Innocence escrita por Thay


Capítulo 2
Feridas profundas não cicatrizam tão fácil.


Notas iniciais do capítulo

:)



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Os primeiros horários passaram em uma lentidão torturante, os ponteiros do relógio parecendo tirar uma com a minha cara. Mas, pelo menos, as pessoas aqui não parecem ser robozinhos controlados. Meu pai sempre me colocou em escolas assim, pois achava que os professores me fariam “criar juízo”, só que exatamente o contrário aconteceu e eu fui expulsa. Aqui posso fumar no estacionamento o maço que escondi na calça tranquilamente.

— Com licença. – duas garotas me despertaram dos pensamentos, tinham a aparência de missionárias da igreja, ou pelo menos, alguém que a frequentasse bastante.

— Somos representantes do grupo de jovens catequistas da escola e estamos procurando por novos membros. – passei perto... – Se se interessar, nossas reuniões são às terças e quintas à tarde, depois da aula. Adoraríamos te ver lá.

Minha voz saiu como a de uma patricinha que acabara de ganhar um sapato novo.

 – Claro! Eu... Vou ver na minha agenda. – forjei o sorriso mais falso que conseguia.

— Tudo bem. – elas forçaram outro e foram embora.

Um tempo depois, o horário de almoço já tava acabando, eu peguei minha mochila, quase conseguindo escapar, quando me puxaram pra dentro de um armário e taparam minha boca, abafando o grito que saiu, um corpo grande e alto impedindo minhas tentativas defesa. Estava escuro, um único flash de luz na brecha da porta me permitiu ver que o diretor passou direto. Então a mão saiu da minha boca, uma respiração soprando contra meu rosto indicou que a pessoa mantinha o rosto bem perto. Era um cara, com certeza, ele fechou completamente a porta do pequeno cômodo e voltou a me espremer, quase pude sentir seu sorriso malicioso sobre mim.

— Me deixa sair ou eu arranco suas bolas e envio pelo correio pra sua mãe.

— Calma, garota nervosa... – Ele sussurrou, passando o dedo por meu rosto – Eu só queria te convidar pra uma festinha que vai ter hoje à noite lá na praia.

— Não podia ter me chamado do lado de fora como qualquer pessoa normal?

Ele deu de ombros.

— Não queria arriscar alguém ouvir, porque alguns querem realmente se divertir, se é que me entende.

— Hum. – assenti – E por que você me viu fumando, acha que vou gostar, é isso?

— Se você não quiser ir, não vai, eu não to colocando uma arma na sua cabeça, nem te ameaçando. Mas... – ele acabou de vez com o espaço entre nós, me espremendo no cubículo e só então me dei conta de que ele era imenso. – Seria interessante se aparecesse, novata. – me roubou um selinho e desapareceu, tão rápido que não consegui ver mais que a jaqueta de couro e o cabelo preto repicado.

Que merda...

Saindo do armário, vi que o corredor estava vazio, exceto por um cara que se atrapalhava ao tirar os livros do armário. Ele bateu os olhos nos meus, mas logo desviou, assustado. Conseguiu organizar os livros, ficando de pé.

Tá, ou eu sou muito baixinha, ou os caras dessa cidade são gigantes. Esse nerd é provavelmente uma cabeça mais alto que eu, talvez até mais alto que o louco que me puxou pro armário.

— Senhorita Dale? – levei um susto ao som da voz grave do diretor atrás de mim – O intervalo já acabou, volte pra sua sala.

— Ok, sim, senhor. – me virei e revirei os olhos no caminho.

Deu sete da noite e eu estava descendo as escadas, quando Dianna me viu e eu fui parada.

— Aonde você pensa que vai?

Bufei.

— Só dar uma volta, ok? Conhecer a área. – ela ficou me encarando – Olha, eu não queria vir pra essa cidade, pra início de conversa.

— Conheço você, Hale.

— Tá, tá, tá, grande novidade. – passei por ela e abri a porta, mas senti a mão dela em meu braço. – Filha, por favor... Não precisa continuar com isso. Não tem um só dia em que eu não me arrependa de tudo o que fiz com você. – escutei aquilo e fechei os olhos com força, espremendo os lábios, mas não deixei que ela visse.

— Até mais tarde, Dianna. – soltei meu braço e saí.


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