Temari acordou com um fino raio de sol que atravessava pelo vão da cortina batendo em seu rosto. Se espreguiçou e suspirou, tentando se situar no tempo. Fazia tanto tempo que não acordava assim, tão calmamente. Encarou o teto por alguns instantes e olhou para o lado, finalmente notando a falta do corpo do marido na cama.

Se sentou na cama e olhou para o despertador no criado-mudo. Já eram quase nove horas. Franzio o cenho. Shikadai costumava acorda-la religiosamente as sete horas da manhã para mamar, mas não lembrava nem mesmo vagamente de ouvi-lo chorar.

Levantou da cama e caminhou até o quarto de frente ao seu.  A janela do quarto estava aberta e o berço vazio. Estava tudo muito estranho. Onde estavam Shikamaru e Shikadai?

Saiu do quarto para o corredor novamente e escutou um resmungo conhecido vindo da cozinha. Caminhou pelo corredor da casa até a sala e já dali escutou a voz arrastada e preguiçosa do marido:

—Vamos, Shikadai –escutou-o dizer –Sem fazer barulho! Hoje é aniversario da mamãe! Ela merece dormir até mais tarde, você não acha? Agora vamos continuar, eu sei que você consegue, repita comigo: “ma-mãe”.

Parou e se encostou no batente da porta, um sorriso brotou em seus lábios ao ver seu marido sentado em frente ao cadeirão de alimentação do bebê, de costas para a entrada da cozinha de onde ela admirava a cena. Shikadai estava sentado no cadeirão, parecia prestar atenção no que o pai dizia, os grandes olhos verdes o fitando com curiosidade, a mamadeira vazia esquecida em cima da mesa.

—Mã –o menino emitiu o som e Shikamaru bateu as mãos pra ele em comemoração.

—Isso filho! –ele exclamou –Ma-mãe.

—Da-da –o menino repetiu o ato de bater as mãos do pai e os ombros de Shikamaru caíram.

—Não, Shikadai –ele disse –É mamãe! Ma-mãe!

—Da-da! –Shikadai riu ainda batendo as palminhas.

Shikamaru suspirou.

—Eu desisto. –murmurou, se levantando e pegando o pequeno no colo –Você realmente não vai cooperar com o papai e fazer essa surpresa pra mamãe né? Ela iria ficar tão feliz se sua primeira palavra fosse mamãe...Então vamos acorda-la para tomar café.

Shikamaru se virou com a criança no colo na intenção de voltar para quanto e deu de cara com Temari os olhando. Tomou um susto dando um pulo para trás, fazendo Shikadai rir novamente.

—O que você está fazendo aí, problemática? –ele perguntou após se recuperar do susto.

—Acordei e não achei nenhum de vocês dois nos lugares onde deveriam estar como os preguiçosos que são –ela disse sorrindo ironicamente.

—Tsc –Shikamaru bufou. –Queria que você pudesse descaçar um pouco mais hoje, então acordei antes do Shikadai pra ele não te acordar.

O sorriso irônico se tornou um pouco mais doce e Shikamaru sorriu de volta.

—Mã-mãe!

Os olhos dos dois se desviaram rapidamente para a criança no colo de Shikamaru que se inclinava na direção de Temari, com os braços estendidos, enquanto pronunciava a palavra que até pouco tempo atrás Shikamaru tentava faze-lo dizer em vão.

Os olhos de Temari marejaram e ela sentiu uma onda de amor aquecer seu coração. Pegou o pequeno do colo do pai, sorrindo bobamente.

—Tsc –escutou Shikamaru resmungar –Filho problemático.

Ela abraçou o pequeno em seu colo, ainda sorrindo e fitou o marido, que a olhava com o sorriso mais lindo que ela já vira na vida. Shikamaru se aproximou e a abraçou pela cintura enquanto Shikadai brincava com seu cabelo ainda loiro ainda bagunçado pelo sono.

—Feliz aniversário, problemática –ele murmurou em seu ouvido e ela encostou a cabeça em seu ombro.

—Obrigada, preguiçoso –ela respondeu. –Adorei o presente.

Sentiu ele rir enquanto beijava o topo de sua cabeça. Shikadai se agitou no seu colo enquanto segurava uma mexa de seu cabelo, tentado agarrar o cabelo de Shikamaru por cima de seu ombro, que se encontravam soltos como os seus. Shikamaru a soltou e o bebê em seu colo soltou um resmungo chateado quando o alvo de sua brincadeira se afastou novamente para dentro da cozinha.

Temari colocou a criança de volta no cadeirão enquanto Shikamaru colocava a agua para o chá para ferver e pegou-se pensando como sempre odiara seus aniversários quando era criança e constatou que, como tudo em sua vida, aquilo tinha mudado desde que conhecera Shikamaru.