Nasce Um Vampiro escrita por tami_fanfics


Capítulo 8
Capítulo 7 - "Jantar, jantar, jantar,..."




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Nasce um vampiro

Capítulo 7 --- “Jantar, jantar, jantar,...”

 

- Posso entrar? – Disse após dar três batidas leves na porta do quarto de Jasper.

 

- Entre. – Disse ele.

 

Abri a porta, ainda inseguro. Eu não queria ter aquela conversa com ele. Mas eu sabia, embora não quisesse admitir, que era uma conversa necessária.

 

Ele estava sentado na cadeira em frente ao computador. Sua atenção toda para o mesmo.

 

- E aí? – Disse para mim quando desviou brevemente seu olhar da tela.

 

- Olá Jasper! – Disse me aproximando de sua cadeira.

 

Pus-me a olhar continuamente a tela como ele estava fazendo. Tinha medo de fazer contato visual com ele nessa hora.

 

- Jazz eu... – Fingi me distrair com o vídeo sobre carros que ele estava vendo. – Eu preciso... – Fiz mais uma pausa, hesitante.

 

- Diga man! – Ri da sua frase e me incentivei a continuar.

 

- Bom, vou direto ao assunto ok? – Ele afirmou com a cabeça enquanto fazia um bico engraçado – pra não dizer ridículo. – Jazz eu preciso da sua ajuda pra chamar a Bella pra sair.

 

- O que? – Exclamou ele se atrapalhando e perdendo o jogo que acabara de começar.

 

- Eu preciso da sua ajuda para chamar a Bella para sair. – Disse um pouco mais devagar para que ele pudesse entender melhor.

 

Ele recolheu o teclado para dentro da mesinha do computador. Levantou e passou a me encarar.

 

- Não. Isso eu entendi.

 

- Então por que perguntou? – Indaguei-o confuso.

   

- É que é meio... Bizarro. Ah sei lá Edward! Convenhamos que seja estranho você me pedindo dicas para convidar uma garota pra sair.

 

Encarei-o sem um pingo de brincadeira no rosto.

 

- Tá, desculpe. – Ele colocou a mão no meu ombro. – Vamos garoto. Seja bem-vindo ao consultório sentimental do Sr. Jasper Cullen. – Disse com uma voz pomposa, imitando um senhor de mais idade.

 

Ele me conduziu até sua cama, me sentando nela logo em seguida.

 

- Jazz...

 

- Diga meu jovem. – Continuou com sua imitação barata de terapeuta sentimental.

 

- Dá pra parar com isso?

 

- Tá. Fala aí mano!

 

- Eu quero saber como eu... Como peço pra Bella ir conosco ao Biancos.

 

- Ah... Só isso?

 

- Sim.

 

- Então tá. E cadê a dificuldade?

 

- Jazz, eu nunca fiz isso.

 

- Ah sim. Claro, claro. – Ele pareceu pensar por alguns instantes. – Tá gamadão na ruivinha hein mano? – A voz dele transparecia malícia.

 

- Jazz, já estou a um passo de me arrepender e ir embora. E você não está ajudando! – Falei tentando transmitir toda a minha irritação no momento.

 

- Tá. Foi mal. – Se desculpou quando entendeu que eu não estava brincando. – Edward, é simples. Você chega e diz: “Bella, você gostaria de ir jantar comigo e com a minha família em um restaurante?”.

 

- Só isso? – Perguntei abismado.

 

- Sim. A não ser que queira incrementar a noite com um “Bella, você gostaria de sair para jantar comigo? Depois nós poderíamos ir para um lugar mais reservado. Eu posso te levar para as estrelas baby! Topa?” – E finalizou a frase piscando.

 

- JASPER! – Gritei, para que ele parasse com a palhaçada.

 

- Ai Edward! Relaxa cara. Ela vai aceitar!

 

- Você acha mesmo Jazz?

 

- Claro.

 

- E se ela disser não? – Perguntei a ele. Eu poderia estar sendo ridículo, mas não importava. Eu só queria que ela aceitasse... Que não me rejeitasse.

 

- Se ela disser não... Oras Edward! Parte pra próxima! A ruivinha...

 

- Bella. – Corrigi-o.

 

- Claro. A Bella não é a única no mundo. – Dizendo isso ele se levantou e voltou para o computador.

 

Decidi dar o assunto por encerrado. Mais tarde, quando fosse para a casa dela, iria convidá-la. Se ela dissesse não... Eu iria... Eu não tinha ideia do que iria fazer. Mas não me custaria nada tentar.

 

(...)

 

Ela abriu a porta com seu sorriso brilhante e logo ficou de lado para que eu entrasse.

 

Passei pela porta murmurando um simples “Oi” que ela retribuiu sorrindo.

 

Caminhei para a sala olhando-a. Estava tenso. Mesmo tendo conversado com Jasper – que, diga-se de passagem, não ajudou muito –, eu ainda estava coberto com uma extensa manta de dúvidas.

 

Parei ao pé da escada e virei para ficar de frente pra ela.

 

- Não vai subir? – Perguntou quando chegou até mim. – Eu fiz aqueles exercícios. Gostaria que visse. – Não me deixou responder, disparou escada acima, fazendo-me segui-la.

 

Como o bom covarde que sou, resolvi adiar. Não desistir. Apenas adiar. Vi seus exercícios e corrigi-os. Não era preciso. Ela já era uma das melhores na matéria. Esperei que guardasse seus materiais. Linda como sempre, se dirigiu até mim e se sentou ao meu lado no sofá alvo da sala.

 

Havia chegado a hora em tudo que a minha mente trabalhava eram orações contra rejeições. Orações fervorosas e quase gritadas em minha mente.

 

Manuais de sobrevivência deveriam conter explicações sobre este episódio. Só para o caso de um cara normal querer relembrar dicas sobre como não morrer por antecipação.

 

Recostou-se ao meu ombro como de costume.

 

Nessas últimas semanas comecei a reparar em suas características. Das mais marcantes aos seus gestos inconscientes.

 

Como o dedo que ela preferia usar anéis. Seu tipo de roupa, joias, sapatos e comidas favoritas. Ou como ela prefere que seu cabelo esteja liso na raiz e cacheado nas pontas.

 

A forma com que suas lindas pernas se movimentavam. Claro, apenas quando eu podia observá-las. Ou ainda... Já sei, já sei! Você quer saber o que aconteceu, não é mesmo? Então...

 

- Bella? – Pigarreei. Garganta fechada, sinal de nervosismo. Esperei que ela não tivesse escutado a tensão em minha voz. – O meu aniversário é daqui a duas semanas e...

 

- Sério? – Ela me interrompeu bruscamente. – Ai! – Gemeu enquanto se levantava, para logo depois me abraçar. – Feliz Aniversário! – Murmurou perto do meu ouvido. Causando-me um arrepio.

 

- Bella, ainda faltam duas semanas! – Expliquei. Mas continuei abraçando-a.

 

- Eu sei! – Não entendi sua resposta, mas por via das dúvidas, resolvi convidá-la logo.

 

- E nós comemoramos essas datas com...

 

- Uhhuuullllll!

 

Fui interrompido por ela gritando e festejando.

 

Com os braços erguidos ela dançava e murmurava palavras soltas, ou mordendo o lábio inferior.

 

- Festa, festa, festa... – Entendi quando ela se aproximou. Sentou-se no sofá e destinou perguntas em abundância. – Quando? Duas semanas? Ai... Será que dá tempo? Vou ter que te dar um banho de loja... – Disse pegando na manga da minha camisa quadriculada. – Eu vou tirar esses óculos de você na marra... – Estreitou os olhos na direção nos meus quadrados e negros óculos de graus.

 

- Bella, Bella, para! – Falei, tentando segurá-la antes que ela levantasse novamente. – Não terá festa!

 

- Não? – Perguntou com o cenho franzido. Neguei com a cabeça, simplesmente. – Então o que?

 

- Você não me deixou terminar. – Ela me olhava com ansiedade, esperando que eu contasse que tipo de comemoração teria em breve. Talvez estivesse quicando se eu ainda não a segurasse. – Nós só iremos a um restaurante em Seattle e... – pausa para respirar, coisa difícil com toda a força do seu olhar sobre mim. – Eu gostaria de te convidar para ir também. – A exultação em seus olhos me alarmou, mas continuei. – Você... Quer ir? – A última parte saiu mais arrastada.

 

Soltei seus braços, não queria dar a impressão de estar pressionando para ir conosco.

 

- Claro! – E mais comemoração em seguida...

 

Ela retornou a ficar em pé dançando e comemorando.

 

- Jantar, jantar, jantar,... – Ri de sua performance. Ela dançava bem. Tinha sede por agitação e festa...

 

Os dias que se passaram foram maravilhosos.

 

Eu continuava admirando-a. A beleza estonteante e o sorriso contagiante. O rosto suave e a delicadeza sutil.

 

As brincadeiras incontáveis e o humor incompreensível. O corpo, as curvas incríveis. Os olhos brilhantes e a curiosidade interminável.

 

Eu ficava cada dia mais encantado. Eu arriscaria até um apaixonado...

 

Só não sabia a reação dela se soubesse de todos os sentimentos que eu mantia por ela.

 

Mas havia coisas que nem mesmo ela sabia.

 

Como por exemplo, as febres repentinas. A audição em explosões altíssimas de volume, ou os zumbidos que se manifestavam em horas alternadas, geralmente em locais com muitas pessoas.

 

Eu fazia um esforço para continuar com o rosto impassível quando isso acontecia. Ou quando a visão ficava turva e escurecia. Quem notava com frequência esses sintomas – e eu sabia que qualquer hora dessas iria explodir de preocupação – era Esme.

 

Quando eu chegava da escola, recebia uma avaliação profunda da minha aparência. A palidez assumira como tom quase permanente em minha pele... E novamente a sede sufocante, que não me aliviara mais.   

 

Cheguei a pesquisar sobre os sintomas nos livros sobre medicina de Carlisle que estavam em casa. Mas eles só apareciam de forma separada. Não se encontravam todos os sintomas que eu apresentava em um grupo só.

 

- Edward! – Ouvi meus irmãos me chamando no andar de baixo.

 

Chegara o dia. Hoje, eu completava 18 anos. E em um dia que eu precisava estar bem. Encontrava-me pior do que nos outros dias. A garganta estava perdida. Podia sentir o rosto pálido esquentando consideravelmente. Mas não deixaria me abater em um dia tão importante.

 

Eu estava demorando a me aprontar. Era uma – suposta – ocasião especial. A imagem no espelho revelou as minhas olheiras, mais destacadas por causa da cor alva. As roupas não faziam parte do habitual, com os leves adicionais adquiridos hoje.

 

A camisa branca, presente de Rosalie e a corrente de prata, dada por Bella.

 

Esme me dera uma prateleira nova no quarto. Nela havia fotos nossas. Umas com a família toda. Uma minha ainda bebê, outras com meus irmãos... Segundo ela, nada melhor do que comemorar meus 18 anos, mostrando-me o passado. O quanto eu evoluíra e aprendera.

 

Agradeci por todos os presentes. Até mesmo o de Jasper!

 

Jasper me dera um chaveiro gravado com a letra “C” de Cullen. Somente o chaveiro. Ele, na verdade, estava sem dinheiro e se aproveitou do fato de o presente de Carlisle ser um carro. O carro seria escolhido por mim mesmo nos próximos dias.

 

O motivo de Jasper já ter ganhado seu carro é porque ele implorara por um, em seu aniversário se 16 anos. Diferente dele, eu nunca fiz questão de aprender a dirigir. Agora teria que aprender.

 

Desci as escadas para me deparar com toda a família me esperando.

 

- Pronto. – Disse quando cheguei até eles. – Podemos ir. – Sorri para demonstrar minha excitação com as festividades.

 

Rosalie me olhou de cima a baixo.

 

- Ótimo. Lindo. Agora vamos, eu estou morrendo de fome. – Concluiu logo se retirando.

 

“O monstro faminto de sempre!”, pensei acidamente.

 

Carlisle colocou sua mão sobre meu ombro e sorriu. Identifiquei como o seu gesto de parabenização. Retribuí com meu melhor sorriso de agradecimento. Ele retirou sua mão e seguiu para assumir o volante da sua Mercedes preta.

 

Esme colocou suas mãos, uma de cada lado, em meu rosto. Os olhos apreensivos me avaliando.

 

- Filho, você está bem? – Sua mão percorreu uma linha da testa ao queixo. – Você está quente. – Minha mãe não era médica. Mas sabia dizer quando estávamos doentes, até melhor que Carlisle. – E está pálido também. Mas do que nos últimos dias.

 

- Sim mãe. Estou bem. Não se preocupe. – Ela confirmou levemente com a cabeça. O sorriso não era totalmente sincero. Não importa o que disséssemos para ela, apenas a sua intenção. – Vamos! – Abracei-a, em uma tentativa furtiva para que ela esquecesse o assunto.

 

- 18 anos... Daqui a pouco sairá de casa e se esquecerá da sua pobre mãe. – A ouvi murmurar enquanto ainda abraçava-me.

 

- Não é verdade mãe. – Me separei de seu abraço.

 

- Está bem. Vamos, antes que eu não deixe você sair de casa... – Choramingou enquanto limpava o início de uma lágrima em seus olhos.

 

Sorri balançando a cabeça de um lado para o outro.

 

Foi aí que senti o corpo pender e a tontura me dominar.

 

--- Fim do cap. 7 ---


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Notas finais do capítulo

Próximo capitulo "Capítulo 8 - Bianco's"

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