A caçadora de clichês escrita por VivianLidi


Capítulo 2
A protagonista manipuladora




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"Isso é uma coisa séria, Claire" - Daniel repetiu isso pessoalmente e pelo whatsapp mais vezes que posso contar no dedo. 

Eu estou entediada, é mais forte do que eu.

As pessoas na sala não gostam de mim, me chamam de patricinha metida, mas a verdade é que eu não gosto de lidar com pessoas, Daniel entende perfeitamente isso.

E eu já passei por muita coisa ruim, não quero me envolver com as pessoas de novo.

— Tão talentosa para ficar varrendo cabelo.

— Pois é. — Sorri para meu pai.

Meu pai estava contando o dinheiro do salão enquanto preparava o fôlego para dizer que eu tinha mãos de cabeleireira.

— Sua mesada dobraria, e, por sorte e bom humor, cem semanais.

— Não... Eu acho que elas prefeririam pessoas profissionais..

Saí do escritório mal varrido, abandonei a vassoura lá mesmo, sem chance de ir no almoxarifado naquela escuridão.

— Claire, onde está seu óculos? — Perguntou enquanto colocava rímel me impedindo de passar silenciosamente.

— Lentes. E eu achei que a arara azul estava extinta.

— Muito engraçado... Mamãe não vai voltar hoje, então você ter que fazer a janta do pai.

— O que?!

— E lave a louça.

— Claro, madame, posso limpar seu salto com minha língua também.

— Sua língua é afiada, mas seria bom.

É tão linda, mas insuportável.

Saí apressada. Sem chance de cozinhar hoje, eu vou pedir yakissoba...

— Papai! — Gritei. — Vou pedir yakissoba!

— Eu quero temaki de salmão!

Eu não queria comer sozinha hoje... Papai não vai sair tão cedo do escritório. Dani mandou uma mensagem para mim, perguntando se eu queria comer na casa dele.

Meu. Deus.

— Se me ajudar, eu vou fazer o que você quiser por um mês inteiro, inclusive varrer por você.

— Agora podemos negociar, mas quando eu voltar, tchau.

— A gente vai abrir o salão senhor Shay! Gritou uma das mil funcionárias do salão enquanto ainda parecia mastigar goma, aproveitei a abertura e saí.

O salão do meu pai eram dois quarteirões de distância até nossa casa e após nossa casa era a casa maior do que a minha e a de meu melhor amigo Daniel-san.

— Hum! Tudo bem lindinha? Sorriu a mãe tosca daqueles dois rapazes

— Tudo tranquilo, cadê o Dani?

— Meu fofo tá láaa em cima.

Ela é uma mulher viajosa, passar meia-hora conversando com ela é uma viagem, mais estranho é que a minha mãe era sua amiga, minha mãe é uma pessoa super séria.

— Eu vou lá.

— Táa.

Subi as escadas e tentei abrir a porta, pela primeira vez estava fechada.

— Dani. Joguei meu corpo contra a porta. — Daniel, a gente vai. Novamente joguei meu corpo contra a porta e ela foi aberta do nada me jogando contra o chão. — Se.. Atrasar.

Ele abriu o único sorriso que sabia dar, o sádico.

— Doeu muito?

— Não tanto quanto você gostaria.

— Que pena, o que quer?

— Vim estudar minha pequena Beatriz, o empecilho da minha 12° fanfic.

— Você não tira nada da cabeça?

— Não! E você tem que me ajudar!

— Espere um minuto. Ele fechou a porta do nada a trancando.

— Cinquenta e nove, cinquenta e oito.

Ouvi a risada mais doce da casa, era o do seu irmão mais velho, o estudante de veterinária mais sexy do mundo.

— Ele é muito cruel com você, não é?

— É, bastante. Sorri com doçura.. Ou tentei. — Eu acho que sou amiga dele por pena.

— Eu não teria pena dele se fosse você.

— As penas iam para o ex-gorducho. Reclamou Daniel escorado na porta.

— É, você não merece mesmo. Ele me afastou corado pelo comentário do maldito Dani. — Eu já vou, tenham um bom dia.

Lá se vai o crush da minha vida, descendo as escadas com o rosto da seriedade e competência do mundo.

— Ô idiota. Ele pôs a foto de uma menina de cabelos assanhados na minha frente.

— Oh… Que isso? Peguei a foto incrédula. — Que criatura horrorosa, senhor.

— É a Beatriz.

— Cabelos quebrados e esse corte é totalmente desproporcional com o formato fino de seu rosto, longo reto e trançado, e esses óculos são horríveis, as roupas… Ela é muito feia.

— Pare de ser tão superficial, você pode fazer um bom corte nela, você é cabeleireira.

— Cala a boca seu pedaço de aborto!

Eu odeio ser chamada de cabeleireira. O-D-E-I-O.

Nós descemos, e eu saí com a foto estudando o que poderia consertá-la. Postura, roupa e maquiagem… Ela tem olhos bonitos e redondos, talvez… Uma boa maquiagem.

Até a escola ainda andávamos um monte de ruas, era longe, mas não longe o suficiente para precisarmos de ônibus.

Perto da escola pude ver num canto qualquer o Bruno, com a garota sem óculos parecendo chorar.

Era ela… Impossível errar.

— Eu vou terminar sua atividade de inglês. Puxou minha mochila.

— Valeu.

Realmente, ele não se importa em me ajudar.

— Eu sou horrível! Feia, um troglodita! Ouvi ao me aproximar e sentei na grama dois pés de distância.

— Eu também acho.

Nossa, a cara do Bruno foi a melhor.

— Saia daqui agora! Reclamou.

— E-está tudo bem.

— Relaxa aí, eu fiquei comovida com seu probleminha na vida, Pedrão te rejeitou não foi?

— Ah, sim. Ela tremeu e mais uma lágrima cairá. — É porque aquele idiota é como qualquer só gosta de esteriótipos como você, de maquiagem e unhas pintadas, como uma vadia parecida com você.

— Pois é, uma vadia como eu consegue ter o homem que quiser em suas mãos. Eu sorri. — Já você.

— O que? E-eu não sou como todas as garotas, eu não gosto de maquiagem, gosto bastante de ler e eu prefiro muito mais a companhia deles.

— E isso te faz diferente? Por favor, o que uma fracassada rejeitada tem a oferecer? Livros? Vai lá e pergunte se ele vai começar a gostar de você por causa disso.

— Escute, sua escrota. Bruno me puxou pela gola esticando minha blusa levemente.

— Bruno, está me machucando. Sorri.

— E-ela tem razão. Sua mão foi até o braço e o fez me soltar. — Mas o que veio fazer aqui?

— Quero que me inspire a acreditar que você é diferente das outras garotas e em troca lhe ajudarei com isso.

— De que forma?

— Um banho de loja, durante uma semana, eu irei fazer você ser a garota mais gostosa da escola! Se Pedro começar a gostar de você por causa disso, ele é um garoto como os outros e se você não rejeitá-lo, você é uma garota comum, como as outras.

— Por que me ajudaria? Eu não te conheço.

— Prazer, sou Claire e porque eu quero sair do hiato e ter ideias novas para fic, mas, no fundo, eu acho que ele gosta do Bruno, é meio que um propósito egoísta para confirmar que ele é gay.

— ELE É HÉTERO! Ambos disseram.

Mas rejeitei a afirmação de ambos.


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