The mine word: Mortarya. escrita por gurozu


Capítulo 6
Capítulo 6: O início do fim.


Notas iniciais do capítulo

Eai pessoal, tudo bem? Quantos séculos fazem desde o último capítulo? Muitos, certo? Bom, para isso não há desculpa. Bora lê?



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O palácio ficou agitado durante o dia. Soldados, médicos, ferreiros, nobres, empregados. Todos corriam em círculos pelos corredores.

Ao cair da tarde, quando o Sol já encostava no horizonte, o grupo do rei retornou.

Estavam visivelmente abalados. Alguns correndo na frente na intenção de abrir caminho aos demais. Olhando pela janela, não havia como Sijôme saber, mas o rei não estava em boas condições.

Allu apareceu no corredor, ainda vestindo armadura e com sangue no rosto.

—Irmãozinho, precisamos de você agora. É nosso pai. Ela...

—O-O que houve com o rei? —Perguntou Sijôme.

—A situação é grave. Durante a inspeção, os mortos conseguiram arrombar a porta da casa de espadas. Conseguimos contê-los com uma barricada de ferro, mas é questão de tempo. —Ele parou para respirar. —O pai foi mordido. Seu ombro foi praticamente despedaçado.

—Onde ele está? —Perguntou Guho, perplexo.

—Na enfermaria. Venha.

Os três foram à enfermeira. O lugar estava cheio e mal dava para ver o que ocorria lá dentro.

Quando finalmente puderam entrar, tiveram a visão do rei estirado sobre a cama, sem o braço direito e com o que restara do ombro enfaxado e ensopado de sangue. Ele estava inconsciente.

Guho quase vomitou ao ver a cena. Além do rei, vários outros soldados estavam feridos.

—Não precisamos ficar aqui. Estamos atrapalhando. —Disse Guho, segurando os ombros de Sijôme e a empurrando para fora. A garota não estava chocada.

Depois de muito se afastar, talvez até de mais, Guho cai no chão, suspirando forte.

Sijôme continuava ao seu lado. —Ele vai ficar bem.

Guho ergueu o rosto. —Como pode achar isso?

—Já vi muitos perderem braços ou pernas nas favelas. Se lá, sem médicos, as pessoas vivem, não deve ser difícil pro rei.

—Você pode ter razão. —Seu tom de voz ainda era melancólico. —Só estou meio fora de mim.

—Precisa de alguma ajuda?

—Está se oferecendo?

—Claro. Somos amigos. Você fez muito por mim, então deixe eu retribuir.

—Então... —Guho realmente parecia pensativo. Já era noite e as tochas começavam a ser colocadas. —Durma comigo esta noite.

O pedido passou como um raio pela mente de Sijôme. Um rápido lampejo, cujo ela precisava decifrar. —Como é?!

—Você me ouviu. —Ele se levantou do chão. —Venha dormir comigo hoje. Tem bastante espaço.

—M-Ma-Mas... Isso seria...

—Prometo que não farei nada. Iremos apenas nos deitar e dormir. —Ele fez uma pausa, olhando a janela. —Por favor.

—Tudo bem... Eu faço.

—Obrigado.

—Mas, se fizer qualquer gracinha, corto seu pinto fora.

—Lembrarei disso.

Enquanto os dois conversavam no corredor, Lili se jogava sobre a cama. Estava exausta, embora nada tenha feito.

—Senhorita, temo que deveria visitar seu pai. —Disse Afri, parada ao lado da porta.

—Não seja tola. Vê-lo agora não mudará nada. Preciso me preocupar com a reputação.

—Reputação, senhorita?

—Com meu pai em seu estado atual, é meu irmão quem está no comando. Como única filha, é meu dever manter as aparências e mostrar o meu melhor. Não posso deixar que me vejam sendo fraca.

Afri nada mais disse. Nem mesmo sua irmã se pronunciava.

—Vocês são minhas únicas amigas. —Disse Lili, tão baixo quanto um sussurro. —Não sei o que faria sem vocês duas.

—Senhorita, nós... —Algo a interrompeu. Uma batida, ou melhor, uma trombada na porta.

—Quem seria? —Perguntiu Lili, um pouco assustada.

A pessoa começou a insistir na porta. Batia, arranhava, gemia e agoniava do outro lado. E não parecia ser apenas uma.

As duas empregadas exóticas se afastaram da porta, mantendo a postura.

A porta parecia balançar cada vez mais, assim como o barulho aumentava. Afri, com uma expressão de ciência do que ocorria, olho para Lili.

—Senhorita, se esconda. Rápido!

—Por quê? O que está acontecendo?

—Rápido! —Foi uma ordem, não um pedido.

Lili se escondeu debaixo da cama, não podendo ver, somente ouvir. E o som que ela ouviu, foi a porta quebrando.

Não muito longe, Allu pensava no que estava acontecendo. Tinha lido muitos livros e essa situação não lhe parecia estranha.

Estava só na biblioteca. Nem mesmo o bibliotecário estava lá. Uma situação meio suspeita.

Quando estava quase desistindo, lembrou de um poema que há muito não lia. O poema, de nome Flor da morte, foi escrito há séculos, quando ainda não existia o império ou o reino.

"Uma flor lá foi posta. Que bela flor. Cheirava como amor. Dado pelo inimigo. As sombras se moviam. O doce era belo. O amigo já não era. Tão belo quanto a vida. A flor da morte". Dizia o poema.

Após muito pensar a respeito, Allu decidiu falar com sua mãe. Ela conhecia o poema melhor que ele.

Saiu da sala, a trancando como sempre fez. Seguiu pelo corredor, deserto até de mais. Onde estava a bagunça de algumas horas atrás?

Ao longe, avistou duas pessoas. Aliviado por não estar louco, continuou sua caminhada.

Quanto mais se aproximava, mas ficavam claros os detalhes dos dois estranhos. Era um homem e uma mulher. Um soldado e uma empregada. Agarrados como num beijo. Porém, a mulher não se mexia. O homem era o comandante que testemunhou na reunião, ainda com seu braço sangrando.

—Perdão, mas os dois não podem...

O homem virou o rosto, pálido como areia, tomando tons esverdeados. Seus olhos estavam brancos como leite e, entre seus dentes, carne e sangue.

Ficou claro naquele momento. Ele não estava beijando a mulher, estava comendo ela.

O homem, se é que era, largou o cadáver da mulher, se voltando na direção de Allu.

—Ghhrrrr...! —Rosnou a criatura.

—Mas que merda! —Gritou Allu, se afastando devagar. Parou a uma distância segura, sacou dois punhais e correu de encontro ao monstro.

Na enfermaria, Giova sentava-se ao lado de seu marido. A visão que tinha não era bonita, mas precisava ser forte. Era a rainha.

Lucius não demonstrava sinais de vida há um certo tempo, porém não haviam médicos para confirmar o que estava ocorrendo. Todos saíram e não voltaram.

Giova segurou sua única mão. Estava fria como pedra. Causando um arrepio nela. Não suportaria perder o marido desse jeito. Não merecia isso.

—Por favor, Lucius... Não me deixe... Eu não vou saber o que fazer sem você...

Os dedos frios do rei se mexeram. Um movimento suave. O suficiente para acalmar a rainha.

Lucius segurou sua mão. Talvez um pouco forte para o seu estado atual. Começou a balbuciar alguma coisa. Um suspiro de agonia.

—Lucius, está tudo bem?

Ela aproximou o ouvido para o escutar melhor. Um chiado aquoso saia de sua boca, enquanto sua mão se embrenhava entre os cabelos de sua esposa.

—Eu estou aqui, amor.

Ele puxou seus cabelos, cravando os dentes em sua garganta.


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Notas finais do capítulo

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