Kari no kamigami escrita por Allen


Capítulo 2
Amaterasu


Notas iniciais do capítulo

E aí, tudo bem com vocês?
Comecei esse projeto a um mês, entretanto não tive tempo de postar antes esse capítulo, fazer duas faculdades simultaneamente consome certo tempo de vida... Agora já estou adaptado a situação e devo melhorar um pouco a frequência em ambas as minhas fic´s, ou eu quero fazer isso, vamos ver no que dá.
Recados dados, espero que gostem desse começo, é mais explicação de mundo então deixem comentarios para me animar a escrever o restante mais rápido caso gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/705890/chapter/2

Corri a desesperado pela vila, sabia que se parasse um minuto seria pego e espancado. Sinceramente, já estava até acostumado a fazer aquilo, depois de alguns anos tudo se tornou normal. Mas uma coisa ainda me incomodava, por quê?

Ser espancado diariamente não era ruim, ser espancado sem motivos era péssimo. Não me entendam errado, nasci e cresci em uma vila shinobi, execuções públicas eram comuns, afinal estávamos em uma ditadura militar que precisava mostrar sua força para a população e principalmente para seus inimigos. Mas por que aquilo acontecia comigo? O que um garoto de sete anos poderia ter feito de tão ruim?

Eu nem ao menos sabia o que era ter um dia normal. Sete anos atrás a vila tina sofrido um ataque e me disseram que meus pais morreram nesse incidente, sendo órfão fui parar no orfanato da vila e lá começaram os abusos. Não sei exatamente quando foi o primeiro, eu nem ao menos deveria ter capacidade de registrar uma memória, mas dês de que consigo ter uma lembrança eu já era agredido.

No orfanato a senhora que cuidava das crianças sempre fazia algo contra mim. As coisas que ela mais gostava era “esquecer” de me alimentar por uma semana, me trancar no porão, fazer as outras crianças me baterem e tentar me envenenar. Infelizmente nenhuma tentativa foi efetiva.

Ela fazia tudo com o máximo de discrição possível, sempre evitando machucados que ficassem evidentes para não ser descoberta nas visitar que o Hokage me fazia.

O Hokage era uma das únicas pessoas que eu gostava na vila, ele me tratava como seu filho e sempre me visitava para ver como eu estava e ficava até tarde no local, até depois de eu “dormir”. Como muitas crianças me agrediam após eu dormir tinha criado o hábito de ficar acordado até tarde e sempre que o Hokage me visitava fingia dormir. Quase sempre o velhote começava a chorar e pedir perdão por ser tão fraco e não conseguir me ajudar. Ficava feliz em saber que ele se importava verdadeiramente comigo.

Um dia antes do meu aniversario de cinco anos, a senhora do orfanato disse que me daria um presente e me levou para o porão onde me torturou por algumas horas até o Hokage aparecer e me salvar. Nunca soube o que houve com aquela mulher, talvez tenha sido jogada na prisão ou morta.

Depois disso tinham me dado um apartamento barato e permissão para morar sozinho, o que se provou ser bem pior que o orfanato. Agora eu tinha que me preocupar com a vila inteira e não uma dezena de pessoas.

Hoje era só mais um dia comum, como todos os outros dos últimos dois anos. É mesmo, hoje é meu aniversario de sete anos.

Entrei em um beco e rapidamente pulei em uma estrada de esgoto quebrada, eles não conseguiriam me seguir por ali. Fui engatinhando no apertado canal até chegar à outra abertura que dava para fora da vila. Levantei a tampa com cuidado e após me certificar que não havia ninguém no loca, sai do esgoto e corri até um lago que ficava próximo.

Cheguei ao lago e respirei tranquilamente, poucas pessoas conheciam aquele lugar então eu não precisava me preocupar tanto em ser achado. Entrei no lago para me limpar, o esgoto não era o local mais agradável para se usar como rota de fuga.

Consegui remover tudo que havia grudado em minha roupa e deixei-a secando em uma arvore, permanecendo apenas de cueca. Deite-me no gramado e fiquei aproveitando o sol, essa era uma das poucas oportunidades que eu tinha de relaxar.

Cerca de duas horas depois o sol já estava começando a desaparecer, me levantei e juntei minhas roupas e as vesti, iria ficar andando por ai até o movimento nas ruas da vila diminuir e iria comer algo.

Fui andando sem pressa até a entrada secreta que eu tinha feito na muralha da vila e entrei calmamente. Sinceramente a segurança de Konoha era bem ruim. Segui rumo ao Ichiraku Ramen, o único lugar da vila onde eu poderia comer. O dono do restaurante e sua filha eram as únicas pessoas além do velhote que não me olhavam com desprezo, pelo contrario era como se eles tivessem pena de mim e tentassem sempre me fazer feliz. Eu os adorava por isso.

Cheguei ao local e pedi a mesma coisa de sempre, um ramen de porco extragrande. Ao contrário do normal, comi lentamente, fato que deixou até Ayame-nee e Teuichi-san preocupados, mas disse que estava tudo bem e os mesmo, ainda um pouco preocupado, ficaram mais calmo. Terminei de comer e agradeci, sai do local e fui para casa usando as sombras da noite como proteção.

Foi quando estava chegando perto de casa que senti um leve incomodo, como se algo tentasse me avisar que alguma coisa ruim estava para acontecer. Continuei andando e cada vez mais aquela sensação aumentava. Quando cheguei próximo a meu apartamento, a sensação parou subitamente, ela não era mais necessária.

Diversas pessoas estavam reunidas no local, em suas mãos havia dês de facas de cozinha a kunais. Recuei um pouco tentando não ser notado, mas era tarde demais.

Ouvi um grito e imediatamente me virei correndo com todas as minhas forças, entretanto eu era apenas uma criança. Aos poucos fui me cansando e sendo alcançado. Uma forte dor se espalhou de minha perna esquerda para o meu corpo, cai no chão e olhei para o local, uma kunai estava cravada em minha panturrilha. No final do meu campo de visão uma sombra conhecida por mim se moveu, o ANBU que deveria me proteger estava parado em um telhado com diversas kunais em mão, ele arremessou três atingindo minha perna direita e meus braços, me deixando totalmente vulneral.

A multidão se aproximou de mim rapidamente, suspirei e sorri quem sabe eles não terminavam o serviço rapidamente. Não foi doloroso, ao invés de me espancarem como sempre fazia, a vontade de me matar devia estar tão grande que um deles se aproximou e cravou uma kunai em meu coração, rápido e pouco doloroso.

A sensação de estar morto era... estranha.

Eu não sentia nada, mas sabia que várias coisas estavam acontecendo. Por exemplo, eu estava em um lugar com alta claridade e estava deitado, mas eu não tinha como provar isso, apenas sabia que era assim. Não tinha como saber sobre a claridade, nem havia indícios de que estava deitado.

Era estranho, mas não era nada ruim. Não tenho a mínima ideia de como explicar isso.

Outra coisa era que minha noção de tempo era inexistente. Não tinha ideia de quanto tempo havia passado naquele estado, mas o tempo estava passando, eu sei que estava.

De repente meus sentidos pareceram retornar. Senti uma leve diferença de altura entre minha cabeça e o restante do meu corpo e parecia que alguém estava alisando meu cabelo.

Um estalo na minha memória me fez despertar do transe, a cena do golpe em meu coração retornou a minha mente trazendo toda a dor do momento.  Levantei-me apressado e levei minhas mãos a meu peito, minha respiração extremamente rápida, a dor no local aumentava cada vez mais e a cena em minha cabeça estava tão real que era como se ainda estivesse acontecendo. Senti algumas lagrimas caindo sobre minha face enquanto fui envolvido num abraço.

—Se acalme, está tudo bem agora, você não está mais naquele lugar.

Aos poucos a dor em meu peito foi reduzindo, minha respiração voltou ao ritmo normal. Mesmo ainda tremendo um pouco já conseguia analisar a minha situação. Eu estava em um lugar totalmente branco que não parecia ter fim, a impressão que passava era de estar flutuando no meio do nada.

Levei uma mão acima do meu ombro para descobrir o que estava me pressionando, algo macio preencheu minha mão, apertei levemente para tentar descobrir o que era e um curto gemido entrou pelos meus ouvidos. Pulei para frente assustado e virei-me para trás conseguindo entender o que tinha acontecido.

No local que eu estava sentado havia uma garota com cerca de 16 anos com as mãos próximas a seus seios. Corei intensamente ao perceber o que tinha feito. Ajoelhei no chão e abaixei minha cabeça para poder me desculpar e ela riu com essa atitude.

—Já disse para se acalmar, não precisa se preocupar com isso.

—Certo... tá... Quem é você?

—Deixei me ver... Acho que você me conhece como Amaterasu.

Tornei a baixar minha cabeça e literalmente beijei o chão, se ela realmente era Amaterasu, a deusa Amaterasu, a coisa mais sensata a fazer era mostrar meu respeito e pedir seu perdão.

— Já disse para parar com isso.

—Mas, você não vai me destruir?

— Não, ande e se sente para podermos conversar direito.

Cautelosamente me levantei e sentei à sua frente, ainda estava receoso, porém obedecer era a melhor escolha a se fazer. Ficamos nos encarando por algum tempo e não pude deixar de notar sua aparência. Ela tinha um cabelo tão negro quanto nanquim com as pontas levemente brancas, contrastando com sua pele incrivelmente alva. Seus olhos eram levemente acinzentados e transmitiam paz e sabedoria. Um quimono vermelho cobria seu corpo, mas uma parte um pouco protuberante ficava mais visível, me fazendo corar novamente ao lembrar o que tinha acontecido.

— Você é um pouco precoce...

—Desculpe, é que te achei muito bonita.

— Agradeço o elogio Naruto-kun, tem algo que você quer me perguntar?

— Como você... Esquece. Que lugar é esse, por que eu estou aqui e o que aconteceu depois que... Atacaram-me?

—Indo por partes... Você morreu e está em um espaço interdimensional.

Suspirei, realmente não tinha sido um sonho. Abaixei minha cabeça e comecei a pensar em toda minha vida... Será que tinha sido melhor assim?

— Sei que deve estar cansado e com diversas duvidas, mas preciso conversar algo serio com você.

— Não se preocupe comigo Amaterasu-sama, estou bem. O que precisa comigo?

— Quero saber o que acha sobre ser revivido e se tornar meu representante na terra.

— Quê?

—Me deixe explicar. A lei divina impede os deuses de interferirem diretamente no mundo e meu pai Izanagi mantinham essa lei em funcionamento, punindo severamente quem ousava quebra-la. Um dia meus irmãos, Susano’o e Tsukuyomi, infringiram essa lei e foram punidos por meu pai. Porém meus irmãos não aceitaram a decisão e se juntaram, atacando meu pai e o matando. Não sei bem por que fizeram isso, mas ambos mudaram, não parecem ser mais os mesmos que eu conhecia. Agora os dois estão interferindo da maneira que querem no mundo e quando tentei impedi-los fui caçada e por pouco não acabei morta. Como não posso confronta-los e cada vez mais eles aumentam seu poder preciso que alguém me ajude a solucionar os problemas que eles estão causando e assim enfraquece-los.

— E você quer que eu te ajude... Mas por que eu?

— Por que você é especial Naruto-kun, mesmo não sabendo disso você é uma existência especial.

— Certo, e como eu posso acreditar em você?

— Eu não tenho motivos para mentir para você, estou sendo caçada por meus irmãos e sou obrigada a ver o mundo sendo destruído pouco a pouco.

Olhei para a deusa, lagrimas se formavam em seus olhos. Senti algo estranho, uma tristeza tomou meu ser e em um segundo eu estava abraçado com Amaterasu. Não sabia por que tinha feito isso, mas ter que vê-la daquela forma me trazia um desconforto imenso. A apertei mais forte contra meu peito e levei uma mão a sua cabeça.

—Eu aceito a proposta.

Um pequeno sorriso se formou em seus lábios e ela me abraçou com força.

—Obrigada Naruto-kun, juro que não irei falhar com você.

Ficamos abraçados por algum tempo, era agradável ficar assim então minha noção de tempo estava completamente bagunçada e parecia acontecer o mesmo com ela. Após nos olharmos por um tempo e corarmos nos separamos e evitamos contato visual por um tempo.

— E agora Amaterasu-sama, o que eu deveria fazer?

— Vamos formar um contrato para que você se torne meu representante.

—E como isso é feito?

— Simples, só precisamos de uma pessoa aqui para comprovar que o contrato é válido.

Ela sorriu e levantou sua mão, imediatamente um portão surgiu no ar, acima de sua cabeça. Senti uma aura sombria se manifestando no local, me fazendo suar frio, um ser coberto por um manto negro desceu do portal e me olhou, como se analisasse até minha alma. O ambiente tinha esfriado e uma grande pressão estava me fazendo ter dificuldade de ficar em pé.

— Obrigado por vir Shinigami-sama.

—É uma honra ser chamado por você Amaterasu-hime, o que posso fazer por você?

—Chegou a hora.

—Entendo, e o escolhido seria... – O deus da morte se aproximou e fixou seu olhar em mim, estava suando frio com a sensação que aquele ser me passava. – Você realmente é uma existência interessante Uzumaki Naruto, em todos os mundos e épocas você sempre está no centro das mudanças.

— O que quer dizer com isso... Shinigami-sama?

— Esqueça, não ligue para os devaneios de um velho como eu, vamos logo fazer o ritual.

O Shinigami retirou uma adaga de suas vestes e a entregou para mim e entregou outra para Amaterasu. Com um movimento rápido a deusa fez um corte profundo em sua mão e deixou seu sangue fluir, mesmo não entendendo muito bem o que deveria fazer, cortei minha mão assim como ela tinha feito.

Ela estendeu a mão e a imitei, quando nossas mãos se tocaram senti que nossos sangues estavam se misturando. Uma sensação de queimação percorreu todo meu corpo, era como estar sendo queimado de dentro para fora, senti o gosto de ferro invadindo minha boca e um pequeno filete de sangue escorreu pelo meu queixo. Separamos-nos e caí sem forças, Amaterasu se adiantou para me ajudar, mas fiz um geste pedindo para ela esperar. Fiquei algum tempo ajoelhado esperando aquela sensação horrível passar, cuspi o sangue que estava em minha boca, sentia algo diferente dentro de mim, parecendo buscar um local para se acomodar. Quando essa coisa pareceu achar um local para se instalar minha força voltou repentinamente, o corte em minha mão se fechou em segundos e eu me levantei automaticamente.

— “Tudo bem Naruto-kun?”.

— “Sim eu estou... espera como estamos conversando?”.

— “Telepatia”

— Com licença, sei que devem estar tendo uma conversa maravilhosa, mas preciso saber se deu tudo certo.

—Perdão Shinigami-sama, está tudo certo aqui, muito obrigada por vir aqui.

—Não se preocupe Amaterasu-hime, gostaria de ajudar mais, porém estou tendo muitos problemas para resolver por causa de seus irmãos, espero que vocês consigam impedi-los. Agora eu tenho que ir, até nosso próximo encontro.

O Shinigami se desfez em uma nuvem negra, deixando-me novamente sozinho com Amaterasu. Fiquei esperando ela falar alguma coisa, mas ela parecia estar fazendo o mesmo, então resolvi chamar sua atenção.

— Então Amaterasu-sama, sobre meu renascimento ou algo assim...

— Sim, temos que resolver isso. Na verdade o que acontecerá é que eu mandarei sua alma de volta para seu corpo que estou mantendo vivo com a ajuda do seu amiguinho peludo.

— Amigo peludo?

— Conversamos sobre isso depois, o importante no momento é que levará algum tempo para que seu corpo esteja em condições de suportar sua alma novamente, já que ele está um pouco... Acabado.

— E quanto tempo isso vai levar?

— Cerca de um ano no seu mundo...

— Isso é até rápido, seu tom de voz está um pouco diferente, como se não fosse apenas isso.

— É que no SEU mundo será um ano, o tempo aqui passa de uma forma diferente... Um ano no seu mundo é equivalente há mil anos aqui.

— Bem, não vejo nada de mal nisso, passar mil anos com você não me parece ruim, e se no meu mundo será só um ano não haverá problemas futuros.

Ela sorriu e pulou em meu pescoço, deslizando até parar apoiada em minhas costas, o que era um pouco desconfortável já que ela era mais alta que eu. Não pude deixar de sorrir, algo me dizia que aquele tempo com ela não seria nem um pouco entediante.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Vou tentar ao máximo postar em menos de um mês, primeiro vou terminar o capítulo de recomeço e já iniciar o próximo de Kari, então nos veremos em breve.
Bye bye.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Kari no kamigami" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.