ao outro, que tal?-sussurrei.
—Desculpa, Gray, mas...-Grazi me afastou sem delicadeza.-Não somos mais crianças...Agora crescemos, eu sou uma mocinha, tenho segredos de garota os quais não posso compartilhar com você, esse tipo de assunto confio a minha melhor amiga.-suspirou indo pra sala e sendo seguida por mim.
—Está sendo idiota! Não pode confiar em uma estranha! Ela não me caí bem! Acredite em mim!-a puxei pelo pulso.-Ela é falsa! Quem avisa, amigo é!
Grazi cerrou os dentes e com sua mão livre me deu um soco no meio da cara.
—ME DEIXA EM PAZ, DROGA!-gritou.
A soltei imediatamente, cobrindo o rosto, incrédulo. Grazi não era tão forte assim a ponto de me causar tanta dor, mas ainda assim eu senti.
Grazi correu para a sala, rosnei, ainda com as mãos no rosto, dolorido, senti algo quente escorrer de meu nariz, devia ser sangue...
Fui até onde as meninas estavam, com a cara fechada, o sangue fervendo de raiva. Notei Letícia quase caindo por conta de um empurrão que Lya havia lhe dado.
—Qual o seu problema?!-Grazi olhou incrédula para Lya.-Lety, você está bem?-foi ajudar a amiga.
—Que comprar briga, "Lety"?-Lya estralou os dedos como se estivesse prestes a socar alguém.-Espere e verá.-soou séria.-Elly...Se eu fosse você tomava cuidado com quem anda. Aprenda, vaca fede de longe!-cuspiu as palavras.
—Vem!-suspirei pegando Lya pelo braço e a puxando até meu quarto, trancando a porta. Cerrei os dentes me jogando na cama, fechando os olhos com força.
Lya sentou-se na beira da cama, me encarando.
—O que houve?-cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
—Grazi! Ela me deu um soco! Tudo pois tentei convencê-la que Letícia não presta! E outra, está brava comigo por eu ter beijado Nath, já que ela gosta dele!-bufei.-Eu só quero esquecer da existência delas!-respirei fundo e pressionei um travesseiro contra meu rosto com força, manchando a fronha, abafando um grito de estresse.
Fiquei em silêncio após isso e Lya também.
—Lya...-falei meio deprê.-Contei pra mamãe aquilo que havia comentado com você...-mordi o lábio inferior, jogando o travesseiro para longe.
—QUE?!-Lya arregalou os olhos, colocando os pés em cima da cama, para se ajoelhar e me olhar de cima.-E qual foi a reação dela?!-parece que ia pular em cima de mim.
—Ela aceitou tão de boa...-ri nervoso e contei tudo para ela. No fim, Lya me olhou preocupada, suspirou e sorriu me dando um abraço.
—E por que tá deprê então?-Lya perguntou.
—Por causa de você sabe quem...-murmurei.-Por ter feito você sabe o que...
Lya sabia de tudo que acontecia comigo, eu contava tudo para ela, confiava nela, era minha melhor amiga desde que me entendia por gente.
Ela suspirou pensativa passando a mão pelos cabelos castanhos.
" Tudo começou quando éramos crianças, eu, Grazi e Grace estávamos no mercado com mamãe, devíamos ter uns 5 ou 6 anos. Grace devia tomar conta de nós com o carrinho de compras, eu e Grazi dentro dele balançando caixas de cereais para ver se ouvíamos o som do brinquedo que vinha de brinde dentro. Grace despreocupada mexendo no celular de mamãe. Ela tinha 9 anos.
Mamãe estava mais distante, conversando com uma amiga.
Ouvi um som de rodinhas e algo batendo e derrubando as coisas, olhei curioso e vi um garoto e uma garota empurrando um carrinho de compras pelo corredor, rápidos demais, sem se preocupar se iam bater em algo ou alguém.
—G-Grace!-chamei assustado.
—Não! Não pode abrir o cereal até chegar em casa!-Grace nem me olhou, virou de costas para mim.
Grazi arregalou os olhos, ficando nas pontas do pé, se apoiando na barra do carrinho.
O garoto e a garota arregalaram os olhos ao nos ver, acabaram batendo com o carrinho no nosso com força, nos fazendo cair. O carrinho bateu em Grace, e ela caiu de barriga no chão, derrubando o celular, quebrando a tela.
O garoto e a garota também caíram junto com o carrinho que controlavam.
—Ai, meu Deus!-mamãe estava furiosa.
—Lyandra e Leonardo!-uma mulher apareceu, também furiosa.
Eu, Grazi, Lyandra e Leonardo nos entreolhamos, então começamos a rir.
—Isso foi muito bom!-Grazi estava empolgada.
—Foi tipo assim...POW!-Leonardo gesticulou com as mãos.
—Manhê!-Grace fez manha, mostrando o celular quebrado.
—Grace! Mandei você cuidar deles!-mamãe franziu a testa.-Grazi e Gray, não era pra abrir os cereais!-nos olhou.
Havíamos aberto as caixas, e o carrinho caiu com o impacto, derrubando cereal por toda parte.
Nós recebemos broncas bem dadas.
—Vamos conversar quando chegarmos em casa!-ambas a mães disseram para nós cinco.
Mamãe e a mãe do gêmeos se olharam, deram um riso abafado e iniciaram uma conversa. Coisa de mãe.
Enquanto elas conversavam, nós quatro demos fuga, começamos a brincar, nos enturmamos. Grace ficou lá choramingando que queria ir embora.
Depois disso, começamos nossa amizade, estaríamos estudando na mesma escola em poucos meses. Coincidência!
Passamos a ir na casa um dos outros, conhecemos o Luciano, Leo e Lya conheceram Grace melhor e estamos assim até hoje. "
—Vamos, Gray, se anima! Vamos falar do que você quiser!-Lya sorriu.
—O Leo gosta mais de mim ou da Yuki?-abracei um travesseiro.
—Tá bom...-ela riu nervosa.-Não vamos falar do que você quiser...
—Lya!-franzi a testa.-Me fala!
—Gray, vamos mudar de assunto!-Lya pediu.
—Lyandra!-cerrei os dentes me sentando e olhando em seus olhos.
—Ai, que saco! Tá bom, Leo ama você! Mas, não sei se é mais que amigo! Tipo, tenho minhas suspeitas porque é só com você de amigo que ele sente ciúmes! Pois nunca vi ele demonstrar ciúmes por outro amigo!-Lya falou de uma vez.
Fiquei pensativo, isso acendeu uma pequena chama de esperança em meu coração.
—E outra coisa...É, ele parece estar apaixonado pela Yuki, mas, Gray, não esquece de uma coisa...Paixão e amor são diferentes! Amor é pra vida toda! E paixão é uma coisa momentânea que desaparece aos poucos! Quer sabe de uma coisa? Vou ligar pra ele!-Lya disse olhando em meus olhos.
Pirei. Lya pulou da cama e correu pelo quarto, corri atrás dela, até voltarmos para onde estávamos e ela desviar, me empurrando "calmamente" para cair na cama novamente.
—Relaxa! Eu não vou te entregar! Só vou fazer minha pesquisa, falou?-Lya me olhou com uma sobrancelha arqueada, uma mão na cintura e outra segurando o celular no ouvido.
Fiquei meio receoso enquanto Lya ligava pra Leo, e...Ansioso.
—Ei, Leo!-Lya disse. Estava no viva voz.-Quero te perguntar umas coisas, então apenas responda e cale a boca, tudo bem? Ótimo!Quem é o seu melhor amigo?
O Gray! Óbvio!
—Tá, e se você tivesse virado mulher e tivesse a opção de casar com um dos seus amigos, com quem você casaria?-Lya perguntou.
Comecei a roer as unhas e tremer as pernas.
Com o Gray! Mas, porqu...
—Cala boca! Não disse que era pra somente responder?
—Bruta!
—Tá bom! O que você sente quando vê o Gray com o Nath?
Cê tá de brincadeiraaa?! Eles por acaso tão juntos? Natasha! Me fala onde eles tão que eu vou lá agora acabar com essa palhaçada! O Nath pensa que eu não saquei!!! Eu sei que ele quer me roubar o Gray!
—Leo, Gray não é seu namorado! Ele pode ficar com o Nath se ele quiser! Por que ele não poderia?-Lya falou.
"Gray não é seu namorado"
...
MAS PODIA! Bem que eu queria! Aceito!
PORQUE EU NÃO QUERO! DROGA! O Gray é meu...Melhor amigo! Não dou, não troco! E não divido com qualquer um!
—Então isso é ciúmes de amigo?Interessante...E se te deixa mais tranquilo, estou na casa dele!
Ele não tá ouvindo, está?
—Não! Ele foi...Dar banho nas gêmeas porque a tia Jessie mandou!Agora uma pergunta dificil! Se fosse pra salvar alguém da morte e ficar pra sempre com essa pessoa...Quem seria? Yuki ou Gray?
A linha ficou em silêncio durante alguns longos segundos, me deixando nervoso.
Vai ver se eu to na esquina!
E desligou.
—QUE?!-arregalei os olhos.
—Mistério...-Lya deu de ombros guardando o celular.
—E agora?! To curioso!-mordi o lábio inferior.-Lyaaaa!-choraminguei.
—O que eu posso fazer?-Lya me olhou fazendo biquinho emburrada e depois revirando os olhos.
—Ele é teu irmão! Você sempre arranca as coisas dele!-me levantei.
Lya cruzou os braços e me olhou incerta.
☆☆☆
Bem, no dia seguinte, terça-feira... (Segunda havia sido feriado de sei lá o que, contanto que eu fique em casa eu não precisava me preocupar com a data comemorativa), na hora do intervalo...
Letícia estava com seu grupinho, abraçada com um garoto, acho que o nome dele era Zack.
Danny olhava para os dois com raiva.
—Que foi?-perguntei arqueando uma sobrancelha.
—Se merecem mesmo!-Danny fez pouco caso virando o rosto.
Estávamos eu, ela e Bella. Eu apoiado no pilar de sustentação da cobertura do pátio, Danny ao meu lado, com seu videogame portátil, e Bella sentada no chão com um caderno, rabiscando algo.
—Ui...-sorri de canto.
—O que vão fazer no festival?-Bella sorriu.
—Era sobre isso que queria falar com você!-Danny se animou.-Vamos nos apresentar juntas! Tem uma música de Vocaloid que eu gostaria de cantar! Chama-se Remote Control!
Ri balançando a cabeça com desaprovação.
—Q-Que? Eu n-não! Sou tímida!-Bella arregalou os olhos.
—Bella! Vamos!-Danny fez manha.
—Por que não chama a Yuki? Ela adora cantar!-Bella balançou a cabeça negativamente.
—Soube que ela já tem parceira...-Danny desanimou relaxando os ombros.
—Quem?!-Bella encarou Danny.
—Ela falou que vai nos mostrar quem é...-Danny cruzou os braços.
—Danniely...-sorri de canto.-Vamos nos apresentar juntos?-a olhei determinado.-Porém...Eu quem quero escolher a música!
—Afe! Mas essa era perfeita para mim!-Danny ficou emburrada.
Arqueei uma sobrancelha e sorri, passando lentamente a mão pelas pontas de seus cabelos.
—Bem...Veremos uma que combine com nós dois! Que tal vir na minha casa para arranjarmos inspiração?-falei.-Bem...Só hoje que não vai dar...Mas amanhã estou disponível!-lhe mandei uma piscadela.
☆☆☆
Após as aulas, eu e Nath nos encontramos em uma pracinha...
—Nathaniel! Olha...Antes de tudo...-falei assim que nossos olhares se cruzaram.-Me...Me...M-Me...-engoli em seco desviando o olhar e cerrando os punhos, mordendo o lábio inferior.
—Desculpado.-Nath revirou os olhos.
—D-Des...C-Culpa por sempre ter te rejeitado de maneira que sequer me importava com seus sentimentos e d-desculpa por ter te procurado só pra desabafar sobre algo que estava te deixando uma pilha de nervos!-falei de uma vez, quase explodindo, virando o rosto.
—Hum.-Nath me olhou de maneira superior, cruzando os braços.
—O que?!-estava indignado com seu pouco caso.
—Me magoou muito, sabia?-Nath revirou os olhos.-Bem...Mas eu não sou de guardar mágoas e ficar cabisbaixo por quem não me merece!-sorriu cínico descruzando os braços, colocando uma mão na cintura.
Franzi a testa e revirei os olhos.
—Você já está em outra, né?-perguntei.
—A fila anda!-Nath ergueu os braços, comemorando.-Vida que segue!-rodopiou.-Diferente de você!-me olhou com desprezo.-Que pelo jeito continua insistindo no Nathan...-revirou os olhos.
—Eu vou insistir até conseguir! Porque é amor verdadeiro! Quando amamos de verdade, não desistimos da pessoa tão fácil, não importa o tamanho da dificuldade para conquista-la! A gente insiste, insiste e insiste! Nunca se cansa de lutar! Porque acreditamos que vale a pena!-falei determinado e sonhador.
—Ui...-Nath bateu palmas sarcásticas.
—Enfim...-suspirei relaxando os ombros.-Amigos?-lhe estendi o punho cerrado.
Nath olhou para minha mão fazendo pouco caso, por fim sorriu sincero, e de repente me puxou pelo pulso para si, me abraçando.
—Você é meu melhor amigo, idiota.-Nath riu bagunçando meus cabelos.
—Afe!-ri o empurrando.-Não acredito!-reparei em seu pulso, arregalando os olhos.
—O que?-Nath se olhou preocupado.
—Você está sem a pulseira!-bufei.
Nath me olhou com tédio, suspirando, levando lentamente sua mão ao meu pescoço, o tocando levemente, e deslizando com as pontas dos dedos até a gola de minha camiseta, me fazendo arrepiar.
—E você está sem o colar.-Nath deu uma risada abafada e sarcástica.
Pisquei os olhos várias vezes. Balancei a cabeça e ri.
—Então...A gente podia curtir, o que acha?-sugeri.
☆☆☆
Estávamos nós dois de boas, passeando pelo parque, tomando milkshake, passamos por uma quadra de basquete, dois garotos estavam fazendo cestas, um eu conhecia, era o Brady, do colégio.
—Nath...-o chamei.-Olha, que gato!-sussurrei olhando para Brady.-Ainda mais com essa regata!
—Pensei que seu objetivo era o Leo...-Nath disse irônico, rindo.
—Ah, mas não faz mal ter um colírio para os olhos!-sorri malicioso.
—Meressu...-Nath revirou os olhos.
Ri e desviei o olhar para um poste e quase cuspi meu milkshake, que cena nojenta...Letícia e Zack de agarro! Se beijando como se fossem sugar a alma um do outro!
—De um lado colírio...Do outro pimenta, shampoo, areia e tudo que faça mal para meus olhinhos!-reclamei fechando os olhos e virando o rosto.
—Quem são?-Nath me encarou.
—Dois falsos! Falsianos!-cerrei os dentes.-Bem...O moleque eu não sei...Mas pra andar com a rainha da falsidade deve ser falso! E ainda mais ter feito algum possível mal para Danny!
—Bem...-um sorriso maléfico se abriu nos lábios de Nath.
—No que está pensando?-ri malvado.
—Está vendo aquela rampa de skate?-apontou para a enorme rampa (pista) de skate.-Lá em cima...-desviou para onde os skatistas tomam impulso para descer a tal rampa.-Vamos para lá! Aí como o poste fica exatamente em baixo, dá pra jogar milkshake neles!-colocou uma mão na cintura.
—Boa, Nathaniel!-sorri animado.-Bora!
Fomos discretos ao subir na rampa e ficar lá em cima, haviam uns quatro skatistas, ótimo.
Nos posicionamos de modo que ficamos acima de Zack e Letícia que estavam debaixo do poste.
—Pronto?-Nath arqueou uma sobrancelha.
—Já nasci pronto!-sorri.
Respiramos fundo, assentimos com as cabeças e viramos nossos copos de uma vez, mirando no "casal". O resto dos nossos milkshakes acertaram em cheio as cabeças de Zack e Letícia. A reação foi imediata.
—ARGH! Quem fez isso?! OLHA O ESTADO DO MEU CABELO!-Letícia gritou histericamente começando a pular, toda de chilique. Passou a mão pelo cabelo cheia de nojo, tentando tirar o líquido cremoso, jogando no chão.
Imediatamente nos abaixamos, porque automaticamente ela olhou para cima.
Eu e Nath nos divertiamos, rindo, se entreolhando. Tomando cuidado, sendo discretos.
Zack estava todo frescurento, sem conseguir se mexer, paralisado, com os dentes cerrados e olhos arregalados.
—Vamos no banheiro limpar isso!-Zack disse raivoso.
—Pss...-Nath me cutucou.-Bora trancar a porta!-arregalou os olhos e se levantou em um pulo, pulando pela barra de ferro de apoio/proteção. Depois descendo pela escada com muita agilidade, também de ferro, toda enferrujada. Dei de ombros, fazendo o mesmo, porém não tão ágil ou rápido.
Corremos até o único banheiro público, para ambos os sexos. Todo destruído e vandalizado. Letícia e Zack vinham na maior lerdeza, pareciam brigar, estavam gritando um com o outro.
Nath me chamou, eu o daria pezinho para que ele pudesse subir pela pequena janela que servia como entrada de ar e iluminação. Ele entrou, ouvi seus pés batendo no chão e seus passos apressados, então finalmente um som de trinco velho sendo puxado.
—Vamo vaza!-Nath apareceu na janela, assim que estava quase saindo, ouvi um barulho de plástico acertando o chão.-Foi o lixo...-riu nervoso, pulando para fora. Eu estava lá igual idiota de braços abertos e ele caiu bem em cima de mim. A queda foi extremamente dolorida.
—Ai, minha cabeça, desgraça!-reclamei.-Saí de cima, seu peso morto!
Nath me encarou um tempo, piscando várias vezes.
—Uau...-sussurrou, o rosto a centímetros do meu.-Eu nunca havia reparado como você é bonito...-tirou de meus olhos alguns fios rebeldes, os penteando para trás. Acho que corei...Mas não é nenhuma novidade eu ser bonito! Quero dizer...EU SOU LINDO!-Mas que fica ridículo com essa espinha na testa...-riu sarcástico cutucando minha espinha.-Bah!-resmungou se levantando e batendo em sua roupa para tirar a sujeira.
Revirei os olhos, me levantando, dando uma espreguiçada, sentindo o corpo dolorido.
—COMO ASSIM ISSO ESTÁ TRANCADO?!-ouvi Letícia gritar e um barulho de maçaneta sendo puxada com força e repetidas vezes.
Nath deu um sorriso malvado, levantando a cabeça.
—Vamos.-foi andando.
—Espera...É água que ela quer ter, é água que terá!-falei empolgado.
—O que pretende fazer?-Nath me olhou por cima do ombro, uma sobrancelha arqueada.
—Joga-lá na fonte, oras!-ri.
—Adorei...-Nath afirmou com a cabeça sorrindo.
—Perfeito, vamos esperar ela se aproximar!-me encostei na parede, suspirando.
☆☆☆
Letícia deu piti durante mais um tempo em frente a porta trancada, Zack estava de saco cheio, a testa franzida, os dentes cerrados e as mãos tampando os ouvidos.
—Quer saber? Eu vou pra casa! A gente se vê na escola! Credo, não aguento mais ouvir esse seu mimimi!-Zack bufou irritado se afastando a passos longos e pesados.
—Como ousa?! Vai me deixar aqui mesmo?!-Letícia bateu o pé no chão.-E MEU CABELO?!-gritou histericamente como uma criancinha chata e mimada.-Volte aqui!-cerrou os punhos e dentes.-Não acabamos de conversar!
—Conversar...-ri irônico.
—Tratamos dos planos depois...-Zack revirou os olhos.
—Grr!-Letícia franziu a testa e passou por Zack irritada, o empurrando, indo em direção a saída do parque, no caminho da fonte.
—Bora!-arregalei os olhos, saindo do nosso esconderijo. Eu e Nath andamos discretamente atrás de Letícia, se escondendo atrás das árvores ou pessoas.
—Eu estou um horror!-Letícia bufou, parando em frente a fonte e olhando seu reflexo na água.-Que nojo...-passou a mão pelo cabelo todo endurecido.
Nath e eu nos entreolhamos e fomos correndo até ela, com cuidado para que não nos visse chegar por trás e...PÁ! A empurramos, ela caiu dentro da água em um susto, espirrando respingos em nossos rostos e roupas.
—AGORA CORRE!-Nath gritou correndo e me deixando para trás.
Letícia levantou a cabeça, respirando ofegante, os cabelos grudados a testa, cobrindo seus olhos, parecia uma cadela molhada.
Pernas pra que te quero!
☆☆☆
Enfim, eu e Nath passamos o dia inteiro juntos, ele confessou que Bárbara apresenta ser alguém legal e fofa, e me contou que talvez não estivesse presente no festival. Nathaniel era meu melhor amigo desde que viramos vizinhos aos 9 anos de idade, mas mudou de casa aos 11. Ele mora somente com a irmã mais velha e o pai, a mãe nunca foi presente e ele nunca gostou de tocar em tal assunto. No colégio, tirava somente boas notas, além de ser representante da classe e presidente de clube...
Sabe, ando tentando trazê-lo para A União Fujoshi! Mas...Complicado...Ele não se mostra interessado em yaoi...
Falando na A.U.F., amanhã Nancy nos chamou para uma reunião...O que será que ela quer falar?
Bem, de qualquer forma, se passava das dez horas da noite, eu devia voltar para casa, uma pena o pai de Nath não estar lá para me levar, estava trabalhando, então eu tive que correr. Lógico que meus pais já deviam estar em casa e me dariam uma bronca por não avisar que chegaria tão tarde...Ai, ai, ai!
Chegando a esquina da rua da minha casa, avistei Grace acompanhada de um garoto, eles estavam conversando e rindo, ela estava voltando do colégio (já que estudava a noite). Garoto...Aquele era o Luciano! O irmão mais velho de Lya e Leo!
Dei um pulinho de surpresa, me escondendo atrás de um poste, observando a cena.
Os dois pararam em frente ao portão de casa, Grace estava com um jeito adorável, meiga e envergonhada. Aquela ali não era minha irmã não! É uma intrusa! Ela estava até mais arrumadinha!
Grace então ficou nas pontas dos pés, dando um beijo na bochecha de Luciano, deixando ambos sem jeito. Eu ri malicioso.
Então, Luciano acenou, Grace retribuiu e ele foi andando. Imediatamente saí detrás do poste, gritando em alto e bom som, todo insinuoso e animado:
—EU VI TUDOOOO!
Eu estava realmente empolgado!
Grace arregalou os olhos e se virou para me olhar, os dentes cerrados, assustada.
Luciano parou de andar, se virando para me olhar, a testa franzida e uma sobrancelha arqueada.
—Claro que viu, você não é cego.-deu um sorriso irônico.
—Nossaaaaa! Que grosseria, Lulu!-me fingi afetado.
Luciano revirou os olhos, rindo e voltando a andar.
—EU VOU TE MATAR, PIVETE!-Grace me ameaçou.-Entre de uma vez antes que eu tranque o portão e te deixe para fora!-entrou.
Corri e consegui entrar antes dela fechar o portão na minha cara.
Assim que Grace abriu a porta, mamãe estava no sofá mexendo no celular.
—Onde estavam? Gray você foi buscar Grace?-mamãe questionou nos olhando.
—Fui nada! Quem foi buscar ela foi outra pessoa! Cheguei aqui e ela estava de namorico com o Luciano!-eu disse colocando as mãos na cintura.
—Namorico? Luciano?-mamãe ficou surpresa.
—Namorico nada, mãe! Gray está vendo coisa aonde não tem!-Grace bufou jogando a mochila no chão.
—Bem...Se não tem, você queria que tivesse...-falei malicioso, arqueando uma sobrancelha.
Grace revirou os olhos e bufou.
—Eu gosto do Luciano...-mamãe comentou.-Apoio, filha.
—Que?!-Grace engasgou, corando.
—Mãe! Eu shippo Luace!-fiz uma dancinha animada.
Grace me empurrou para que caísse no sofá e subiu as escadas correndo.
—Uou!-sorri.-Tá apaixonada! Tá apaixonada!-cantarolei.
—Quem tá apaixonada?-Giullia entrou na sala com um pote de sorvete.
—Nossa irmãzona!-cruzei os braços.
Aí...Eu vi aquela víbora entrando na sala também com um pote de sorvete junto de Grazi.
Bufei irritado.
—Mas essa guria não saí nunca da nossa casa?!-cerrei os dentes olhando mortalmente para Letícia.
Letícia arregalou os olhos, tremeu os lábios e abaixou a cabeça.
—GRAY!-mamãe e Grazi gritaram.
—Afe!-me levantei.
—A-Acho melhor eu ir embora...-Letícia disse com a voz embargada.
—Não! Não deixe o Gray te diminuir!-Grazi abraçou Letícia, me olhando de cara feia.-Pô, Gray, ela teve um dia ruim! Você só serve para estragar a vida dos outros!-cerrou os dentes, estava irritada.
Hahahaha. Idiota.
—Não, tudo bem...-Letícia levantou a cabeça.-V-Vamos só mudar de assunto...-passou a ponta dos dedos nos cantos dos olhos.-Então, Ce está apaixonada? Que bom!-sorriu docemente. Que nojo.-Quem é o sortudo?-olhou para minha mãe.
—Luciano, ele é irmão da Lya e do Leo! Aposto que Grazi já te falou deles...E, a propósito, Lya veio aqui outro dia, vocês se conheceram!-mamãe sorriu.
—Interessante...-Letícia murmurou.
Apenas subi para meu quarto, não sem antes olhar para trás e ver Letícia me olhando com um sorriso diabólico.
☆☆☆
No dia seguinte, Danny faltou, após o término das aulas fui até a casa dela e quem me atendeu foi quem parecia ser a mãe dela.
—Quem é você?-ela me olhou de cima a baixo. O cabelo castanho, longo e solto, meio embaraçado, com olheiras debaixo dos olhos, vestindo uma camiseta larga de futebol, short e pantufas.
—Um colega de escola da Danniely!-sorri.
—Veio fazer o que aqui?-me olhou com tédio.
—Passar...A matéria que foi dada hoje já que ela não compareceu a aula!-falei. Mentira!
—Convenhamos que não fará diferença...Danny não costuma correr atrás das lições que perdeu e as que tem são todas com notas abaixo da média.-ela bocejou.
—É...Convenhamos que ela vai repetir de ano mesmo.-dei de ombros.-Você faz bem em não se iludir e nem iludir ela.-dei um sorriso cínico.-Qual seu nome?
—Brenda.-ela respondeu bocejando e cruzando os braços.-Era só isso?Pode ir.
—Não! Eu vou me apresentar com ela no festival de fim de ano, temos que decidir a música e depois temos um compromisso com nossas amigas!-falei já impaciente.
—Não gosto de ver Danny andando com garotos...-Brenda me olhou de cima a baixo.
—Te tranquiliza eu dizer que sou gay, minha senhora?-falei com tédio.
Brenda arregalou os olhos, assustada.
—Mulher, me deixa entrar!-implorei.
—Tá, tá, entra e seja breve!-ela revirou os olhos.
Entrei olhando ao redor.
—Cadê ela?-perguntei.
—Dormindo.-Brenda deu de ombros.
—São três da tarde...-franzi a testa.
—Dormindo, ué.-Brenda fez pouco caso.-Se quiser, eu vou acorda-la e...
—Não! Eu vou!-dei de ombros andando na direção de um corredor como se a casa fosse minha.
—Ei, abusado!-Brenda veio atrás de mim.
Vi uma única porta fechada, haviam três.
Dei de ombros e abri aquela porta, sem cerimônias.
—Devia bater antes! Ela é uma garota, tenha respeito!-Brenda se irritou.
—Ah, o que ela tem de tão especial? Não tem nada que diferencie ela de um garoto de 10 anos!-revirei os olhos. Bem...Até que tem.-Já viu como é tábua? Até aquela sem graça da Yuki tem mais coisa que ela!-entrei no quarto.
—Como ousa falar assim da minha filha?!-Brenda bufou.
Vi uma cama com um monte de cobertas, fui em direção a uma janela e a abri com muito sufoco, estava emperrada, suspirei quando estava aberta por completo permitindo a entrada da luz do sol.
—Eu vou fazer o almoço...-Brenda fez cara de tédio.
—São três da tarde...-falei arqueando uma sobrancelha.
—Vou fazer o almoço, ué!-Brenda me olhou como se fosse óbvio e saiu dali.
—Danny!-fui até a cama, retirando os cobertores e os jogando no chão, começando a tossir.-Quanta poeira!-chutei os cobertores para longe.
Ela murmurou, de boca aberta, babando, deitada de barriga para baixo.
—Acorda, preguiçosa!-comecei a balança-la irritado.
Então ela caiu no chão, fazendo um barulho de pedra acertando um poço vazio. Ainda dormindo. Parecia que havia morrido!
Bufei relaxando os ombros.
Meu olhar percorreu de Danny caída no chão até a cama com o lençol todo frouxo, havia um celular com os fones conectados, um jogo portátil, um mangá e um saco de salgadinho.
Suspirei, voltando a olhar Danny, colocando as mãos na cintura e balançando a cabeça com desaprovação.
—Como eu acordo essa coisa?!-perguntei indignado.
—Fala que eu acidentalmente derramei cloro nas revistinhas de quadrinhos japonês dela que ela tanto adora!-Brenda apareceu na porta com um cesto de roupa vazio.
—Mangás, minha humilde senhora...-revirei os olhos cruzando os braços.
—Peça para ela colocar as roupas sujas aqui quando acordar.-Brenda disse com tédio colocando o cesto no chão e aprontando para ele. Depois ela saiu.
—Danny, tem dois garotos lá fora se beijando! Ah, e sua mãe vai botar fogo nos teus mangás yaoi caso você não levante nesse exato momento!-falei franzindo a testa.
—JÁ TO ACORDADA!-Danny acordou em um pulo, os olhos arregalados, ofegante, um fio de saliva escorrendo da boca.-CADÊ?!
—É mentira.-sorri malvado.
—Então vou voltar a dormir!-Danny se jogou na cama.-Muito sono...-murmurou fechando os olhos.
Os cabelos pareciam um ninho de passarinho, a cara péssima como se não dormisse a noites, usava uma camiseta com o rosto do Pikachu estampado e um short listrado como pijama.
—Danny...Você está horrível.-sentei-me na beirada da cama suspirando.
—Vá embora!-Danny afundou o rosto em um travesseiro.-Nem sei porque veio...-murmurou.
—Danny...Você é quase um caso perdido! Mas eu vou te resgatar!-falei determinado sorrindo e me levantando.
☆☆☆
—Tua mãe mandou colocar as...
—Já sei...-Danny revirou os olhos jogando algumas roupas no cesto.
—Por que não foi na aula?-retirei o lençol da cama e joguei para ela.
—Hum...-Danny encolheu os ombros.-Eu não tenho vontade. Eu estava cansada. Eu não consigo dormir. Eu não fui capaz de acordar de manhã.-suspirou.
—Você pode repetir de ano, sabia? Tanto por suas notas baixas quando por ausência!-falei sério.
—Eu não ligo.-Danny deu de ombros pegando o cesto e saindo do quarto.
Peguei o celular e o jogo, os colocando na gaveta da mesinha do computador, guardando os mangás em cima do guarda-roupa onde havia avistado alguns e jogando o saco de salgadinho em um lixinho ao lado da porta.
Suspirei, engolindo em seco, balançando a cabeça com desaprovação. Fui até o guarda-roupa, fuçando, achei um lençol que pelo visto estava limpo, o estendi no colchão e em seguida joguei um cobertor por cima o deixando perfeitamente retinho, os outros joguei debaixo da cama, ninguém ia sentir falta. Coloquei o travesseiro e até o arrumei para que ficasse certinho.
—Voltei...-Danny bocejou.-Hã...-olhou para a cama.-Uou! Essa cama só é arrumada no final do mês!-estava impressionada.
—O cabelo também é lavado só quando você arruma a cama né...-murmurei.
Danny olhou para o lado, levando a mão a cabelo, dando uma bagunçadinha, quieta.
—Vá tomar um banho.-falei sincero, sorrindo com desaprovação.
Voltei novamente ao guarda-roupa, pegando um short jeans e uma regata cinza com uma espinha de peixe preta.
—Toma! Vista isso!-lhe entreguei as roupas.-E lava esse cabelo! Se quiser, eu mesmo faço o sacrifício de pentear!-suspirei.
Danny riu e foi.
☆☆☆
Tempinho depois, não demorou muito, Danny voltou, o cabelo molhado, com uma toalha no pescoço, vestida com a roupa que eu lhe entreguei, os pés descalços.
Ela me olhou fazendo biquinho, me estendendo uma escova de cabelo.
Danny sentou-se na cama ao meu lado, peguei a escova e comecei a pentear seu cabelo, cheio de nós, cerrei os dentes.
—Me conta sua situação na escola...-puxei assunto concentrado em arrumar aquele cabelo.
—Hum...Meus únicos amigos são você e Bella...As outras meninas não gostam de mim...E tem a...
—Letícia!-falei com nojo.
—Ela mesma...-Danny desanimou.
—Aff! Odeio aquela ruiva! Cada dia mais! Sempre na minha casa! Sempre mantendo aquele sorriso falso!-falei cheio de ódio.
—Posso te contar algo que ela me fez quando eu fui a sua casa? Mas é segredo...Morre entre nós...-Danny sussurrou encolhendo os ombros e abaixando a cabeça.
—Pode falar. E levante a cabeça!-passei meus dedos pelos fios de seus cabelos, sentindo o frescor, mas logo me enrosquei em meio aos nós.
—Ela me disse coisas horríveis...-Danny abraçou os joelhos e contou tudo. Ouvi concentrado, ficando de boca aberta.
—Um dia...-por fim conseguia passar o pente por seu cabelo livremente, todo liso.-A Letícia vai pagar caro por tudo o que está fazendo. Mas caro mesmo...Ela terá o que merece...Não se preocupe.-suspirei.
—Se você diz...-Danny deu uma risada fraca e sincera me encarando. Sorri de canto e lhe entreguei o pente, escondendo meu desespero ao ver aquela bola de cabelo entre os dentes daquele objeto. Disfarçadamente limpei minhas mãos na calça.
—Então, vamos escolher a música que iremos apresentar?-falei fazendo um rabo-de-cavalo em Danny, ficou bem curtinho, mas fofo.
—Agora não dá...-Danny riu sem graça.-Tenho que varrer a calçada de casa!-desanimou.
—Ah...É hoje que não saio daqui...-relaxei os ombros, reclamando.
—Se quiser...Pode ir pra casa...-Danny suspirou tristemente.
—Tsc.-sorri de canto.
☆☆☆
Enfim, eu não sei o que deu em mim, ajudei Danny a varrer a calçada, no final, nos divertimos, fingimos que os cabos das vassouras eram sabres de luz e começamos a lutar, rimos bastante e contamos piadas ruins.
—Ufa...Finalmente terminamos...-Danny suspirou aliviada amarrando o saco de lixo cheio de folhas e outras sujeiras.-Valeu!-sorriu para mim.
—Não foi nada...-menti cansado. Eu não acredito que fiz isso.
—Danny, vai dar ração pro Killer!-Brenda gritou de dentro da casa.
—Quem é Killer?-me arrepiei.
—Meu cachorro!-Danny falou jogando a vassoura no chão.-TO INDO!-gritou.
—Danny-Senpai!-ouvi uma voz gritando. De repente, um garotinho abraçou Danny.
—E aí, Gui.-Danny revirou os olhos.
—Danny-Senpai, quem é esse?!-me olhou de cima a baixo.-É um rival?!-abraçou Danny mais forte.
—Não, Gui, é meu amigo de escola.-Danny riu.
—Menos mal!-Gui fez biquinho. Sua cabeça batia no ombro de Danny.
—Quantos anos, pirralho?-arqueei uma sobrancelha.
—11!-ele mostrou a língua pra mim, azedo.
—Danny-Senpai, você disse que me ensinaria a jogar futebol!-Gui fez manha.
—Você não sabe?!-ri.
Gui escondeu o rosto, triste.
Arregalei os olhos e cerrei os dentes.
—Bem...Eu me esqueci...E hoje eu tenho compromisso...-Danny mordeu o lábio inferior acariciando os cabelos castanhos avermelhados do garoto.
—Danny, tudo bem, pode ir jogar bola!-forcei um sorriso.
Danny sorriu de canto, agradecida.
—Okay...-Danny pegou nos ombros de Gui, o afastando um pouco para que pudesse olhar em seus olhos.-Mas somente 15 minutos, certo?-arqueou uma sobrancelha.
—Tudo bem!-Gui sorriu, os olhinhos brilhando.-Ah...-arregalou os olhos.-Pra você, Danny-Senpai!-tirou um embrulho azul do bolso da bermuda.
Danny se surpreendeu, rindo, pegando o embrulho e o abrindo, pegou na mão um colar feito de cordinhas trançadas (parecido com o meu) nas cores preta e laranja, com o pingente do símbolo de Konoha (Aquele que tem na bandana do Naruto).
—Uau! Obrigada, Gui! Adorei!-Danny sorriu empolgada pressionando o colar contra o peito.
—Deixa eu colocar para você, Danny-Senpai!-Gui pegou o colar e foi atrás de Danny, ficando nas pontas dos pés, colocando o acessório no pescoço da garota.-Esqueci de dizer...Está bonita hoje! Quero dizer, sempre é, mas hoje se superou! E seu cabelo está tão cheiroso!-estava animado.
—Obrigada!-Danny riu sem jeito e me olhou de relance.-Bem, então vamos ao campinho?-falou se espreguiçando.
—Ahum! Vamos passar na casa da minha avó para pegar a bola!-Gui a puxou pela mão, contente.
—Gray, você vem?-Danny me encarou.
—OLHA SÓ!-uma garota apareceu, tinha os cabelos negros e ondulados, presos em um rabo-de-cavalo, os olhos verdes, andando de skate.-Se não é a Danny-SEM pai!-riu maldosa. Notei a ênfase.
Danny mordeu o lábio inferior e abaixou a cabeça.
—Sandy! Por que não a deixa em paz?!-Gui cerrou os dentes.-Não ligue para ela!-pegou no braço de Danny.
—Por que você insiste nessa garota?!-Sandy cerrou os punhos. Ela devia ter uns 12 anos.
—Porque, diferente de você, a Danny é alguém legal que merece que insistam na amizade dela!-me intrometi.
—Ela não tem nada de especial!-Sandy riu com deboche.
—EU VOU DAR COM ESSE SKATE NA TUA CARA!-avancei, a empurrando, a fazendo desequilibrar.
—Esquece ela, Gray!-Danny pediu séria.-É sempre assim...
Gui ficou triste, passando a mão pelo rosto de Danny.
—Eu não vou ficar parado vendo você ser ofendida!-gritei. Olhei para Sandy, ela estava incrédula.
—Você! É o Gray, filho da Jéssica e do Renan!-Sandy apontou para mim.-Nossos pais trabalham juntos, sabia que te conhecia! O que está fazendo andando com alguém tão sem classe?! Pense no que os outros irão dizer! Pense na sua fama! Você é bem melhor que isso!
Isso me irritou profundamente. Cerrei os punhos com força.
—Eu vou preso se bater nela?!-olhei para Gui furioso.
—Gray!-Danny me pegou pelo braço, seu olhar implorava para que parasse.
Me soltei bruscamente, pegando Sandy pelos cabelos com raiva e a jogando no asfalto  com força.
—P-PARA! POR FAVOR!-Sandy implorou apavorada quando ergui a mão para lhe dar um tapa.
—Gray, já chega!-Danny pediu chorosa.
—Nunca mais ouse ofender a Danny na minha frente, sua ridícula!-falei sério para Sandy. Me levantando, a deixando no chão, eu estava tenso.
Sandy se levantou rapidamente, tremendo, pisou na ponta de seu skate, ele acabou batendo em sua cara, o que foi engraçado de se ver.
—Meu pai vai ficar sabendo disso!-Sandy estava prestes a ir, com o skate debaixo do braço, mas olhou para trás por cima do ombro apenas para dizer isso. Uma ameaça?
—Não tenho medo.-franzi a testa.
—Gray, por que fez isso?!-Danny estava quase chorando.
—Te defendi. Amigos fazem isso um pelos outros.-falei sincero.
—Eu sou um fraco! Devia ter feito o mesmo! Me ensine a ser como você, Gray!-Gui me olhou determinado.
—É arriscado! E se seu pai perder o emprego?!-Danny me pegou pelos ombros.
—Tranquila...Nada vai acontecer.-sorri.
—Foi arriscado demais! Eu nem me importo mais com o que ela diz!-Danny apertou mais meus ombros.
Eu sabia que se importava, via a decepção e tristeza em seus olhos.
—Vão jogar futebol...-sorri pegando em suas mãos e as tirando delicadamente de meus ombros.
—Obrigada.-Danny sussurrou, dando um sorriso fraco.-Vamos, Gui?-olhou para o garoto acanhado.
—Vamos!-ele ficou mais animado.
—Então...Você vem?-Danny me encarou.
—Nhé...Eu espero!-falei com tédio.-Divirtam-se!-acenei.
Danny afirmou com a cabeça e lá se foram os dois.
—Não acredito.-Brenda apareceu, agora vestia uma regata azul e uma bermuda jeans, os cabelos presos em um coque.-Danniely saiu sem minha permissão!-cruzou os braços.
—Afinal, quem é aquele garoto?-perguntei.
—Um órfão. Os pais morreram em um acidente de carro deve fazer 6 anos...Ele mora em uma mansão e está sob os cuidados dos empregados. Guilherme estuda em casa, nunca foi a escola, além de nunca poder sair, não sabe fazer nada, nem jogar bola e nem andar de bicicleta, por isso pede para Danny ensina-lo. De vez em quando a governanta o libera e ele pode vir a casa da avó de consideração, uma velha senhora com saúde ruim. É a que mais merecia a guarda do garoto, porém não tem condições de cuidar de uma criança. Ela não o deixa trancado como a governanta ordena, ela deixa ser livre para brincar. Danny é a única amiga dele...-Brenda explicou séria.
—Nossa...-sussurrei pasmo, pensativo.
—E quanto a garota...-Brenda suspirou.-É neta da minha patroa. Por isso o desespero de Danny para você parar. Ela tem medo que eu perca o emprego, por isso fica quieta quanto as ofensas de Sandy.
—Desculpa! Eu não sabia!-arregalei os olhos.-Mas, sua filha tem honra!
—De qualquer forma...Você quase fez um estrago com ela.. -Brenda por um lado riu.
—Você merece coisa melhor! Meu pai pode conseguir um emprego pra você, assim você e Danny ficarão livres dessa garota e da avó dela!-franzi a testa.
—Crianças...-Brenda revirou os olhos e entrou.
☆☆☆
Guardei as vassouras e deixei o saco de lixo na lixeira, depois lavei minhas mãos com sabão de pedra no tanque que havia no quintal ao lado da máquina de lavar. Brenda estava estendendo a roupa no varal. O sol era impiedoso.
—E seu marido?-perguntei exugando as mãos na camiseta. Fiquei curioso quanto ao "Danny-Sem pai".
—Eu sou mãe solteira.-Brenda sequer me olhou, ela disse de modo frio.
—Uh...-calei a boca, incomodado, sem graça. Falando no meu pai, ele está sempre ocupado com o trabalho e não está sabendo sobre minha decisão quanto a minha sexualidade.
Ouvimos um latido inquieto.
—Ai, Killer não para de latir...Danniely podia ao menos tê-lo alimentado...-Brenda bufou.-Ainda tenho que limpar a casa, o quintal, lavar a louça...-murmurou cansada.-Tudo isso em um único dia de folga...
—Eu faço isso!-sorri convidativo.
—Garoto, é um rottweiler!-Brenda me olhou com a testa franzida.-Com fome ainda por cima!
—Eu dou conta! Cadê a ração?-falei sorrindo desafiador.
—Se você se machucar, eu não me responsabilizo!-Brenda deu de ombros.-Lá nos fundos.
Afirmei com a cabeça e segui o som do latido, chegando a um portão de ferro enferrujado, o abri arrepiando com o rangido, segui um corredor estreito com alguns brinquedos no chão de concreto, como bolas murchas, taco de baseball, bonecas sem algum de seus membros, panelinhas de plásticos...E no muro prateleiras com vasos de plantas. Avistei um balcão com um saco de ração, peguei um copo de medida e o enchi até a boca. Acho que não seria o suficiente...Depois eu voltaria para pegar mais. Segui o corredor, até virar um lugar amplo, era uma espécie de outro quintal, porém menor que o que Brenda estava estendendo roupa. Olhei ao redor e foquei em uma casinha de cachorro, desviei o olhar e encarei um rottweiler distante de mim, me encarando, estava roendo um osso de borracha que fazia barulho de pato. Gelei. Ele mostrou os dentes e começou a latir ameaçando avançar.
Arregalei os olhos, paralisado, o coração quase parando.
—SOCORRO!-gritei jogando o copo no ar e correndo, péssima idéia, Killer correu atrás de mim. E você acha que um moleque de 13 anos corre mais que um rottweiler? Então eu simplesmente pulei o muro porque não daria tempo de voltar pelo caminho que vim, e aquela foi a única saída que encontrei, subi em um balde que estava encostado na parede e tomei impulso. Minha perna quase ficou presa em uma prateleira vazia que estava quase despencando, mas fiz força e acabei rasgando minha calça e quase torcendo o tornozelo para conseguir me livrar, que sacrifício. E derrubando a prateleira. Na hora do desespero, você faz tudo.
E se eu já não estava ferrado o suficiente, havia pregos no muro, onde estava apoiando as mãos. Tipo...Você tem um cachorro desses em casa e ainda um muro com pregos? Quem é louco de assaltar esse lugar?
Consegui pular desesperado, ignorando a dor das mãos furadas.
Aí aquele cachorro ficou latindo feroz, ouvia suas unhas arranhando a parede, tentando pular atrás de mim. Meu coração acelerado, caí sentado na calçada, a cabeça doendo, ofegante.
Encarei minhas mãos sangrando, ardendo, doíam demais. Fechei os olhos com força e tentei fechar as mãos, mas não conseguia.
Killer continuava latindo, suspirei pesadamente, tonto, atordoado e assustado.
Então dei a volta e entrei na casa novamente, indo até Brenda.
—N-Não consegui...-falei com dor.
—Sabia.-Brenda riu.-Deixa comigo. Killer não gosta de estranhos.-franziu a testa.
—Percebi!-arregalei os olhos, cerrando os dentes, encarando minhas mãos.
—Manhê! Voltei!-ouvi o portão da frente se abrir.
☆☆☆
—Não acredito que tentou alimentar o Killer...-Danny balançou a cabeça com desaprovação enquanto ligava seu computador.
—Deixa isso pra lá...-murmurei.
Danny riu.
Brenda havia enfaixado minhas mãos, colocado alguns curativos e até mesmo se desculpado. Ainda assim doía muito.
—Jogaram muito futebol?-puxei assunto sentado na cama, encarando a faixa ensanguentada.
—Sim! Foi divertido!-Danny sorriu para mim.
—Eu não sei muito bem jogar...Nunca fui fã...-dei de ombros.
—Nossa, sério?-Danny me olhou surpresa.
—É...-fiz pouco caso.-Vamos decidir isso logo!-levantei e fui até Danny.
Ela colocou no YouTube, acho que ficamos uma hora pesquisando, um não concordava com o outro.
—Eu não sei cantar em japonês!-reclamei.
—Eu não quero cantar em inglês!-Danny cruzou os braços e bufou.
—Então vai em português mesmo!-falei impaciente.
—Português?-Danny fez careta.
—Paródias, que tal?-franzi a testa.
—Hum...Pode ser!-Danny deu de ombros.
—Tem uma moça...Chamada Maíra Medeiros...Acho que ela faz paródias!-pensei.
—Sei lá, vamos ver!-Danny encarou a tela do computador.
—O canal dela se chama "Nunca Te Pedi Nada"!-acrescentei.
—Tem algumas paródias...-Danny semi cerrou os olhos.
—Clica nessa!-peguei o mouse e cliquei em um vídeo.
—Paródia 24 horas por dia..."Alô, família tradicional brasileira"?-Danny franziu a testa.
—Me interessei pela tumbnail!-sorri.
☆☆☆
Escutamos a música e simplesmente a achamos perfeita, e meio que era uma indiretinha para aquela vacaranha e qualquer um que fosse igual a ela. Perfect!
Iríamos ensaiar todos os dias após as aulas!
Já na casa da Nancy...
—Devem estar curiosos porque os chamei aqui!-Nancy sorriu, tossindo em seguida.
Todos da A.U.F. estavam lá.
—A União Fujoshi precisa decidir onde será o local do nosso novo QG!-Bárbara tomou a palavra.
—Podemos aproveitar as férias para arrumar nosso lugarzinho!-Nancy disse espirrando.
—Saúde!-Yuki falou.
—Valeu...-Nancy agradeceu.
—Então...Sugestões?-Bárbara pegou um bloquinho de notas e uma caneta gel rosa.
—O que é aquilo?-Bella olhou pela janela, apontando para o que parecia ser uma casa na árvore.
—Nossa antiga casa na árvore...-Nancy tossiu.
—Uou!-Lya ficou do lado de Bella.-Com uma reconstrução ficaria demais!-sorriu animada.
—Ia ser muito incrível nosso quartel ser na casa da árvore!-Danny disse empolgada.
—Irei anotar!-Bárbara escreveu em uma folha do bloquinho.-Mais sugestões?-bateu com a ponta da caneta no queixo.-Yuki?-olhou para a japa.-Concorda?
—B-Bem...Eu tenho medo de altura...-Yuki sorriu sem graça e começou a mexer em uma mecha de cabelo com certo nervosismo e ansiedade.
—Tudo bem, Yuki-chan!-Leo sorriu passando o braço por seus ombros.-Eu vou estar lá pra te proteger!-lhe mandou uma piscadela.
Cerrei os dentes.
Yuki assentiu um pouco mais confiante.
—E você, Gray?-Bárbara apontou para mim com a caneta.
—Pode ser na casa da árvore, não sou igual certas pessoas medrosas que tem medo até de uma folha.-cuspi as palavras.
—Ei, dá pra pegar leve?-Leo me repreendeu, me olhando de maneira receosa.
—O que? É demais pra "Yuki-Chan"?-perguntei indignado, falando o nome dela com desdém.
Lya já havia percebido o clima.
—Epa, epa, epa! Calminha aí!-ela riu nervosamente vindo do meu lado.
Franzi a testa.
Yuki estava de cabeça baixa, os ombros caídos.
—Decidido então que...-Nancy tossiu.-O novo QG será a...-tossiu novamente.-Casa na árvore?-botou a mão na boca para evitar a tosse. Estava vermelha e com os olhos lacrimejados.
—Você tá bem?-Bella perguntou preocupada.
—To ótima!-Nancy espirrou.
—Bem, então...Do que vamos precisar?-Bárbara chamou a atenção de todos.
—Materiais de construção, claro.-Leo disse com tédio.
—E quanto a decoração?-Bárbara olhou para cada um.
—Um tapete bem grandão e fofinho pra poder deitar!-Danny disse super empolgada, levantando as mãos para o ar, e deitando no chão, rolando de um lado para o outro.
—Também dá pra colocar...-Lya ia falar, porém foi interrompida pelo celular de Bárbara que começou a tocar.
—Ops, desculpem! Esqueci de desligar!-Bárbara riu sem jeito pegando o celular em cima da cama.-Quem...-encarou a tela.-Nath...-deu um pequeno sorriso envergonhado e colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha.-Se me dão liçença...Preciso atender, é importante!-colocou o aparelho contra o peito.
Bárbara já ia saindo, quando foi parada por Nancy que pegou o aparelho sem esforços.
Bárbara a olhou assustada, tentando pegar de volta, enquanto Nancy simplesmente atendeu e levou o aparelho ao ouvido.
—Quer parar de ligar pra minha irmã?!-Nancy franziu a testa.-Principalmente de madrugada, é um saco ouvir o celular tocando! Não consigo dormir direito!-tossiu.-Faça o favor de parar de incomodar!-bufou.-Que...? Não! Não tenho nada contra!-gritou.-CIÚMES?! Vá se ferrar! Namorem de uma vez então!-cerrou os dentes.-E não ligue! Estamos em reunião!-desligou.
Todos nos entreolhamos.
Nancy pigarreou.
—Podemos voltar...-Nancy engasgou.
—Está bem mesmo?-Yuki se preocupou.
—To sim!-Nancy caiu sentada na cama de Bárbara, os ombros caídos, o nariz vermelho, cansada.-Não se importem. Continue.-fez um sinal para a irmã prosseguir e em seguida cruzou os braços.
—Certo...-Bárbara estalou a língua.-Ah...Também devemos decidir quem fica com a liderança da A.U.F.! Quero dizer, isso serve apenas para que alguém tome conta e assuma as responsabilidades. O mais justo é uma votação.-ela encarou o bloquinho.
—Ah, eu gosto da Nancy como líder!-Danny levantou a mão.
—Também, apesar dela ser bruta...-lembrei que me amarraram na cadeira.
—É, Nancy manda bem.-Lya sorriu colocando as mãos na cintura.
—Valeu ae, pessoal!-Nancy fez sinal de positivo com o polegar nas duas mãos, parecia bêbada.
—Danny, Gray e Lya votam para Nancy, então?-Bárbara anotou em seu bloquinho.-Leo e Yuki, objeções?-olhou para os dois. Leo estava observando Yuki brincando de cama de gato.-Mereço...-ela revirou os olhos e relaxou os ombros quando foi ignorada.-Dá para os dois namoradinhos me ouvirem?-pigarreou, consertando a postura.
—Desculpa!-Yuki tentava segurar o riso, trocando olhares com Leo.
Eu estava incrédulo e indignado.
COMO ASSIM?!
—Nancy me parece uma boa líder.-Yuki falou docemente.
Essa voz me irrita!
—Nancy venceu pelo jeito! Acho que ela cuida bem da A.U.F.!-Leo deu de ombros.
—Nancy, estamos concedendo a você um cargo importante, você deve honra-lo.-Bárbara disse séria.
—Eu honro e o aceito com todo prazer!-Nancy se levantou determinada, o punho cerrado no peito.-Valeu por confiarem em mim, pessoal, não irei decepciona-los!-sorriu abertamente.-Sinto como se fosse a mãe de vocês!-colocou as mãos na cintura.
Rimos e reviramos os olhos.
—Prometo sempre ser fiel a A.U.F.!-Nancy se ajoelhou como se fosse um cavalheiro fazendo um juramento ao rei.
—Viva a Nancy!-todos batemos palmas empolgados e agitados. Eu nem tanto...Algo (ALGUÉM) tirava minha animação.
Aí, de repente...Nancy caiu deitada no chão, de cara.
—NANCY!-Bárbara se ajoelhou ao lado dela.-Ah, Nancy...-suspirou sentando-se e colocando a cabeça da irmã em seu colo com cuidado.
—O que ela tem?!-Bella arregalou os olhos.
—Ela desmaiou?-Danny piscou os olhos várias vezes.
—Está queimando de febre...-Bárbara balançou a cabeça com desaprovação passando a mão pelo cabelo de Nancy, o alisando.-Ela precisa descansar...-deu um sorriso sincero de canto.
—Achava que era de ferro...-arqueei uma sobrancelha e cruzei os braços.
—Ela também acha isso...-Bárbara olhava bem para Nancy, toda carinhosa ao mexer em seu cabelo, desmanchando o coque bagunçado.
Todos sentaram-se em volta delas.
Menos eu. Estava sentado na cama da Bárbara.
—Outro dia, na volta para casa, começou a chover muito forte, eu havia esquecido meu casaco e não tínhamos nenhum guarda-chuva, então ela me entregou a camisa dela...-Bárbara passou a mão pela camisa xadrez de manga longa amarrada na cintura de Nancy.-Para que eu não me molhasse mais do que já estava...Ela voltou para casa toda encharcada, gelada e tremendo de frio...Nancy é bem cabeça dura, porque apesar de eu ter insistido que não precisava da camisa, ela me obrigou a ficar.-suspirou sorrindo.
—Ela se preocupa com a gente...-Danny deitou-se no chão de barriga para baixo e apoiou a cabeça nas mãos, balançando as pernas no ar.-Tipo quando me protege dos babacas que ficam mexendo comigo...-fechou a cara e virou o rosto.
—Ou quando nos acompanha até em casa não importa o quão tarde seja e tenha que voltar sozinha...-Bella sorriu de canto.
—E quando se quebra toda apenas para nos ensinar a andar de bicicleta...-Yuki falou baixinho.
—Ah...Por isso ela voltou pra casa com os restos de um capacete e cheia de curativos?-Bárbara arregalou os olhos.
—Pedi para ela me ensinar...Sabiam que ela arranjou briga com o cara que dirige o caminhão de entregas do bar?-Yuki disse surpresa.-Começou a dizer que ele não sabia dirigir, que era um perigo para a sociedade, que estava na contra mão, que não sabia estacionar...Tudo isso porque eu quase bati de frente com ele enquanto andava de bicicleta...-encolheu os ombros, tímida.
—Eu admiro o jeito que Nancy se dedica...-Lya falou, cruzando os braços.-A gente ainda vai se dar mais bem do que já está dando!
—Já pararam pra pensar que...-Leo comentou.-Acima de tudo, hum, somos todos uma, sei lá, família?
Todos nos entreolhamos.
—Isso é verdade...-Bella afirmou com a cabeça.
—Galera...Vão se preparando...Pois Nancy está planejando treinar a gente durante as férias...Para sermos tipo ninjas ou espiões em nossas missões de juntar garotos...-Bárbara riu nervosa.
—Vamos aprender Parkour?!-Danny se animou.
—Provavelmente!-Bárbara sorriu.
—Gostei desse treinamento!-Lya sorriu.
—Sei não...-Yuki e Bella se entreolharam receosas.
—Descobri isso vendo o caderno dela que ela escreve toda noite enquanto eu durmo...Acordei uma madrugada e vi ela dormindo em cima das anotações...As vezes ela vira a noite escrevendo...-Bárbara comentou.-Isso faz mal...Pois além de não descansar, está forçando a vista pois só usa a lanterna de um chaveiro como fonte de luz para não me incomodar...-suspirou preocupada.-Antes mesmo de vocês darem a idéia da casa da árvore, ela já estava fazendo projetos...Como vai ser o interior e exterior da casa, o que iremos precisar, ela se esforçou para que tudo saía perfeito...Mas, ela estava disposta a jogar tudo fora caso vocês tivessem outra opinião...
Ficamos em silêncio um tempo.
—Bem...Alguém pode me ajudar a coloca-la na cama?-Bárbara se levantou e teve o maior cuidado para deitar a cabeça de Nancy no chão novamente.
Leo, Bárbara e eu a colocamos deitada na cama. Bárbara foi buscar uma toalha gelada, as meninas foram atrás dela. Cuidadosamente tirei a camisa amarrada na cintura de Nancy e pendurei na cabiceira da beliche de cima. Ficamos só eu e...O Leo...Só nós dois...Sozinhos...No quarto...Só eu e o Leo.
E eu estava parecendo um idiota. Todo nervoso, com o rosto quente, o coração acelerado, só faltava desmaiar também.
—Você tá bem?-Leo perguntou.
Eu não sei agir em uma situação assim!
Não fala comigo! Não fala comigo! Não fala comigo!
—Não fala comigo!-soltei sem pensar.
Leo arregalou os olhos, depois franziu a testa.
—Nossa, tá legal! Se não quer conversar, não precisa ser grosso!-Leo disse sério.
—Não...N-Não...Na-Não foi isso que eu quis dizer!-gaguejei.-Burro! Burro! Burro!-bati em minha cabeça.
—Você tá estranho, cara!-Leo me olhou com uma sobrancelha arqueada.
—Eu? Estranho?-ri nervosamente. Ficar frente a frente e a sós com o amor da sua vida...Que tipo de comportamento esperava de mim? Principalmente após aquela ligação! Ligação...
Leo não respondeu quem salvaria e ficaria para sempre.
—Como vão as coisas com Yuki?-eu sou burro. EU NÃO QUERO SABER DELA! Cérebro traidor! Modo automático idiota!
—Super bem! Ela é incrível! Podíamos marcar de sair nós três!-Leo sorriu.-Espera...-ficou desconfiado.-Por que tá perguntado sobre ela? Você nem vai com a cara dela, que eu sei!-franziu a testa.
—To sem assunto.-murmurei.
—É a mesma coisa de eu perguntar como vai você e o Nath...-Leo cruzou os braços e revirou os olhos.-Soube que Grazi gosta dele...Afe! Se gostasse de mim, até entenderia...Mas, do Nathaniel?! Que mau gosto!-falou indignado.-Barbarth ou Grazith?-sorriu me encarando.
—Nenhum. Nathaniel não presta.-falei dando de ombros. Era meu amigo, mas não prestava. Não imagino Nathaniel namorando sério.-Não que eu me preocupe...Mas se ele magoasse a Grazi, quebrava a cara dele. E Bárbara é minha amiga, não ia gostar dele magoando ela.
—Ah...Se ele não presta, por que se beijaram?-Leo perguntou com a cara fechada.
Corei.
—Ele quem me beijou!-tentei me defender.
—Mas você não recusou!-Leo veio para frente, me fazendo recuar alguns passos.
—Como sabe?!-franzi a testa.
—As notícias correm pela A.U.F.!-Leo revirou os olhos.-Não queria que eu soubesse? Achei que fôssemos amigos, que a gente contasse tudo um pro outro...
—Somos!-eu disse. Queria que fôssemos mais que amigos, né...-Então me conta...O que sente pela Yuki?!-perguntei e nem me dei conta que acabei pisando na caneta da Bárbara no chão, a fazendo rolar por debaixo de meu pé, me deixando sem equilíbrio, acabei caindo...Ou quase.
Eu vou morrer.
Leo havia me segurado pela cintura e eu segurado em seus ombros. Ambos com os olhos arregalados e dentes cerrados.
—E-Eu sinto...-Leo falou baixinho, aliviando sua expressão, ainda me segurando firme, nossos rostos ficaram mais próximos.-Algo menos que amor, mas mais que amiz...
—Espera...Algum dia, você podia sentir isso por sei lá...Algum garoto? Que você conhece? Que são beeeem amigos?-o cortei, rindo nervosamente.-Talvez ele seja loiro?
Eu sou burro mesmo. TO ME ENTREGANDO!
Leo piscou os olhos várias vezes, surpreso.
—A-Ah...-acho que ele se deu conta da indireta DIRETA. Queria esconder minha cara toda corada!
—LEO! VEM AQUI!-Lya gritou.
Leo me colocou de pé, se despedindo breve e correndo, batendo a porta atrás de si.
Suspirei derrotado, ajeitando meu cabelo.
Voltei a ficar perto de Nancy.
—Ah...Leo...Porque eu te amo tanto?-senti meu coração bater intensamente.
Senti algo agarrar minha perna de repente, arrancando de mim um grito.
—Quer dizer que ama? Que clima foi esse?-Nancy estava acordada, os olhos semi cerrados e um sorriso malicioso nos lábios, soltou minha perna e sentou-se na cama.
—Você v-viu?-engoli em seco.
—Senta.-Nancy ordenou.
Sentei-me ao seu lado.
—O que tá acontecendo? Você ama o Leo e está com ciúmes da Yuki, né?-ela me olhou, cheia de cansaço, tossindo.
—É!-falei mordendo o lábio inferior.
—Sabe que...Tem que respeitar a decisão dele, não é?-Nancy me olhou séria, os olhos vermelhos.
—Sei...Mas preferia que ele me escolhesse! O que ele vê na Yuki?-falei cabisbaixo.
—O que Bárbara vê no Nath? O que você via no Nath? E...O que Nath via em você?-Nancy riu.-E o que ela via nele...-murmurou pensativa.
—Ela via nele? Quem?-franzi a testa.
—Ninguém.-Nancy afundou o rosto nas mãos.-Enfim...Quando se trata de gostar...Cada um vê no outro algo especial que talvez os outros não vejam...Talvez ele não tenha visto nada em você...Ainda!-Nancy socou meu ombro de leve.-Ou talvez...Ele só esteja confuso.
—Confuso?-arqueei uma sobrancelha.
—Confuso com os sentimentos, fala sério, vocês estão na pré-adolescência, aquela bobeira de querer achar um amor! Bárbara pode muito bem gostar do...Hum...Nosso vizinho! Mas acha que está apaixonada pelo Nath!-Nancy disse gesticulando com as mãos.
—Aonde quer chegar?-perguntei.
—Nenhum lugar! Porque isso não faz sentido! Não temos controle sobre isso! Não se entende o amor, se vive o amor!-Nancy me encarou.-Odeio falar sobre isso! Bagunça meu cérebro! E eu não quero ser alguém que fala sobre sentimentos!-cerrou os dentes vriando a cara.
—Você quer ser alguém durona.-falei a olhando.
Nancy me fitou.
—Você quer ser durona, quer ser protetora, quer cuidar de tudo sozinha.-franzi a testa.-E eu to sentindo que você...Tem medo de se entregar na mão de alguém, receio de que alguém cuide de você e depois te abandone...-aliviei minha expressão.
Nancy encolheu os ombros e desviou o olhar.
—Foi na sua idade...Só faz dois anos, pensando bem.-ela abaixou a cabeça.-Eu...E-Eu...-hesitou.-Gos-Gostava...-cerrou os dentes.-De uma garota!
Arregalei os olhos.
—Acho que confundi as coisas...Me entreguei...Confessei tudo o que sentia...Pra no fim ela me trocar por um garoto...E aí ambos espalharem pro colégio inteiro o meu segredo que guardo a sete chaves...Então eu fui expulsa...
—Por que?-franzi a testa.
—Digamos que...Eu fui tentar ensinar ele e ela a voarem...-Nancy deu uma risada abafada.-A diretora do orfanato ficou uma fera comigo, era a terceira escola que eu havia sido expulsa, pensaram até em me mandar pra um internato fora do país...
—Espera aí!-arragalei os olhos.-Orfanato?!-a encarei surpreso.
—Vim de lá...-Nancy sorriu me olhando.-A minha história é bem complicada...Com cinco anos eu e Bárbara fomos adotadas juntas...
—Significa que não são irmãs de sangue?-perguntei perdendo a voz.
—Acho que não...-Nancy suspirou.-Mas, para mim...É sim! Somos irmãs de alma e coração! E até de sangue se eu puder dizer!-sorriu.-Fomos adotadas por mamãe e papai...Porém eu comecei a dar muito trabalho e eles me devolveram...-cerrou os dentes e semi cerrou os olhos, encolhendo os ombros.-Disseram que eu dava muito trabalho, era agitada, inquieta, só recebiam reclamações...Então me levaram de volta para o orfanato, me afastando de Bárbara. Com 13 anos, após a expulsão, a diretora não me aguentava mais e queria me ver longe dali...Consegui me comunicar com Bárbara e desabafar a situação...Foi ela quem convenceu nossos pais a me adotarem novamente, me darem uma nova chance...-ela virou o rosto.-Estou me comportando pelo jeito...-cruzou os braços e voltou a me olhar, dando um sorriso fraco.
—U-Uau...-fiquei sem palavras.
Ouvimos as vozes das garotas se aproximando.
Nancy arregalou os olhos e deitou-se rapidamente.
—Não conte isso a ninguém!-pediu em um sussurro me mandando uma piscadela.-Agora, vaza!-me chutou fechando os olhos rapidamente e se fingindo de morta.
Caí de cara no chão, a porta foi aberta e as meninas logo entraram no quarto caladas.
—Não façam barulho!-Bárbara sussurrou.-Gray?-arqueou uma sobrancelha me olhando.
—To bem!-murmurei.
—Nancy está dormindo tão serena!-Yuki sorriu.
—Deixa eu colocar a toalha na testa dela...-Bárbara pegou uma toalha de rosto de dentro de uma bacia pequena com água fria que Bella segurava. Ela torceu a toalha e dobrou, colocando na testa da irmã, acariciando seus cabelos que chegavam a grudar no rosto por conta do suor.
—Ei, mas ela tá bem?-Danny franziu a testa.-Parece morta!
—Nancy é assim...Dorme feito pedra...-Bárbara sentou na beira da cama.
Ela parecia desmaiada. Nancy fingia bem.
—Acredito que tenhamos que escolher uma vice-líder para casos assim...-Lya comentou.
—Verdade!-Leo concordou.
—Certo...-Bárbara se levantou e pegou o bloquinho no chão.-Ué...-pegou a caneta um pouco mais distante.-Como isso veio parar aqui?-murmurou pensativa.
Eu e Leo nos entreolhamos brevemente, corei, abaixando a cabeça.
Bárbara deu de ombros e ficou no meio do quarto.
—Vamos a votação!-sorriu se preparando para escrever.
—Como você e NanNan são irmãs...Voto pra você!-Danny apontou pra Bárbara.
—NanNan?-Yuki arqueou uma sobrancelha.
—Eu a apelidei assim! Tipo o Pardo que chama o Panda de PanPan em Ursos Sem Curso!-Danny sorriu orgulhosa.
—Eu voto pra Lya!-falei dando de ombros.-Ela parece um agente do governo...
Lya me mandou um beijo no ar.
—Ah, Lya é bem dedicada mesmo! As vezes até me assusta...-Yuki rio nervosa.
—Dois votos pra Lya e um para mim.-Bárbara falou mordendo a ponta da caneta.
—Acho que Bárbara, afinal, são irmãs, sabem de tudo uma da outra, moram na mesma casa, caso uma fique doente ou indisponível, a outra sabe onde encontrar coisas importantes como papéis, projetos ou anotações em cadernos...-Bella disse.
—Leo, cabe a você decidir...Já que nem eu e nem Lya podemos votar...-Bárbara falou apontando para Leo com a caneta.
—De um lado minha maninha "querida"...Do outro, a Babs linda...-Leo pensou.-Acho que vou pela da Bella!-sorriu decidido.-Além de não querer Lya mandando em mim como vice-líder!-mostrou a língua e cruzou os braços.
—Já mando!-Lya puxou a orelha de Leo.
—Então, Bárbara ganhou!-Danny sorriu.
—Obrigada! Vou tratar de ser uma ótima vice-líder, não os decepcionarei!-Bárbara disse cheia de dedicação.
Comemoramos em som baixo, tudo para não pertubar a Nancy que dormia serenamente...
—Bem, acho que devemos ir!-Bella falou colocando a bacia de água em cima da cômoda.-Deixar Nancy e Bárbara descansarem...
☆☆☆
E FINALMENTE AS AULAS TERMINARAM!
Férias! Liberdade! Festival!
Uma pena Danny ter repetido de ano...Eu falei. Falei que ela ia acabar repetindo de ano tanto pela ausência quanto pelas notas vermelhas. Fiquei triste por ela.
Eu passei! Raspando...
Bella passou de boas! Ostentando as notas acima da média!
Bem, o festival aconteceria na última semana de dezembro, com a duração de cinco dias...Sendo dispensados no dia 31.
Mamãe levou eu, Grazi, Grace, Danny até a praia. Estava lotada, o sol queimando, uma brisa quente, vendedores ambulantes, o palco sendo montado.
—Agora é por conta de vocês.-mamãe nos alertou enquanto tirava nossas mochilas do porta-malas.-Grace, você é responsável por eles.-disse séria.
—Certo...-Grace revirou os olhos.
—Venho para ver as apresentações, não se preocupem! Mas agora preciso voltar pra casa, papai precisa de mim, as gêmeas estão com virose.-mamãe suspirou.-Passem protetor solar, não falem com estranhos, fiquem no campo de visão da Grace, se algo acontecer me liguem, não nadem muito fundo no mar, divirtam-se...-tagarelou.
—Tá bom, mãe!-Grace revirou os olhos, levando as mãos a barra da regata e a tirando. Já de biquíni, da cor verde-água com pequenas notas musicais brancas. Em seguida, desabotoando o botão e abrindo o zíper do short jeans curto, prestes a tira-lo, porém interrompida por mamãe.
—Ei, mocinha, tem muitos garotos por aí, eles vão ficar olhando pra você!-mamãe franziu a testa.
—Ah, manhê...-Grace revirou os olhos novamente e cruzou os braços.
—Mãe, é uma praia!-Grazi colocou as mãos na cintura. Também já havia tirado a blusa. Essa queria se mostrar. O desespero por um namorado é tenso.-Típico as garotas andarem de biquíni, e os garotos não olhariam exatamente para Grace, né!-bufou.
—Quero proteger minha garotinha! Ou melhor, minhas garotinhas!-mamãe arqueou uma sobrancelha.-Até você, senhorita Danniely!-olhou para Danny.
—E-Eu...-Danny riu sem graça. Já estava de maiô, um roxo com listras pretas, usava como regata, junto com um short jeans e chinelos de dedo.
—Mãe, você não tinha que ir pra casa? Papai, Giovanna e Giullia precisam de você!-Grazi disse impaciente.
—É, Jéssica, "suas garotinhas" estão crescendo...-falei irônico cruzando os braços e olhando mamãe.
—Fica quieto!-mamãe franziu a testa.-Quero tirar uma foto das MINHAS GAROTINHAS!-a ênfase foi uma indireta para mim. Ela pegou seu celular e mandou as garotas se posicionarem. Eu não estava incluso.
Danny ficou no meio, fazendo sinal de paz e amor (salve) com as duas mãos, Grace com uma mão na cintura, passando um braço pelos ombros da menor e Grazi sorrindo com os braços cruzados atrás da cabeça. Mamãe tirou a foto e Danny meio receosa veio falar comigo.
—Me sinto uma tábua perto das suas irmãs...-Danny disse frustrada.
—Se sinta. Aceita que dói menos.-falei com desprezo, cruzando os braços.
—Ei, você é mau!-Danny choramingou.
—Tia Jessie!-ouvi a voz de Leo e logo o vi abraçando minha mãe, ele, Lya e Luciano haviam acabado de chegar como nós.-Grazi, Grace, Danny!-acenou para as garotas.-Gray!-sorriu para mim. Me derreti...Que sorriso lindo...Que garoto lindo...Que cenário lindo...Com ele ficou mais lindo ainda...
—Gray!-Lya estalou os dedos na frente de meu rosto.-Tá babando!-riu.
Voltei a mim, rindo nervosamente.
—Ei, animada para o festival?-perguntei.
—Demais! Você mal espera o que eu e Leo iremos apresentar!-Lya sorriu.-E você e Danny?
—Vamos arrebentar!-Danny disse empolgada pulando de alegria.
—Bem, vamos ver onde vamos acampar!-Grace disse pegando suas coisas. Ela e Lucio estavam conversando.
Meu shipp.
Ai, meu coração...Coração de shipper...E coração de shipper nunca se engana! Ah, não!
—Terra chamando Gray!-Lya e Danny gritaram no meu ouvido e me balançaram.-Você tá muito distante hoje!
☆☆☆
—Então, separar garotos das garotas? Ou misturado?-Grace perguntou para nós. Os dormitórios eram cabanas de madeira, todos tinham duas beliches. Há também quem preferisse ficar em outro lugar, como hotel, casa de parentes ou nem dormir por lá. Mas seria mais divertido compartilhar a cabana com meus amigos!
Minha cabeça deu um estalo.
—Fica assim, Leo, Lya, eu, Danny e Grazi aqui e você e Lucio no outro dormitório!-falei sorrindo.
—Não.-Grace cruzou os braços e arqueou uma sobrancelha.
Lya e Leo me olharam confusos, assim como Danny, mandei uma piscadela discreta para os três e todos entenderam o recado.
—Eu e Grazi podemos dividir uma cama!-Danny falou sorrindo.
—Ficamos os cinco aqui e vocês dois lá!-dei de ombros.
—Eu sei qual o seu plano, espertinho!-Grace sussurrou, franziu a testa e me encarou mortalmente.
—Que plano? Não tem plano nenhum!-eu disse de modo inocente e fofo.
—De qualquer forma, eu não posso ficar em um quarto com um garoto, só nós dois!-Grace disse incomodada, as bochechas ficando levemente vermelhas.
—Claro que pode!-eu disse de modo simples.
—Gray!-Grazi me repreendeu.
—São praticamente irmãos!-dei de ombros.-Assim como Lya é uma irmã para mim e Leo...-engoli em seco.
Lya me encarou fazendo sinais para que eu calasse a boca.
—Certo, eu vou com eles...-Grazi se rendeu relaxando os ombros.-E como vai sobrar uma cama, levo a Lety junto!-sorriu animada.
Revirei os olhos e cruzei os braços.
—Humpf!-Grace me olhou de cara feia.-Vamos deixar nossas coisas lá e depois nos encontramos...-saiu do dormitório junto de Grazi e Luciano.
—Qual é?-Lya sorriu maliciosa.-Tentando empurrar a Grace pro Lulu?-segurou em meus ombros e me olhou nos olhos.
—Tá na cara que se gostam...Tem que ficar juntos!-revirei os olhos.
—Ah...-Lya sorriu travessa.-Ei!-arregalou os olhos.-Isso me lembra algo!-me balançou.-Venha cá, mocinho!-me puxou para fora, deixando Leo e Danny confusos.
—Ai, que foi?-a encarei. Ela fechou a porta do dormitório.
—E a carta? Aquela carta de amor que você disse que escreveria pro Leo e entregaria após a apresentação?!-Lya disse eufórica.
—Ah!-minha cabeça deu um estalo.-Está na minha mochila! Todos meus sentimentos no papel!-me animei.-Será que dará certo?-comecei a ficar nervoso e roer as unhas.
—Veremos!-Lya me mandou uma piscadela e fez sinal de positivo com o polegar.-Agora vamos aproveitar o tempo na praia!
☆☆☆
Encontramos as garotas da A.U.F. Nancy estava de braços cruzados, andando com um guarda-chuva (Guarda-chuva e não guarda-sol), de camiseta e bermuda, ambas pretas. Bárbara com a parte de cima do biquíni rosa e um short pink. Bella de regata e short, assim como Yuki. Falando em Yuki...Leo foi direto nela. Argh! Que raiva!
—Nancy?-falei com um tom divertido.
—Não pergunte...-Nancy tirou da gola da camiseta um óculos de sol e colocou no rosto.
—Peguei!-Bárbara pegou o guarda-chuva com as cores do arco-íris.
—Ei!-Nancy reclamou.-Devolve isso!-murmurou.
—Qual o problema?-Lya se aproximou de Nancy.
—Não gosto de tomar sol...-Nancy pegou o boné (também preto) amarrado no passador de cinto de sua bermuda e colocou, seus cabelos presos em um coque.
—Mamãe disse que isso é só uma fase e logo passa!-Bárbara suspirou fechando o guarda-chuva.-Vem cá, bota ao menos uma regata, sei lá, tá um calor aqui que só por Deus...
—Cadê o protetor solar?-Nancy perguntou.
—Aqui!-Bella tirou um de sua mochila.
—Valeu!-Nancy lambuzou seus braços, pernas e rosto com protetor solar.
—Me dá agonia te ver com essa camiseta!-Bárbara cerrou os dentes.
Nancy bufou. Ela retirou a camiseta, por baixo vestia uma regata. E adivinha a cor? Azul!
—Satisfeita?-sorriu sarcástica jogando a camiseta para Bárbara.
—Você tava vestindo uma regata por baixo da camiseta?! Como não cozinhou?!-Bárbara encarou a camiseta em suas mãos.-Vai dizer que está de short por debaixo da bermuda?
—Não sei...Quem sabe?-Nancy deu de ombros, colocando as mãos na cintura.
—Gente, as apresentações começam a noite...-Bella disse lendo um panfleto.
—Então, temos o dia inteiro pra aproveitar pelo jeito!-falei me espreguiçando.
—E mais uma coisa!-Nancy tomou a palavra.-Fujoshis e fudanshis, juntar!
—O que?-Yuki perguntou curiosa.
—Teremos nossa primeira missão séria!-Bárbara sorriu.
—SÉRIO?!-todos ficamos surpresos e animados.
—Ahum!-Nancy assentiu determinada.
Lya pigarreou e não sei da onde tirou o caderninho dela.
—Seremos as responsáveis por juntar o Nicolas e o Matheus, aquele casal em andamento, lembram-se?! E como somos muito boas no que fazemos, tentaremos até mesmo descobrir o que aconteceu para se afastarem!-Lya comentou dando uma olhada em suas anotações.
—Aproveitaremos o festival!-Bárbara falou.
—E com isso, o baile!-Nancy sorriu.
—Vamos unir essas duas metades!-Danny disse empolgada.
—Certo, podemos iniciar nosso plano de noite, pois é a hora que vão chegar!-Lya assentiu.
—Ora, ora, parece que temos um Xeroque Rolmes aqui...-eu disse com uma sobrancelha arqueada.
Lya revirou os olhos rindo.
—Lya é a Lya!-Leo riu dando de ombros.
—Eu sei de tudo!-Lya se gabou.
—Teremos tempo para nos divertir e para planejar!-Bella sorriu.
☆☆☆
Yuki saiu para ensaiar com a amiga dela, Bella foi junto, elas quiseram manter mistério e deixar a apresentação em segredo. Bom, assim a Yuki saí do mapa!
Grace foi tomar sol. Danny, Bárbara e Luciano foram pro mar, Nancy ficou com seu guarda-chuva, sentada em uma toalha, tomando sundae, e sim, ela estava usando um short jeans por debaixo da bermuda.
Eu, Grazi, Lya e Leo fomos jogar vôlei, estávamos todos em uma área pouco movimentada da praia. Meninos contra meninas.
—Vamos acabar com eles!-Lya sorriu desafiadora, trocando toques com Grazi.
Revirei os olhos.
—To torcendo pra você, Gray!-Nancy assobiou, olhando em minha direção.
—Vamos vencer delas!-Leo me olhou sorrindo e me mandando uma piscadela.
Pisquei os olhos várias vezes.
—Vamos!-disse determinado.
—Lá vai!-Grazi anunciou, já com a bola, sacando.
E ficamos jogando assim.
Até uma hora que a Lya foi jogar a bola.
—Eu pego!-eu e Leo dissemos ao mesmo tempo, indo na direção da bola, acamos trombando um no outro, e eu e a bola caímos na areia.
—PONTO!-Lya comemorou.
—Vencemos!-Grazi pulou de alegria.
—Você tá bem?-Leo riu me estendendo a mão. Também ri.
—Acho que sim...-sorri sem jeito pegando em sua mão, ele me levantou. O encarei, eu devia estar parecendo um idiota. E devia estar corado.
Olhei por cima de seu ombro, Nancy olhava a cena por cima dos óculos de sol, fazendo sinal de positivo com o polegar.
—A-Ah...Leo, já sabe com quem vai ao baile?-perguntei coçando a nuca, sentindo a areia entre meus dedos.
Então, ouvi um som de flash. Olhei para Lya e ela estava tirando foto.
—LYA!-gritei ficando vermelho.
—O que? Estou guardando os momentos felizes entre os dois, as últimas fotos do ano!-Lya sorriu inocente.
—Quem não te conhece que te compre!-Leo revirou os olhos, pegando a bola e tentando jogar na irmã.
Suspirei relaxando os ombros.
Grazi me olhou de relance, cruzando os braços.
—Ei, maninha!-fui até ela.-Você adora banho de mar! Por que não vamos nadar?
—Estou sem vontade!-Grazi virou o rosto.
—Zizinha!-ouvi uma voz ao longe gritar. Letícia vinha correndo toda alegre, os cabelos presos em maria-chiquinhas baixas, tentando ser fofa, com um biquíni preto com babados amarelos.
—Zizinha! Te procurei por toda parte!-Letícia abraçou Grazi.
—Desculpa, Lety, tentei te ligar, mas você não atendia! Meu celular ficou no dormitório!-Grazi fez biquinho.
—Esquece isso! Vamos nos divertir!-Letícia a abraçou mais forte.-Que tal um banho de mar?! Tá muito quenteee! Bora se refrescar!
—Claro! Eu adoro banho de mar!-Grazi sorriu de orelha a orelha.
Letícia a puxou até o mar, e elas começaram a pular, jogar água uma na outra, rirem alto.
Permaneci calado e sério, apenas encarando a cena.
—Afe!-Lya se apoiou em mim.-Odeio a "Lety"!
—A Grazi está brigada comigo por causa dessa vaca!-cerrei os dentes.
—Vem!-Lya sorriu me puxando pro mar, começamos a brincar, Leo se juntou a nós e trouxe Nancy junto.
—Vem, Nancy!-chamei. Ela hesitava. Estava apenas com os pés na areia molhada.
Nancy deu de ombros, tirando o boné, os óculos, e a regata, por baixo vestia um top.
E veio até nós, um tanto desajeitada, me empurrando na água, e assim começamos a brincar.
Grazi e Letícia distantes, mas ouvíamos suas risadas.
—Olha só! Quem está se divertindo!-Bárbara riu de Nancy. Ela, Luciano e Danny haviam ido tomar sorvete e ver como estava a montagem do palco.
—Posso participar também?-Grace se aproximou, sorrindo com as mãos na cintura.
Danny veio até mim, pulando, como se eu conseguisse segura-la no colo, acabamos caindo, espalhando respingos por toda parte, rindo. A água estava uma delícia!
Decidimos nadar mais fundo, até a água bater em nosso pescoço, nos afastando de todos.
—Devíamos voltar...-Danny comentou. Ela havia me dado a mão por estar com medo.-Ei, Gray...-me olhou sorrindo.
—Diga.
—Você é o irmão que eu nunca tive!-Danny confessou.
—Espera...Você não tinha um irmão?-arqueei uma sobrancelha.
—Não crescemos juntos, ele nunca teria me defendido, ele não cuida de mim como você cuida.-Danny abaixou a cabeça.
Sorri sincero.
—Beleza, mana!-baguncei seus cabelos.-Vamos voltar!
Ouvimos uma gritaria, olhamos assustados para onde o grupo estava. Grace correu até Letícia...Porém eu não via minha gêmea.
—Droga!-cerrei os dentes. Puxei Danny para irmos mais rápido.
Eu estava preocupado, tentando chegar até elas, mas não conseguia, era desesperador, a água não baixava, o mar era mais imenso que o comum.
Vi Luciano carregar Grazi no colo, a colocando na areia e todos ficarem a sua volta.
—O que será que aconteceu?!-Danny perguntou assustada.
Chegamos finalmente, cansados.
—Grace!-gritei desesperado.
—Elas estavam brincando, aí foram inventar de mergulhar, e a Grazi...-Grace cerrou os dentes.
—Alguém sabe fazer respiração boca a boca?-Nancy perguntou se ajoelhando ao lado de Grazi. Ela parecia inconsciente.
Grazi começou a tossir, os olhos fechados com força, parecia engasgada.
—Ah, esquece...-Nancy disse apática.
—Grazi!-todos gritamos surpresos.
—Ai, amiga! Você está bem?!-Letícia tentou abraça-la, mas Lya a empurrou de modo brusco.
—Ela precisa de espaço! Você é sufocante!-Lya disse com raiva.
—O que...?-Grazi estava tonta, abrindo os olhos lentamente, tossindo ainda mais, cuspindo água.
—Mas, Grazi, você sabe nadar!-Grace falou pensativa e preocupada.
Grazi colocou a mão no pescoço, sentando-se, olhando para cada um, demonstrando dor e desconforto.
—Meu pescoço...É como se alguém tivesse apertado...-Grazi disse rouca, os olhos lacrimejados por causa da tosse.
Olhei para Letícia, ela não demonstrava nada.
—Melhor voltarmos para o dormitório!-Grace suspirou.-Eu deveria ter cuidado de você!-a puxou para que se levantasse.-Você está bem?-a pegou pelos ombros, olhando em seus olhos.
—E-Estou...-Grazi tossiu de novo.
—Sorte que não estavam muito fundo...-Leo cruzou os braços, trocando olhares com Lya.
—Zizinha?-Letícia a olhou com dó.
—Você vem?-Grazi a olhou.
—Claro! Quero ficar com você!-enlaçou seu braço no da minha irmã.
—Nos vemos depois!-Grace acenou para nós. Passando o braço pelos ombros de Grazi.
—Foi a Letícia.-falei quando elas estavam longe o suficiente.
—Foi.-Leo e Lya concordaram.
—Quem é capaz de tentar afogar a melhor amiga?-Bárbara franziu a testa.
—A dúvida não é essa...E sim, por que ela fez isso?-Nancy arqueou uma sobrancelha.
—Só sei que essa Letícia não presta e Grazi é cega por não ver isso!-Danny falou.
—Eu estava desconfiando...-Luciano comentou.
Nancy estralou os dedos da mão como se fosse socar alguém.
Todos nos entreolhamos e depois olhamos para as garotas que já quase sumiam de nossas vistas.
☆☆☆
Então, enfim, anoiteceu...
É hora do show!
—Estou tão ansiosa!-Lya sorriu arrumando o cabelo, já estava vestida.
—Vamos arrasar!-Leo estendeu o punho cerrado para ela.
—Vamos, mano!-ela estendeu o dela e tocou o dele.
—Somos adversários, então?-Danny perguntou para mim, incomodada.
—Não. Sem rivalidades.-dei de ombros.-Mas se vencermos, não adianta chorarem!-provoquei os gêmeos.
—Ah, é?-Leo ficou frente a frente comigo, a sobrancelha arqueada e as mãos na cintura, debochado.
Por que eu sempre ficava nervoso quando ele se aproximava demais? Meu coração acelerava e parecia que eu ia explodir.
—Podíamos apostar!-Danny se intrometeu.
—Há!-sorri travesso.-Os perdedores fazem o que os vencedores quiserem durante uma semana!-falei colocando as mãos na cintura.
—E se ninguém vencer?-Lya arqueou uma sobrancelha.
—O que conquistar a maior nota!-Leo sorriu.-Fechado, Grayson?-me estendeu a mão.
Inflei as bochechas e franzi a testa. Minha mãe me odiava quando eu nasci, só pode...
—Fechado, Griffin!-apertei sua mão, sorrindo cínico.
Danny me olhou incerta, Lya e Leo trocaram olhares desafiadores.
☆☆☆
A praia estava lotada, eufórica, toda decorada, o enorme palco montado, luzes coloridas espalhadas, música de fundo tocando...
Haviam também sido montadas barraquinhas, de comidas, artesanatos, roupas e etc. Quem não fosse ver as apresentações, podia se divertir comprando! O salão de festas estava sendo ajeitado para o baile, isso me deixava tão empolgado!
Eu, Grazi, Grace, Letícia e Danny estávamos tentando achar um lugar para ficar, estendemos uma toalha na areia e nos sentamos, aguardando. Grazi parecia recuperada.
—Gray!-Danny me cutucou, ela permanecia bem longe de Letícia.-Podemos conversar?-sussurrou incomodada.
—Claro.-dei de ombros e me levantei.-A gente já volta!-avisei Grace que estava mexendo no celular.-Oi?-perguntei quando estávamos afastados.
—Estou muito nervosa mesmo!-Danny começou a roer as unhas.
—Ei! Eu gastei muito tempo fazendo essas unhas!-bati em sua mão.-Vai dar tudo certo!-a segurei pelos ombros.
—Mesmo?-Danny perguntou sem jeito, já mais calma.
—Estamos juntos nessa, vamos arrebentar, vamos cantar e todos vão entrar na onda e...Vamos mostrar pra Letícia quem manda!-falei determinado e confiante.
Danny sorriu de orelha a orelha.
Assenti e a abracei.
—Agora chega!-a soltei rindo nervosamente.
—Ei, e quanto a sua declaração?-Danny me olhou curiosa.-Trouxe a carta?
—Vou entrega-la após Leo se apresentar! Ela está guardada em segurança na minha mochila que Grace está tomando conta...-disse com um pouco de vergonha. Olhei na direção das garotas, e arregalei os olhos, somente Letícia estava ali. Grace estava com Grazi mais distantes, elas estavam conversando com Luciano e Lya.
Cerrei os dentes, vi minhas irmãs indo até Letícia, a ruiva disse alguma coisa e se levantou, saindo de perto.
Eu e Danny nos entreolhamos desconfiados e voltamos para lá.
—Gray!-Grazi me chamou.-Acha que eu fico bem com o gloss que peguei emprestado da Lety?-me mostrou o tubinho de brilho labial azul.
Por que ela tá me dando bola? Olhei para Grace, ela me mandou uma piscadela e sorriu gentil.
—Vai ficar parecendo que você comeu uma torta de Smurfs...-revirei os olhos.
—Eca! Tá vazando!-Grazi olhou para seus dedos com aquela coisa pegajosa azul.-Estranho...Ela tava passando até agora e não viu isso?-franziu a testa limpando as mãos na toalha.
—Falando nisso, por que ela saiu assim que chegamos?-Lya franziu a testa e cruzou os braços.
—E você liga?-perguntei seco.
—Nem um pouco. Só acho que ela não está no direito de fazer pouco caso de alguém...-Lya me encarou.
Olhei ao redor e avistei Letícia conversando com uma garota que devia ter mais ou menos a idade de Grace, tinha cabelos cacheados e louros escuros, vestindo um vestido lilás floral, elas estavam com a mão na frente da boca, sendo discretas.
Franzi a testa.
—O que foi?-Danny me perguntou.
—Nada!-falei revirando os olhos.-Cadê o Leo?-olhei para Lya.
—Ele quem vai fazer a abertura...-Lya disse.
—Uau!-me surpreendi.
Yuki chegou, me fazendo fechar a cara.
—Se importam se eu assistir com vocês?-ela sorriu.
—A vontade!-Grace sorriu.
Yuki estendeu uma toalha ao lado da nossa e se sentou. Depois ficou olhando em volta.
Letícia voltou não contendo o sorriso, inocente, sentando-se ao lado de Grazi, as duas começaram a cochichar.
—Você não acredita quem eu encontrei!-Letícia disse contente.
—Quem?-Grazi ficou confusa.
—Nath!-Letícia cobriu a boca com a mão. Ambas deram um gritinho histérico.-Acho que é a chance perfeita pra você falar o que sente! Além de você estar arrasando no visual! Eu te disse que valia a pena se produzir!
Franzi a testa.
—Vem comigo, amiga?!-Grazi estava nervosa.
—Claro, amiga!-Letícia se levantou e puxou minha irmã.
—Grace, já volto!-Grazi avisou e logo sumiu de nossa vista.
Nath, por aqui? E aquele bastardo nem me avisou?!
—Já volto!-me levantei rapidamente e fui atrás das duas discretamente.
Letícia levou Grazi a uma área deserta da praia, elas estavam super felizes, até avistarem Nath com uma garota. Nem me importei de parar atrás delas, em silêncio, despercebido, nenhuma ousou se virar, estavam paralisadas. Eu me mantinha sério.
Nathaniel estava com Bárbara. Ele segurava em sua cintura e ela em seu pescoço, as testas encostadas. Ele tinha a mesma altura que ela, apesar de ter 12 anos e ela 14.
—Não...-Grazi sussurrou incrédula.
Letícia virou o rosto para trás, sorrindo maléfica, os cabelos cobrindo os olhos. Ela passou o braço pelos ombros de Grazi e soprou os fios de cabelo que caíam em seu rosto, se assustando ao me ver, arregalando os olhos.
—O que está fazendo aqui?!-Letícia se irritou, soltando minha irmã e se virando para mim.
—G-Gray...-Grazi me olhou, um olhar sem brilho, triste, os ombros caídos.-Por que nos seguiu?!-cerrou os dentes.
—Vem!-Letícia a abraçou de lado.-Não fica assim! Nath não sabe o que tá perdendo!-a consolou, passando a mão por seus cabelos, cheia de dó.-E deixa seu irmão babaca pra lá! Ele devia saber que Nath já tinha namorada e preferiu não te contar! Além de já ter ficado com ele, lembra-se?!
Grazi se negava a caminhar, afundou o rosto nas mãos e murmurou alguma coisa.
—Viu o que você fez?!-Letícia deu tapinhas amigáveis as costas de Grazi, me encarando com ódio.
—Eu não fiz nada! Foi você quem a trouxe aqui!-cerrei os dentes.-Tire as mãos da minha irmã!-tentei puxa-la.
—Gray?-ouvi a voz de Nathaniel atrás de mim, me virei.
—Nathaniel, agora não!-cerrei os punhos.
Bárbara arregalou os olhos ao olhar para Grazi. Nath também, mordendo o lábio inferior.
Ele suspirou, relaxando os ombros.
—Saíam. Deixem eu e Grazi sozinhos.-pediu.
—Não!-Letícia protestou.-Você não presta! Não vou deixa-lo com minha amiga!-abraçou Grazi mais forte, a afastando de mim.
—T-Tudo bem, Lety...-Grazi murmurou, se soltando, os olhos avermelhados.
—Até.-Bárbara sussurrou para Nath.
Letícia bufou e saiu dali a passos pesados.
Bárbara saiu devagar, cruzando os braços, receosa, sem jeito.
Me afastei, ficando por perto, os braços cruzados e a cara fechada. Observava Nath e Grazi conversando, então minha irmã abaixou a cabeça e cerrou os punhos, ele ficou sem saber o que fazer, nervoso.
Tempinho depois, Grazi veio em minha direção, passando reto por mim, brusca. A peguei pelo pulso.
—O que foi?!-a olhei nos olhos.
—Fui rejeitada...-Grazi murmurou.-Eu estou muito irritada com você! Não queria que me seguisse! Eu posso me cuidar sozinha, seu idiota! Você não precisava ver nada! Não quero você me vendo nesse estado tão inferior!-gritou comigo, cerrando os dentes e punhos.
Sem dizer nada, a abracei, ignorando seus protestos.
Grazi se rendeu, parando de gritar e se debater, porém não correspondeu, após alguns segundos me empurrou e correu para longe.
Suspirei e balancei a cabeça com desaprovação. Virei a cabeça e encarei Nath se aproximando.
—Você a magoou?-franzi a testa.
—Não...Fui bem educado e compreensivo.-Nath disse sério.
Ficamos em silêncio.
—Eu e a Bárbara estamos namorando...-Nath suspirou.
—Felicidades.-falei com tédio, dando de ombros.-Pensei que não participaria do festival...
—Surpresa.-Nath deu um sorriso fraco.
☆☆☆
Voltei para junto do pessoal, nem Grazi e nem Letícia estavam por lá, coisa que me preocupou.
—Então, estão namorando?-Danny perguntou pra Bárbara e Nathaniel.
Bárbara afirmou corada e Nath passou o braço por seus ombros.
—Se quebrar o coração dela, quebro tua cara.-Nancy o ameaçou, séria, estralando os dedos da mão.
—Tudo bem, cunhadinha!-Nath sorriu.
De repente, apagaram as luzes, deixando acesas somente as do palco, isso fez todos ficarem em silêncio. Nessa hora, Grazi e Letícia chegaram inquietas.
—Boa noite, galera!-meu Deus, aquela era Rose!-Estarei aqui como representante! Espero que curtam as apresentações dessa noite!-e ela estava fabulosa em seu vestido tomara-que-caía branco com uma faixa vermelha abaixo do busto, se tornando solto a partir desse ponto, todo babado, os cabelos soltos e ondulados.
—Rose?!-Lya sorriu, me encarando e encarando Rose em cima do palco.
—Vamos a abertura!-Rose anunciou no microfone, foram ouvidas palmas, gritos e assobios.
Rose saiu do palco, dando espaço para Leo e outras pessoas.
Antes de Rose descer as escadas, Leo pegou o microfone dela, a fazendo ficar confusa.
Ele foi até a frente do palco, recebendo aplausos.
—Yu-Ki...Isso é pra você!-falou sorrindo abertamente, apontando com o indicador para Yuki, fingindo atirar e lhe mandando uma piscadela.
Todos gritaram e olharam na direção de Yuki, a garota estava surpresa, vermelha feito um tomate. Arregalei os olhos, eu e Lya nos encaramos. Acho que o tiro foi em mim...
Voltei a olhar para Leo, ele havia jogado o microfone para Rose e feito um coração com as mãos para a "Yuki-Chan"...
Dentro de mim, algo se quebrou. Senti uma dor do peito. Um nó na garganta. Respirei fundo, um pouco de dificuldade.
Lya hesitou em dizer algo, sem jeito, passou a mão por minhas costas.
—Tá...Tudo bem?-sussurrou para mim.
Sentia alguns olhares sobre mim, olhei de relance, Letícia me olhava com desprezo e sorria debochada, Nath me olhava como se dissesse: "Eu avisei", Nancy com a testa franzida e Danny tristonha.
—Estou bem!-forcei. Dentro de mim tudo parecia desabar, estava vendo a hora que aquilo viraria algo externo.
Uma música começou a tocar, eles iniciaram a coreografia ao som de: "Talk Dirty", arrancando muitos gritos de emoção da platéia.
—Já volto...-falei sério me levantando, levando a mochila junto comigo.
—Gray!-Lya tentou, Danny também.
—Me deixem em paz!-pedi. Minhas irmãs e Luciano me olharam estranhando.
Saí dali o mais rápido possível, correndo até os dormitórios.
Leo...Você acabou de quebrar o que já estava rachado.
Cerrei os dentes, abaixando a cabeça, deixando as lágrimas quentes escorrerem por meu rosto, em um ato impulsivo cerrei o punho e soquei a parede com força.
O que ele vê na Yuki?! Ele não enxerga meus sentimentos?!
Tirei a carta da bolsa, com raiva. Arregalei os olhos, notei que o envelope estava aberta sendo que havia o selado perfeitamente...Peguei a carta, estava manchada por uma coisa com glitter, grudenta e...Azul.
—Letícia!-meu sangue ferveu.
Rasguei a carta em pedacinhos, a jogando no chão, ajoelhando em seguida.
Suspirei.
—Será que adianta chorar?-funguei, limpando o rosto, e simplesmente deitando no chão, encarando o teto.-Será que adianta continuar insistindo nesse amor pelo Leo? É besteira pensar que um dia talvez ele possa me corresponder?
Isso só me fará mal...Eu tenho que esquecer. Meus sentimentos devem ir para a caixa de spam, pois ainda não consigo fazê-los irem para lixeira definitivamente.
—Amar é tão difícil...-meu olhar não tinha foco. Minha boca estava com um gosto amargo, as lágrimas continuavam a cair sem nem mesmo perceber.
☆☆☆
Devo ter ficado lá uns 15 minutos, até Lya me ligar, havia dito que após Leo acabar seu número a energia tinha caído misteriosamente.
Voltei pra praia, indo em direção ao meu grupo, porém antes meu olhar se dirigiu a Letícia apoiada no palco, ela estava conversando com dois garotos e a mesma garota de mais cedo, atrás das costas ela apertava algo nas mãos, tentando esconder, franzi a testa.
Quando cheguei aos meus amigos e irmãs, todos me questionaram preocupados, disse que eu estava bem. Yuki e Leo não estavam lá.
Haviam sido acesos lampiões, lanternas e luzes de celular para iluminar a praia enquanto tentavam dar um jeito de consertar a energia.
Lya, Danny e Nancy preferiram não tocar no assunto.
Reparei que Luciano também não estava lá.
Grace se levantou, eu e Grazi perguntamos aonde ela ia.
—Lugar nenhum, só andar um pouco.-Grace sorriu e saiu.
Não nos convecemos, eu decidi segui-la. Grazi disse que ficaria por lá mesmo.
Acabei trombando com Grace, ela parecia pasma, olhei para onde ela olhava.
Aquela garota que estava com Letícia (dos cabelos cacheados), parecia beijar ou simplesmente dar um selinho em Luciano. Grace cerrou os punhos e abaixou a cabeça.
Ela se abraçou e saiu dali, pouco se importando com minha presença. Observei aquela garota dando em cima de Luciano, me deixando irritado. Corri atrás de Grace, ela havia ido para um lugar afastado e deserto, sentada na areia próxima a beira-do-mar, aonde a água batia.
—Posso me sentar?-perguntei.
—A vontade...-ela disse baixinho. Notei que chorava, mas tentou esconder de mim.
Suspirei.
—Você realmente gosta dele, né?-perguntei mordendo o lábio inferior.
—Sim...Acho que acabei me apaixonando...-Grace abraçou os joelhos.-E você com o Leo? Eu notei...
—Ia me declarar exatamente hoje...-comentei.
—Sinto muito.-Grace fungou.
—Sem problemas...-dei de ombros.
—Gostava mesmo dele?-me encarou, os olhos vermelhos.
—Eu o amo.-falei firme.
Grace sorriu, me abraçando de lado.
—Acho que eu e o Luciano...Não dá certo...-Grace falou.
—Você tem que fazer dar!-aconselhei.
—Melhor um esquecer o outro...-Grace deixou os ombros caídos.
—Ele gostava de você também, não é?-sorri de modo fraco.
—Não sei...-Grace corou levemente.
—Eu sei! Eu percebi o clima que rolava entre os dois!-ri um pouco.
Grace deu uma risada fraca.
—Não me importa mais...Deixa pra lá, não era pra ser...-ela suspirou tristemente.
Ficamos em silêncio, a brisa bateu, fresca, fazendo nossos cabelos balançarem, a maré respingava em nossos pés descalços.
—Oi...-ouvimos passos atrás de nós, era Grazi.-Posso me juntar a vocês?-perguntou sem graça. Assentimos, ela sentou-se.
Nós três suspiramos.
—Clube dos encalhados...-Grace disse sem ânimo.
—Iguais até nisso, né, manas...-falei.
—Pelo menos, sempre estaremos juntos.-Grace sorriu.
—Me desculpem...Agi de modo errado, por causa desse lance de sentimentos novos...Principalmente com você, Gray, fui estúpida, desculpa.-Grazi disse sincera.
—Tudo bem, esquece isso...-falei calmo.
Nos abraçamos, admirando o mar e suas ondas.
—Irmãos sempre?-Grace sussurrou.
—Irmãos sempre!-eu e Grazi falamos.
—Dar uma pausa nisso de se apaixonar? Vamos só curtir?-Grazi perguntou.
—É o melhor a se fazer...-Grace riu.
Olhei para o céu estrelado suspirando.
☆☆☆
" Leo, você pode achar isso estranho, mas...O lance é que eu gosto de você, romanticamente falando! Espero que aceite meus sentimentos sem julgamentos! Sabe, eu não quero que isso estrague nossa amizade (que eu considero a melhor e a que quero levar pra vida toda), eu tentei esconder ou esquecer o que sentia por você, mas foi mais forte que eu, por isso estou me confessando...Estou apaixonado por você, quem sabe até mesmo eu esteja te amando...
Então...Quer ir ao baile comigo?
—Gray."
☆☆☆
—Gray, Grace, Grazi!-ouvimos a voz de Yuki.-Estava procurando vocês!-nos viramos para encara-la, ela estava acompanhada de outra garota.-Essa é a Izzy!-sorriu animada.

 


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim! Perdoem minha demora!
Sei que não ando respondendo os comentários, mas irei responder >< ! Agradeço por eles :3 ♡ !
Genteeeeeee, NATAL QUASE CHEGANDO E CADÊ O ESPECIAL?! AINDA NÃO TEM!!!!!!!

(Copiem e colem os links)
Coreografia de abertura:

https://youtu.be/6bF0PsEHX2E

Música da Danny e Gray:

https://youtu.be/p_xzMSAjJts

Criei uma página no Facebook para divulgar minhas fics:

https://m.facebook.com/Meu-Pequeno-Universo-Fiction-234967916934620/?ref=bookmarks


Até o próximo cap ^-^ (sem data prevista ;-;)!!!

Bjjjjjs.
—☆Creeper.

FERIAAAAAAAAAS AAAHHHHHHHH ♥!!!!!!

PS: ASSISTAM "YURI ON ICE" (SE JÁ NÃO ESTÃO ASSISTINDO!) E ASSISTAM "No.6"!!!!!! Recomendações da Tia Creeper :3 >< ♡ MEUS ANIMES FAVORITOS!!!



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