Mental escrita por Pere


Capítulo 1
Capitulo 1- Klaus


Notas iniciais do capítulo

Sejam bem vindos a Mental :v



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    Acordo com o estridente barulho vindo do quarto de Warner, ele aparentemente havia quebrado alguma coisa, pois depois do barulho ouve exatos cinco segundos de total silencio e então, logo em seguida uma sequência de palavrões sussurrados na aparente, e frustrada, tentativa de não me acordar. Me viro para o lado na tentativa de voltar a dormir porem, mal pego no sono novamente meu despertador toca, me recuso a levantar e acabo cochilando e acordando novamente com Warner batendo na porta do meu quarto.

—  Se você perder o voo, eu juro que vou usar isso contra você pelo o resto da sua vida.

— Não vi muito sentido na sua ameaça, na realidade ela é um tanto quanto sem sentido algum, tem certeza que está realmente acordado Warner? - Disse enterrando a cabeça no travesseiro negociando mentalmente que quanto menos tempo passasse enrolando na cama mais tempo poderia passar enrolando de baixo da agua quente no banho. Por fim acabei levantando mesmo foi com o Warner entrando no meu quarto e perguntando se eu estava vivo.

— Então o senhor certinho ia perdendo a hora? - Falou assim que entrei na cozinha, em seguida bebericou seu café.

— A culpa é sua de ter me arrastado para aquela festa idiota.

— Você vai ficar fora os próximos meses, achei que seria justo uma festinha de despedida, e além de que você vai ter lindas 10 horas de voo pra descansar.

— Warner?

—  Sim?

— Você é um porre.

— Pode até ser que eu seja mesmo, mas sem mim você jamais teria se despedido devidamente da sua loira ontem...  Serio que mesmo depois disso eu sou tão chato assim? Deveria me agradecer, eu poderia muito bem ter apenas ter chutado a sua bunda para fora desse apartamento sem no mínimo um bolinho bem no dia do seu aniversario.

— Sim. - Falei enquanto me servia um xícara de café.

— Ainda não superou a Wendy é isso? - Falou como se estivesse entediado.

— Demos um tempo, afinal qualquer um sabia que não iríamos segurar um relacionamento à distância, já que passarei tanto tempo longe.

—E então tiveram aquele sexo de despedida bem clichê ontem e está tudo certo? Não? É mesmo você ainda gosta dela. Me poupe do seu drama Klaus, todo mundo sabe que o relacionamento de vocês já estava condenado dês do início de dezembro.

— Você está certo, já está tudo resolvido mesmo.- Falei dando um longo gole no meu café.

— Olhe pelo lado bom, você vai viajar conhecer uma garota legal, faze alguma coisa de útil para a sua vida, e eu vou ter um apartamento só pra mim.- falou demonstrando todo entusiasmo que estava tentando esconder.

— Virou vidente agora?

— Méro palpite...

— Hum... algo mais?

— Prevejo você me ligando completamente bêbado de um bar de Londres pra a gente retorna essa conversa, ai eu vou rir da sua cara, vou gravar e te manda no dia seguinte só pra você sentir aquela vergonha alheia gostosinha, pra ver se você toma vergonha na cara.- A cada palavra que saia da boca dele a ideia de ir de taxi pro aeroporto se tornava mais atraente, eram como pequenos shots de vodka que fazem você querer pegar a moça mais estranha da balada.

— Ok, você já pode calar a boca.- falei o olhando com cara de tédio.- estamos parecendo duas garotinhas adolescentes falando do carinha bonitinho do time de futebol da escola.

— Desculpa aí mas eu era esse cara, e olha só, se eu não me engano você era o nerdizinho que ficava com a esquisita, que era a Wendy...- falou provocando. Olhei para ele e então não me contive.

— Warner, é tão engraçado ver você falando assim comigo, sendo que eu sei que você está literalmente pensando nos Donuts do aeroporto.

— Já disse pra você não fazer isso- falou serio

— É tão inevitável para mim quanto é inevitável pra você deixar de ser irritante- falei sorrindo e largando a minha xicara de café já vazia na pia.

    A vida sempre foi fácil, adivinhar a mente das pessoas, era como respirar. Conseguia facilmente entrar na mente de qualquer um, poderia descobrir, manipular, fazer o que eu quisesse, quando, onde e da maneira desejada. Eu era como um vírus, ou quem sabe o próprio hacker. Fazia isso durante mais da metade de todo meu dia. Não importava a pessoa, cada mente era diferente e complexa da sua maneira, porem de certa forma bem simples para mim.        

    Estou num avião, rumo a Londres, e como de costume, apenas para passar o tempo, estava observando a mente das pessoas, sei que soa grosseiro e muito intrometido da minha parte, mas eu tenho esse ´´dom´´ e eu usarei e abusarei. Tinham pensamentos clássicos de pessoa com medo do avião cair, não pude deixar de entrar em sua mente e fazer com que imagine esse lindo pássaro metálico que nos encontramos explodindo como fogos e formando uma cascata flamejante despencando a uma velocidade absurda. Havia também pessoas ansiosas para tal viagem que poderiam mudar as suas vidas, outras apenas dormiam e tinham sonhos aleatórios. Acabei prendendo a minha atenção em um casal que estava sentado em umas das primeiras cadeiras, e acabei descobrindo que não eram um casal de namoradas, apenas amigas, uma das moças havia acabado de sair de um relacionamento de 3 anos e estava triste, não parava de reviver o momento em que pegara o namorado na cama com outra em sua mente, e para ficar ainda mais clichê, a pessoa na qual estava encostada em seu ombro gostava dela, de verdade, uma pena pensei comigo mesmo, resolvei então ajuda-la.

    Passei boa parte do resto da viagem fazendo a moça pensar nos melhores momentos que tivera com ela. Estaria mentindo se dissesse que ela estava facilitando meu trabalho e se rendendo as memórias, porem insistia em querer ficar relembrando os momentos com seu ex-namorado, então acabei desistindo, aquela brincadeira de cupido já estava literalmente me deixando com dor de cabeça.

    As restantes quatro horas de voo se resumiram em horas de sono e muita fome de minha parte. Desci do avião, era início de janeiro então não demorou para que o frio londrino se fizesse presente. Peguei minhas malas e logo avistei um senhor de idade segurando uma plaquinha "Bem-vindo a Londres Klaus" ele parecia contente, bom eu também estaria, até onde eu sei ele é um cara solitário que vive sozinho numa casa enorme, e eu até que de certa forma gosto de conviver com pessoas, acho que não ficaria muito animado em morar sozinho em uma casa. Uma pena não poder falar o mesmo de Warner, ele parecia bem feliz com a novidade de que iria ficar com o apartamento só para ele pelos próximos 11 meses. E eu se quer precisei ler a mente dele para descobri isso, tudo consta que minha casa vai virar um motelzinho particular para ele durante a minha estadia por aqui.

— Olá jovem.

— Boa tarde senhor Turner

— Sem tantas formalidades! Chame-me de John. Logo vai descobrir que não sou o velho carrancudo que pareço. -Falou- deixe-me te ajudar com as malas.


    Ele estava certo, estava longe de ser um velho carrancudo, durante o caminho de carro até sua casa ele puxou uma conversa leve e agradável. E em alguns minutos já estávamos estacionando o carro em sua garagem.

 _Veja bem meu jovem, eu estou bastante acostumado a receber intercambiastes em minha residência. Porem com todos esses anos explicando as mesmas coisas, passei a ter preguiça de explicar, então qualquer dúvida, dentro do criado mudo de qualquer um dos quartos de hospedes dessa casa tem uma pastinha explicando dês de regras da casa até tutorial de como mexer na máquina de lavar roupa. São ao todo três quartos de hospedes, porem eu sugiro que deixe a suíte para a moça que vai chegar semana que vem, talvez ela se sinta mais confortável. Qualquer coisa estarei na cozinha fazendo o jantar.- falou sorridente quando já nos encontrávamos na sala e logo dirigiu para a cozinha.

    Subi as escadas e me deparei com um corredor sendo iluminado pela cor alaranjada do sol que começava a se pôr do outro lado da janela, as paredes eram de papeis de paredes cinza com desenhos de delicados galhos cinza escuro. E havia um banheiro não muito grande no final do corredor; os quartos eram os três muito parecido um com os outros, cama, escrivaninha, prateleiras, uma cômoda encostada na parede em frente a cama, alguns quadrinhos levemente assustadores de mais para meu gosto nas paredes e um armário.  Fiquei com o quarto que ficava na frente do da suíte. Não era tão grande quanto o que ficava perto do banheiro, mas também não era a lata de sardinha que era a suíte. Joguei as malas num canto do quarto e já fui pegando a pasta que estava na primeira gaveta do criado mudo. La estava tudo muito bem explicado, os horários da casa, sobre etiquetar o que for seu caso for guardar alguma coisa na geladeira, e sim realmente tinha um tutorial, ILUSTRADO, de como usar a máquina de lavar, e também tinha explicando que aquele tutorial só estava ali porque ele mesmo já havia quebrado aquela máquina de lavar diversas vezes. Tinha outros tutoriais ensinando a mexer em outros eletrodomésticos da casa. Também estava explicado que cada um cuidava do que era seu, como lavar a própria roupa, quarto, banheiro... e no final tinha escrito e se mesmo com essas 10 páginas você ainda tiver dúvidas procure no google....ou você pode me perguntar. E uma carinha feliz no final.

    Como estávamos só os dois na casa e meu quarto era exatamente em cima da cozinha se me concentrasse poderia ler a mente dele. Ele estava pensando sobre o grupo de xadrez na qual ele participava e havia feito algumas inimizades por nunca perder e feito amizades pelo mesmo motivo, logo ele começou a lembrar de sua falecida esposa e do nada, nas velhinhas do grupo de xadrez. Não pude deixar de imaginar ele dando uma festa  com um bando de velhinhas do clube de xadrez nessa casa. Desci as escadas e fui para a cozinha, a casa era até que bem grande porem nada espetacular, ele estava fazendo o jantar, uma espécie de sopa de legumes.

— Então... – limpei a garganta- quer ajuda?

— Não precisa está tudo sobre controle... e então, o que está achando das suas primeiras horas nessa casa?

— Sinceramente? Bom estou quase chamando Sam e Dean para darem uma olhadinha naqueles quadros lá de cima, só para prevenir sabe...

— Se precisar tem sal no armário - falou bem - humorado enquanto mexia a sopa.- minha sobrinha gosta deles, todas as vezes que vem aqui pede para levar para casa e eu sempre nego, acho que dão uma certa personalidade a casa.

— Entendo, e então essa moça que vai vir para cá, é de que pais?

— Brasil- falou e logo sorriu, logo a imagem da moça veio em sua mente, bom, ao menos a foto que esteja no formulário dela, e depois uma outra imagem que ela está sorrindo como se estivesse conversando com ele.

— Bonita...

— Que? - Me olhou confuso

— Er... quer dizer... ela é bonita?- improvisei

— Ha, sim lúcia é uma bela moça- falou desligando o fogo e servindo a sopa pra nós dois. - Acho que vocês se darão muito bem, brasileiros costumam a serem bastante simpáticos, bom, os 9 que já recebi aqui nunca me deram problemas...

   Ficamos jogando conversa fora enquanto comíamos depois assistimos um pouco de televisão. Subi para o meu quarto tomei um banho rápido e liguei pra Warner.

— Eai cara, quer dizer que o avião não caiu e não e hoje que vou herdar toda sua coleção de ursinhos de pelúcia para mim?

— Muito engraçado Warner- falei

— mas e então? como foi a viagem, se deu bem com o velho?

— Foi chata, acredite se quiser não havia ninguém pensando nada de muito interessante, mas confesso que me diverti colocando imagens desastrosas na mente de um cara que estava com medo do avião cair

 _  Nossa que sádico você.- nesse momento escutei uma voz feminina balbuciar alguma coisa do outro lado da linha

—  Eu mal coloco os pés em Londres e você já está transformando nosso apartamento em um motel particular, não sabe o quanto me fere, você está me traindo com outra Warner?- brinquei fingindo a voz mais gay possível

— Credo sai pra lá que eu sei que se está bem longe de gosta de homem, e quem está aqui é a Lana estamos só vendo um filme.

— Sei, fala que eu mandei um beijo na boca dela então já que é assim.- falei provocando.

—você esta querendo beijar uma boca que acabou de chupar meu pau- disse

— você tambem warner- falei rindo- e ai alguma novidade?

—sim, sabe a sua namorada? ela sumiu.

—que? como assim? porque você não me falou isso antes ?

—porque eu não queria te preocupar.. sem fala que você esta longe, não iria poder ajudar em nada mesmo.

— Warner...

— eu deveria ter te contado mais cedo, eu sei, mas não adianta parar a sua vida por um amor que já deu o que tinha que dar. Ate onde eu sei ontem depois da festa ela foi pra casa de uma prima, e dai na manha seguinte essa prima foi no mercado e quando voltou e a Wendy havia simplesmente sumido, deixou celular bolsa e tudo para trás, e ninguém sabe onde ela esta até agora. - e é nesse momento que eu queria esta ao lado dele, o ruim de poder ler mentes é que quando voc não pode, acaba desconfiando de todo mundo e eu tinha certeza que Warner estava me escondendo alguma coisa. frustrado acabei  e desligando o telefone na cara dele depois de um tempo, ele passou a enrolar e falar a mesma coisas varias vezes, e aquilo foi o suficiente pra me fazer perder o sono por mais uma noite.


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