Questões do Coração escrita por Maga Milla


Capítulo 1
FELIZ ANIVERSÁRIO, ROSE


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Faz anos que não posto nada que escrevo, então espero que possam ser compreensivo comigo, aos poucos estou retornando a esse mundo que tanto amo.
Se chegou até aqui, espero que continue é que tenha uma ótima leitura. ♡



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SEMPRE que uma coruja pousa no ombro de Scorpius, trazendo mensagens urgentes do Hospital St Magnus, avisando-o sobre alguma emergência de última hora, meu corpo inteiro treme, meus pensamentos vagam desconexos e perturbados com à realidade absurda que constantemente bate em nossa porta: acidentes acontecem o tempo inteiro, sendo você uma pessoa boa ou ruim, quando algo assim bate em sua porta é inevitável lembrar-se do quanto à vida e frágil e o destino inesperado.

De repente, você se pega imaginando e criando momentos corriqueiros que antecedem à tragédia. Momentos que se não fosse o inesperado acidente, você mau se lembraria que aconteceram... Posso visualizar com clareza uma criança no auge de seus oito à nove anos – onde na maioria dos casos, nessa idade eles demonstram sinais de magia – se machucando ao cair de uma escadaria enorme, simplesmente porque não souberam lhe dar com à excitação e o medo de sentirem algo tão forte e intenso correndo pelos seus minúsculos corpos, pegando-os desprevenidos e pouco preparados para aquilo de fato. E então aquela queda pode mudar suas vidas para sempre, afinal, nem sempre à magia e absoluta na hora de salvar vidas. Também posso imaginar uma jovem mulher em uma noite de sábado, se preparando para reencontrar aquele homem charmoso que havia conhecido semanas atrás, pensando que talvez, daquela vez, possa realmente ser alguém que valha apena e, então, inesperadamente um adolescente com a visão turva, em razão das cervejas que tinha tomado durante uma festa, ultrapassa o sinal vermelho mudando completamente os planos daquela mulher. Posso ainda pensar no apanhador de Quadribol, cheio de expectativa para sua carreira, ao saber que aquele jogo de Quadribol em Hogwarts pode ser sua passagem direta para um contrato com o seu time favorito, participando daquele jogo como se sua vida dependesse daquele resultado, piscando para sua namorada que se encontrava na arquibancada em seu lugar de sempre, vestida com sua velha camiseta da Sonserina, mesmo sendo uma Grifinoria, um pouco antes de olhar em direção da goles vindo em sua direção, descontrolada e rápida demais, quando ele se desequilibra, retorcendo-se para escapar, caindo de cabeça em um ângulo perturbador de uma altura mortal. Me pego analisando sobre a frágil linha que nos separa da desventura, e fazendo preces baixas implorando para que o mesmo não aconteça comigo, conosco: Mais filhos Arianna e George e Scorpius, meu marido. Nosso quarteto – que é a fonte das minhas maiores alegrias, assim como das minhas mais desgastante preocupações.

Então, quando uma coruja pousa no ombro dele, durante a festa do meu aniversário de vinte e oito ano, tento não me permitir ficar ressentida ou decepcionada. Tento convencer à mim mesma, que alguém naquele hospital precisa muito mais dele do que eu, naquele momento. Mesmo estando n’Toca rodeada de cabeleiras ruivas e platinadas, onde meu velho pai Ronald – tão teimoso e orgulhoso como poderia ser – insisti em discordar de qualquer coisa que Draco Malfoy diga, apenas pelo simples prazer de discordar e irritar meu sogro.

Onde eles no momento discordam ferozmente sobre à cor dos cabelos de Aria, que antes já havíamos concordado que era uma tonalidade de louro acobreado, misturando tanto meus traços quanto de Scorpius, em uma junção perfeita. No fim, sei que não tenho nenhum motivo para me chatear, não quando comparo a minha vida com a de alguma outra pessoa que esta sofrendo nesse mesmo momento.
Este não será o momento que me lembrarei para o resto da vida, pois ainda estou entre os afortunados.
“Merda.” Scorpius diz, ao desdobrar o pergaminho que a coruja havia lhe entregado, amassando-o segundos depois, correndo as mãos pelos cabelos platinados. “Sinto muito, Rose.” Ele murmura, me olhando fixamente. Assinto rapidamente, indicando que entendia e assisto meu marido avançar para o velho escritório do vovô Arthur, sexy e seguro. Consigo perceber sua inquietude apenas pela forma como suas costas estão eretas e os ombros expandidos, enquanto circula até à lareira preparando-se para conseguir mais informações, preparando-se para curar alguém, para salvar uma vida. Ele sempre da o melhor de si, sempre disposto, pronto. Essa sempre foi uma das coisas que mais amei e admirei nele, durante todos os anos que vivemos juntos: sua total entrega e dedicação.
Suspiro, vendo-o se retrair ainda mais à medida que ás informações lhe são passadas, ao mesmo tempo que Astória senta-se no lugar que ele ocupava minutos antes.

“Uma emergência?” Ela pergunta por perguntar, porque assim como eu, ela tinha à respostas somente pela linguagem corporal do seu filho.

“Sempre.” Encolhi os ombros soltando um leve sorriso, ao vislumbrar George se alinhar ao peito do meu pai, sucumbindo ao cansaço que sentia por estar fora de sua rotina.

Minutos mais tarde, antes que minha sogra pudesse reclamar da simplicidade que optamos ao comemorar meu aniversário em um jantar intimista n’Toca, Scorpius retorna à sala, com a expressão seria e a culpa cintilando em seu rosto pálido. Se desculpa pela segunda vez na noite, avisando-me que teria que realmente ir.

“Tudo bem.” Digo, levantando-me para acompanhá-lo até o Jardim, antes que alguém lhe pergunte o que havia acontecido para ele ter que sair antes do jantar ser servido.

“Você da conta sozinha?” Ele perguntou, quando nos afastamos da barulhenta sala. Sorrio brandamente, confirmando com a cabeça antes de sentir seus braços me envolverem em um rápido abraço.

“Feliz aniversário, Rose.” Ele sussurrou contra os meus lábios, me entregando um pequeno embrulho. Sorri, selando seus lábios demoradamente, antes de vê-lo desaparecer diante dos meus olhos, aparatando.

Vejo minha mãe se aproximar pela minha visão periférica, me abraçando levemente de lado, olhando à noite fria.
“Uma emergência... Ele disse o que aconteceu?” Neguei rapidamente, olhando dentro dos olhos castanhos de minha mãe, vendo a compreensão cintilar em seus olhos, ela mais do que qualquer pessoa do mundo entendia a urgência do trabalho de Scorpius. Porque assim como ele, ela já havia perdido milhares de jantares por conta de emergências em seu departamento no St Mugnus.

Antes de voltar pra sala aquecida e barulhenta d’Toca fiz duas preces silenciosas: para as pessoas que não conheço e para meus filhos, que agora dormiam seguros sob as cobertas, no quarto do andar de cima. Imagino Aria, roncando levemente pelo nariz levemente entupido pela sua insistência em andar descalça mesmo nos dias mais frios, toda descoberta, como se até dormindo fizesse questão de me testar e enlouquecer ao limite. Nossa amada e destemida primogênita, com 4 anos, mais com atitude de uma pré adolescente, um sorriso grande e encantador, cabelos louros acobreados em ondas suaves e definidas, emoldurando o rosto angelical, surpreendendo-nos com seu olhar profundo e extasiante, com aqueles olhos perturbadoramente azuis-acinzentados, herdado do seu progenitor. Arianna ou Aria como costumamos chama-la, dominou nosso lar e nosso coração desde o dia em que nasceu, de tal maneira que chega à me consumir e, ao mesmo tempo enche-me de orgulho.

Ela é exatamente como seu pai – teimosa, impulsiva, ambiciosa e linda de morrer, a típica filhinha do papai. E então temos George, nosso menino doçura. Ele tem quase dois anos, mais ainda vive grudado à mim, necessitado de demasiada atenção. Ostentando orbes castanhas acinzentados, cabelos lisos e alguns tons mais escuros que do pai. Calmo, falante, alegre e descontraído. Ele não é meu preferido, juro constantemente à Scorpius toda vez que ele me acusa sorrindo dessa transgressão parental. O amor que sinto pelos meus filhos é incondicional e infinito, não tenho um favorito, à não ser que seja o próprio Scorpius, mais é um tipo de amor diferente, e claro.

O jantar acontece minutos depois de retornar à sala, tento sempre me manter alerta à conversas paralelas, demandando atenção para todos igualmente, sabendo que estou sob o olhar cuidadoso do meu pai, certificando-se, se não estou adulando demais à família de Scorpius, que embora ame-os tanto quando amo qualquer um da minha família, têm à mania irritante de criticaram sempre que podem nossas escolhas simples e pouco glamorosas para comemorações.
Tento sorrir calmamente toda vez que Astória ou Draco, mencionam o fato de não termos aceitado à mansão que eles nos deram assim que oficializamos o noivado. Optamos por uma casa mais simples, menor e confortável para nossa família. Depois de passarmos pelo jantar e os parabéns sem nenhuma ressalva à assuntos desconfortáveis, estava me preparando para voltar pra casa com as crianças. Agradeci à todos pela presença, pelos presentes e pela noite agradável da melhor maneira possível e, finalmente depois de ser ajudada por Ronald à colocar as crianças em suas camas, vi-me sozinha na sala de estar, com uma taça de vinho e um livro que havia ganhando de Dominique.

Poucos minutos depois de chegar em casa, ouço a voz cansada de Scorpius me chamar pela lareira. “Hei, estou aqui.” Falei baixo, sem me importar em parecer alegre como fiz durante toda noite, estava exausta.
“Não me espere acordada.” Avisou.

“Caso complicado?” Perguntei calmamente enquanto rolava os olhos pelos brinquedos espalhados no chão.
“Muito.” Foi tudo que ele disse antes de despedir-se e se desculpasse, novamente.

Mais tarde, depois de verificar se as crianças estão bem, tirar meu vestido apertado, e me enfiar debaixo das cobertas, agarrando o travesseiro de Scorpius, inalando seu perfume, fecho os olhos e, pergunto-me se realmente somos surpreendidos pelo azar, ou se, de alguma maneira, em algum lugar, na forma de empatia, preocupação, ou até mesmo de uma premonição, pressentimos que ele chegará?
Pego no sono sem saber à resposta. Sem saber, no entanto, que essa será a noite da qual me lembrarei para sempre.


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Notas finais do capítulo

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