MELLORY — entre Deuses e Reis escrita por Lunally, Artanis


Capítulo 54
Tramas e Traições


Notas iniciais do capítulo

Só veneno nesse capítulo



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SERENA DESCOBRE ALGO SOBRE ZARA COM IRMÃOS

O dia mal amanhecera e os Alfas já estavam de pé. Prontos para qualquer tarefa na zona de recrutamento. Serena organizava o alinhamento dos soldados, enquanto esperava seu marido comunicar Will sobre a chegada de ambos e a respeito do fato de Hatori ter ficado em Golty, para resolver certas pendências, que ao ver da Alfa, envolviam certos sentimentos pouco esclarecidos também. Sorriu ao se lembrar de Luna. Sentia falta de sua amiga e não ter uma mulher para conversar ou dividir o tempo era exaustivo. Ainda mais com uma estranha morando com ela.

— Hélio, o Alfa maior decidiu prosseguir para Golty, após matar Arthur, o falecido rei findoriana. Com o retorno de Miguel ao seu país, desejo que o senhor retome seus afazeres usuais e passe a coordenação secundária de Draken a meu marido. Tudo bem? – A mulher perguntou ao beta, que estava vestido em seus trajes pretos usuais.

— Com toda a certeza. – O rapaz respondeu. Afinal, era um tanto quanto cansativo lidar com as questões administrativas da cidade. – Deixarei os documentos e os recibos das cobranças de impostos que rodaram desde o dia que Hatori deixou a cidade no escritório de Miguel, mais tarde. Estou dispensado?

— Sim, senhor. Obrigada. – Serena agradeceu e permitiu que o homem deixasse aquele setor. Logo percebeu que um garoto com cabelos violeta se aproximava, sua fisionomia única alertou a mente de Serena. – Steve! – Chamou-o, notando que ele procurava por alguém.

— Serena! – O adolescente aproximou-se e a cumprimentou com uma pequena mesura. – Era com a senhorita que eu desejava falar.

— Diga. – A morena pediu que ele continuasse, curiosa.

— Não. Não aqui. – Ele suplicou. – É algo muito confidencial. – Serena fitou as duas esferas violetas desconfiadas que a pediam aquilo e acabou cedendo. – Muito bem, soldados, prossigam para a próxima sessão de treinamento. – Ordenou aos militares e disse para Steve que a acompanhasse até o interior de seu escritório.

Como Kalifas ainda não havia voltado de sua última tarefa, a Alfa tomou a palavra. – O que está acontecendo?

Steve engoliu em seco, o jeito direto de Serena fazendo-o ter alguns espasmos. – Minha irmã, Zara. Há algo que vocês desconhecem a respeito dela.

Os olhos da Alfa chegaram a brilhar e ela pediu que ele continuasse. – Há alguns anos, quando Logan beirava seus doze anos, Zara comercializou nossas vidas por sua própria liberdade. Eu era um garoto na época e acreditava fielmente em minha irmã. Afinal, ela nos dissera que iriamos ter uma nova família. – O garoto riu sarcástico. – Aquela víbora estava enviando eu e meu irmão para o verdadeiro inferno. Mas, por sorte, eu fui mais esperto do que ela. Enganei o mercador que a mantinha escrava e fugi com Logan. Lembro-me que passamos cerca de dez dias com pouquíssima comida, caminhando sem rumo por entre os galhos retorcidos de Mellory. É por isso que hoje, tudo o que sinto por Zara é ódio. Em sua mais pura expressão.

Serena ponderou por um tempo sobre o que ouviu. Suas suposições pareciam estar cada vez mais perto de estarem corretas. – E por que me conta isso?

— Achei que a senhorita merecia saber. Uma vez que me salvou. Livrou-me daquele dor descomunal que eu sentia. É minha maneira de agradecer. Faça bom proveito dessa informação. – O rapaz respondeu, deixando após alguns segundos, o local. – Certamente farei. – A Alfa respondeu para si mesma, mil planos sendo arquitetados em sua mente.

*

— Amore mio, onde está indo tão apressada? – Miguel questionou a velocidade dos passos de Serena. A Alfa simplesmente o encarou e respondeu:

— Preciso me encontrar com seu amigo oprimido. – Sorriu brincalhona.

— Will? – O homem arqueou uma sobrancelha. – O que quer falar com ele?

— Algo muito grotesco sobre sua protegidinha. – A jovem afirmou sarcástica. Deu tapinhas de leve no ombro de seu marido e completou. – Parece que ela não é o anjo que você imagina.

— Sua língua está realmente afiada hoje, Serena. – Ele a repreendeu. – Mas, se é a Will que você procura, saiba que ele saiu pouco depois que terminamos nossa reunião para almoçar. Aproveite e pague-lhe uma boa refeição. – Miguel entregou um pacote de moedas para a esposa.

— Está falando sério? – Ela apontou para o dinheiro. – Não sou do tipo cortês. Deixarei que você mesmo tenha o prazer de comprar algo para seu fiel escudeiro. – Complementou devolvendo o pacotinho. Miguel bufou contrariado, contudo acabou concordando. Era o gênio dos preminianos, sempre independentes e críticos. Serena deu-lhe um beijo no rosto e sussurrou em seu ouvido. – Daqui a dois dias, quando o festival acabar, quero te levar a um lugar. – O Alfa ficou surpreso, mas aproveitou para roubar um beijo de sua esposa. – Não demore, está bem? – Pediu fingindo abandono.

— Sim, senhor. – Ela bateu continência e retirou-se.

*

— A senhorita estava a minha procura por todo este tempo? – Will indagou surpreso. – Sinceramente, sinto-me lisonjeado.

— Não sinta. – Serena cortou sua fala. Eles estavam a conversar em uma choperia da cidade, alguns foliões jovens faziam certa farra ao fundo. – Não venho trazer-lhe boas notícias. – Completou, bebericando sua cerveja de soja.

— Sou todo a ouvidos. – Respondeu o beta atento. Ele já parecia estar um pouco alterado. A Alfa desconfiou que ele estivesse frustrado com algo, mas empurrou essa suposição para o fundo de sua mente.

— Você, provavelmente, lembra-se de Steve, irmão mais velho dentre os refugiados findorianos que vivem aqui em Draken. Pois bem, ele contou-me algo a respeito do passado de Zara, que pode comprometê-la a algum tipo de julgamento formal. – Explicou a mulher, tentando ser objetiva. Temia que mais espiões de Kalisse estivessem espalhados pelos arredores.

— De fato sempre desconfiei da platinada. – Assentiu o homem, tentando recompor sua postura crítica. – Imagino que ela esteja muito mais envolvida com a raposa do que imaginamos estar.

— Penso o mesmo que você. Ao que aparenta ser, ela propôs um negócio com um mercador. Acredita que a garota foi capaz de vender os próprios irmãos? – A Alfa continuava embasbacada com a história de Steve. – Deveríamos condená-la a pena perpétua.

— A burocracia penal não é tão simples assim, Serena. – Corrigiu Will e a jovem bufou indignada. – Mas, acho que posso indicar-lhe alguém que sabe muito mais sobre Zara do que eu. Soube que Márcio, o ancião que vem mantendo-se no poder desde o afastamento de Pan, anda desconfiado que esse mantenha algum tipo de contato tanto com Kalisse quanto com essa estrangeira. Acredito que ele esteja a investigar possíveis espiões estacionados em Draken.

— E o que me recomenda então? – Ela questionou curiosa. Talvez aquela fosse sua chance.

— Que converse seriamente com Márcio e pergunte a ele se descobriu algo arrebatador sobre essa guria malcriada que Miguel aceitou no chalé. – O beta também não conseguia compreender os motivos do Alfa.

— Muito obrigada. – Serena sorriu e terminou sua bebida. – Agora preciso ir. Tenho de organizar um festival. Irei visitar o ancião em breve, não se preocupe.

KOHANA REVELA SOBRE PAN

Marcio não sabia mais o que fazer, noites atrás viu Pan conversando com Zara, mais uma coisa que confirmou suas suspeitas. Ele não escutou muito bem o que diziam, mas pelo movimento dos lábios jurava que falaram “Kalisse”. O ancião estava no calabouço junto com Kohana, a garota não estava acorrentada, estava bem e muito arrependida por tudo que fez.

— Quando Hatori chegar, você devera falar com ele, eu penso que ele irá lhe perdoar, pois vocês se conhecem há tanto tempo. — Marcio falou para a garota que tomava chá, esta estava na prisão, mas era bem organizada e bela. Muito bem construída e pintada, mobilhada e bem apresentável.

— Eu gostaria de pedir desculpas para Lunally também. — pediu Kohana, não era do feitio dela atacar as pessoas, nem ela tinha fé no que fez.

— Não sei se será possível, ela está em Golty, mesmo que nossa Alfa tenha ido lá, não significa que ela irá voltar.

Kohana ficou pensativa. Por um lado ficou feliz por saber que Hatori havia encontrado alguém que amasse, mas ficava magoado por saber que desperdiçou sua juventude por coisas vazias e cruéis.

Eram audíveis os passos descendo as escadas. Logo Marcio identificou quem era que virá visitar a cadeia, Will e Serena. Ficou um pouco confuso, mesmo Serena, estando a mais de meio ano em Draken, ele nunca tinha conversado com a mulher, e referente ao Will, esse só vinha quando Miguel mandava, ou para dizer que não iria fazer o que o GCA mandou, ou que o alfa menor tinha uma proposta.

— Marcio, devemos nos juntar. — disse Will sem delongas logo que chegou perto. — Sabemos o que está fazendo para Hatori e temos mais informações para você.

Marcio e Kohana ficaram paralisados e tentavam assimilar o que diziam. Hatori deve ter comentado com Miguel sobre as suspeitas e este deve ter falado com o Beta e esposa, mesmo assim, era um assunto muito restrito.

— Zara. — pronunciou Serena para que o ancião soubesse que tinham realmente informações relevantes.

— O que sabe dela? — Marcio mostra as cadeiras para se sentarem e aguarda pacientemente a fala dos visitantes.

Serena contou, com o máximo ódio que tinha e sempre enfatizando que Zara não prestava, sobre o fato de Zara ter tentado vender os irmãos e que o próprio dragão negro: Helias, havia falado que ela trabalhava para Kalisse. Will disse que achavam que ela estava sendo usada, mas Serena havia expressado muito bem que não acreditava em tal atrocidade, a findoriana era culpada.

— Kohana foi usada. — Marcio explicou. — Quando alguém é usado, este tem magia negra forte em si. No caso se Zara foi um pacto. Ela fez algo em troca de outro.

— Kohan também fez. — Will falou por acaso.

— Sim, mas até certo momento foi um pacto, depois foi enganação, Kohana nunca iria obter o que queria, pois Hatori alem de alfa é protegido pelos irmãos dragões, nunca poderia ser induzido a algo por Kalisse.

Serena encarou Kohana, ela tinha conhecimento de quem era essa mulher e o que tinha feito com Luna. Kohana ficou envergonhada, mas estava aprendendo a lidar com isso.

— E o pacto de Kohana não foi direto com Kalisse, teve um intermediário. — Marcio deixou a informação no ar.

— Quem? — Serena impaciente perguntou, curvou o corpo para frente e encarou o ancião que se sentiu intimidado.

— Ele é muito importante aqui. — Kohana revelou por espontânea vontade. — O objetivo dele era fazer Miguel matar Hatori ou vice versa. Você não estava aqui antes, pois quando você chegou às coisas melhoraram, mas os irmãos viviam em uma tensão terrível.

— Tive uma ideia disso quando os conheci. — Serena lembrava-se do episodio em Mellory que Hatori e Miguel brigavam pelos ocorridos.

— É de um órgão estatal? — Will questionou.

— É o líder dos anciões: Pan. — Marcio contou para não alongar mais. — O que sabemos é que ele odeia Draken e tinha uma divida com a deusa, e foi “obrigado” a pagar isso vindo para cá para derrubar o reino por dentro.

— Impossível! — protestou Will. — Muito mais ser Helio. Pan por mais que seja uma pessoa horrível faz parte do GCA, vocês têm mil rezas e procedimentos que mostram a verdadeira face das pessoas! — Will levantou angustiado. — Teriam tido conhecimento de ele praticava ritos para outro deus.

— Hatori tirou colocou muitas fiscalizações nos anciões para que esses não achassem que mandavam no reino. — Marcio tentava mostrar como Pan conseguiu isso tudo. — Porém Pan está aqui há mais de quarenta anos. E teve tempo o suficiente para arquitetar tudo quando os alfas eram Verônica e Orus, os pais dos novos alfas. Os antigos líderes não eram tão rígidos com o GCA.

— Como? Então se for assim ele deveria atacar os antigos alfas. — deduziu Serena, também indignada, conhecia Draken o suficiente para saber que eles eram muito rígidos com as regras para deixarem algo assim passar.

— Ele vendeu informações para Premim, para matar os alfas tanto de Draken quanto de Golty. — Kohana falou sentindo-se péssima por ter estado do lado de Pan.

— O fato é que, como Pan é o líder, ele tinha mais liberdades de cultos e sabe dominar muito bem sua essência, sua energia espiritual era muito bem equilibrada, ele sabia moldar ela ao seu favor. — Marcio ficava muito irritado ao dizer isso, pois ele também era muito capaz e ficava revoltado por Pan estar como líder, sendo assim, tão infiel. — Ele deve ter ficado anos sem fazer ritos para deusa, ele recebeu a missão antes de vir e tinha ideia do que fazer, quando virou líder do GCA ele já pôde ser mais livre para fazer suas praticas de fé.

— Mesmo assim ele é estrangeiro? Como virou Líder de um órgão estatal? Só poder ser líder se for nato de Draken. — Will perguntava, não estava satisfeito.

— Documentos falsos, Corrupção, Subordinação. Draken não é um reino de santos. — Kohana falou algo obvio. — Metade do GCA é subordinada dele. E a certidão de nascimento é falsificada.  Pan é de Findoram.

— Meu rapaz. Ele fez tantas loucuras que nos também estamos esbagaçados. — Marcio confessou. — Os alfas não poderiam ter percebido isso, já tem tanto trabalho.

— Então Pan é o culpado? — Serena parecia diferente, sua face era um tanto obscura. Ela estava com ódio e iria fazer o possível para acabar com essas fraudes e traições.

— Em parte. Os que foram iludidos por ele também têm culpa. — Will olhou para Kohana e pensou nos anciões da grande casa que obedeciam ao velho. — Você falou algo para Hatori? Pois Miguel não sabe disso.

— Ainda não, eu deveria confirmar algo. Mas com o que me disseram sobre Zara já é o bastante. Eu a vi conversando com o líder do GCA. — Marcio esclareceu.

Serena se levantou, ela tinha que contar para seu marido que Zara era perigosa, que Helias foi equivocado, ela não estava sendo usada, ela estava comandando algo ruim do lado de Pan.


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Notas finais do capítulo

E ai?



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