Coração Celta escrita por SakuraHimeT


Capítulo 3
Capítulo III - O sorriso das Jóias


Notas iniciais do capítulo

Oieee!! Mais um capitulo saindo do forno nesta semana! Espero que gostem! ♥
Boa leitura!



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Olhou para ela ,pela milésima vez nas suas mãos. Era linda e perfeita. Tão pequena como o tamanho de uma bolota, ou se calhar ligeiramente maior. Brincou com ela várias vezes por entre os seus dedos até deixar escapar um sorriso. O sol escondia-se lentamente por detrás das altas montanhas onde se encontrava.

Depois de três longos dias passados nas minas das montanhas, ele finalmente encontrara o que queria. E por milhares de tantas iguais umas às outras, ele encontro-a. Bem num fundo de um buraco escavado da gruta. Agarrou-a por entre as suas mãos pequeninas já ensanguentadas das escavações e apertou-a para que os mineiros não vissem o seu precioso recém encontrado tesouro.

Saiu da mina ignorando os olhares curiosos dos homens e iniciou a sua descida até ao reino visto lá em baixo.Porém, voltou a parar no caminho observando os fracos raios solares que brilhavam sobre o pequeno objecto que tinha nas mãos, iluminando-o mais que as estrelas no céu. Seria esta sem duvida alguma.

Estendeu a bela pequena pedra a frente dos seus olhos âmbares e o brilho que transparecia era mágico. Uma pedra albina.A primeira e única pedra jamais vista.Uma jóia pálida, uma jóia branca que iria entregar brevemente à princesa Sakura.


                                                             

                                                      Coração Celta
                                                                          III

Uma semana havia se passado depois que Syaoran tinha morto o coelho na prova de coragem de Sakura. Após o menino ter desaparecido no bosque, os três amigos desceram da casa de madeira e também fugiram sem dizer nada à princesa. Eriol que observara tudo, acolheu a menina ajudando-a erguer-se do chão, mas Sakura tornou a cair porque as suas pernas ainda tremelicavam do susto.

O mago afirmara que o príncipe tinha um temperamento forte que chegava a magoar com tais palavras ditas por ele e que a princesa teria de ignorá-las durante toda a vida que tivesse ao seu lado. Como iria viver com um homem como ele, como iria estar casada com alguém assim tão cruel? Sem coração?

Assim que chegou ao castelo no final da tarde, parte da sua família veio ao seu auxilio e a sua mãe aconchegou-a rapidamente entre suas vestes para que protegesse a filha das palavras irritadas do pai. A menina chorou o resto da noite no seu quarto e não comeu a ceia. Não queria ver ninguém, pois todo o reino sabia da sua saída das muralhas do castelo e que segundo as regras, era proibido e extremamente perigoso.Contudo e guardando o rancor, a menina nada pronunciara acerca do filho dos Litháin e dos amigos que passavam tardes inteiras escondidos na casa de madeira, longe das muralhas do reino. Seria pior se desse com a língua nos dentes e não queria ficar mais magoava do que já estava.

Por outro lado, Syaoran encontrava-se trancado nos seus aposentos. Observava o tecto com uma grande tapeçaria que contava a lenda da maldição do lobo. A temida lenda que ninguém se pronunciava pelo medo dela ser verdadeira. O menino soltou um bafo. Nem ele próprio queria acreditar que não era real, mas da forma que encarava os olhos amarelos do lobo negro e dos desenhos aterrorizantes ali bordados, fazia-o pensar duas vezes.

A lenda era verdadeira. Claro que era. Questionava-se porque aquela tapeçaria já gasta das gerações passadas encontrava-se no seu quarto? E se a queimasse? Assim apagava toda a lenda e as pessoas poderiam viver mais descontraídas. Estava perdido nos seus pensamentos que quase nem percebera dois toques na porta do seu quarto o chamavam.

—Entre.- anunciou.

A porta foi aberta e o grande rei de Ásgard cruzou o quarto.

—Senhor!- exclamou Syaoran levantando-se rapidamente da sua cama, ajeitando as vestes.Pensava que era apenas um escravo qualquer que trazia o almoço mas assim que percebera que era o seu pai compôs-se e fez uma pequena vénia.

—Syaoran.

Shang andou calmamente até à janela do quarto do filho.

—Meu filho, eu ando cansado destas tuas brincadeiras de mau gosto. Era teu dever estar de olho na princesa Delbhna e não andar a vaguear por ai com alguns lacaios do povo.- Syaoran revirou os olhos.-Sei também que escapas por vezes das muralhas do reino e isso tu sabes bem que é proibido.

O menino engoliu em seco, bolas teria sido apanhado. Ah... aquela cabra da princesa deu com a língua nos dentes. Iria se vingar dela.

—Não penses que foi a princesa que me contou, Litháin.- Shang interrompeu os pensamentos de Syaoran que o menino assustou-se. Caso o pai lia a sua mente? - Sei através dos meus guardas. Não voltes a fazê-lo. O teu lugar é unicamente dentro do reino, haveis me entendido?

O homem virou-se de sobrancelha erguida encarando o filho.

—Sim senhor. Peço perdão.

—Pedes sempre perdão, Litháin. Contudo fazes sempre o mesmo.- soltou um muxoxo.- Peço-te que em vez de procurares o perdão do senhor teu pai, o faças á princesa de Tirdha.

—O quê?- exclamou o menino. -Porquê ela?

—Para tua lealdade e dignidade perante a princesa, não lhes faltes o respeito. Ela é tua noiva e será tua futura mulher.Por isso, como nosso clã, tu Litháin, irás procurar o perdão dos Delbhna. Vai até à primeira montanha e procura a mais bela pedra que encontrares. Entrega à princesa como prova do teu esforço e prenda de união de matrimónio.

 

E ali estava ele nas bermas do rio Éilne, com a jóia por entre as mãos.O nervosismo era bem visível e tremia os lábios imaginando como se ia desculpar perante a princesa do reino do sul. Deu um suspiro, meio aborrecido.

Terás de o fazer, és um idiota. Pensou para si. Realmente era sua culpa desde inicio que provocara a menina no primeiro encontro. Já se tinha arrependido de o fazer, pois nunca pensou que ela fosse inacreditavelmente diferente das outras meninas e com uma beleza rara. De facto, Sakura era especial.

Assustou-se com o som dos arbustos atrás dele, rapidamente tirou a sua espada de madeira da bainha e colocou-se em posição de alerta. Não demorou muito tempo até os três amigos aparecerem diante si.

—Assustamos-te? Não era a nossa intenção.- comentou Marlon, um menino de pele escura e olhos negros.

—Como sabiam que eu estava aqui?- perguntou Syaoran meio desconfiado.

—Ora, nós seguimos-te como é óbvio.- respondeu Adir, loiro de olhos profundamente azuis do céu.

—Já te esqueces-te que é isso que fazemos?-brincou o ultimo menino, Renan, ruivo de olhos azuis escuros e sardas nas bochechas.

O comentário deixou Syaoran corado que rapidamente guardou a sua espada e revirou os olhos olhando para o rio.

—Eh... vocês deviam parar com isso.- reclamou.

—Porquê?- perguntou Marlon.

—Porque.... oras porque eu não posso andar com vocês.- proferiu.

—Porquê?- questionaram em uníssono.

—Ah... porq-.

Syaoran não acabou de falar. Os seus olhos buscaram logo pelo vulto próximo a eles os quatro.

Engoliu em seco quando avistou-a a poucos metros de si. Molhava os pezinhos no rio e perto dela estavam duas amas de companhia. Tinha o arco preso nas suas costas por cima do seu belo vestido branco e azul.E continha uma expressão triste. Isso deixou-o um pouco irritado e ainda mais quando sentiu algo estranho no seu peito.

—Parece uma fada.- ouviu Adir comentar em voz baixa.

—É linda.- acrescentou Renan também encantado.- Sortudo que te vais casar com ela, Litháin.

Os comentários dos amigos não estavam ajudar em nada. Porque estava corado? Porque o seu coração batia a mil e mal sentia o ar nos pulmões?

É tudo por causa desta maldita pedra.

Sim, de facto era. Ainda a tinha na sua mão direita escondida para que ninguém a visse. Rapidamente guardou-a no bolso das calças.

—Calem-se.- resmungou.- É melhor vocês irem embora, já estou a ficar incomodado.

—Ah sim? Porquê? Nós não fizemos nada Syaoran.- Adir voltou a comentar meio surpreendido.

—Acho que o príncipe ficou incomodado com outro tipo de presença.- adiantou Marlon sorrateiramente ao ouvido de Adir, mas Syaoran percebeu e exaltou-se.

—Vão-se embora agora.- falou mais alto.

Isto atraiu as três figuras femininas que estavam perto deles. Sakura cruzou olhares com Syaoran e rapidamente desviou o contacto, apertando dos lábios.

Ela ainda está amuada. Pensou.

Os três rapazes repararam no clima que observavam e afastaram-se ligeiramente dos príncipes. Syaoran tomou coragem e foi-se aproximando dela, muito devagar.

E se ela fugisse? Não, poderia era atirá-lo ao rio. Ou dar-lhe uma chapada. Ou de certo puxar uma flecha e de facto feri-lo em hesitação.

Os batimentos cardíacos aumentavam cada vez que dava um passo em direcção a ela. A menina já tinha percebido a sua presença quando levantou-se ajeitando as vestes , calçando os sapatos e preparando-se para lhe virar as costas e ir embora.

—Espera.

Sakura virou-se para ele de expressão zangada.

—O que queres?

—Eu...

Silêncio. Como iria fazer o maldito pedido de desculpas? Era um idiota. Se nada disso tivesse acontecido agora estava perfeitamente de consciência tranquila, algures no seu quarto ou nos bosques a praticar com a espada e não teria este problema para resolver. Tu és um Litháin, não te podes rebaixar com isto.

Sakura olhava-o com fúria algo que o intimidou por breves minutos. Os olhos dela pareciam vibrar em chamas.Uma cor verde brilhavam intensamente sobre ele, que pareciam que o ia matar. E de facto até podia ser mesmo.

Quando ganhou forças para falar, um dos rapazes aproximou-se dos dois. Oh não.

—Princesa, permite-me apresentar-me. Sou Renan Litháin,- o ruivo fez uma vénia perante a menina impressionada e com o olhar cheio de dúvidas.- Como deverás perceber, sou parte da família do príncipe Syaoran.

Olhou para ele, piscando o olho. Aquele gesto fez o moreno ferver.

—Família?- as primeiras palavras da princesa foram ouvidas num fio de voz.

—Sim, sou o primo legitimo da parte da rainha Yelan.-comentou abrindo um sorriso.

A princesa relaxou um pouco quando o menino de olhos azuis escuros sorriu à sua frente. Era bonito, tão bonito quanto Syaoran. Seriam todos assim? Os Litháin? Oh, mas que absurdo, deveria colocar esses pensamentos embaraçosos de parte por agora.Aceitou a vénia do moço, um pouco corada.Pela primeira vez estava a ser respeitada naquele reino.

—Ora, é uma honra conhece-lo, alteza.- acrescentou.

—Por favor, trate-me por Renan apenas.

—Então trata-me por Sakura, sendo assim.

A menina deixou abrir um sorriso que alertou todos os meninos que ali estavam. E Syaoran não pode deixar de sentir ciumes do primo. Mas o que raio estava ali a se passar? Tinha de acabar com aquilo e agora.

—Pelo menos você me trata com respeito e com dignidade.- afirmou Sakura, sorrateiramente.

—Ora mas porque haveria de-

—Já chega Renan!- interrompeu Syaoran, colocando-se a meio do casal.- Nem devias estar aqui, vai te embora.

—Estou só a ser educado com a princesa, coisa que tu nunca o fizeste.

—Não tens nada a ver com isso, vai-te embora.

De repente criou-se um clima pesado entre os três. Adir e Marlon observavam a cena boquiabertos e resolveram-se aproximar em alerta caso houvesse algum contacto físico. Ambos conheciam muito bem os Litháin.

—Desculpe me intrometer, mas vossa alteza deverá ver que o seu primo não me fez nenhum mal. Você é que tem um temperamento muito rude!- proferiu Sakura observando directamente os olhos de Syaoran e dando ênfase na frase. Por acaso estaria de brincadeira com ele? Mas que raio de menina era aquela? Parecia o estar a provocar.

—Eu, rude? Quem exaltou-se no outro dia foi você, prin-ce-sa!- argumentou, um tanto brincalhão.- Foi você, florzinha que apontou o seu arco à minha linda face ou já se esqueceu?- anunciou um pouco divertido.

Sim, de facto a face dele era linda, não podia negar. E sim, ele tinha razão. Ela tinha realizado um acto extremamente perigoso, provocando-o com a arma que tinha presa nas costas. Nunca esquecera aquele momento e hoje amaldiçoava-se por tal fraqueza.

—Você que começou, prin-ci-pe. Além do mais, parece ser um fraco quando está na presença de outras pessoas.-afirmou apontando para os amigos.

—Eu fraco? Já te esqueceste quem matou o coelho?

—E daí?Matar coelhos não significa nada. Há minutos que sou observada por si, está deveras tão corado na minha presença que hesita em aproximar-se e falar comigo. Você é um covarde!- exclamou.

Renan e os outros dois não conteram o riso, pois a princesa tinha razão em alguns aspectos. Para não falar que era boa em algum humor negro. Realmente matar coelhos não era nada em comparação a enfrentar mulheres como ela.

—Você tem uma língua afiada sabia?- Syaoran voltou a ficar sério e aproximou-se lentamente da menina.- Devia ter muito cuidado comigo.

—Ah sim? Porquê?- voltou a desafiar. Por dentro tremia como tudo. Lá estava ele novamente a provocar arrepios em todo o seu corpo. Detestava quando ele olhava para ela com aqueles olhos tão sombrios, tão misteriosos.

Todos se calaram por breves minutos, até Marlon se pronunciar.

—Porque ele é um Litháin?

—Isso!- acrescentou Adir,- Os Litháins são perigosos! Oh sim!- abriu um sorriso engraçado.

—Porquê? - Perguntou a menina escondendo o medo.

A lenda.- disse Syaoran observando-a.

—A lenda...?

—...da maldição do lobo.- finalizou.

Sakura sentiu o seu corpo congelar. As forças que tinha nas pernas enfraqueciam aos poucos. Os lábios ficaram secos e os olhos pousados nos de Syaoran. Claro, a mais temida lenda do reino. Como podia ter-se esquecido disso? Ouvia ainda as palavras da mãe contanto a história de um temível lobo negro que matou o reino todo e que passara a maldição para outro ser humano.

—O lobo...

—Sim, florzinha.- Syaoran apanhou-a logo. Era isso que queria. Mais um pouco e tinha-a nas palmas das mãos.- Não me digas que nunca ouviste falar dela?

—Imbecil! Eu sei perfeitamente da história do lobo.O rei Valeth que apaixonou-se pela princesa Alanis ,tentou matar o seu irmão e-

—...ele se transformou em um lobo e blá blá blá...Toda gente sabe da lenda, idiota.Não precisas de voltar a contar. Aliás, é tão verdadeira que os outros reinos conhecem a sua autoria. Mesmo fora de Ásgard, impressionante.- interrompeu o príncipe, soltando um bafo já irritado.

—Eu não acredito em lendas.- cruzou os braços, mostrando-se forte.

—Ah não? E se ele for um lobo?- perguntou Marlon de sobrancelhas arqueadas apontando para Syaoran. Reparou que os amigos estavam a brincar com a princesa e controlou-se para não rir das expressões que a menina fazia.

Sakura voltou a encarar Syaoran ficando cada vez mais pálida.

—Pois sim e se eu for um deles? Terás medo de...mim?- aproximou-se cada vez mais dela, estava tão perto que podia reparar nos lábios pequenos e secos.Levantou as mãos à frente da cara em pose de ataque.- Eu posso muito bem atacar-vos, vossa alteza. Ou vincar os meus caninos no seu pescoço fino. Ah!

A menina não evitou um grito andou uns passos atrás e caiu na grama verde. Fez uma cara de cor e massajou o seu traseiro. Syaoran riu-se da queda. Era uma idiota mesmo nem com um simples susto ela demonstrava-se ser indomável.Ou seria ele demasiado ingénuo para pensar o contrário?

Sakura não achou piada nenhuma com o susto que Litháin tinha lhe feito. Levantou-se rapidamente e vendo que o menino ainda se ria descaradamente às gargalhadas com os outros, em apenas dois passos largos levantou a mão direita e com a tua força acertou na cara de Syaoran.

Fez-se silêncio na berma do rio Éilne. Marlon e Adir observavam chocados o casal e Renan colocou a mão na boca evitando um gemido.

Syaoran continuava com a cara virada para a direita de olhos fechados. Sentira bem a chapada da princesa. Maldita! Valia por umas cinquenta chibatadas na praça publica na madrugada seguinte se não fosse da realeza.Quem ela pensava que era? Tudo o que fez foi abrir os olhos e encarar os furiosos olhos verdes cheios de lágrimas.

Perfeito, lá estava ela a odiá-lo mais uma vez. E porque sentia novamente aquele peso no peito? Não gostava de a ver assim. Lembrou-se do sorriso que a menina dera há vinte minutos atrás, quando Renan apresentou-se a ela.

Aquele sorriso tão sincero e descontraído. Aquele sorriso que ele nunca teve.

Rapidamente o menino enfiou a mão no bolso das calças e tocou com a ponta dos dedos na pedra que ainda ali estava. Era o momento ideal para pedir desculpas? Não, não seria. Mas queria ver o sorriso dela.

—Acho que... nós vamos embora.Até depois Syaoran!- comentou Adir para os outros dois que concordaram e acenaram para Syaoran fazendo gestos como "resolve tu os assuntos com ela", ou "mulheres salvem-se delas". Ele revirou os olhos e segundos depois eram apenas Delbhna e Litháin sozinhos no rio.

—Porque... porque és assim tão..tão cruel?- a voz dela saía fracamente dos seus lábios finos. As lágrimas temiam em cair.- Eu só...eu só quero cumprir a promessa que fiz e honrar o meu reino.Hei de me unir em matrimónio e ser uma fiel e digna esposa, concorrer nos torneios de arco e flecha do reino e tornar-me uma arqueira. Viver e manter-me honrada ao meu clã Delbhna e jamais quebrar promessas. E tu... responde-me Litháin. Que irás fazer para honrares o teu povo?

Syaoran prendeu a respiração.

—Serás assim tão ignorante para não saberes o que queres? Eu só quero viver em...paz e ser feliz.- após as ultimas palavras Sakura deixou as lágrimas caírem suavemente pelo seu rosto de criança.- Porque és assim comigo?

Aquela pergunta furou tanto no peito dele, mais profundo que as grutas das montanhas.Tirou a pedra do bolso e enrolou-a nos seus dedos. Virou-se para o rio, de lado para Sakura e olhou no horizonte.

—Um escravo...- pronunciou. Sakura curvou a cabeça ligeiramente tentando perceber a resposta.- Um escravo do meu próprio pai... é tudo o que eu sou.

—Porquê..?

Ele não respondeu e levantou a pedra para o sol. A joia brilhou tanto nas mãos dele que quase que ficara cego com tamanha lucidez.

—O que é isso? -perguntou Sakura.

—Oras... é uma jóia.

—É tua?

—Sim...

—Posso vê-la?

—Não!

A menina regrediu-se um pouco com a negação. Syaoran voltou a olhar para ela pelo canto do olho.

—Tudo o que nasce das montanhas, é nosso. As pedras, as jóias.

—Foste tu que a encontras-te?

—Sim. Escavei durante três dias até encontrá-la. Nunca se viu nada assim. Jurei para mim mesmo que ninguém irá saber de tal ocorrido.

—Porquê?

Ele esboçou um sorriso de lado.

—Certamente se soubessem eu já não a tinha aqui nas minhas mãos. Ordinários.

Ela calou-se. Apenas venerou o futuro esposo brincando com a jóia branca nas suas mãos. Os movimentos eram rápidos que inesperadamente falhou um dedo e a pedra caiu ao chão, rolando até aos pés de Sakura.

A menina curvou-se e agarrou na pedra.

—É tão linda.

Pois é,linda como tu. Ele observa-a lentamente e em segundos o papel reverteu-se. Agora era ela que brincava com a pedra nos seus dedos pálidos.Ficou tão fascinada com o brilho da jóia que esquecera de tudo o que tinha ocorrido nos últimos minutos. As lágrimas já não caíam e quando deu por si, estava sorrindo para o mineral.

O ar saiu-lhe dos pulmões assim que a viu sorrir. O sorriso aberto, ingénuo, sereno,lindo. E ele percebeu. Ela era rara. Tão rara como a jóia que tinha à sua frente. Uma autentica jóia branca. Uma Gemma Alba.

—Oh! Toma.- a sua voz interrompeu os pensamentos e a viu a mão estendida da menina com a jóia na palma pequena.

—Não.

—Porquê? É tua, toma!

—Não quero.- negou com a cabeça, depois procurou por algum argumento que usasse como desculpa.- Achas que eu iria aceitar uma coisa das tuas mãos? Senão fedem a peixe então fedem a outra coisa.- provocou novamente.

Quando achou que ela iria-se irritar novamente com o comentário provocatório e maldoso, enganou-se. Ignorou-o completamente. Não desviava os olhos da jóia. Rapidamente voltou a referir.

— É tua, podes ficar com ela.

—O quê?

—Sim... é tua.- colocou as mãos nos bolsos e olhou para o céu evitando o contacto. Mas sentiu-a sorrir ainda mais e depois ouviu-a sussurrar:

—Obrigada.

Estava feito o pedido de desculpas de ambas as maneiras. E ele não podia negar que pela primeira vez na vida, sentiu-se relaxado e em paz. Sentiu-se feliz.

 

Fim do capítulo.


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Notas finais do capítulo

Então gostaram? Para a semana lanço já o quarto capitulo, ja escrevi até ao sétimo e ainda existe muita coisa para desenrolar. Até lá deixem os vossos comentários gostaria muito de saber o que estão a achar da história e algumas duvidas que tenham. Coloquei algumas personagens originais para não ser sempre o mesmo tipo de personagens de Card Captor Sakura (Yamazaki, Naoko etc) Mas mando aqui um spoiler que sim, a nossa Tomoyo irá aparecer sim! Eh eh eh!
Desta vez não ouve vocabulário Irlandês, mas para o próximo ja tem!
Obrigada mais uma vez por estarem acompanhar a minha história, pois ja tem muitas visualizações!
Beijos até para a semana! ♥ ♥

SHT*



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