A escuridão era sua companheira. Sentado em seu trono, no seu reino poderoso. O reino que em breve iria se expandir. Seria então conhecido por todos, sem exceção. Todos o venerariam, suplicariam para viverem. Seria o Deus de tudo o que há de vivo, e morto.

E quando tudo fosse conquistado, a perfeição estaria completando o seu circulo final.

A perfeição

Um ser único, magistral, completo. Sem qualquer defeito.

Sorriu, arqueando a sobrancelha enquanto jogava os cabelos para trás. Apoiou as mãos na grande cadeira que representava seu trono, recostando-se melhor. Respirou fraco, ouvindo o silêncio cortar seus pensamentos megalomaníacos.

Era mesmo um lugar único. Sem perturbações, ou...

– Aizen-sama. – A aparição de Ulquiorra não causou espanto no grande homem sentado. Apena uma pequena revolta por ter seu descanso interrompido.

– Diga o que há, Schiffer? – ele encostou a mão no rosto, inclinando levemente a cabeça para o lado, certamente haveria alguma reclamação.

– A humana! – Ele deu um passo para frente, se aproximando de Aizen. – Ela grita.

– E...

Houve um breve silêncio, Ulquiorra não sabia o porque do “e” mas achou que deveria continuar falando.

– Ela diz não querer mais ficar aqui. Sente saudades, quer ir embora. Eu não sei porque. Não falta comida, não falta onde dormir. O que faço para fazê-la calar a boca?

Aizen respirou fundo, sem qualquer outra reação aparente.

Precisava da humana, e precisava do espada, e estava vendo que os dois juntos esta lhe tirando a paciência. Não era primeira, e nem seria a última reclamação.

– Traga ela até aqui. – Retirou a mão do rosto, voltando a posição inicial quando Ulquiorra sumiu das suas vistas.

Não demorou muito para que a humana chegasse e acabasse novamente com a quietude do homem.Ela o olhava em silêncio, esperando saber porque fora levada até ali pelo espada sem sentimentos.Orihime não gostava de Ulquiorra, não gostava das perguntas dele, não queria ensinar ninguém a ouvir o coração. Como poderia? Se deixara um surdo para trás? Não queria outro ao seu encalço.

– Inoue Orihime. Nunca ninguém deixou Ulquiorra desse jeito. O que você tem de especial?

Ele a encarou, e dessa vez não tirou dos olhos a mexa de cabelo.

– Ulquiorra é uma pessoa vazia. Eu me recuso a tê-lo ao meu lado dia e noite. – Disse firme, sem saber o que viria depois.

– Vazio e um bom soldado para o meu reino. É por isso que ele esta ao seu lado. Não há motivos para eu me preocupar com você, minha jovem.

Orihime pensou, quem mais seria ruim para ficar ao lado dela? Haviam aquelas mulheres, as estranhas, aquelas que a humilharam. E também a mais alta, a loira de trajes vergonhosos. Não poderia dizer quem seria melhor que Ulquiorra.

Que tal o de cabelos azuis? Não! Esse parecia um tanto... maluco.

– Eu prefiro ficar sozinha. Não vou fugir, dei minha palavra. – Respondeu ao olhar interrogativo do homem.

– Sozinha... não gosto dessa palavra. Não combina com você. – Ele pensou, e refletiu sobre a situação. Ulquiorra era perfeito porque não iria tentar nada contra a humana. E quanto aos outros...

– O que há para pensar? Não farei nada, eu prometo. – ela aparentava agora um desespero.

– Se ele te incomoda tanto. Pode ficar aqui.

Orihime se assustou, não estava pensando exatamente nessa solução. Dava arrepios ficar próxima de Aizen. Algo nele a fazia tremer. Mas mesmo assim, seria melhor tremer pelo homem a sua frente que ser acompanhada por alguém frio e vazio.

Devagar, um pouco receosa, ela sentou próxima ao trono do homem mais poderoso do Hueco mundo, e logo mais seria de todo o resto vivo e morto.