Poisoned escrita por Cherrylil2


Capítulo 3
Querida Professora


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!



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Acordei indisposta no dia seguinte. Uma ressaca impertinente seguida por uma latejante dor de cabeça me fez despertar cedo demais. Levantei na cama, sentando de pernas cruzadas no colchão, arrumando os papéis e pastas da escola, junto do meu notebook. Havia pesquisado na noite anterior, depois de chegar do encontro com John e Elizabeth, assuntos para a aula que daria, e acabei entrando num site de notícia local e tive a infeliz notícia de saber que os boatos sobre o novato eram realmente verdadeiros. Alex havia sido preso por roubo, posse ilegal de drogas e desacato a autoridade. Eu não estava realmente surpresa, mas estava pasma em saber que um jovem daquela idade já havia praticado todos esses atos ilegais em tão pouco tempo. Foram praticamente dias entre um crime e outro.

Estava guardando os papéis bagunçados em minha cama quando minhas mãos alcançaram o relatório e o boletim de Alex. Já havia lido aquelas informações, mas o brasão do internato estampado na folha me atraiu a atenção e eu liguei o notebook para pesquisar. Digitei o nome na caixa de pesquisa e caiu em diversos locais do internato. Eram vários, haviam desde do sul da califórnia até ao norte de Denver no Colorado. Deslizei e cliquei num link onde era localizado perto daqui. Era onde ele havia estudado, e havia fotos das turmas passadas, e lá estava ele. Uma fila de diversos garotos lado a lado, e outros mais embaixo nas escadas. A farda era bastante refinada, um casaco com uma gravata escura. Parecia que todos os garotos eram iguais, os cabelos repartidos no meio ou perfeitamente penteados. Alex estava bastante diferente. Apesar do casaco que estava usando, não consegui achar as tatuagens próximas ao pescoço. Soltei um risinho baixo, parecia um mauricinho. Fechei a guia.

— Ai, ai, Snowball. Deve ser tão fácil ser um gato não é? Não precisa se preocupar com as responsabilidades.

Peguei meu gato nos braços e ele soltou um gruindo incomodado e escapou. Olhei para a hora no relógio de parede em meu quarto, tinha mais ou menos meia hora até ir para a escola. Calcei minhas pantufas e saí do quarto, sentindo um frio gélido pelo apartamento. Tinha certeza que o inverno já estaria a bater na porta, e eu lamentaria por isso. Eu amava o calor, o sol, tudo que se remetia a coisas quentes e alegres. O inverno era sinônimo de resfriados e atestados na escola, seguido por broncas pelas minhas faltas. Segui até a cozinha, pegando um Bowl e uma caixa de cereais em meu armário. Pus um pouco de cereal e peguei leite na geladeira, pondo dentro. Comecei a comer desinteressada, mexendo no celular. Uma ligação desconhecida se estampou de repente no visor, e eu atendi.

— Alô? — Não podia negar que minha boca estava cheia. Ouvi uma risada no outro lado.

— Oi Kristel, é o John.

Engoli o cereal rapidamente.

— Oi John. — Guardei o Bowl na geladeira, tomando suco de laranja direto da caixa — desculpe, eu estou indo para a escola agora. Depois nos falamos tudo bem?

— Ah, tudo bem então. — Sua voz se tornara um tom lamentoso — Eu só queria saber se você terá planos para mais tarde, se quer jantar comigo ou algo assim.

Fiz uma cara desgostosa. Não estava afim, mas parecia que negar convites era impossível para mim. 

— Hm... Eu irei ver, tudo bem? Aí eu te ligo. Até mais tarde.

Ele confirmou, num tom mais alegre. Desliguei o telefone e corri para me arrumar. Era certo que John estava interessado em mim, mas não tinha nenhum pingo de reciprocidade do meu lado. Ele não tinha nada de interessante, era apenas mais um velho divorciado a procura de um novo alguém. Eu havia de dizer isso pessoalmente, mas seria mais fácil se eu avisasse a Elizabeth para falar a ele. Digamos que ela era uma pessoa realmente direta. Diferente de mim. Enquanto terminava de me arrumar, digitei a mensagem para ela, considerando de que daqui para de noite o cara havia de me deixar em paz. Passei um batom claro nos lábios e peguei minhas coisas, saindo de casa.

Quando cheguei na escola, havia um ar estranho. Estava completamente vazia, eu apenas podia ver cabeças pela vidraça da porta nas salas. Os horários de aula não haviam nem mesmo começado. Vi o superintendente Morgan correr do refeitório até o corredor. Comprimi a bolsa ao corpo, estreitando as sobrancelhas confusa e o segui apressada. Ele parou quando ouviu eu chamá-lo e me pegou pelos ombros, seguindo comigo até a sala dos professores. Margareth e os professores de matemática e geografia estavam com caras atônitas e preocupadas.

— O que aconteceu? — Perguntei confusa, pondo minhas coisas na mesa — Porque os alunos já estão nas salas?

Margareth suspirou, e o professor de matemática se endireitou na cadeira em minha direção, entrelaçando as mãos sobre a mesa.

— Bom Kristel, tivemos um atentado a bomba hoje pela manhã. Os alunos se esconderam nas salas com medo. Alguns professores ainda não chegaram e provavelmente não vão vir com todo esse rebuliço. A diretora está conseguindo forças para falar com o autor da bagunça.

— Alexander Smith — Falei, e todos concordaram — Onde ele está agora?

— Está na sala da diretora. 

Margareth respondeu, friccionando a testa com os dedos longos. Imediatamente saí da sala dos professores em direção a diretoria. Os alunos pareciam mais  calmos, e aos poucos saíam da sala e pairavam entre os corredores. Cheguei no corredor principal e bati na porta da diretoria, não sendo atendida. Esperei alguns segundos e entrei. Sua mesa estava vazia, igual a cadeira a frente. Senti meus nervos se agitarem. Quem deixaria um delinquente sozinho numa sala? Obviamente ele havia achado um jeito de escapar. Estranhei a janela estar fechada, mas considerei outro meios que apenas um marginal feito ele poderia fazer. Senti um sopro quente em minha nuca, e rapidamente me sobressaltei, me virando assustada.

— Alex!

Falei impressionada, e ele fechou a porta. Ele estava perto do armário da diretoria, estava totalmente remexido e o cadeado havia sido aberto de algum jeito. Sorriu maliciosamente, se sentando na mesa da diretora, enquanto comia a maçã roubada dela que estava num saquinho plástico.

— Olá professora. — Falou, mordendo a maçã, flexionando lentamente a língua na fruta — O que faz aqui? É a senhorita que vai me expulsar?

A voz do garoto era um veludo grave. Senti os pelos de meu braço se arrepiarem, e rapidamente os esfreguei. 

— Não sou a responsável nesse assunto, a diretora já vai chegar. Eu só vim... Eu vim apenas pra...

— Para checar? Para ver se eu não havia fugido?

Ele largou a maçã por sobre a mesa, e alinhou os cabelos rebeldes para trás.

— Alex, creio que suas atitudes são parte de algum tipo de sufoco que está sofrendo internamente. O que há com você? Sofreu com algum tipo de abuso ou desprezo?

Senti uma vontade de ajudar, querer saber o que estava atrás de todas as atitudes erradas dele. Recebi uma risada de escárnio em troca, ele jogou a cabeça para trás enquanto jogou o riso ostensivo de desdém.

 

 — O que é isso professora Kristel? — Ele se levantou da mesa, cruzando os braços e vindo em minha direção — Por acaso é uma dupla profissional? Virou psicóloga agora?

— E-Eu só apenas quero ajudá-lo.

Respondi, dura. Ele se aproximou mais, me imprensando contra a porta da diretoria. Segurou meu rosto com força com uma das mãos e olhei de relance suas tatuagens desconexas. Senti meu peito pulsar rapidamente, minhas pernas tremiam e eu cogitei que perderia a força delas e que cairia no chão a qualquer momento. Olhei para seus olhos tão de perto que pude ver nitidamente todos os artificios ruins que rondavam sua mente. Ele aproximou o rosto do meu e eu me virei, sentindo sua respiração eriçar meu pescoço. Ele deu uma lambida forte e lenta, que fez todo meu corpo tremer.

— Eu não preciso da sua ajuda... — Sussurrou em meu ouvido, segurando meu pescoço — ... Querida professora.

 E me empurrou para o lado, batendo a porta. Caí no chão, segurando meu rosto em chamas e vendo minhas pernas eriçadas por baixo do vestido. Meu corpo ainda tremia nervoso, eu não sabia o que estava sentindo e tive a estranha certeza que aquele toque havia mexido algo em mim. Era como se eu quisesse mais.

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

UI... Alex fez nossa querida professora se tremer todinha. Até o próximo gente!



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