Parabéns, saúde, felicidade escrita por Hikari Mondo


Capítulo 1
Sempre e todo dia


Notas iniciais do capítulo

Temari não aguentava mais ficar em casa. Mas ela tinha uma boa causa. E uma família melhor ainda.



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Temari não aguentava mais ficar em casa. Ela já havia superado todos os recordes em Tetris de que se tinha conhecimento, aprendera a jogar inúmeros jogos de cartas nestes consoles que estavam surgindo, incluindo Paciência, Mahjong,  Blackjack e até Poker, embora esse último ainda não fosse seu forte. Com seu marido trabalhando como assistente do Sexto Hokage e por isso tendo acesso e conhecimento de inúmeros setores, ele estava por dentro de todos os avanços tecnológicos e científicos que estavam em desenvolvimento naquele instante, e frequentemente trazia as versões protótipos e beta de novos consoles e jogos para ela se distrair. Embora Temari tivesse paciência o suficiente para esperar os resultados de seus atos, ficar parada sem fazer nada a incomodava de sobremaneira.

Shikamaru era muito compreensivel neste sentido, e sempre que podia lhe trazia, além de jogos, vários livros sobre diversos assuntos e até algumas pequenas coisas de seu trabalho para que ela o ajudasse, com a desculpa de que ‘ele estava cansado demais para conseguir resolver tudo’. Temari sabia, pela simplicidade das coisas que ele trazia, que ele teria capacidade mais que suficiente para resolver sozinho, mas internamente agradecia o quanto ele se esforçava para que ela se sentisse melhor. Se não fosse Shikamaru, ela já teria enlouquecido por ficar tanto tempo em casa. E isso que fazia só um mês que ela se afastara de suas responsabilidades na Aliança Shinobi.

Sua mão pousou sobre sua barriga saliente. Não que ela se arrependesse de sua decisão. Seu ‘pequeno gamo’, como ela e Shikamaru passaram a chamar o bebê, crescia cada dia mais em seu ventre e exigia mais de suas forças, então a decisão natural e lógica seria se afastar das atividades que exigiam dela muito esforço físico, ou basicamente todas as atividades como representante da Suna na Aliança Shinobi.

Antes de seu afastamento, ela foi até sua vila– acompanhada, é claro, senão Shikamaru era capaz de morrer de preocupação por ela e seu bebê – para discutir com Gaara seu substituto. Kankurou fora tirado da lista não pela sua habilidade – ou falta dela – com assuntos políticos, mas sim por conta das demais atividades que ele já desempenhava dentro de Suna, que seriam ainda mais trabalhosas de serem substituidas caso ele fosse alocado para representação na Aliança Shinobi. O rapaz que a substituíria por enquanto, Seiji,  fora treinado por ela mesma, e tinha grande potencial para diplomacia – mas talvez precisasse de um pouco mais de experiência, pois ainda era um tanto inocente e acreditava muito nas pessoas. Havia uma garota também, Maki, que era muito mais sutil e manipuladora que ele, e poderia ser uma opção melhor para um futuro se Temari se afastasse permanentemente da posição, mas ela precisava aprender mais sobre como equilibrar os interesses das outras vilas com os da sua, ao invés de simplesmente resolver seus interesses a todo custo. Ela  e Shikamaru se ofereceram para treinar Maki neste sentido, mas Gaara achara melhor esperar seu sobrinho nascer e crescer um pouco antes de pensar nisso.

De qualquer forma, estes últimos dias pelo menos ela estava menos aborrecida. Seus irmãos chegaram em Konoha no fim de semana, para comemorar seu aniversário com ela. Podia ser apenas uma pequena demonstração de afeto, mas Temari valorizava muito o esforço que eles fizeram , especialmente considerando as importantes posições que ambos ocupavam.

Antes de saber que seus irmãos viriam visitá-la, Temari estivera angustiada por fazer algo que a animasse conforme seu aniversário se aproximava. Sua inquietação chegou ao ápice no início da semana passada, enquanto ela esperava de malas prontas Shikamaru chegar em casa para informá-lo de que ela iria para Suna. Foi só então que ela descobriu os planos de seu marido e seus irmãos.

“Isso devia ser uma surpresa, mas você está muito incomodada para eu lhe esconder isso por mais tempo.” Ele disse depois de um suspiro ao mesmo tempo cansado e compreensivo. “Seus irmãos entraram em contato comigo pedindo uma ‘ajuda’ para organizar algum tipo de reunião que necessitasse da presença do Kazekage em Konoha, para que eles pudessem estar aqui com você nesse dia.”

“E... você conseguiu?” Ela perguntou cautelosamente.

“É claro. É só mexer os pauzinhos certos e as coisas acontecem.” Ele respondeu tranquilamente.

“Eu... não sabia. Eu... eu devia ter imaginado.” Ela sentou pesadamente na cama, percebendo o quanto as pessoas a sua volta também se importavam com ela. Ela esteve tão ocupada com seus próprios problemas que nem parou para pensar no que os demais faziam.

Shikamaru se ajoelhou na sua frente para ficar a altura dela. “Ei, está tudo bem, você não tinha como saber. Esse é o objetivo de uma surpresa.”

“Mas eu... eu...” Lágrimas começaram a escorrer em seu rosto, e um soluço escapou de seus lábios. Temari colocou a mão sobre a boca na tentativa de contê-lo, enquanto mais e mais lágrimas surgiam.

Prontamente Shikamaru se levantou e a abraçou forte. “Está tudo bem. Está tudo bem...” Ele tratava de acalmá-la, passando a mão em suas costas.

Ela enterrou o rosto em seu peito, deixando sua frustração fluir enquanto ele a abraçava. “Eu não sei o que está acontecendo comigo Shikamaru...” Sua voz saiu chorosa, mas ela nem tratou de esconder isso. De todas as pessoas em sua vida, Shikamaru era a pessoa que ela mais se abria, confiava e dependia.

“Mas eu sei. Você está grávida.” Ele respondeu, causando um riso breve de Temari.

“Seu bobo.” Ela respondeu, finalmente começando a se acalmar por estar nos braços do homem que ela marcara como especial e com quem ela decidira passar sua vida.

“Mas é verdade. Seus hormônios estão a flor da pele. E eu sei disso.” Ele disse calmo, tentando voltar ao clima de implicância e cumplicidade que eles normalmente compartilhavam. “Viu, pequeno gamo,” ele começou, botando a mão no ventre dela, “o que você está fazendo com a sua mãe?”

“Não dê ouvidos ao seu pai, pequeno, ele não sabe do que está falando.” Temari rapidamente tratou de defender seu bebê.

“Sei sim”

“Não sabe não.” Ela lhe lançou um olhar firme, o desafiando a discordar dela novamente, ao que ele permaneceu em silêncio, apenas abraçando a mulher da sua vida e em breve mãe de seu filho. Ela voltou sua atenção de volta ao bebê. “Você é uma das melhores coisas que já aconteceu na minha vida, então não escute seu pai.” Shikamaru sorriu orgulhoso ao ouvir a afirmação dela, e acomodou melhor sua mulher em seus braços, acariciando com gentileza seu ventre. Ambos permaneceram em silêncio por um bom tempo naquele dia, apenas desfrutando da companhia um do outro e da consciência de que logo teriam um novo membro em sua família.

Agora que seus irmãos finalmente estavam ali, Temari queria recebê-los bem e ser uma boa anfitriã. Ela tratava de ajeitar tudo, fazer comida, e aproveitar a companhia deles. Claro, sempre seguida de perto por Shikamaru, que garantia que ela não estivesse fazendo muito esforço físico ou ficasse em pé por muito tempo.

“Temari, deixe seu marido trabalhar sozinho e fique aqui, aproveite que você tem uma desculpa ainda.” Kankurou gritou da sala para ela, mas quem respondeu foi Shikamaru.

“Acredite, eu tentaria convencê-la a fazer isso, se ela não fosse ficar maluca por estar parada.” Ela era realmente grata que Shikamaru não estava tão implicante com ela a ponto de pedir que não fizesse nada. Ele a deixava trabalhar, desde que não fosse muito cansativo e que ficasse sentada a maior parte do tempo.

“Eu estou grávida, não doente!” Ela disse, voltando para a sala com uma bandeija para servir chá a todos. “Eu já deixei de fazer muita coisa. Eu nunca tive tanto tempo livre na minha vida. Isso é muito estranho.”

“Eu tenho inveja de você. Queria eu ter um tempo livre.” Disse Shikamaru distraidamente, servindo sua xícara.

“É, um tempo livre não seria mal mesmo.” Até Gaara concordou, uma expressão de cansaço mais intensa que o comum.

“As coisas estão muito complicadas na Suna?” Temari perguntou preocupada por seu irmão mais novo.

“Nada com que se preocupar, só estou com um pouco de trabalho a mais, mas está tudo sob controle.” Respondeu Gaara, com sua típica aura serena que fazia com que as pessoas confiassem nele.

“Que nada, ele está é cheio de coisa desde que você nos deixou-“

“Kankurou...” Gaara o reprimiu com o olhar.

“O quê? É verdade! Você faz muita falta, irmãzinha, agora que você resolveu se aposentar Gaara tem muito mais trabalho, já que aquele garoto não faz nem metade do que você faz.”

“Kankurou, o que nós conversamos sobre isso?” Gaara foi mais incisivo desta vez ao repreender o irmão.

“Ah, qual é, meu trabalho como irmão é implicar com ela. Qual a graça se ninguém fizer isso?” Temari riu ante a desculpa absurda do irmão, embora ela no fundo gostasse desse jeito irritante de Kankurou que a fazia sempre ter de agir como a mais responsável.

Gaara suspirou. “Vocês não mudam mesmo, não é?”

“Nahh...” Dispensou Temari divertida, jogando uma almofada no irmão do meio, que Kankurou se defendeu e riu também. “Mas sério, Gaara, você pode me mandar um pouco de trabalho para fazer aqui.”

Gaara parecia relutante com a oferta, mas Shikamaru complementou antes que ele pudesse recusar. “Ela ia adorar.”

Seu irmão mais novo suspirou. “O maior problema é que algumas coisas eu não tenho como mandar. Seiji é inexperiente, então tenho que auxilá-lo bastante na parte política.”

“Você pode colocar Maki para trabalhar sob o comando dele, assim você tem duas pessoas para fazer esse trabalho, e ambos podem aprender alguma coisa.”

“Eu tenho medo de colocar Maki com Seiji.” Gaara respondeu apreensivo.

“A garota é esperta?” Perguntou Shikamaru.

“É de Maki que estamos falando. Ela iria controlar Seiji em poucos minutos.” Debochou Kankurou.

Gaara inclinou a cabeça, concordando com Kankurou. “Ela é quase impossível. Não sei se ela poderia ser uma diplomata.”

“Você devia mandá-la para cá então, eu e Shikamaru podemos treiná-la para isso.” Insistiu Temari novamente, ao que Gaara fez apenas um expressão de dúvida.

“O que foi, irmãozinho?” Shikamaru perguntou. “Não importa quão esperta a garota seja, mas, modéstia a parte, duvido que ela seja mais esperta que eu e Temari juntos.”

Temari e Kankurou riram abertamente ante essa suposição, e até Gaara deu um sorriso leve. “É, isso é realmente improvável. Mas acho melhor esperar meu sobrinho nascer.” Shikamaru concordou apenas com um leve aceno de cabeça, bebendo de seu chá em seguida.

“Mas, voltando ao assunto Gaara,” falou Temari após se recuperar, “você pode aproveitar os avanços na segurança dos e-mails e me mandar algumas coisas, mesmo que sejam simples, só para lhe deixar um pouco mais livre. Eu ainda sou uma kunoichi da Suna, mesmo vivendo em Konoha.” Sua determinação era palpável, ela não desistiria tão cedo.

Gaara suspirou pesadamente. “Certo, certo. Eu vou pedir para Seiji entrar em contato um pouco com você para solicitar algum auxílio. E lhe passar algumas coisas que não tenham tanta pressa, se isso lhe fizer feliz.”

“Sim! Por favor.” Temari sorria contente pela sua conquista.

“Você parece uma criança que ganhou um doce, sabia?”

“Cale a boca Kankurou! Ninguém falou com você.”

Shikamaru riu. “Algumas coisas nunca mudam...”

“Não...” Gaara negou balançando a cabeça. “Dá pra acreditar que eles são mais velhos?”

“Às vezes não.”             

“Ei, eu ouvi isso aí!” Kankurou apontou em direção a Gaara, cortando sua discussão com sua irmã mais velha.

Temari gargalhou ante a atitude do irmão. Ela não percebia quanta falta sentia deles até que eles estivessem por perto para lembrá-la.

“Bem, eu vou aproveitar e fazer um bolo então para nós-“

“Não, não precisa! Você já está se esforçando demais Tem! Fique aqui e se divirta conosco, nós não temos muito tempo.” Kankurou fez uma careta enquanto falava.

“Mas eu faço rápido, aí podemos comemorar.”

“Você não precisa fazer nada, Temari. Estamos bem, só estar aqui é comemoração suficiente.”

Ela sorriu pelo carinho de seu irmão mais novo. “Eu sei que não preciso, mas quero fazer. É bom poder oferecer algo.”

“Você não precisa fazer agora, Tem. Deixe o bolo, fazemos algo depois mais tarde. Vamos ficar aqui mais um pouco.” Dessa vez foi Shikamaru quem tentou convencê-la.

Temari franziu as sombrancelhas. “Um aniversário não é um aniversário sem um bolo.”

“Se você faz tanta questão de um bolo, podemos ir comprar um.” Shikamaru argumentou.

“Não precisamos comprar um. Eu posso fazer, sai mais em conta.”

“Mas você não deve se esforçar demais, Temari.” Gaara falou com um novo tom de preocupação.

Temari estranhou aquilo. “Mas eu estive fazendo e não foi um grande problema para vocês.” Seus olhos se estreitaram. “Porque de repente vocês-?” Abruptamente, ela parou de falar e arregalou os olhos, como se finalmente tivesse compreendido algo. “Vocês já compraram um bolo.” Ela sussurou. Silêncio. “Vocês não estão preparando nenhuma festa surpresa, estão?”

O silêncio se instalou na sala dos Nara, a tensão no ar conforme os segundos passavam e a consciência de Temari percebia qual eram os planos dos homens a sua frente. Após algum tempo, a gargalhada de Kankurou encheu o ambiente, quebrando o clima pesado. “Porque mesmo estavamos tentando esconder algo dela? É óbvio que ela descobriria.”

“Ah meu Deus. Ah- meu- DEUS.” Ela deu um tapa com as costas da mão no braça do marido. “Quando você pretendia me contar? Você não pode me assustar assim!” Ela começou a olhar em volta. “Eu preciso arrumar a casa, preciso me arrumar, deixar tudo pronto, e-”

“Tem, Tem, olha pra mim. Olha pra mim.” Shikamaru pegou as mãos de sua esposa e a fez olhar em seus olhos. “Está tudo ótimo, você não precisa arrumar nada. Você está linda, está tudo perfeito. E não vai ser nada demais, você não precisa se preocupar.”

“Quem vem?” Ela perguntou preocupada.

“Chouji e Karui, Ino e Sai, e a minha mãe.”

“Só?”

“A princípio sim. Talvez Hinata e Naruto venham, mas eles estão um pouco ocupados com Boruto.”

Ela concordou distraidamente.

“Você se preocupa demais, irmãzinha. Relaxe e curte a vida!” Kankurou lhe aconselhou.

A provocação de Kankurou a tirou de seu transe e devolveu-lhe a personalidade forte. “E você se preocupa de menos. Alguém precisava ser responsável nessa casa!” Ela lhe respondeu, ainda de mãos dadas com o marido. Ela se virou para ele e bateu nele novamente com as costas da mão, mas desta vez em seu peito. “E você devia ter me contado!”

“Ino iria matar por não manter a surpresa.”

“Você está preocupado com a Ino?” Ela perguntou furiosa. “EU iria te matar se descobrisse na hora!”

“Tsc. Que problemático.” Shikamaru coçou a nuca, e arrancou uma risada contida de Temari e dos demais ocupantes da sala. “Será que eu nunca vou conseguir lhe fazer uma surpresa?” Ele indagou retoricamente.

“Pelo seu próprio bem, eu espero que não.”


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Notas finais do capítulo

Feliz aniversário, Temari!!!!

Admito que esse capítulo não saiu exatamente como eu imaginava, mas ao mesmo tempo ele ficou com o contexto que eu queria. Espero que gostem e deixem comentários, please!



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