Mitchell Academy: O colecionador de almas escrita por BlackPaperMoon


Capítulo 3
Capitulo II


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura C:



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                                     Capitulo ll

Chegavam mais alunos preenchendo a sala, na qual eu era o centro das atenções. Imagino que não é todos os dias que chega alguém novo aqui. Mantive-me quieta no meu lugar e observava a paisagem que a janela do meu lado direito me oferecia. Poucos minutos depois, entra na sala o professor, um homem alto e moreno. Instala-se na sua mesa e percorre os olhos por toda a sala até parar o olhar em mim.

— Vejo que a nova aluna já chegou. Kayla Carter, não é? – acenei positivamente. – Sê muito bem-vinda.

— Obrigada professor. – agradeci e ele prosseguiu a aula. No final da aula todos se levantaram para aproveitar o intervalo e eu faria o mesmo. Pretendia falar com a Lilith para a conhecer melhor. Caminhei até à porta, porém fui interrompida por um toque no meu ombro esquerdo. Voltei-me e vi que se tratava do professor. – deseja alguma coisa professor? – perguntei curiosa.

— Kayla precisamos de conversar. Não me tinha apresentado antes, mas chamo-me Paul Smith e fui nomeado para ser o teu tutor.

— Tutor? – questionei. Porque haveria eu de precisar de um tutor?

— Aqui normalmente não atribuímos tutores aos alunos, mas em certos casos em que os dons são muito fortes ou raros é necessário um acompanhamento maior. As aulas especiais não chegam e tu és um desses casos Kayla, tu precisas de maior acompanhamento. O teu poder é imenso e ainda és inexperiente e precisas de orientação.

— Corre o risco de acontecer mais incidentes se eu não me conseguir controlar, não é? -  perguntei mesmo já sabendo a resposta. Não imaginava que fosse preciso até uma pessoa para ‘tomar conta’ de mim.

—Sim. Eu irei orientar-te de forma a evitar esse tipo de situações, aprenderás a controlar os teus poderes e a desenvolve-los. – explicou-me. – acharam-me o mais capaz de te orientar. Já estou a par de tua a tua situação. Eu tenho um filho com os mesmos poderes que tu, por isso consigo dar conta do recado.

— É o pai do Lawrence?

— Sim, já conheces o meu filho? – arqueou uma das sobrancelhas, curioso.

— Não, mas já me falaram que ele tem poderes psíquicos como eu. – expliquei-lhe.

— Em breve irás conhecê-lo. Quando souber que estás por cá, ele virá para te conhecer. Infelizmente ele passa cá pouco tempo. A tutora dele tem um método de ensinar diferente do meu, portanto passa os dias numa floresta. Costumam aparecer por aqui pelo menos uma vez por mês, o que não tardará a acontecer. – informou-me. – Hoje estás dispensada do resto das aulas, pois quero perceber em que nível está o teu poder. Lembra-te sempre que o teu poder é controlado principalmente pela tua mente e pode ser controlado pelas mãos dependendo das habilidades que adquirires.

— Eu não posso simplesmente esquecer que nasci com um dom e viver uma vida normal? – perguntei esperançosa. Eu percebo que estou aqui para ser ajudada, mas eu não consigo. Não nasci para ter poderes ou para ter a responsabilidade de salvar o mundo nas costas. A única ambição que tinha na vida era entrar na faculdade.

— A partir do momento em que os teus poderes despertaram, nada mais será normal na tua vida, não tem volta a dar. Quer queiras quer não, os teus poderes estarão sempre lá. Se não os aprenderes a controlar, serão eles a controlar-te, e aí qualquer coisa pode acontecer. Os poderes psíquicos são extremamente vastos e complexos. São imensas as habilidades dentro desse dom. Vão desde a vidência ao teletransporte. Podes tentar durante toda uma vida e só conseguir prever o futuro, como podes adquirir todos.

— Entendo… Não tenho escolha. – concluí.

— Vamos lá tentar perceber quais são os que já tens. Antes de vires para aqui, conseguias fazer alguma coisa muito facilmente e que os outros não conseguiam? – perguntou-me. Pensei durante algum tempo e lembro-me que nunca precisei de estudar porque eu via as matérias uma vez e era como se elas ficassem na minha cabeça como numa fotografia.

— Tipo como memoria fotográfica? É que acho que tenho disso. Sempre consegui adivinhar no que os outros pensavam e nem sequer me esforçava para o fazer. Era como se uma voz dentro da minha cabeça me dissesse o que eles estavam a pensar. E o mesmo acontecia quando tentava prever situações do passado ou do futuro. As imagens dessas situações passavam-me na mente como um filme. – olhei para o Mr. Smith que pareceu pensar durante um bocado.

— Memória fotográfica, vidência e leitura de pensamentos. Nada mau para o começo. Mas também tens telecinesia senão não tinhas conseguido matar tanta gente. A telecinesia é a capacidade de mover objetos apenas com o pensamento, e essa é a habilidade que mais terás de desenvolver no momento. Porque basta uma reação mais brusca da tua parte para que saiam objetos a voar por aí. – concluiu o professor. – Mas chega por agora de falar de poderes. Fala-me alguma coisa sobre ti. Quando faço de tutor, gosto de desenvolver uma amizade com o aluno para facilitar as coisas. De onde vens? – fiquei surpresa com aquilo, mas fiquei contente. Afinal será muito melhor se poder ter uma amizade com o Mr.Smith.

 - Venho de Portugal. – respondi.

— De Portugal? Mas o teu nom- interrompi-o.

— Os meus pais são americanos. Daí o meu nome e sobrenome  americanos. - esclareci-o. – Nasci em Portugal e sempre vivi lá.

— Estive algumas vezes em Portugal por causa de umas missões. Bem, agora eu tenho uns assuntos a tratar. Até depois Kayla. – Despediu-se e sai da sala. Fui pegar a minha mochila e saí da sala. Andei pelos corredores em direção ao primeiro andar, tencionava passar pela cafetaria e comer qualquer coisa. As únicas aulas que tinha hoje era historia e inglês e o tempo da aula de inglês passei com o Mr. Smith, portanto tinha o resto da manhã e da tarde para aproveitar. No primeiro andar havia muita movimentação. Tinha muito poucos alunos comparando a uma escola normal. Percorri o olhar por todo o espaço e vi nas mesas da cafetaria o Grayson sentado sozinho, este quando reparou em mim, fez sinal para que se aproximasse dele. Caminhei até ele e sentei-me na cadeira em frente a ele.

— Então como está hoje menina Carter? – perguntou com um irónico ar de cavalheirismo.

— Estou muito bem e o senhor Morgan como está?

— Muito bem. – sorriu galantemente. Ri do seu gesto. Olhei em volta e percebi que todos olhavam muito para o Grayson especialmente uma menina que estava sentada perto da nossa mesa. Aparentava ter uns 12 anos, baixinha com cabelos loiros presos em duas tranças e duas safiras no lugar dos olhos. Ao perceber que a encarava virou-se rapidamente para a outra rapariga que estava sentada com ela.

— Acho que o Senhor Morgan é muito popular por aqui, vistos que não param de o encarar. Especialmente a mocinha dali. – disse e apontei com o olhar para que ele percebesse a quem me referia.

— Bem, eu passo pouco tempo por aqui. Estou mais no ‘terreno’, por isso quando estou por cá é sempre assim. – fez uma pausa. – e aquela menina ali é a Saphira. Fui buscá-la no ano passado a um convento e desde aí fica sempre assim toda tímida quando me vê.

— Ui, acho que o meu caro amigo tem uma admiradora. – sorri. – O nome assenta-lhe tão bem que chega a ser irónico. Os olhos dela parecem safiras.

— Admiradora? Por favor menina Carter, é apenas uma criança.

— Uma criança que tem no senhor alguém que admira. É passageiro, todas as meninas têm ou tiveram um rapaz uns bons anos mais velhos de quem gostam. – expliquei ao moreno. Este pareceu entender e olhou para a menina que ao reparar que ele olhou para ela, saiu a correr.

— Qual é o teu dom? – olhei para ele. Tal como ele não sabia o meu eu não sabia o dele.

— Poderes psíquicos. E tu? – ficou surpreendido mas rapidamente respondeu-me.

— Conjuração. Conjuro armas, qualquer tipo de armas. Bem, tenho fome, queres que vá buscar comida para ti também?

— Sim por favor, o que trouxeres para ti trás para mim.

— Sim, Senhora. – fez uma vénia exagerada e foi em direção à fila para pedir a comida. Mudei de posição na cadeira e fechei os olhos à espera do Grayson. Estava perdida nos meus pensamentos até que sinto um par de mãos a apertarem-me as bochechas. Assustada, abri os olhos para ver quem era e deparo-me com um par de olhos cinzentos a encararem-me.

— Ai meu Deus, mas que criatura tão adorável! – gritou o rapaz.

— Desculpa, mas eu conheço-te? – perguntei sem conseguir falar direito com as mãos daquele ser nas minhas bochechas.

— Lawrence, não podes simplesmente chegar à beira dela e agir como se a conhecesses há muito tempo. – percebi ser a voz do Grayson que se aproximava de nós. Então este é que é o Lawrence?!

— Não sejas chato Grayson! Cheguei há uns minutos e fui informado que uma rapariga com poderes iguais aos meus tinha chegado à escola. Tinha de a conhecer! – defendeu-se. – E além disso é tão fofa que só apetece apertá-la! – antes que o voltasse a fazer, coloquei as mãos nas bochechas em modo de defesa. – Sou o Lawrence Smith, muito prazer em conhecer-te. – apresentou-se e apertou a minha mão, balançando-a freneticamente.

— Muito prazer, eu sou a Kayla Carter. – apresentei-me e tentei me desenvencilhar da sua mão, mas sem sucesso. Até que Lawrence decide me soltar.

— Quanto tempo vais ficar por cá? – perguntou Grayson.

— Talvez uma semana. A Jane teve de ir resolver uns problemas fora do país. – respondeu e sentou-se à minha beira. Grayson entregou-me uma sanduiche mista e um sumo de laranja. Durante o tempo que ficamos ali sentados, varias pessoas vieram cumprimentar os dois rapazes. Pelo que me explicaram, Lawrence dedicou-se apenas ao seu treinamento e treina nas florestas juntamente com a sua tutora. Já o Grayson, devido à sua experiência, sai muitas vezes em missões, normalmente de captura ou destruição de demónios normais. Neste meio tempo pude conhecer melhor o Grayson e perceber que o filho do meu tutor não é estranho, apenas muito enérgico.

                                                  * * *

Passei o resto do dia com os dois morenos, e até que foi bastante agradável. Agora o sol punha-se na linha do horizonte, deixando um tom alaranjado no céu. Cheguei ao meu quarto e deixei-me cair na cama e afogar-me em pensamentos sobre os meus poderes. Sei que são perigosos, mas o quão perigosos podem eles realmente ser?

“A partir do momento em que os teus poderes despertaram, nada mais será normal na tua vida, não tem volta a dar. Quer queiras quer não, os teus poderes estarão sempre lá. Se não os aprenderes a controlar, serão eles a controlar-te, e aí qualquer coisa pode acontecer.”

Lembrei-me das palavras que o Mr. Smith me dissera, e não há maneira de eu ter uma vida normal…

               * * *


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Notas finais do capítulo

O próximo sairá talvez na próxima semana ^^



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