Para você, um Recomeço escrita por Tomoyo-chan


Capítulo 1
OneShot - Para você, um Recomeço


Notas iniciais do capítulo

Oieee!! Essa é uma one curtinha que nasceu no meio de uma aula em uma folha de caderno. Só que eu tenho essa mania de escrever pedaços e larga-los sem final! Essa não foi diferente... Quando reencontrei essa folha e li aquele pedaço, decidi que merecia um final e ei-lo que surge!
Espero que gostem! Boa leitura!



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“Você cresceu”. Era o que eu queria ter dito quando te encontrei no meio da cidade naquele dia. Seus olhos negros me olharam surpresos. É, eu estava em Konoha, eu não havia viajado, não havia lhe deixado para trás, nunca deixaria. Mas foi o que eu disse para todos lhe falarem, não era para você saber que era mentira. Não era para termos nos encontrado. Mesmo assim, lá estávamos nós. Acho que meus olhos refletiam a surpresa que os seus tinham.

A rua estava movimentada, uma multidão de pessoas nos separava e, mesmo assim, nossos olhos se encontraram. Acho que eu sempre te procurava onde quer que eu estivesse, inconscientemente. Eu não disse nada e só corri na direção oposta, quem sabe assim eu conseguiria fazer você pensar que tudo não se tratava de uma miragem? Eu tinha certeza que você não viria atrás de mim.

Mas por algum motivo, me enganei e você veio. Eu podia ouvir seus passos se aproximando e sua voz chamando pelo meu nome. Corri com todas as minhas forças e teria conseguido fugir de você se a fraqueza não tivesse me atingido. Se as lágrimas não começassem a embaçar minha visão. Não era para você ter me encontrado.

Minhas pernas pararam de me obedecer, eu caí e você me alcançou. Como nunca antes fez, me ajudou a ficar em pé. De frente para você as minhas lágrimas não paravam. Escondi meus olhos com o braço, sem conseguir te encarar. Lembra quando você revirava os olhos só de ver minhas lágrimas quando a gente era criança? Dizia “Como você é fraca!”. Achei que faria a mesma coisa naquele dia. Mas seu gesto me surpreendeu.

— Sakura! Por onde você esteve? Te procurei em todo lugar – e com um suspiro que parecia de alívio, você me abraçou. Forte.

Um abraço quente que parecia me proteger. Naquele momento eu tive certeza que você tinha crescido, Sasuke. Mas eu também percebi que eu estava errada. Por isso chorei mais ainda e você ficou sem entender nada. Nunca te revelei porquê, né? Mas se você ler isso, espero que chegue até você, vai entender tudo.

Sasuke, naquele momento eu entendi que não podia ficar longe de você, que eu nunca suportaria isso nem que eu quisesse. Por isso chorei. Chorei num modo desesperado de dizer a mim mesma “Como você é tola! Sabia que seria assim! Sabia que nunca quis deixa-lo para trás, até mesmo uma parte de você torcia para ele vir atrás de você”. A dúvida está novamente em você agora, né? Porque afinal eu te disse que o choro foi por ter caído, se na verdade eu estava era com saudade de você? Bastava eu ter dito a verdade, que mal poderia haver naquilo?

Não disse a verdade para te proteger. Eu sempre quis que meus sentimentos por você fossem correspondidos. Mas por você ter corrido ao meu alcance, por ter me abraçado, por ter me procurado, eu tive medo que meu sonho tivesse se tornado realidade. Medo e raiva.

Tive raiva, por ter sido tão tardiamente. Tive raiva maior ainda por mesmo assim eu querer te ter ao meu lado. Tive raiva de ser tão egoísta a esse ponto. E fui egoísta até o final. Desculpe-me por isso. Contei também outra mentira a você: disse que ficaríamos juntos para sempre, mas àquela altura eu já sabia que não poderia caminhar ao seu lado.

Tive medo, porque sei o quanto a perda ou a traição de alguém que você considera são capazes de te devastar por dentro, de te tirar do foco, de te tirar as forças. Tive medo porque sempre que eu perguntava de você no tempo em que eu mentia viajar, as respostas derivavam de “Agora ele está bem! Tem propósitos na vida que não derivam da sede de vingança” e eu não queria que aquilo mudasse nunca. Você tinha que ter visto a minha alegria quando Tsunade contou que te viu gargalhando por qualquer besteira que o Naruto fez enquanto vocês tomavam o famoso ramén.

Não era para você ter me encontrado. Mas mesmo assim, conversamos e rimos sobre tantas coisas que era como se a distância nunca tivesse nos afastado, como se conversássemos todos os dias daquela maneira tão serena e tranquila. E quando o sol dava sinais de se pôr, caminhamos até a minha casa, onde você me deixaria.

— Podemos nos encontrar de novo amanhã? – foi o que você perguntou antes de eu fechar a porta.

Quando vi o sorriso que você ostentava no rosto, olhando pra mim, Sasuke. Tive a plena certeza de que o que eu mais queria era te ver de novo e respondi um “sim”, sem saber se no dia seguinte eu ainda estaria bem como naquele dia. Mas pela primeira vez eu torci para que estivesse.

E quando eu fechei a porta, comecei a chorar. E tudo ficou claro: a minha decisão de não querer te ver também era egoísta. Era mais para o meu próprio bem do que para o seu. Se eu te visse, eu não aceitaria aquela doença tão facilmente. Não aceitaria morrer. Iria querer estar viva no dia seguinte, no outro, no outro e no outro, quando todos sabíamos que meu corpo não aguentaria, mesmo que a alma ainda estivesse bem. Iria dizer que não era justo que a doença tenha me escolhido em meio a tantas outras possibilidades. Encontrando você de novo, Sasuke, não me faria aceitar tão facilmente o meu destino; minha falta de futuro.

E no dia seguinte eu estava bem. E no outro. E no outro. E no outro. Tudo aquilo parecia tão mágico, parecia que eu ia me curar. Aí eu tive a recaída, do seu lado, no banco da praça, eu apaguei. Mas ainda lembro do seu olhar preocupado! Ainda lembro de você me sacudir pelos ombros. De uma forma ou de outra, você estaria sabendo, finalmente, depois de 2 meses, a verdade do meu sumiço inicial. Só que eu queria te contar, não que você descobrisse ao me levar para o hospital.

Eles me internaram. Aquela era a décima vez? Não sei dizer ao certo. Dentro de um hospital o tempo parece que é diferente. Sasuke, me desculpe! Toda vez que eu via seus olhos inchados e com olheiras profundas, enquanto eu não dava sinais de melhora, eu me culpava por não ter te revelado antes. Me culpava por eu ter mentido por tanto tempo.

Um dia essa doença vai me impedir de levantar da cama, me tirar as forças das mãos para segurar qualquer coisa, arrancar minha fala e me desesperar por meus pensamentos serem apenas meus (por isso escrevo essa carta agora, enquanto ainda tenho um pouco dos movimentos das mãos, desculpe o garrancho). Nós te dissemos isso, eu, Tsunade, os médicos, Naruto e até mesmo a namorada dele, Hinata. Todos nós te dissemos isso e você disse:

— Tudo bem! O que eu mais quero é que pelo tempo em que estiver aqui, Sakura, você seja feliz! – nem parecia que era você mesmo.

Sasuke, você cresceu! Cresceu como ser humano, porque não há outra forma de entender a necessidade, de entender o sofrimento, de querer o bem do outro se a gente só pensar em nós mesmos.

Pensando agora, essa era outra coisa que eu queria ver em você: seu crescimento como pessoa. No passado, você foi embora de maneira tão abrupta, tão tempestuosa que temi que não voltasse. Mas você voltou muitas vezes melhor do que foi. Talvez tudo o que tenha passado tenha sido necessário para o seu amadurecimento. Sinto orgulho de você. Espero que você saiba de muitas coisas que estou escrevendo pela minha voz, enquanto ainda a tenho, farei o possível para lhe dizer o que sinto por você.

Mas o que me trouxe a escrever essa carta, foi o dia de ontem. Você me beijou. Não consigo colocar em palavras o quanto aquilo tinha sido bom, o quanto eu esperei e desejei por aquilo. No dia de ontem, antes do beijo, eu tinha desejado permanecer por mais tempo por aqui, desejado que a doença não tivesse me acometido. No dia de ontem, antes do beijo.

Hoje, eu aceito minha condição. Pois sei que você será capaz de viver sem mim, será capaz de ter uma vida plena, de amar outras pessoas, de ajudar aqueles que precisam. Sei, Sasuke, que eu estou preparada para te perder, porque você me disse isso depois do beijo:

— Essa é a Sakura que eu vou sempre me lembrar. Essa mulher forte que mesmo em uma cama de hospital consegue ter energia para discutir e me bater! – e você gargalhou.

A melhor gargalhada, o melhor presente que você podia me dar. Você, antes mesmo que eu conseguisse admitir a mim mesma, tinha aceitado o meu destino com tanta leveza que eu me senti tranquila em aceita-lo também. Até ontem, eu achava que estava te machucando, que estava te fazendo mal aprisionando-o a minha situação de paciente de hospital. Mas o que você disse soou como alívio! O maior e melhor de todos os alívios. Isso significava que você estava mais forte também.

Mas se você ficasse mais tempo comigo, me vendo definhar, tenho certeza que o olhar de pena viria aos seus olhos. E aquilo só tornaria tudo mais difícil. Foi por isso que resolvi que quando os primeiros sinais de falta de fala viessem a me acometer, eu diria a todos para impedirem que você me visse, que você entrasse nesse quarto de hospital. Desculpe-me por isso também, mas eu não podia ter como última recordação os seus olhos tristes. E você queria me ver feliz, não era o que tinha me dito? Acredite, eu fui feliz em todos os momentos em que você esteve comigo.

Espero que antes de lhe privar de me ver, eu tenha lhe dito o quanto o amo, o quanto o amei e o quanto o amarei por toda a eternidade. Espero ter me esforçado para deixar isso claro. Se não deixei, lembre-se sempre: eu te amo, para todo o sempre, daqui até a eternidade.

Não deixe que a minha ida seja o fim! Entenda-a como um recomeço para uma nova vida, com novas pessoas. Lembre-se dela como algo bom. Lembre-se de mim, como você disse que lembraria! E quando você se sentir só, procure-me em seu coração ou nas flores de cerejeira que caírem, eu sempre estarei com você. Sempre com você: vibrando a cada vitória, te abraçando a cada derrota, discutindo e batendo em você para cada vez que você precisar de um empurrãozinho para conseguir sair do lugar.

Para meu eterno amor,

Da para sempre sua,

Sakura Haruno.

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Sentado no banco do cemitério, um homem de cabelos negros azulados, vestido de preto olhava fixamente o papel pardo que se encontrava em suas mãos. E a cada palavra que lia tentava reprimir uma lágrima ou um soluço, em vão. As lágrimas ardiam nos olhos e ele foi obrigado a derramar todas elas, ignorando o fato de estar num lugar público. O vento soprou na sua direção e trouxe consigo pétalas cor de rosas que começavam a deixar as árvores. O homem despregou os olhos do papel, ainda com algumas lágrimas por secar, respirou o aroma de flores de cerejeira, fechou os olhos e disse sorrindo:

— Sempre ao meu lado! Não esquece, heim? Você prometeu.


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Notas finais do capítulo

Tem um pouco do mangá/drama Ichi Rittoru no Namida (Um Litro de Lágrimas) imagino. Nem sei se meu eu do passado teria imaginado o futuro que eu dei à Sakura agora, talvez? É impossível saber, mas acredito que não ficaria triste com o resultado.
Mas quero saber de você! O que achou? Deixe seu comentário, ficarei muito feliz em recebê-lo!
BjoQjo, até a próxima!!
CamiTiemi



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