You don't look well, dear. escrita por Hellie Lestrange


Capítulo 2
Leave me alone!


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem!
Perdoem os eventuais erros na ortografia ou gramática. Estou dando meu melhor :3

Estou tentando adicionar Gif's que descrevam bem as cenas pra deixar um pouco mais divertido e visual! Tomara que estejam gostando.



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— “Você não parece bem, querida”. - disse com sarcasmo, repetindo uma das últimas frases que Regina o disse, em seu último dia de vida.

 

— Graham… - sussurrou Regina, receosa. Ele estava com muita raiva, e com razão. Havia sofrido nas mãos dela, talvez até mais que o resto da cidade.

— Boa noite, sua majestade. Ou eu deveria te chamar de Senhora Prefeita? - rebate o caçador, tomado por uma fúria súbita.

— Por favor, se acalme. - disse a prefeita tentando manter a calma diante da situação e controlar o caçador. - Muita coisa aconteceu desde que… - as palavras lhe fugiram, fazendo com que ela se calasse.

— Desde que pôs um fim na minha vida? - completou, deixando a amargura aparente em sua voz.

— O que? - pode-se ouvir a voz de Emma, que apesar das suspeitas, até então não teve confirmação sobre o real motivo da morte do caçador. Afinal, quando tudo aconteceu, não acreditava em magia.

— Você precisa se acalmar. - disse Regina, colocando as mãos na frente do corpo numa postura defensiva. Não faria nada contra ele, mesmo se atacasse. Parte de si sentia que mereceria qualquer punição, diante do que havia feito com ele no passado.

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Graham sentiu as mãos de Emma e David segurando-o pelos braços, impedindo de fazer algo que se arrependeria. Somente por conta da intervenção, parou para respirar fundo, deixando a raiva aos poucos se dissipar, mas sem abandonar a mágoa.

 

— Me desculpe… - o sussurro da prefeita foi audível apenas aos próximos, mas que ecoou no ouvido do caçador. Os olhos dos dois estavam presos um no outro, as respirações alteradas. Era um fato que o que os dois tinham sempre foi muito intenso, em qualquer tipo de definição.

— Dá para me soltar? Eu não vou atacá-la! - puxou o próprio corpo, soltando-se da Salvadora e do Príncipe Encantado. Deu um passo para a frente, deixando todos tensos com a possibilidade de um ataque. Contudo o caçador apenas apontou o dedo no rosto de Regina. - Eu não vou te machucar, por mais que mereça depois do que fez comigo. Não vou desperdiçar minha segunda chance assim. Mas não vou te desculpar. - disse com a voz firme, com plena certeza de cada palavra.

— Olhe como fala com ela! - Zelena se intrometeu, tentando dar um passo na direção do caçador, mas foi barrada por Regina, que segurou firmemente em seu pulso.

— Deixe-o. - sussurrou, segurando-a até que abaixasse a postura de ataque. - Ele tem razão. - confirmou, levantando uma mão em sinal de silêncio quando Snow tentou se pronunciar, possivelmente querendo falar algo sobre esperança ou segundas chances. - Não vamos mais falar disso agora. Temos assuntos mais importantes. - por mais que tivessem realmente coisas a planejar, não foi esse seu principal motivo. Somente queria acabar com aquilo antes que ficasse ainda pior.

 

O estrago estava feito, apesar das tentativas. A concentração de todos estava abalada, principalmente a de Regina. O jantar foi servido, e todos se sentaram nas mesas no centro. A prefeita, contudo, nem mesmo tocou na comida, tomando apenas um chá que foi pedido após a discussão com o caçador.

Era notável para todos os olhares que trocavam sem querer durante o jantar. Por vezes um silêncio constrangedor tomava conta, mas não era pior do que as pequenas conversas iniciadas apenas para tentar dissipar o constrangimento. E apesar disso tudo, nem Regina nem Graham disseram uma palavra sequer.

 

— Acham mesmo que a Rainha Má vai atacar? Mesmo sem aliados? - Henry disse de repente, chamando a atenção de todos. Principalmente de Graham, que não estava a par da situação, trocando mais um olhar intenso com Regina. O clima ultimamente estava tão pesado, que haviam se desfocado totalmente do real propósito dos encontros diários, e de explicar a atual situação da cidade para o caçador.

— Tenho certeza que vai. - respondeu Regina, ainda olhando para Graham, para então desviar o olhar, fitando a xícara vazia na frente de si. - Não vai desistir de vingança assim tão fácil… - sussurrou essa última parte.

— A cidade está cheia de heróis, e ela não tem ninguém para lutar ao lado. Acho que ela desistiria, sabendo que iria perder tão facilmente. - foi a vez de Snow dizer, claramente lutando uma batalha interna para conseguir solucionar tudo da melhor maneira possível.

— Acha mesmo que entre todos aqui, eu não seria a melhor pessoa para prever os movimentos da Rainha Má? - rebateu Regina com certa impaciência. Saber que o pior de si estava por aí, a solta e com planos horríveis, não era muito agradável. - Digamos que eu e ela fomos muito próximas por muito tempo.

— Diz como se fossem pessoas diferentes. - disse Graham, com a voz amarga.

— E somos. - respondeu sem nem pensar, levantando o rosto em sua direção num olhar desafiador, tomando um gole do chá logo em seguida.

"E somos."

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— É complicado. - Emma se intrometeu, tentando cortar o clima de tensão que ali se instalava.

 

Todos se calaram novamente, e mais um clima constrangedor se instalou. Regina pareceu ainda mais distante após isso, como se estivesse aprisionada nos próprios pensamentos. Pediu mais um chá para Granny, e simplesmente parou de prestar atenção a sua volta, concentrando-se apenas na bebida quente entre os dedos.

A prefeita não olhava mais para ninguém. Pensar que a Rainha Má estava de volta, e que estava agora completamente fora do controle de suas mãos, a perturbava de uma maneira inexplicável. Talvez tivesse sido melhor mantê-la dentro de si, quieta e contida. Valeria a pena uma vida infeliz se assim mantivesse a todos seguros da Rainha Má? Quanto tempo demoraria para a infelicidade se transformar em ódio e vingança novamente? Quanto tempo demoraria para a Rainha Má tomar controle dela?

Presa nessas perguntas, as vozes dos outros eram como sussurros distantes. Sentia os olhares sobre si, vez ou outra. E também percebia que Graham a olhava todo o tempo, mais que os outros. Realmente não se importava. Novamente a desgraça que caía sobre a cidade era sua culpa.

Graham por sua vez não reconhecia Regina naquela mulher na mesa a frente. Tão distante, quieta, tão presa no próprio mundo. Onde estava a postura arrogante e superior da mulher que o aprisionou por anos? Era como se fosse uma personalidade diferente presa no corpo dela.

Não havia entendido quando falaram sobre a Rainha Má, referindo-se como se fossem duas pessoas diferentes. Preferiu não questionar e tirar as dúvidas no momento, pois sabia que tinha tantas perguntas que viria a atrapalhar. Eles pareciam muito perdidos e desnorteados, tentando encontrar uma solução para algo que, aparentemente, não havia nem mesmo se iniciado. Era compreensível, levando em consideração que os vilões muitas vezes trabalhavam em silêncio antes de pôr os planos em prática.

Discutiam sobre invadir a casa de Hyde, a fim de obter respostas, ou no mínimo uma pista do próximo passo dos novos vilões. David e Killian iniciaram uma discussão a parte, entre poder ou não invadir, sem nem ter um conhecimento prévio do local, que poderia muito bem estar cheio de armadilhas mágicas e mortais.

 

— Ótimo, David. Banca o Robin Hood! Grande ideia! - disse Killian com sarcasmo, nervoso, batendo o gancho sobre a mesa.

 

Um silêncio ensurdecedor se instalou, e instantaneamente todos olharam para Regina, diante da menção à Robin Hood.

Ela, por sua vez, foi despertada de seus pensamentos no momento que escutou a voz de seu amado falecido. Olhou nos olhos de Killian, com um misto de tristeza e raiva, bateu a xícara de chá na mesa e levantou-se sem dizer uma palavra sequer. Virou as costas para todos e se retirou do recinto, antes que sua fraqueza ficasse ainda mais exposta.

Sabia lá no fundo que ele não havia dito por mal, e que aquela havia sido uma menção inocente ao ladrão que podia invadir qualquer lugar. Mas a simples menção do nome de Robin Hood lhe trazia uma dor equivalente a ter o coração esmagado. E ela sabia que era questão de minutos até sua força desaparecer e ela se desabar em lágrimas mais uma vez. Era melhor que fosse longe dos olhares das pessoas. Ao menos assim conseguiria se permitir sentir, e foi andando pelas ruas frias e vazias de Storybrooke, sem seu casaco que havia sido pendurado no Granny’s, que Regina permitiu derramar suas lágrimas.

Poucos segundos após a porta do Granny’s se fechar, Zelena se levanta em fúria.

 

— Ótimo, Capitão Delineador. Achei que só te faltava uma mão, mas aparentemente falta um cérebro também. - disse com sarcasmo, indo até a porta. Contudo ao pegar os casacos, seu e da irmã, sentiu uma mão a segurando.

— Eu vou. - disse Graham decidido, segurando a ruiva que nem conhecia pelo braço, surpreendendo a todos com sua atitude.

— Você? Não mesmo. Vai piorar ainda mais! Eu vi como tratou minha irmã. - puxou o próprio braço, soltando-se dele. Foi andando até a porta, mas o caçador se meteu na frente. - Não tem amor pela sua nova vida? - ameaçou com certo sarcasmo.

— Não vai me atacar na frente deles. - rebateu sem temor na voz.

— Como pode ter tanta certeza? - disse a ruiva e moveu a mão, fazendo uma bola de fogo surgir entre os dedos.

— Zelena! - a voz de Snow se fez presente, assim como o som das cadeiras se arrastando, indicando que todos haviam se levantado para evitar a situação. - Regina não ficaria nada feliz se você fizesse isso. - disse desta vez com mais calma, fazendo assim com que Zelena fizesse a bola de fogo sumir. Nestes segundos de interação entre Zelena e Snow, Graham se aproveitou para abrir a porta e correr. A ruiva tentou impedir, chegando a abrir a porta, mas parou ao escutar Snow dizer: - Deixe-o! - aproximou-se da ruiva e tocou seu ombro. - Talvez isso seja bom para ela. - disse com calma, mas sem muita certeza.

 

A ruiva logo pareceu se render, e voltou a se sentar com os demais, segurando os casacos entre as mãos. Havia aprendido a ter uma relação saudável com a irmã, apesar de pequenas brigas vez ou outra. E, acima de tudo, havia aprendido junto com ela o quanto precisavam uma da outra. Durante toda a vida foram tomadas por dores horríveis de pessoas que simplesmente não se importavam, e sentiam necessidade de estar lá a todo momento. Regina a confortou pela morte de Hades, e Zelena fez o mesmo pela morte de Robin Hood. Mesmo que uma não fosse muito com a cara do parceiro da outra. Não era por eles. Era pelos anos que perderam separadas e em guerra.

Graham, em contra partida, estava extremamente intrigado com aquela mulher. Quem era aquela que agora habitava o corpo da temida Rainha Má? Tinha a mesma voz, mas não dizia as mesmas coisas. Tinha os mesmos olhos, mas um brilho diferente.

Encontrou-a no quarteirão seguinte ao Granny’s, em direção a sua mansão, andando apressada pelas ruas e abraçando o próprio corpo. Possivelmente com frio, já que ventava muito naquela noite, e ameaçava chover. Teve que correr para a alcançar mais rápido.

 

— Regina! Pare! - gritou Graham no meio do caminho, e percebeu que o andar dela ficou um tanto tensionado.

— Me deixe em paz! - escutou a resposta dela, e a voz um tanto trêmula. Não soube dizer com certeza se o motivo era o frio. Intrigado com a possibilidade de poder ver algum tipo de sentimento puro, mesmo que melancólico, vindo dela, correu ainda mais rápido, a alcançando em poucos segundos, mesmo que ela tivesse apressado os passos. - O que aconteceu lá dentro? - questionou curioso, tentando acompanhar os passos apressados dela, agora sem correr pelas ruas. Mas era como se ela evitasse o olhar, virando o rosto para o lado. - Regina! - chamou um pouco mais alto, e segurou-a pelo braço, fazendo-a parar e se virar para si.

 

Neste instante, viu algo que nunca imaginou que veria naquele rosto. Regina tinha o rosto banhado em lágrimas, com a maquiagem levemente descendo do canto dos olhos até as bochechas. Ela o encarou assustada pela atitude, enquanto ele estava com a expressão completamente surpresa.

 

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Não era aquela mulher que ele esperava encontrar quando soube que Regina ainda estava na cidade mesmo após a quebra da maldição. Ali a sua frente via uma mulher com um coração partido, que parecia sentir mais que o próprio coração pudesse suportar. E logo em seguia viu a vergonha dela, que a fez virar o rosto para o lado, tentando esconder as lágrimas deixando o cabelo cair sobre a face.

Graham percebeu o quanto ela estava gelada, e novamente não soube dizer qual proporção disso pertencia ao frio de Storybrooke. Soltou seu braço por vê-la tão indefesa, tão diferente da mulher que conhecia. Será que aquela mulher esteve ali o tempo inteiro, abafada pela Rainha Má?

Talvez sim, uma vez que as poucas vezes que se lembrava de ver Regina fragilizada eram nas fugas de Henry, onde ela por muitas vezes acabou por chorar. Por estar sob efeito da maldição, e numa posição onde seu trabalho era proteger ao próximo, nem mesmo cogitou a particularidade da mulher de ser tão rígida em alguns momentos, e tão sentimental em outras. Agora perguntava a si mesmo se um dia a havia julgado mal.

Aquelas lágrimas nem de longe apagariam o passado de terror que ela causou a ele, mas de alguma forma estranha ele não se afastava. Se sentia até mais atraído, como se seu instinto protetor entrasse em alerta diante da “dama indefesa”.

 

— Por favor, me deixa ir… Eu só quero ficar sozinha. - disse Regina com a voz trêmula e rouca. Mesmo que ele não a segurasse mais, sabia que era questão de tempo até que ele a impedisse de andar novamente. A atitude dele, contudo, a surpreendeu. Viu Graham tirar a jaqueta de couro que usava e logo sentiu ele colocá-la sobre seus ombros, protegendo-a do frio.

— Se o que disseram no Granny’s for verdade, a cidade não está segura. Não vou te deixar andar sozinha nesse estado. - apesar da mágoa, não a deixaria em perigo, ainda mais por saber que aparentemente a cidade a havia perdoado. Isso de certo modo provava que a Rainha havia mudado, e mesmo que ainda não conseguisse a perdoar por completo, ainda tinha uma missão a cumprir.

 

Algo dizia ao caçador que Zeus nunca havia se referido a Emma quando lhe deu a missão, e que talvez a parte mais difícil para cumpri-la seria perdoar Regina por completo. Graham fez um esforço consigo mesmo, pelo bem de si mesmo, dela e do resto da cidade.

Regina nada disse após sentir o corpo se aquecer pelo casaco, e talvez pelo fato de ter alguém a olhando, suas lágrimas ficaram ainda mais contidas. E depois de alguns segundos o olhando, tentando decifrá-lo em seus pensamentos, apenas assentiu a companhia. Seria burrice negar que corria perigo ao andar tão fragilizada pelas ruas de Storybrooke em dias como aquele. Mas também não podia negar a si mesma que este não era seu único motivo.

 


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