Eu não sei quanto tempo ficamos sentados ali.

 

Não sei se ficamos horas, minutos ou só segundos. Não me importava.

 

Talvez ela tenha dormido. Nossa rua era silenciosa, o que teria contribuído para que ela apagasse.

 

- Bella? – Perguntei com cautela, caso ela estivesse dormindo, não queria acordá-la.

 

- Sim? – Perguntou no mesmo tom de voz que eu.

 

- Nada. Pensei que estava dormindo – Continuei sussurrando.

 

- Ah, entendi. – Sussurrou ela. Escutei seu sorriso doce logo em seguida. – Não estou dormindo. Só porque estou na rua. Se estivesse assim, e com você em outro lugar, já teria dormido.

 

Ri de sua confissão. Mas também não deixei passar o “com você”.

 

Se ela gostava da minha companhia e talvez estivesse com problemas na escola... Por que não passarmos mais tempo juntos?

 

- Bella?

 

- Sim?

 

- Você está com dificuldades em matemática?

 

- Está tão na cara assim? – Perguntou em um tom de voz baixo. Supus que estava com vergonha.

 

- Não. Sim. Quer dizer não. – Fiz uma confusão com uma frase tão simples. – É que vi que não estava com uma cara boa em relação ao livro de matemática. Só isso. Mas acho que ninguém mais percebeu.

 

- Eu estava brincando. Não precisa ficar nervoso. – E lá estava seu sorriso de novo. – Mas por que a pergunta?

 

Esperava que ela aceitasse minha proposta.

 

- É que eu pensei que... Se você quiser claro! Eu posso te ajudar com a matéria.

 

Sua cabeça ainda estava apoiada em meu ombro, assim como minha mão em sua cintura. Não pude ver sua reação.

 

- Hum... Eu não vou te atrapalhar? Por que eu não quero que tentando me ajudar, você tenha problemas...

 

- Não Bella – A cortei antes que colocasse mais impedimentos na minha ajuda. – Eu posso te ajudar. Não me trará problema algum.

 

Ela se convenceu e aceitou.

 

- Ok. Eu aceito. – E então, estava de volta ao seu estado – de alegria – normal. – E quando você poderá me ajudar?

 

- Quando você quiser Bella.

 

Isso era mais que certo. Eu tinha muito tempo de sobra, já que as tarefas escolares não eram suficientes pra mim. E se eu pudesse ajudá-la seria melhor ainda. 

 

- Pode ser hoje? – Perguntou rapidamente.

 

- Claro Bella.

 

Depois ela foi se aquietando.

 

- Ah não. Não vai dar. O Charlie... – Entendi onde ela queria chegar. O pai dela não iria aceitar.

 

Já estava ali então... Por que não? Eu iria pedir para o pai dela.

 

- Não se preocupe. Eu peço pra ele.

 

- É?

 

- Sim, eu peço.

 

Ela levantou de uma vez da escada.

 

 - Meu pai já vai chegar.

 

Levantei em seguida.

 

- E que horas você quer que eu venha?

 

- Venha no final da tarde.

 

- Ok.

 

Ela me deu o nosso costumeiro beijo na bochecha e entrou em casa.

 

Consequentemente eu fui para casa. Ainda anestesiado com os acontecimentos recentes que ela me causou.

 

(...)

 

Entrei em casa e subi as escadas devagar. Eu sabia que Esme não estava em casa, ela havia deixado um recado na geladeira dizendo que voltaria até a hora do jantar. Era difícil saber onde meus irmãos estavam. Geralmente não passavam à tarde em casa. Sempre na casa dos amigos ou treinando para jogos e apresentações.

 

Quando passava pelo corredor, escutei alguém soluçando.

 

Os sons vinham do quarto da Rosalie.

 

Aproximei-me devagar da entrada do seu quarto. A porta estava entreaberta e me permitia ver que ela estava sentada em cima da cama com um travesseiro rosa em formato de coração em seu colo, soluçando horrores.

 

Ela parecia tentar se controlar, mas não conseguia e retornava a chorar.

 

Eu não sabia o motivo do choro, mas era meu dever como irmão ajudá-la.

 

- Rosalie? – Disse com apenas um pé e a cabeça para dentro de seu quarto. Enquanto o resto do corpo permanecia do lado de fora e uma das minhas mãos estava na maçaneta. – Posso entrar?

 

Quando me viu, ela limpou o rosto com a costa das mãos e se afastou, encostando-se à cabeceira da cama. Depois deu de ombros, que interpretei como um sim.

 

Entrei  no quarto e me sentei na cama. Ela tentava realmente se controlar, mas as lágrimas continuavam a rolar por seu rosto, entregando-a.

 

- Rosalie, o que aconteceu? – Minha voz era calma. Eu queria confortá-la.

 

- O... O... O Ch... O Chad. – Ela começou a gaguejar e quando conseguiu falar, caiu no choro novamente. Por instinto me aproximei e abracei-a. O que a fez chorar mais, com a cabeça em meu ombro.

 

Pela segunda vez no dia eu estava reconfortando uma garota. Em situações diferentes e por motivos diferentes.

 

- Shi! Shi! Vai ficar tudo bem. – Disse, tentando acalmá-la, passando minhas mãos por sua costa.

 

Chad. Ele era um dos jogadores do Time Lions Forks da escola.  Tinha a má fama de pegar e descartar mulheres em 5, no máximo, 10 dias.

 

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Quer dizer que a Rose estava apaixonada pelo Chad. Mas eu não havia ouvido nada sobre eles estarem namorando.

 

Ela tirou sua cabeça do meu ombro e limpou o rosto novamente, um pouco mais controlada.

 

- Obrigado Edward.

 

- Tudo bem. – Disse. – Agora pode me explicar o que tem o Chad?

 

Ela abaixou a cabeça. Suas mãos estavam cruzadas em cima do seu colo, antes ocupado pelo travesseiro, que agora se encontrava no chão.

 

- Eu... Eu gosto dele. – Disse baixo, mas ainda era audível.

 

- Ok. E qual o problema?

 

- Nós estávamos... – Senti medo de suas próximas palavras. Um calafrio atravessou minha espinha. – Nós estávamos nos conhecendo. - Confesso que fiquei aliviado. – E então, eu tinha certeza. – As lágrimas voltaram a aparecer. – Eu tinha certeza de que ele iria me pedir em namoro.

 

Confesso também que depois dela ter dito essa frase, tive que fazer um esforço para não rir.

 

O Chad? Namorando? Ela estava muito enganada se pensou que seria diferente de todas as outras garotas com quem ele havia saído.

 

- Rosalie, você sabe que o Chad não namora. – Minha voz era serena. Suas lágrimas haviam cessado.

 

- Mas eu sei que ele iria me pedir. Nós saímos duas vezes. Ele foi muito gentil e educado Edward. Até ela aparecer! – Percebi que seus olhos – já inchados e vermelhos – se encherem de raiva.

 

- Ela quem Rosalie?

 

- A Isabella!

 

- Como? – Eu estava perplexo. Ela dizia que a culpa de não estar namorando o Chad era da Bella?

 

Levantei-me um rompante da cama e fitei-a.

 

- Sim. – Ela parecia tão perplexa quanto eu. – Ele disse que nós não poderíamos mais nos ver por que tinha “carne nova no pedaço”! – Seus dedos faziam aspas no ar.

 

Quer dizer que eles estavam de olho em Bella? Eu já esperava por isso. Ela era novata e bonita. Eles tinham uma espécie de competição entre si. O que conseguisse conquistar a garota mais popular da escola se tornava o melhor.

 

Imediatamente, minha memória me levou para o começo do dia, para quando cheguei ao refeitório. Naquela hora todo o meu foco estava em Bella. Mas pela visão periférica eu podia ver que estava sentado com ela, ao redor da mesa. Jacob e Mike eram os mais próximos. Mas logo depois de Jacob estava Chad.

 

Bella seria o alvo principal deles.

 

- Rosalie, o fato dele não querer mais sair com você não culpa da Bella. Ela não deu nenhuma oportunidade ou nada do tipo para nenhum deles. Muito menos pro Chad. – Me sentei novamente na cama.

 

Ela abaixou a cabeça ao perceber a verdade. E recomeçaram as lágrimas.

 

- Rosalie. – Levei minha mão para seu rosto e levantei-o para que ela pudesse olhar para mim. – Preste atenção! Sei que você gosta dele. Mas se ele te largou só por que havia chegado outra garota na escola. É sinal de que ele não gosta de você. Você é bonita. Não precisa sair com nenhum deles se não quiser. Escolha melhor seus namorados. Procure alguém que te mereça. Alguém que te dê o valor que você merece Entendeu?

 

Ela afirmou com a cabeça.  Puxei-a para um abraço novamente. E ficamos assim até que ela parou de chorar e se afastou.

 

- Obrigado Edward. – Sua voz era firme. – Você me ajudou muito.

 

Foi minha vez de confirmar.

 

- Você vai ficar bem? – Tinha medo de sair ela mergulhar no poço de tristeza em que a encontrei.

 

- Vou sim. Eu vou dormir e só quero acordar amanhã. Se bem que, com essa insônia que me acompanha esses dias. Vai ser difícil...

 

O fato dela também estar com insônia esses dias me surpreendeu. Mas não quis alarmá-la.

 

Ela se levantou e deitou novamente por baixo de seu cobertor cor-de-rosa.

 

Anda fiquei em seu quarto por um bom tempo, passando minha mão por seus cabelos dourados até que ela dormisse.

 

Depois me levantei, fechei a porta de seu quarto e caminhei para o meu.

 

Eu ainda tinha um encontro com a Bella hoje. Quer dizer, não era um encontro. Eu nunca havia ido a um encontro de verdade. Encontro romântico. Eu só... Só iria ensiná-la Matemática.

 

Mas já era o suficiente para me fazer ficar nervoso.

 

--- Fic do Cap. 5 ---