Mental escrita por Pere


Capítulo 3
Capitulo 3- Klaus




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/706075/chapter/3

Era seis e meia da manhã, eu havia acordado a pouco tempo e estava na tentativa de voltar a dormir um pouco antes que eu despertador toque. Fazia alguns dias, acho que uma semana e dois dias, que havia chegado aqui e esses dias se resumiram em arrumar algumas coisas, lidar com algumas velhinhas que vinham atrás de John, eu acabava tendo que mentir para elas, exceto para uma, Molly. Uma grande amiga de John, então quando ela vinha para cá sempre fazia biscoitos e os dois passavam boa parte do tempo na cozinha, jogando xadrez e basicamente um olhando um para a cara do outro fazendo seja lá o que velhinhos fazem. Porque John gosta tanto de xadrez? Não sei. Mas nesse tempo que eu estou aqui e não consegui ganhar dele uma só vez. Mesmo lendo os pensamentos dele. Então ou eu sou muito ruim, ou ele é muito bom.

 Acabo cochilando em meio aos meus pensamentos. Algum tempo se passa e escuto meu celular toca, o número de Warner na tela, me pergunto estranho o fato dele está me ligando por que geralmente conversamos apenas de noite, acabo apenas ignorando por preguiça de atender, não deve ser nada de grande importância, ele deve estar ligando apenas para avisar que colocou fogo no apartamento. Bem a cara dele fazer isso, mas então o meu celular começa a tocar novamente e acabo atendendo.


                _ Warner, caso você não saiba são 5 horas de fuso horário adivinha... são 6 horas da manhã. Mas tudo bem, te mato quando chegar em casa...e então? Qual foi tragédia que você provocou dessa vez?- respondo sem nem me dá ao trabalho de abrir os olhos


                _ Er... então, não foi exatamente eu que provoquei...- esperava um tom de brincadeira típico em sua voz, porem ele estava sério.


                _ Ok, agora você me preocupou o que foi?


                _ Ontem a Lana me fez ir na casa da Wendy com ela e então quando chegamos no apartamento da sua ex namorada encontramos ela quase morta no banheiro.


                _ Como assim?- sentei na cama por reflexo. Senti meu coração disparar e a adrenalina se fazer presente em meu corpo, até aquele momento eu ainda estava meio zonzo de sono mas com certeza depois daquelas palavras eu acordei.

 
                _eu e Lana fomos na casa dela porque a Lana queria chamar a                 Wendy para ir em uma festa de Aniversario de um amigo nosso que ia ter no bar que a gente sempre vai, mas como ela não atendia, e a Lana já estava preocupada porque Wendy estava estranha. Fomos lá e a encontramos no banheiro quase morta, e então a levamos para o hospital eu meio que estou aqui até agora por causa disso.


                _Ok mas como a Wendy está?!- eu estava nervoso, porque a uma hora dessas eu ja teria lido toda a mente dele e já descoberto tudo. Eu lia a mente de Wendy diariamente, e sim ela pensava em suicídio, mas não achei que fosse realmente sério. Afinal quem não pensa nisso as vezes? Existem coisas que a gente tem que relevar quando lemos a mente das pessoas de vez em quando, ou podemos enlouquecer. Mas nunca pensei que aquilo era sério, era muito raro isso acontecer. - E então Warner como ela está?!- perguntei novamente após ele e enrolar para responder, o que me fez ficas com medo da resposta.

                _ Ela perdeu muito sangue, e chegou ficar algum tempo sem respirar por causa da situação toda, e a quantidade de remédios que tomou com álcool antes não ajudou muito a situação dela. Pelo que eu vi naquele banheiro, ela não estava brincando.


                _ Meu deus...- eu estava sem reação, apenas não sabia como lidar.- mas ela vai ficar bem? Não é? O que os médicos falaram?


                _eles disseram que ela ainda não está fora de perigo ainda.


                _hum ok, eu não sei o que eu faço...- disse percebendo que estava chorando. Talvez eu devesse voltar para o canada?


                _não, vai só piorar as coisas, acho que o melhor que você tem a fazer é tentar falar com os pais dela? Eu sinceramente não sei.

—hum ok, eu vou ver o que eu faço por aqui- limpei a garganta e continuei- será que a culpa é minha?


                _claro que não né Klaus, ela tem uma doença cara!

 _ mas eu posso ler mentes Warner! O últimos “surtos” que ela teve foi quando ela tinha 16 anos! Eu vasculhei a mente dela por completo enquanto ela dormia do meu lado na nossa última noite juntos! Ela pretendia fazer alguma coisa! Nossa cara como eu fui burro! Eu não deveria ter simplesmente relevado! Eu poderia ter feito alguma coisa! Não só apenas ter tentado apagar aquele sentimento e substitui-lo por raiva! Eu queria que ela tivesse raiva de mim e me esquecesse logo, não desse a loca e tentasse cometer suicídio!- a essa altura eu já estava quase gritando no ouvido dele.

 
                _ Não, você não tem nada a ver com isso, você não tem superpoderes, você não poderia ler a mente dela e adivinhar que ela queria se matar! Ou você vai chegar para os pais dela e falar ´´oi eu leio mentes e eu já sabia mais ou menos que ele iria cometer suicídio, então eu manipulei a mente dela na tentativa de faze lá mudar de ideia, mas como vocês podem ver pelo estado da filha de vocês na UTI isso não ajudou muito.

                _ Eu poderia tentar ajudar lá... se eu estivesse ai, poderia tentar alimentar os níveis de serotonina e endorfina... não sei alguma coisa que ajudasse.

— Antidepressivos já fazem isso Klaus. E eu duvido muito que ela esteja afim de te ver, isso é, se ela acordar de novo.

                _ Bom... eu tenho que ir, Lana está me chamado, te mando notícias depois.

                _Tudo bem.- falei e desliguei o telefone. Eu estava meio desorientado não parecia real o que estava acontecendo, e quando mais eu pensava mais difícil ficava de ignorar o sentimento de culpa. Mas eu realmente tinha culpa?

De umas das tarefas do meu dia uma delas era buscar minha nova colega de casa. John disse que se eu não quisesse ele a buscaria. E ele fez questão de emprestar o carro dele. O que eu estranhei já que, ele está emprestando o próprio carro para um estranho. Mas eu realmente precisava andar um pouco então resolvi aceitar. Fiquei estudando na tentativa de ocupar a a minha cabeça até dá o horário de buscar a tal garota no aeroporto. Mas a tentativa de ocupar minha cabeça com teorias sobre matérias que eu sabia perfeitamente na pratica não ajudou muito.

                O tempo naquele dia estava passando lentamente. E o peso da minha consciência estava para me enlouquecer. Então decidir que talvez não teria problema chegar quase duas horas antes do horário marcado no aeroporto. Apesar de Quebec ser meio frio, nada se compara a Londres no início de janeiro. E admito, que me senti bem quando coloquei os pés pra fora do carro e me senti quase congelar por um estante.  Passei a dar voltas por todo o hall do aeroporto e me deparei um uma mulher parecia ter mais ou menos seus 33 anos. Ela escrevia quase que freneticamente em seu computador. E foi só ler a mente dela que, bom... digamos que nada melhor que um coração partido para tirar alguém de um bloqueio criativo sabe? Ela estava escrevendo um livro. Fiz questão de vasculhar um pouco mais sua mente, que estava uma completa bagunça, o que era normal, para uma pessoa no estado que ela estava. Acabei descobrindo o nome do livro que estava escrevendo. E fazendo uma anotação mental de procurá-lo em alguma livraria ou em algum site na internet daqui a alguns meses, quem sabe? O livro falava de uma menina e de um rapaz que se conheciam em uma boate. E então eles tinham uma noite bem interessante, por assim dizer, depois de alguns shots de tequila de ambos os lados e eles meio que começam a se encontrar mais fezes e acabam criando sentimentos um pelo outro, então alguns meses depois ela descobre que ele tem depressão da pior maneira possível. Ele se mata. Sinto um nó se formar na minha garanta e logo Wendy volta a minha cabeça. E é nesses momentos que eu gostaria de poder controlar a minha própria mente e tirá-la nem que seja por um tempo. 

Volto a andar pelo aeroporto em busca de alguma distração. E acabo achando uma. Havia esquecido um papel com o nome da Lúcia escrito. E então arranjo algo para fazer. Ir atrás de um cartaz descente. E acabo voltando para o carro. Acabo encontrando um bloco de folhas para desenho no banco de trás do carro, e algumas canetinhas em um estojo jogado no porta malas. Nessas semanas eu havia visto John desenhar apenas uma vez em um papel enquanto falava com alguém no telefone. Não achei que ele realmente levava desenhos a sério. Pego uma folha e o estojo e volto para dentro do aeroporto e faço um cartaz bem minimalista. E acabo ignorando a vontade enorme que estava me dando e rabiscar aquela folha inteira. Porque quem não resiste a uma folha branca e um bocado de canetinhas? Eu pelo menos não, ainda mais se eu estiver quase explodindo de nervosismo. Wendy. Wendy Wendy... você ainda vai me enlouquecer.

Me forço a continuar a ler a mente das pessoas na tentativa de me acalmar. E até que funciona. E logo as horas vão passando. E acabo vendo um par de olhos castanhos, e cabelos cacheados atravessando a porta de desembarque. Levanto a placa e logo ela me nota. Sinto meu celular vibrar em meu bolso.

Warner- ela piorou.

Aquilo foi um soco em meu estomago. Vejo a moça se aproximar e vamos para o carro, sei que é indelicado da minha parte não falar nada porem, eu não sabia como agir. Eu só queria ficar na minha e ligar para Warner para perguntar o que havia acontecido. Começo a ler os pensamentos dela. Isso me acalma. Mudar o foco e me concentrar em alguma coisa. Ela estava desconfortável com o silencio do carro, pensei em ligar o som, mas ela queria conversar. Mas estava nervosa então tentei facilitar a situação para a gente.

— Seu nome é Lucia certo? - apenas digo. Começamos uma conversa meio forçada depois daí e penso que talvez seria melhor ter permanecido calado.

 Chegamos no apartamento em alguns minutos e ela parecia observar o prédio com um pequeno pânico. Mas finjo que não noto. A ajudo com as malas e a levo até seu quarto. E dou um jeito de fugir de lá o mais rápido de posso. Entro em meu quarto e já vou mandando uma mensagem para Warner perguntando o que estava acontecendo e outra para Turner avisado que já estávamos em casa.

Não demorou mais que alguns minutos para eu receber uma resposta de Turner dizendo que, Wendy, simplesmente entrou em um coma, e que até então, ele não sabia mais ou menos o porquê. Eu sei o que acontece fisicamente com um cérebro de uma pessoa quando ela está em coma, mas como será que é para a pessoa? Eu sei que não faz sentido, mas eu prefiro acreditar na ideia de ela está sonhando sonhos bons, ao invés de esta apenas dormindo esperando um dia despertar. Eu ainda amava Wendy e isso estava mais que estampado na minha cara, mas era o certo a se fazer. Ela é a minha melhor memoria, da minha infância, e adolescência. Mesmo tendo partido meu coração de uma forma tão grande que, mesmo eu sendo capaz de ler mentes, não consigo compreender. Mas fico feliz por ela está em coma, eu sei que sempre a possibilidade de ela não acordar mais, mas ela pelo menos não está sentida dor mais.

No dia seguinte acabo levantando um pouco mais tarde de que o de costume. Faltava pouco para as aulas na faculdade começarem. E depois de alguns meses lá estava eu, sentado na frente do meu computador tentando escrever alguma, e nada saia, dois meses de bloqueio criativo, achei que com tudo que anda acontecendo eu voltaria a conseguir escrever alguma coisa, por mais que eu saiba muito bem que esse texto jamais iria sair da minha pastas de documentos do meu computador, mas eu gostava....

Escutei lúcia exclamar alguma coisa do quarto dela, aparentemente em português porque eu não entendi nada, mas ela parecia furiosa.

— Que? - disse olhando confuso para a porta do quarto dela

— er... nada... eu só estou conversando com a minha tia sobre um garoto aqui- disse meio sem graça.

— ata... ok. John irá ficar livre essa tarde e disse que se precisássemos resolver alguma coisa ele nos daria carona. Eu vou sair para resolver algumas coisas que ainda estão pendentes, você provavelmente deve ter algumas então... que tal irmos resolver isso logo e darmos uma volta na cidade? Eu acho que você assim como eu vai estar meio que sem nada pra fazer então... ta afim de ir tomar um café?- disse nesse momento escuto alguém começar a gargalhar, acho que ela estava falando com alguém pelo Skype.

— Claro... er... ignore essa risada escandalosa da minha tia ela está bêbada, por causa que...- iria se explicando porem acho que acabou desistindo. - ignore isso ela é meio... empolgada de mais-

— Sem problemas, ela me lembra muito um amigo meu.- e lembrava mesmo, Warner era o tipo de pessoa que do nada começava a rir sem motivos.

Estávamos indo comer em uma espécie de cafeteria e algo estranho aconteceu, Lúcia ficou estranha de uma hora para outra, e aquilo foi mais que o suficiente para minha curiosidade ser maior que meus bons modos e quando li sua mente não vi nada com muito sentido, imagens aleatórias de tragédias que poderiam acontecer ali, três caras, disparos... ela estava imaginando como seria se assaltassem aquele lugar, e a imagem não era nem um pouco bonita, aquilo era estranho porem, normal. Ela poderia ter alguma síndrome do pânico, ou algo do tipo, ou talvez apenas uma pessoa bem pessimista com uma mente criativa. Sei que depois dela ter imagino essas imagens ela ficou pálida, e tudo seu cérebro entrou uma espécie de alerda, e de repente, não conseguir mais a ler. Isso nunca havia acontecido. Tentei ler algo de novo, e não consegui, nada, nem mesmo tinha acesso aos sentimentos dela.

— temos que sair daqui- disse, com uma voz firme, porem amedrontada, e eu não precisava ler mentes para perceber que ela está praticamente correndo dali

—o que foi?- perguntou John preocupado. -Ele também percebeu que algo estava errado, ela estava tendo um ataque de pânico, porque raios ninguém avisou para a gente que ela tinha síndrome do pânico?

—é que...- trocamos olhares por alguns segundos, eu ainda não consegui voltar a ler a mente dela, era como se eu tentasse, mas ela estivesse me impedindo com todas as forças, mas eu sabia que era mais forte que ela, mas deixei pra la, afinal a menina estava pra surtar- temos mesmo que sair daqui- disse com uma voz firme porem falhou no final da frase. Então ela levantou deu praticamente empurrou o dinheiro na garçonete e saiu andando apressadamente. Ok? Ela não bate bem da cabeça a gente já sabe, mas e a comida? Vamos simplesmente deixar aqui ? Peguei algumas torradas, e fiquei tentado a levar minha bebida também.

     Quando estávamos quase atravessando a porta eu vi os três garotos da ´´visão´´ dela. Foi muito rápido, eu sabia o que eles iriam fazer, porque eu simplesmente cogitei a hipótese da ´´visão´´ da lúcia estar certa, e então foi fácil faze-los passar muito mal, mas eram três e so consegui causar danos em dois. E saímos de lá. Minha cabeça doía muito. Eu podia sim controlar o cérebro das pessoas e alterar alguma coisa aqui ou ali, mas nunca algo tão grande, e nem em duas pessoas ao mesmo tempo. Eu estava tão tonto que achei que poderia vomitar meu preciso lanche ali mesmo, mas me segurei.

John parecia meio perdido no meio da situação, mais do que eu ou lúcia. Ficamos em silencio um tempo, meio que olhando um para cara do outro, então decidimos que talvez fosse melhor ir para casa, até porque está começando a escurecer, e a esfriar mais do que já estava frio. Sentei no banco de traz, pois ainda estava me sentindo meio fraco e estava meio difícil ficar acordado. Então apenas encostei a cabeça no vidro do carro e acabei dormindo, acordei com lúcia me cutucando avisando que já havíamos chegado. Levantei ainda me sentindo meio tanto, mas não tão ruim quanto eu estava quando entrei no carro.

Quando entramos em casa, me dei conta que lúcia ainda estava meio apavorada, porem John já estava cuidando dela, eu me despedi e subi para meu quarto, eu ainda tinha planos, de voltar para falar com John e tentar dar alguma explicação porem, quando eu entrei no meu quarto, fui capaz apenas de deitar na minha cama, e dormir. Era um cansaço entranho, parecia que eu havia estudado por dia e dias seguidos. Parecia que uma pedra estava amarrada em minha cabeça. Então apenas me rendi a isso e apaguei em questão do que pareceu segundos.

Acordei, o quarto estava escuro. Alguém havia apagado a luz e fechado a porta. Me sentei na cama pensando em ver que horas eram, mas so a hipótese da luz no celular na minha cara me fez desistir da ideia. Já era capaz de pensar com clareza de novo. Cenas de mais cedo vieram como flashes em minha cabeça. Foi entranho. Estávamos conversando e de repente, ela entra em pânico. Não foi o suficiente para alguém que teria uma doença como aquela, então descarto a possibilidade de alguma fobia, distúrbio ou algo do tipo. Ouve também aquilo na mente dela minutos antes, sem falar de depois eu não conseguir ler a mente dela. Eu diria que é normal, porém não teria como ela imaginar o rosto daqueles caras.... Se lúcia tiver, algum dom? Eu posso ler mentes... não acho que seja impossível ela poder pressentir as coisas alguns segundos antes de acontecer?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

capitulo ainda em revisão *---*



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mental" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.