Just One Last Time escrita por Cecília Mellark


Capítulo 1
O começo


Notas iniciais do capítulo

Olá meus amores!
Mais uma pra vocês! Gente olha, nunca fiz isso, mas dessa vez vai chegar num momento que preciso saber o que vocês esperam dessa história.
Juro que já reescrevi ela umas 2 vezes. Mas sempre parece estranho.
Ainda não encontrei um desfecho que me fizesse 100% feliz.

Mas conto com vocês pra isso, e tenho certeza que irão me ajudar.



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— Mais uma aqui!  - Eu ouço alguém dizer assim que consigo chegar ao balcão do bar depois de alguns minutos me espremendo entre os corpos dançando alucinados da pista de dança.

Eu poderia estar lá em cima no camarote que minhas amigas reservaram para mim para esta data tão especial, mas sinceramente, uma última vez antes de ser a fiel e dedicada esposa para sempre eu quero reviver as loucuras de dançar com um estranho, ir mais além, dar um último primeiro beijo talvez.

Eu tenho consciência de que muitas garotas, algumas das supostas amigas que estão lá em cima bebendo champanhe cara dariam tudo para estarem no meu lugar. Mas o caso é, quanto mais perto do casamento, mais tenho vontade de jogar tudo para o alto e sair correndo.

Analisando em retrospecto eu vejo que não é por falta de amor, eu amo o Gale Hawthorne, meu noivo e futuro marido dentro de uma semana, mas eu gostaria de declinar todo o pacote de mulher da alta sociedade que vem junto com ele. É claro que nosso casamento foi praticamente arranjado desde que nascemos. Nossos pais eram sócios da mineradora Distrito12, a maior do país. Isso nos fez entrar para a lista de solteiros ricos mais cobiçados desde que tínhamos idade o suficiente para namorar, lembro-me do quanto rimos quando Gale ficou apenas 3 posições abaixo do príncipe Willian, herdeiro do trono da Inglaterra.

— Posso pagar uma bebida para a noiva mais linda que já vi?

Viro meu rosto para encontrar o dono da voz, imaginando um desses adolescentes que fantasiam pegar uma mulher mais velha, e me deparo com um homem enigmático parado do meu lado, estendendo uma enfeitada margarita para mim. Nas luzes frenéticas da boate eu mal vejo seu rosto, mas percebo umas mulheres se acotovelando ao olhar para ele, então suponho que ele seja bonito, ou muito gostoso, coisa que eu não consigo analisar no momento porque ele está colado entre o balcão e meu corpo. Apesar de ter protestado muito quando as meninas me fantasiaram de noiva com direito ao véu curto e uma pequena coroa, agora eu estou feliz, o véu e os apetrechos me deixam irreconhecíveis, muito propicio para o momento.

Pego a margarita e bebo vagarosamente, pensando ainda sobre o fim da minha liberdade, lamentando não poder viver uma grande aventura.

— Você parece muito triste para uma noiva, este não é o momento mais feliz da vida de uma mulher? – Grita o desconhecido no meu ouvido.

Viro-me para chegar ao ouvido dele e responder apropriadamente, meus lábios acabam encostando-se ao seu pescoço provocando nele um arrepio que minha pele fez questão de acompanhar, e quando eu pego folego para falar seu cheiro invade meu nariz e minha boca, sinto o gosto na minha língua e então respondo:

— Talvez eu não seja uma mulher comum.

Péssima resposta se analisarmos o fato do anel de noivado de diamantes pesando na minha mão direita e uma resposta maravilhosa se eu apenas seguir o ritmo descompassado do meu coração.

Meus olhos encontram os olhos dele enquanto eu me afasto para voltar a minha posição de cotovelos no balcão. Rapidamente faço uma nova análise do paquerador, ele não é apenas enigmático, ele é misterioso, tem cheiro de perigo, todos os requisitos que eu buscava quando era mais nova e queria provar para minha mãe que eu sabia o que era melhor para mim e não ela.

O pensamento me joga de volta no tempo, lembro-me de quando Madge minha melhor amiga, pegou sua habilitação e por ideia minha, nós fomos para uma boate bem louca só com shows de rap e funk num bairro de classe média baixa. Eu tinha 16 anos, começava a perceber que Gale tinha outros sentimentos por mim e que nossos pais apoiavam completamente, mas eu queria ter o direito de fazer escolhas, eu queria me apaixonar loucamente, enfrentar meus pais e o mundo para ficar ao lado de alguém que meu coração escolheria, e na minha visão adolescente para viver uma aventura era preciso estar num lugar proibido, perigoso, lembro-me do rosto de horror quando Haymitch meu mordomo e fiel guarda costas veio buscar Madge e eu na boate, porque nós estávamos tão assustadas e tinham tantos garotos mal vestidos e mal encarados rodeando o porsche amarelo dela, que nós não tivemos coragem de sair do lado do segurança da tal boate. E aqui estou eu, 10 anos depois na melhor boate da cidade encarando um desconhecido que deve ter algum dinheiro e tem as mesmas características de perigo.

Ele está sorrindo para mim agora, e depois da terceira margarita eu também estou sorrindo para ele bobamente, como se tivesse 16 anos e ele fosse o Brad Pitt. Só percebo que ele me puxou para a pista de dança quando suas habilidosas mãos passeiam pelas minhas costas agarrando-se no meu quadril e sem pensar muito estamos dançando loucamente, sensualmente, e agora com um pouco mais de espaço e com a cabeça enevoada pelo álcool, eu concluo que ele é o homem mais lindo que já vi na minha vida. Seus ombros são largos e fortes, suas mãos delicadas e precisas no toque, seu queixo combina perfeitamente com o maxilar quadrado, seus lábios são perfeitos, o nariz é másculo, sem exageros, na mistura de cores eu apenas suponho que seus olhos são azuis ou verdes, e o cabelo caindo em ondas pela testa fazem dele uma representação viva de um deus grego. Dançando alucinadamente começo a pensar na mitologia grega, seria este Adônis? Um enviado especial de Afrodite?

Começo a me arrepender de ter aceitando tantas doses, pois agora sinto que meus sentidos não estão normais, sinto minhas mãos formigarem, as pontas dos meus dedos parecem plumas, ou seria a pele do rosto dele macia demais?

Começo a fantasiar enquanto danço, imagino por um momento que esta não é a minha festa de despedida, é só mais um dia da minha vida, eu poderia ter a chance de conhecer melhor o meu Adônis, poderíamos dançar selvagemente aqui e depois no meu apartamento.

Fecho os olhos para sentir melhor suas mãos no meu corpo e imagino-a em lugares proibidos pelos olhares que estão a nossa a volta. Estava prestes a ter um orgasmo telepático quando sinto alguém me puxando abruptamente dos braços do meu deus.

— Katniss? Você ficou louca? Faz quase uma hora que estamos procurando por você!!!

Clove, minha falsa amiga irritante grita para mim, como se ela realmente se preocupasse caso eu sumisse da face da terra.

— Estou me divertindo, não vê? Esta é a minha despedida!!

Ela analisa o cara gostoso com malicia e institivamente me viro para olhar para ele mais uma vez, a última vez talvez... sim, ele é lindo, esta sorrindo de uma maneira meiga e erótica ao mesmo tempo, penso que ele estava fantasiando a mesma coisa que eu porque nossos olhos se encontram depois de analisarmos um ao outro descaradamente.

— Madge está chamando você, é hora de abrir os presentes. Venha logo!

Antes de virar e sair andando ela deu uma última olhada descarada para o meu parceiro de danças alucinadas.

— Não vou mais roubar você de suas madrinhas querida noivinha...- ele disse no meu ouvido apertando todo seu corpo contra o meu enquanto me abraçava.

Novamente o seu cheiro me deixou tonta, tive vontade de pedir para ele me esperar ali que logo eu voltaria, mas olhei para o camarote onde estavam as meninas e decidi que não adiantaria fantasias com um desconhecido, eu não poderia fugir do meu destino.

Pensei em perguntar o nome dele, ou pegar o telefone, mas ignorei o pensamento, seria ridiculamente inútil. Apenas sorri sem graça, imaginando se quando ele visse as fotos do meu casamento em algum jornal ou revista, ele me reconheceria e sairia por ai se gabando de que dançou comigo na minha despedida.

Bem, ele não parecia esse tipo de pessoa. Dei um passo para me afastar dele e senti que estava perdendo alguém, alguma chance, perdendo algo que eu nunca teria, uma paixonite descontrolada talvez, ou uma selvagem noite de sexo. Envolvida na minha perda de algo que nunca tive só percebi o beijo quando ele era inevitável.

Tenho que admitir o deus grego desconhecido era muito corajoso, valente. Outra característica que eu procurei em minhas aventuras de paixões arrebatadoras que nunca irá acontecer.

O gosto da língua dele na minha, a sensação de formigamento que meus lábios adquiriram, a minha pele queimando onde suas mãos escorregavam, seu cheiro de perto, a música alta que sentíamos ecoar nos nossos ossos e as luzes piscando em volta de nós, tudo fez aquele instante ser perfeito mágico. Na batida da música ouvíamos a frase repetida “Just one last time”, uma última vez era tudo que eu precisava.

Beijando o desconhecido no dia da minha despedida eu tive a certeza de que eu nunca seria feliz plenamente com Gale. Eu teria tudo, mas faltaria aquela sensação de coração disparando, pele queimando de desejo. A primeira vez que eu senti tudo que procurei durante a minha vida toda, era justamente a última vez.

Constatando isso, eu me afastei do deus grego e corri para minhas amigas, desejando que o cheiro dele nunca saísse da minha pele, e desejando guardar na minha memória toda a sensação que ele havia me causado.


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Notas finais do capítulo

E aii? Gostaram?

Beijos e até logo



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