A caçadora de clichês escrita por VivianLidi


Capítulo 1
A protagonista em hiato




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Era chato, era tédio, era deprimente.

Três adjetivos, de três comentários deprimentes, definindo o momento pela qual passo! POR TRÊS MESES! TRÊS LONGOS MESES DE HIATO NO MEU BLOG.

Eu recebi mais xingamentos que a galinha da minha irmã. Onde eu era tão amada, agora era deserdada pelos meus súditos fiéis.

Filhos da pu...

Por enquanto vão ter que se contentar com minhas postagens de mangás yaoi de fetiche, nada de atualização de Puro amor, ou estágio x.

— Odeio esse teclado, celular miúdo do cão.

E na hora do intervalo, eu me contentava com meu iphone 7 por puro status, porque no fundo eu queria um xiaomi gigante para usar de travesseiro.

— Hentai não é para maiores de 18 anos? Sua otakinha virgem. — Daniel bisbilhotou minhas postagens e eu deslizei para deitar no banco longe de sua visão.

— Eu sei o que faz com sua namorada quando seus pais saem, meus pais também faziam isso, até que nove meses depois eu nasci. — Sorri e ele sorriu de volta.

— Estamos sempre protegidos, não há risco algum.

— Então o risco é você sair desidratado, porque sua namorada é feia e sem sal.

— Você está sem se olhar no espelho?

— Sua namorada foi lá em casa, desde então o espelho quebrou.

— Otaku. — Largou o celular e me encarou com ódio.

— Gado.

Desliguei meu celular e pensei que minha história estava um verdadeiro lixo, igual a mim, saindo chorume.

— Você bem que podia ter conhecido aquela coisa de um jeito especial, porque o jeito que vocês se conheceram foi tão...

— "Saudável" você quis dizer?

Eu sorri. O contexto é incrível, eu podia modificar tantas coisas e usar meu cotidiano como situação. Eles se conheceram porque ela é violinista de um concerto esquisito aqui da cidade.

Mas pensa. Uma grande violinista desenvolvendo problemas auditivos e um grande fã de seus concertos, um homem frio que aquece o coração ao ouvi-la tocar Mozart.

Seria ótimo, eu posso matar a irmã dele e fazê-la sua surdez agravar, ela vai querer se...

HAHAHA. AI MEU DEUS.

— Você podia conter seus pensamentos. — Possivelmente meu colega reparou meu rosto desolado. — Está com cara de quem vai aprontar.

— Quem disse que eu to aprontando?!

— Você fica mordendo o lábio quando pensa o que não deve.

Oh meu caro, a caçadora de clichês sempre pensa o que ela quiser.

Uma super-heroína iniciando o terceiro ano resolve fazer a boa ação do ano, ajudar corações apaixonados não correspondidos, porque são uns fracassados covardes. Com meu fiel ajudante, Daniel-san, o meu mal-humorado melhor amigo, que entrará nessa jornada pela força do ódio.

— Eu pensei melhor.

— Você não pensa melhor. — Mordeu seu sanduíche repleto de atum.

— Sabia que isso tira minha autoestima?

— Você não tem isso também, passar a vida escrevendo romances quando mal viveu um é tão… Triste. — Por mais que não sorrisse é como se seu rosto expressasse um enorme que ia de ponta a cada orelha.

— Eu já sei! — Estalei meus dedos e olhei-o maliciosamente, seus lábios se contraíram e ele abandonou o sanduíche possivelmente pensando em como conter minha língua.

— Por favor não fale bes.

— Você é meu melhor amigo, seria… Apaixonado por mim?

— Não. — Gargalhou. — Você é a última garota que eu gostaria no mundo.

— Por que não? Estamos sempre juntos, as pessoas não achariam estranho.

— É tipo incesto, e ficar com você seria horrível, você tem uma miopia séria, é tipo uma deficiente.

Credo, seu preconceituoso.

— Vou te ignorar, porque quero te amar ainda.

Sentei encarando, ele que me desafiou com um olhar mil vezes mais seco, realmente, não há como existir romance, nossas mães foram colegas de escolas, colegas inseparáveis, basicamente nascemos na mesma época, ele é dois meses mais velho que eu.

— Então, e seu irmão poderia se apaixonar por mim?

— Ele tem 25 anos.

— Mas ele é alto, gostoso, poliglota.

— E você tem 17 anos, no próximo ano 18, depois 19.

Uma discussão estridente entre um rapaz da minha e outro rapaz do terceiro ano A, tirou minha paz e sossego, e de todos a volta, sorte que não tinha muita gente. Mas vai ter bastante fofoca.

Espero que engasguem de saliva, seria cômico.

— É sério que você vai fazer desse jeito?!

— O que eu fiz? — Saiu dando risada.

Eu sorri, abri os lábios pensando “cadê a pipoca?” e Daniel me puxou para trás dele.

Repentinamente Bruno socou o rosto do outro rapaz e continuaria a socar Daniel não tivesse ido até lá impedir.

— Chega!

E eu fiquei rindo enquanto todos estavam em choque, o outro garoto saiu rindo segurando a bochecha, mas o sangue pingava no chão, deixando marcado onde ele ia. O sino tocou na mesma hora.

— O que é isso Bruno? — Daniel o confrontou e o empurrou até perto de onde eu estou. — Você pode ser expulso do colégio, se continuar desse jeito. 

— Quem se importa? Eu estou de saco cheio desse cara, você sabe o que ele faz com as meninas da escola?!

— Como assim?

— Ele expõe fotos de todas as menina que ele fica, na verdade, ele trepa e coloca as fotos na internet, mas as garotas ficam com vergonha de dizer o que ele fez. — Disse apontando indignado para o garoto. Eu senti ódio numa forma primitiva, ele com certeza quer matar o outro cara.

— E no que diz respeito a você? Você não pode fazer isso.

— Ele fez isso com minha irmã, e ela não quer denunciá-lo... Ele não vai parar.

— Meu Deus. — Fiquei pasma, ao ouvir. — Ela tem tipo, 15 anos né?

— Saia daqui. — Disse Bruno franzindo o cenho. 

— Bem, eu já ouvi o começo... Você tem que falar mais baixo... — Me aproximei dando de ombros.

— Claire... Por favor... — Apelou Daniel. 

Bruno estava indo embora, até que consegui me soltar de Daniel e interceptá-lo.

— Eu teria coragem de denunciá-lo... E estaria disposta a ajudá-lo... Se você quiser.

Daniel arregalou os olhos e o Bruno ficou pensativo enquanto fechava o punho, visivelmente irritado.

Eu podia sentir toda a adrenalina correr meu corpo, bem... Eu nunca fiz nada de errado, por que que eu não agito um pouco minha vida?


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