Chosen Fanfiction escrita por Thay


Capítulo 15
Capítulo 14




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Batidas insistentes na porta me acordaram. Me sentei e esfreguei os olhos, sonolenta, tateei minha mesinha de cabeceira para encontrar o celular e acender o abajur.

— 05:48 AM! - Quase gritei, assustando uma Nala que dormia tranquilamente - Desculpe, Nala. 

Me levantei apressadamente e sem me preocupar com meu estado 100% cansada e desarrumada caminhei para a porta pronta para xingar quem quer que fosse meu visitante.

Abri a porta e dei de cara com minha avó e seu sorriso caloroso, mas sua testa estava vincada de preocupação.

— Ah, Zoey Passarinha, que saudade! - vovó me envolveu num abraço e eu retribui entre felicidade e confusão.

— Vovó, o que a senhora está fazendo aqui? - perguntei quando me livrei da surpresa. 

— Oh, u-we-tsi-a-ge-hu-tsa - vovó disse ao entrar em meu quarto e acender a luz - Sinto muito por acordá-la, mas aconteceu uma coisa e eu precisava vir encontrá-la imediatamente.  

Senti um calafrio de medo percorrer meu corpo, a segui para dentro do quarto sem me preocupar em fechar a porta atrás de mim.

— Alguma coisa com minha mãe? - perguntei já prevendo o pior: o padrastotário poderia ter pirado e...

— Não! - vovó deixou sua bolsa em minha cama e sem explicar nada caminhou até a janela e a abriu sem nenhuma ajuda, vasculhando a área com o olhar - Linda está bem, bom, tão bem quanto poderia estar casada com aquele traste.

Meu corpo tremeu de alívio e eu até sorri para o termo que minha avó usou, depois voltei a prestar atenção em seus movimentos.

— Vovó, o que está acontecendo? A senhora está ansiosa e está me preocupando.

Vovó não disse nada por um momento, então conseguiu abrir a janela e erguer as pesadas cortinas black-out, para, enfim, caminhar até mim e sentar ao meu lado. Vovó pegou minhas mãos e o amor em seus olhos fez meu coração borbulhar.

— Zoey Passarinha, você que me deixou preocupada. - ela começou - Eu acordei de madrugada, você sabe bem como eu sou - assenti freneticamente - e fui até os campos de lavanda para meu ritual quando fui surpreendida por um vulto furtivo, uma vampira com Marca vermelha.

Arregalei os olhos.

— Stevie Rae! Ohmeudeus, ela está bem? Por que ela foi até lá? - disparei as perguntas, nada fazendo sentido em minha cabeça.

Vovó tinha começado a explicar como Stevie Rae aparecera em sua fazenda e mostrou que não estava morta (o que me deixou totalmente culpada por não ter encontrado tempo durante as últimas crises para ligar e atualizá-la de tudo), Stevie Rae contou tudo o que sabia para vovó, disse também que estava preocupada comigo e que sabia da morte de Loren, então as duas armaram um jeito de entrar na morada da noite. 

— Os guerreiros tentaram argumentar que está quase amanhecendo e que não era hora de visitas, mas nem mesmo aqueles guerreiros do tamanho de uma montanha e sua Sacerdotisa do mal poderiam impedir essa velha aqui de ver sua neta. - vovó falou inflando o peito, tive que sorrir.

— Mas vovó, se você veio aqui para trazer Stevie Rae, cadê ela? - perguntei com meu jeito gênio.

— Ora, ela se aproveitou da confusão para entrar sorrateiramente, deve estar chegando. - vovó olhou para a janela e como se tivesse combinado, Stevie Rae pulou para dentro.

Seus cachos loiros balançando quando ela pousou graciosamente. Um sorriso enorme cortou meu rosto. 

— Caraca, Z., o campus está mais lotado. - Stevie Rae cantou com seu sotaque sulista e caipira - Há mais guerreiros aqui do que pulgas em um cachorro velho!

— Essa é uma das analogias de caipira mais ridículas que eu já ouvi - a voz de Aphrodite veio da porta e eu me virei para encará-la com um sorriso brilhante. 

Estava pensando que três das pessoas que eu mais amo estavam reunidas quando dois pensamentos cortaram o fluxo desses: primeiro, AMO? OI? E segundo, o que Aphrodite estava fazendo ali?

— Tente ser gentil - ralhei com ela, apaziguar as coisas entre ela e Stevie Rae se tornando um hábito - O que você está fazendo aqui? - acrescentei com genuína curiosidade.

Aphrodite fechou a porta atrás de si e passou a mão pelos cabelos, um copo de canudo na outra mão.

— Sua amiga caipira me ligou para avisar que estava vindo, não entendi n...- seus olhos se arregalaram brevemente e suas bochechas ganharam uma coloração rosada quando ela percebeu que minha avó estava no quarto, ela trocou um olhar comigo e eu entendi sua aflição.

Balancei a cabeça discretamente para sinalizar que não, minha avó ainda não sabia sobre nós. Nem Stevie Rae, e então me apressei a apresenta-las. Minha avó não conhecia Aphrodite pessoalmente, ela só sabia que a filha do prefeito era uma vadia e que quando começou a ser menos vadia e me ajudou a salvar sua vida ela passara a ser uma espécie de amiga minha. Nada além disso. E, pela segunda vez na noite, me senti culpada por não atualizar minha vó das coisas.

Limpei a garganta e me levantei.

— Vovó, essa é Aprodite LaFonte, a Novata que eu te falei. - vovó se levantou, analisando a loira com cuidado - E, ahn, está é minha avó, Sylvia Redbird.

— Senhora Redbird, é um prazer conhecê-la. - Aphrodite falou educadamente e se aproximou para cumprimentar minha avó com um aperto de mão, mas vovó a puxou para um abraço muito carinhoso. Minha quase namorada passou os braços desajeitadamente ao redor da minha avó, parecendo muito sem graça e ao mesmo tempo contente. 

— Sem formalidades, mocinha, me chame de vó.

Minha avó era assim, ela aceitaria Aphrodite sem julgamentos. Porque se eu confiava em Aphrodite, vovó também confiaria, fim de papo. Ela só tinha que saber da história todaaaaa.

Elas se afastaram e vovó voltou para o meu lado, Stevie Rae e Aphrodite se acomodaram na outra cama. Eu ia perguntar o que minha melhor amiga estava esperando para começar a falar quando a porta se abriu de novo e dessa vez minha horda de nerds entrou no quarto.

— Vó Redbird! - Damien gritou e foi para os braços dela. Então houve um grande alvoroço, com ele apresentando Jack a Stevie Rae e à minha avó e as gêmeas dizendo oi. Quando todos se acomodaram e entulharam meu quarto, Stevie Rae falou.

— Cara, que saudade de estar com todos vocês! - ela fungou brevemente. 

Aphrodite sugou algo de seu copo e balançou o copo, franzindo a testa para o liquido. 

— O que você tem ai? - Shaunee perguntou.

— Parece sangue. - Erin se intrometeu.

A loira revirou os olhos para as duas, sua atitude apenas demonstrando para mim o quanto ela estava desconfortável.

— É vinho. 

— Sério, beber vinho por um canudo? - Stevie Rae torceu o nariz - Não é nojento?

— Tempos de desespero exigem medidas desesperadas, além do mais, o vinho é bom. - respondeu com ironia, então voltando-se para minha avó ela ergueu uma sobrancelha e acrescentou, de repente muito preocupada em causar uma boa impressão - Não dá pra aguentar a horda de nerds estando sóbria. 

Revirei os olhos para elas e para as gêmeas que trocaram um olhar suspeito, minha avó apenas deu de ombros.

— Eu mesma me valeria de uma ou duas taças de vinho agora, mas tudo bem. 

— Tudoooooo bem - minha amiga falou alegremente - Z., eu fiquei preocupada pra caramba quando vi na Tv que Loren Blake foi morto de forma tão violenta, a notícia passou na TV humana com atraso de dias e por isso eu não te procurei antes, você está bem? Sei que estavam carimbados.

— Estou bem - falei com sinceridade. 

— Na hora não parecia que estava bem. - Aphrodite comentou entre um gole e outro de seu vinho.

— Romper uma carimbagem causa dores horríveis para um dos envolvidos. - Damien explicou com seu ar de professor - Mas Zoey não apresenta nenhum trauma persistente, certo?

Dei de ombros.

— Só ando um pouco sonolenta, agora mesmo estava dormindo. 

— Dá pra notar, você está meio amarrotada. - Jack comentou e logo encolheu os ombros timidamente, Damien o abraçou. 

Suspirei e voltei a atenção para Stevie Rae.

— Eu estou bem agora - reforcei - Apenas preocupada com a guerra que está a caminho, Neferet não disse mais nada, mas a quantidade de guerreiros aqui me faz pensar que não é apenas para nossa proteção. 

— Deusa, isso não está certo. - Stevie Rae disse.

Assenti para ela.

— Zoey Passarinha, você acha que o Povo de Fé está envolvido nisso? - minha avó perguntou, a dúvida em sua voz estava clara.

— Não duvido, vovó. 

Apertei a mão dela entre as minhas, a conexão entre nós mostrando que compartilhávamos da mesma preocupação: e se meu padrastotário e minha mãe estivessem envolvidos?

— Espero que ela repense isso, apesar de estar claro que é uma bruxa do inferno, ela não é burra - Shaunee falou.

— Com certeza, gêmea, Neferet sabe que se voltar contra os humanos vai ser problema com o Conselho Supremo dos Vampiros. - Erin acrescentou.

— Mas o Conselho também não vai gostar de ter tantos vampiros sendo mortos - Aphrodite falou, ela sempre a voz da razão. 

Meus amigos concordaram, todos com um ar sombrio. Ninguém queria aquela guerra, mas também não podíamos deixar de pensar que estava mal explicado. 

De repente, Jack bocejou. 

— Oooops! Desculpe. Não estou entediado nem nada - ele se desculpou.

— É claro que não, mas já está quase amanhecendo. Vocês devem estar exaustos - vovó disse - Quem sabe não seja melhor todos dormirem um pouco? Vou dar uma carona para Stevie Rae. 

— Verdade, é batata que o sol vai nascer agorinha. - Stevie Rae falou. 

— É batata? Quem fala isso em pleno século 21? - Aphrodite revirou os olhos - Ainda bem que já vamos dormir, meu vinho acabou e não dá pra aguentar a caipira sem álcool.

Vovó sorriu para a implicância e começou a se despedir dos meus amigos.

Jack e Damien saíram, levando as gêmeas com eles. 

Stevie Rae se aproximou de mim e em abraçou forte, inalei fortemente seu perfume que agora estava misturado com o cheiro de lavanda da fazenda da minha avó.

— Não deixe me dar notícias, okay? Aphrodite tem meu número. - ela disse apenas para eu ouvir.

— Me desculpe, rolou muito estresse, mas eu vou te ligar. - cochichei de volta - Temos mesmo que conversar algumas coisas.

Stevie Rae se afastou e assentiu, ela nem fazia ideia do que eu precisava falar.

— Precisamos mesmo, se cuida Z. - ela se virou e caminhou até a janela - Vovó, vou te esperar perto do portão, nas sombras, basta confiar que estarei te seguindo. 

Após um breve aceno para Aphrodite, minha amiga se misturou as sombras do lado de fora do quarto. Mesmo que o céu já estivesse mudando de cor, ela ainda tinha muita sombra para se esconder. 

— Bizarra. - Aphrodite comentou encarando a janela - Bem, acho que eu também tenho que ir. 

— Acho que você deveria dormir aqui esta noite - eu disse. As palavras deixando meus lábios sem que eu percebesse.

Aphrodite ergueu uma sobrancelha perfeita, não em sinal de desprezo, mas com surpresa. Vovó nos observava com curiosidade. 

— Aphrodite, eu me sentiria melhor se você ficasse aqui com Zoey. - Vovó disse, me surpreendendo completamente. - Isso também não te deixaria mais segura, Passarinha?

— Sim.- admiti com cautela.

Vovó assentiu, vitoriosa. Ela mexeu em sua bolsa e então se voltou para a loira:

— Muito bem, então vá em seu quarto buscar suas coisas e pendure isso em sua janela - vovó entregou a ela um colar de bons sonhos, um circulo envolto por cordas de couro cor de lavanda entrelaçadas na parte interna e formando uma teia no meio. 

— É lindo! - Aphrodite comentou - Mesmo. Eu simplesmente adorei. Obrigada, vó. - a loira agradeceu com sinceridade.

Vovó sorriu.

— Que bom que gostou, filha. - ela segurou o rosto de Aphrodite com as mãos e beijou de leve na testa. - Obrigada por salvar minha vida aquela vez, e agora saber que está cuidando de minha neta me faz pensar que você é da família. Amo você, Aphrodite. 

Fiquei surpresa ao ver os olhos de Aphrodite repletos de lágrimas, e seu rosto vermelho. Ela deu de ombros e enxugou os olhos parecendo sem graça, sem pensar muito avançou e abraçou minha avó mais uma vez.

— Obrigada. - murmurou antes de sair do quarto correndo. 

Fiquei lá com um sorriso idiota no rosto, encarando a porta fechada. 

— Não acredito que essa garota tenha recebido a ternura do amor. - vovó comentou. 

— A senhora tem razão, vó - respondi. - Ela costumava ser péssima, ninguém a aguentava, eu principalmente, mas acho que a maior parte era teatro. Não que ela seja perfeita, ela é mimada e até superficial as vezes, mas eu aprendi a gostar, ela é... - fiz uma pausa, tentando arrumar as palavras adequadas para descrever Aphrodite e me abrir com minha avó de uma vez.

— Mais que uma amiga para você. - vovó completou para mim e eu a encarei um pouco desconfortável.

— Sabe, a senhora é bizarra, mas sim, ela é bem mais que uma amiga para mim. - conclui com um suspiro. 

— Até que não é surpreendente. Apenas saiba que eu amo você, u-we-tsi-a-ge-hu-tsa, acima de qualquer coisa. - vovó disse compreensivamente, meu coração inchou de amor - Acho que entre três namorados e ela, ela é uma decisão sábia.

Eu ri. Joguei a cabeça para trás e explodi numa risada genuína, depois me deixei envolver pelos braços quentes e amorosos de vovó. Ternura e amor preenchendo meu ser.

Ela se afastou e deu um sorriso travesso.

— Adoraria ver a cara da sua mãe ao conhecer a jovem Aphrodite, diga-me Zoey, vai me dar essa felicidade? Aquele homem que ela chama de marido ficaria louco.

Balancei a cabeça para ela, minha avó sempre tentando perturbar meu padrasto. 

— Obrigada, vovó, por me dar tanto amor.

— Que isso, Passarinha, somos família. - ela beijou minha testa e depois de entregar meu próprio filtro dos sonhos deixou meu quarto para ir ao encontro de Stevie Rae. 

 


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