— Sr. Potter? _ Madame Pomfrey chamou James, que estava dormindo em uma cadeira ao lado da cama de Lily. _ Você não deveria ir para a aula?

— Ahn, é... Eu vou. _ Ele acordou e levantou, ainda um pouco sonolento. Não sabia como havia chego no dormitório masculino, mas se lembra da água quente o ajudando a despertar e de ter colocado um uniforme limpo antes de correr para a aula de sexta. 

Quando chegou na sala, James viu Alice e Frank perguntando algo para Marlene, provavelmente sentiram falta de quase todo mundo nos dormitórios na noite anterior e ficaram chocados com a resposta. O que restava do James de sempre pensou que eles provavelmente haviam aproveitado a deixa e dormido juntos simplesmente porque os dormitórios nunca ficavam quase vazios. Quando a aula da manhã acabou, todos o seguiram para a Ala Hospitalar e encontraram Lily dormindo. Peter, Mary, Frank e Alice se sentiram culpados por terem ficado de fora do duelo, mas era impossível saber que algo como aquilo iria acontecer. Potter só conseguia pensar que se alguém tinha culpa era ele, que pediu que ela lhe desse cobertura e não a protegeu como deveria. Passou a tarde toda pensando em Lily acordando sozinha na Ala Hospitalar, sem saber o que tinha acontecido, sentindo-se fraca e machucada.

— Você devia pegar mais leve com você mesmo. _ Remus estava parado ao lado da carteira de James, onde ele rabiscava um pedaço de pergaminho e fazia caretas. _ Vamos, a aula acabou faz uns cinco minutos e você nem se mexeu.

— Eu só... Por que ela fez isso, afinal? Ela é tão pequena e frágil, não deveria se arriscar assim. _ James passou a mão no cabelo, sem entender nada sobre a noite anterior. _ Ela me chamou de Jamie ontem a noite.

— Igual a Rose, não? _ Remus sorriu, sabendo que finalmente Lily estava se rendendo. Potter assentiu, quando eles viraram o corredor do quarto andar.

— Eu acho que ela pode estar gostando de mim.

—James, você sempre pensa isso. _ Remus esboçou um sorriso, pensando que dessa vez ele podia mesmo estar certo.

— Dessa vez é diferente. _ James realmente acreditava que as coisas tinham mudado, e realmente tinham.

— Eu contei tudo pra Dorcas ontem a noite. _ Lupin contou, com um sorriso vitorioso no rosto. _ Estamos juntos de novo.

— Eu imagino que você conseguiu mais do que isso ontem a noite, por essa cara... _ Remus corou e deu um soco no braço de James.

— Não é da sua conta. _ Lupin não pode esconder sua animação.

Remus acompanhou James até a Ala Hospitalar, acenando de longe para Lily, que estava acordada tomando sopa. James fez uma careta que misturava felicidade de saber que ela tinha acordado e preocupação por não estar por perto quando ela acordou.

— Ruiva! _ Ele andou rápido até a cama e sentou na cadeira que já era praticamente dele.

— Oi James... _ Ela mordeu o lábio tentando esconder um sorriso, que logo se transformou em preocupação. _ Você se machucou, ontem? _ Procurou por arranhões ou hematomas. Ela se lembrava de alguns borrões no meio da noite, de ter visto James sentado ao lado de sua cama.

— Não, graças a você. _ Ele era totalmente grato pela ação da garota, ainda que preferisse estar em seu lugar. _ Eu não sei onde você estava com a cabeça, Lily... _ Ele observou as pequenas cicatrizes ao longo do braço dela e fez uma pausa. _ Era para eu estar aí, não você. 

— Eu agi por instinto, não queria que ninguém se ferisse. _ Lily se ajeitou na cama, preparada para defender. Ela tinha repetido isso para si mesma desde que acordou, foi instinto.

— Eu sei, ninguém imaginava que Snape tinha um feitiço novo para testar... _ Ele baixou a voz, mantendo o autor do ataque em segredo. _ Você não disse nada sobre ele para Pomona, disse? Ele só deu o contrafeitiço com a condição de não falarmos que foi ele... Se não ele conta sobre o Aluad..., quero dizer, Remus.

— Snape se tornou alguém terrível. _ Ela balançou a cabeça em negação. _ Como ele sabe sobre Remus? _ Franziu a testa. Ela sentia que sua mente estava um pouco mais devagar que o normal.

— Isso é uma história para outro dia. _ Ele deu uma piscadela. _ Então, você disse alguma coisa? 

— Eu ainda não falei sobre o que aconteceu, acho que ela está me dando um tempo... _ Lily tentou prender seu cabelo, mas parou na metade do caminho ao sentir uma leve fisgada na cintura com o movimento e deixar escapar uma careta.

— Está doendo? _ James parecia legitimamente preocupado. _ Eu posso prender pra você. _ Apontou para os longos cabelos cor de acaju que se espalhavam pelo travesseiro. Para a surpresa dele, ela assentiu e lhe deu um laço. 

Cuidadosamente, ele se levantou e juntou as mechas em suas mãos, as prendendo com o laço vermelho num rabo de cavalo. Enquanto ele passava os dedos por seu cabelo, Lily sentiu um arrepio percorrer sua espinha, que estava sendo cada vez mais frequente na presença de Potter. 

— Obrigada. _ Ela estava corada e sorria timidamente. James voltou a sentar na cadeira ao lado da cama, mas dessa vez um pouco mais próximo. Seus olhos brilhavam atrás da lente dos óculos retangulares, encontrando os olhos verde esmeralda de Lily por alguns segundos. Normalmente Lily desviava o olhar, mas dessa vez encarou os olhos de James de volta e nem sabia exatamente o motivo, apenas fixou seus olhos nos dele e suspirou de leve. Ele vacilou ao ver os lábios brilhantes de Lily ali tão próximos e desviou o olhar dando um sorriso torto e abaixou para pegar algo na mochila. _ Eu... Eu trouxe xadrez bruxo para te distrair, já que Madame Pomfrey não quer me deixar te tirar daqui. Não pense que só porque você se jogou na minha frente e me salvou eu vou te dar moleza, ok? _ Abriu espaço na cama de Lily e sentou no pé da cama, deixando o tabuleiro no meio.

Evans estava agradecendo mentalmente por ele estar ali, lhe fazendo companhia. No tempo que passou acordada ela só conseguia pensar em James. De todos, ele era o que mais entendia o que tinha acontecido na noite anterior. Ele estava lá desde o começo, ele foi o alvo do feitiço de Severus. Além disso, Evans já tinha se acostumado com a presença de James todas as noites durante as rondas pelo castelo, passar algumas horas com ele só a deixava feliz por ser parte de sua rotina, obviamente.

Os dois ficaram grande parte da noite jogando, até que James precisou ir embora, já que Madame Pomfrey não o deixou passar mais noites na Ala Hospitalar. Ela olhou para Lily com uma cara engraçada quando lhe entregou o jantar, fazendo Lily franzir a testa e perguntar o motivo.

— Vocês formam um belo casal..._ Pomona podia ser uma bruxa muito seria e experiente, mas ela acreditava no amor como qualquer pessoa.

— Não... Ele não é... Meu namorado. _ Lily corou, imaginando como passou a impressão errada. Ela se jogou na frente dele para o proteger, ele passou a noite anterior esperando ela acordar e passou a tarde e o começo de noite lhe fazendo companhia. 

— Bem, você não tirou o sorriso do rosto desde que ele chegou. _ Pomona apenas deu de ombros e a disse para descansar, mas o problema de dormir por um dia inteiro é que uma hora o sono acaba e você precisa lidar com seus pensamentos. 

Mesmo que tentasse, sua mente sempre lhe traía e voltava para seu sonho de sempre onde ela beijava James Potter na frente de toda a escola após um jogo de quadribol ou para aquela tarde na praia, James sem camisa andando ao seu lado... Parte dela realmente acreditava que aquilo era besteira, apenas o efeito de muitos remédios e da perda de sangue. Mas no fundo ela sentia que algo tinha dado errado, que o revirar de seu estômago significava algo mais e isso a deixava extremamente irritada. Ser atingida por magia negra era o menor dos problemas de Lily no momento, ela precisava mesmo era tirar James Potter da cabeça.

O sábado amanheceu chuvoso, o que fazia James ficar impaciente. Ele queria, mas Madame Pomfrey não o deixou passar mais um dia inteiro com Lily na Ala Hospitalar porque ela precisava descansar, então pegou sua vassoura e partiu para o campo de quadribol. Depois do incidente com os dementadores, James ganhou uma vassoura nova de seu pai e não tinha a usado com tantos acontecimentos na mesma semana, então talvez voar um pouco limpasse sua mente.

Dentro do castelo, Lily passou a manhã toda dormindo graças a noite em claro e quando acordou estava se sentindo melhor, pelo menos fisicamente. Mesmo tendo recuperado sua cor e sua força, a cabeça de Lily rodava, cheia de pensamentos e nenhuma conclusão.

Finalmente saiu da Ala Hospitalar, depois de um dia e meio presa naquela cama, e andou pelos corredores sem rumo, até que viu alguém que tirou seu sono por muito tempo. Jane Finch atravessou o corredor com algumas amigas, dando um sorriso tímido e acenando para Lily. A grande questão era que no dia do aniversário de Remus, durante a aula de herbologia, Jane foi encontrada com vários cortes no corpo atrás de uma estufa. Ninguém entendeu exatamente o que aconteceu e mesmo que Lily tenha tentado investigar, ela não chegou a nenhuma conclusão além de suspeitar que Severus estava envolvido. Agora, depois de tudo que aconteceu, parece bem óbvio: Jane foi um teste para o feitiço de Snape. 

Ela passou tantas noites pensando na garota cheia de cortes, pensando se ela precisou conversar e ninguém esteve presente, achando que ela podia mesmo ter tentado se matar ou simplesmente que tinha sido atacada e ninguém sabia explicar o que aconteceu. Agora, ela sabia perfeitamente explicar o que houve com Jane, inclusive estava com pequenos cortes iguais aos dela cicatrizando por todo o corpo. Precisava contar isso ao James, era isso que estava a incomodando desde o começo, é claro. Foi para o lugar mais óbvio primeiro. O Salão Comunal estava cheio graças a chuva, uma porção de crianças falando alto e rindo, adolescentes jogando Snap explosivo e nenhum sinal de James Potter.

— Lily! _ Alice saltou do sofá e abraçou a garota, que levou um susto. Ela estava tão concentrada em encontrar James que não viu suas amigas sentadas no sofá perto da lareira. _ Você está bem? _ Ela assentiu, ainda um pouco distraída olhando em volta. Nem sabia  o motivo de querer tanto encontrar aquele maldito garoto, então assumiu que era só o efeito dos remédios que Madame Pomfrey lhe deu e se sentou com as garotas.

— Eu estou bem, Madame Pomfrey disse que eu me recuperei antes do que ela esperava... Graças ao contrafeitiço. 

— Ainda bem que Grace abriu a porta do Salão Comunal da Sonserina ou estaríamos perdidos. _ Dorcas explicou como conseguiram que Snape os ajudasse.

— Grace? _ Marlene perguntou, sentindo a voz sumir. Ela ainda estava se sentindo mal por culpar a garota pelos erros dos outros Malfoy. — Eu preciso falar com ela... _ Levantou e saiu rápido do cômodo, sem dizer mais nada. Ela tinha suas próprias batalhas.

— Então... Eu estou acostumada com a Marlene não aparecendo no dormitório feminino, mas nunca imaginei que fosse ter o quarto só pra mim ontem a noite... _ Alice jogou verde, tentando tirar algo da boca de Dorcas, que corou imediatamente. _ Quero dizer, Mary estava aqui com sofá com Peter, Marlene fazendo sei lá o que ela faz com Sirius e Lily na Ala Hospitalar com James... Conveniente ter sobrado apenas Dorcas e Remus, não? _ Ela riu da cara vermelha e sem graça de Dorcas. 

— Eu... Nós... Conversamos e... Esclarecemos tudo e, bem... _ Dorcas tinha perdido totalmente a fala.

— Você dormiu com ele! _ Alice falou mais alto que devia, mas o Salão Comunal estava tão barulhento que elas não atraíram olhares. _ Preciso contar a Frank que ele perdeu, eu sabia que vocês tinham voltado! Até mais tarde, garotas! _ Alice tinha esse espírito excêntrico, falava alto e era expressiva, sempre tão animada.

— Ele me contou. _ Dorcas deixou no ar, para que Lily entendesse. Ela assentiu e ficou feliz por finalmente não ter que esconder isso dela. _ Sei que não podia me contar e fez tudo que podia para que ele contasse... Você é uma ótima amiga, Lily. _ Agradeceu, apoiando a cabeça em seu ombro. 

— Você também, Dory. Estou feliz que vocês finalmente voltaram... _ Lily fez cafuné nós cabelos loiros e curtos de Dorcas.

— Agora só falta você e o James. _ E um solavanco atingiu o estômago de Lily, nada delicado. "Droga, por que ela tinha que lembrar dele?", praguejou.

— Eu acho que tenho que passar na Ala Hospitalar de novo... _ Lily saltou do sofá e andou rápido pelos corredores, trombando com alguém quando virou a esquina. Tinha que contar sobre Jane, precisava encontrar James de qualquer jeito.

— Sirius! Sabe onde James está? _ Lily estava com as bochechas coradas e ofegante por andar tão rápido. 

— Hmm... Por que está ofegante assim? _ Sirius começou a zombar, mas ela o ignorou. Tinha algo de diferente na forma como Lily falava, parecia que ela tinha esquecido seu passado odiando o James. 

— Eu preciso falar com ele. _ Continuou, torcendo para que ele só lhe respondesse e a deixasse ir.

— Eu não posso passar essa informação caso você tenha a intenção de brigar com ele... _ Sirius coçava o queixo e falava dramaticamente. 

— Sirius, eu só quero falar com ele! _ Ela já estava perdendo a paciência. Nem sabia porque queria tanto falar com James, só queria que ele saísse de sua cabeça. 

— Falar sobre o que, exatamente? _ Ele coçou o queixo e levantou a sobrancelha, interessado.

— Não te interessa! _ Ela corou e baixou a voz, fazendo cara de brava para tentar esconder a vergonha. 

— Vamos dar uma volta, ruiva. _ Black apoiou o braço no ombro de Lily e a guiou pelo corredor até a ponte suspensa. 

— Sirius! _ Lily tirou o braço dele de seus ombros e parou, cruzando os braços. Ele apoiou no parapeito da ponte de madeira e respirou fundo.

— Sabe, Lily... O que aconteceu na quinta não foi apenas coincidência. Snape queria mesmo acertar James. Eu sei que nós nunca fomos legais com ele e tudo mais, só que isso foi longe demais. James podia ter morrido, se você não tivesse entrado na frente dele... _ A chuva ainda estava forte, Sirius estava com a mão embaixo de uma goteira, deixando que as gotas caíssem lentamente na palma de sua mão. Lily, nesse momento, já havia se rendido a conversa com Black. _ Você sabe que se não fosse você, o Ranhoso não teria dito o contrafeitiço. _ Ela assentiu. _ James é meu melhor amigo, ele é muito mais irmão do que Regulus jamais foi... Você pode estar negando, mas eu sei o que está acontecendo e você devia apenas aceitar. Não é o fim do mundo, sabe? Deixar o orgulho de lado as vezes. Essas coisas não vão fazer diferença depois, é só tempo perdido. _ Ele abriu seu famoso sorriso maroto. _ James está no campo de quadribol. _ Lily assentiu e vestiu sua capa, ainda sem entender totalmente o que Sirius estava querendo dizer. _ Ei, Lily! _ Ele chamou, quando ela já estava na metade da ponte. _ Trate de não magoar o James, ok? Mexeu com um maroto, mexeu com todos.

Nem mesmo a chuva forte impediria Lily de ir atrás de James, no caminho até o campo de quadribol ela pensou em muitas coisas, mas quando avistou James voando ela decidiu deixar tudo pra lá por um momento. 

Ele estava num dos seus lugares preferidos, onde ele sempre fazia tudo certo e mostrava a todos como ele era demais, no campo de quadribol ele se sentia indestrutível. Mesmo devastado com o que havia acontecido nos últimos dias, ele mantinha-se firme em sua vassoura fazendo loopins e voando sob a chuva forte. Do alto tudo parecia menor, talvez mais simples de ser resolvido. Após simular uma manobra e fazer um looping, James avistou um pontinho laranja no gramado. Mesmo com seus óculos molhados, a visão dele nunca falhava no campo, então ele desceu com a vassoura até o que parecia ser Lily Evans. "Ela deveria estar na enfermaria, não correndo na chuva", pensou enquanto descia bruscamente ao encontro da garota.

— Lily, o que está fazendo aqui? — James estranhou ao ver a ruiva completamente ensopada. — Quando você saiu da enfermaria? — Num feitiço rápido, James fez um guarda-chuva aparecer em suas mãos e protegeu a ruiva da chuva.

— Eu saí depois do almoço, Madame Pomfrey me mandou descansar, mas eu não conseguia me concentrar, procurei você no castelo todo... Eu descobri o que aconteceu com  a Jane ano passado e eu... — Lily falava rápido mesmo tentando esquecer todos os pensamentos doidos que bagunçavam sua mente. Ela ainda tinha alguns cortes leves, mas todos pareciam estar cicatrizando rápido. — Ei, o que está fazendo? — Ela gritou quando percebeu que James havia a levantado e agora ela estava sentada na vassoura com ele.

— Acho melhor você se segurar, você devia estar em repouso e sai nessa chuva? — James segurava a cintura de Lily, que estava tão assustada com a altura que não teve tempo de reclamar.

James pousou perto dos vestiários e eles entraram para se secar.

— Por que você estava no campo de quadribol com essa chuva? Está frio! — Sua capa pesava tanto que mesmo com frio ela preferiu tirá-la, ficando apenas com uma camiseta vermelha e com uma calça jeans parcialmente ensopada.

— Eu sempre venho para cá quando fico preocupado. — James guardou sua vassoura e pegou duas toalhas no armário, jogando uma delas para Lily.

— Eu só... — A voz dela sumiu e seu rosto ficou corado. — Eu queria te ver e agradecer e... Eu não sei. Só não conseguia parar de pensar e... 

James, que era sempre confiante com seu sorriso sedutor, naquele momento tinha um sorriso tímido formando em seus lábios e um leve avermelhado no rosto.

— Então você queria me ver, é? — Ele não perderia o sorriso maroto tão fácil.

— Você tem que ser sempre assim? Você é muito chato, Potter. — Lily já estava pensando que não tinha sido uma boa ideia ir atrás de James. Ela estava parada perto dos armários, passando a toalha nos cabelos molhados.

— Lily, você se jogou na minha frente para me proteger, eu imagino que você não me ache assim tão chato... — Ele se aproximava dela lentamente, sorrindo.

— Aquilo foi... Instinto, você faria o mesmo comigo. — Assim que ela soltou a frase, percebeu que tinha falado demais e dado a chance para ele retrucar.

— Exatamente, eu faria isso por você. E sabe por que? — Nesse momento, ele já estava tão próximo de Lily que ela foi dando passos para trás, até encostar nos armários de metal e não ter para onde fugir. — Porque eu gosto de você, Evans. — Ele falou com o olhar fixo na ruiva, que estava totalmente sem reação.

— Eu... Jamie... — Ela tentava achar palavras mas era impossível pensar tão perto de James. Aqueles malditos olhos castanho-esverdeados penetrantes estavam emoldurados por um óculos retangular cheio de gotas da chuva, o que a fazia perder completamente o foco e esboçar um sorriso.

Potter não aguentaria esperar muito depois de ver aquele sorriso. As bochechas da garota estavam rosas, o que quase camuflava suas poucas sardas. O aroma adocicado que seus cabelos molhados exalavam eram um convite para as mãos de James, que tirou uma mecha colada no rosto delicado da garota e aproveitou para descer a mão pela nuca dela. Ela parecia entender onde James estava querendo chegar e, diferente das outras vezes que eles se beijaram, dessa vez a ruiva posou calmamente uma das mãos no rosto de James e o puxou para perto, fechando seus olhos com a proximidade de seus lábios.

James mal acreditava que aquilo estava acontecendo. Ele beijava a garota calmamente, querendo aproveitar cada segundo de um dos melhores momentos da vida dele. Quando eles se separaram, até mesmo os olhos verdes brilhantes de Lily expressavam o sorriso que os dois trocavam.

— Não deixe isso subir a sua cabeça.

— Tarde demais, ruiva. _ Ele a beijou novamente com um sorriso nos lábios, sentindo que dessa vez ele não precisava se preocupar com ela ficando brava ou qualquer coisa do tipo. 

— Acho que é melhor a gente manter isso em segredo por enquanto. — Lily quebrou o silêncio, algum tempo depois. Ela não fazia ideia do que estava fazendo, mas gostava da sensação de estar nos braços de James. 

— O que você quiser, contanto que eu possa te beijar de novo sem apanhar... _ James explodia em felicidade, ainda segurando Lily pela cintura. Vestiário de quadribol era um lugar inusitado para finalmente poder beijar Lily sem preocupação. 

O barulho da chuva lá fora estava diminuindo, mas eles não estavam prestando atenção nisso. As mãos de Lily bagunçavam o cabelo de James, ironicamente, os mesmos cabelos sempre bagunçados que a irritava antes. James abria os olhos vez ou outra apenas para se certificar que aquilo estava realmente acontecendo e via Lily o beijando com um sorriso escapando de seus lábios.

Cerca de meia hora se passou e a chuva já tinha dado uma trégua, então eles voltaram a si e se afastaram.

— Eu posso dizer uma coisa? — Ele perguntou, quando caminhavam para o castelo.

— O que? — Ela já mostrava sinais claros de estar na defensiva.

— Quando você me puxou, eu achei realmente que ia levar outro tapa na cara. Por favor, não tente me matar do coração outra vez. — James olhava com ternura para Lily, que ria do medo dele.

— Você ganha o que merece, Potter. — Ela o beijou novamente quando chegaram às portas do castelo. _ Agora, isso é segredo ok? Até a gente decidir como isso vai funcionar. _ Ela soltou a mão de Potter e arrumou sua camiseta amassada.

— Conversamos sobre isso mais tarde, então. _ Ele sorriu e deu uma piscadela.