A Cria da Trapaça escrita por Dani Malfoy


Capítulo 2
Chapter One – Black dogs attack my mother


Notas iniciais do capítulo

Olá! Bem Vindos ao primeiro capítulo de A Cria da Trapaça.

Ele não está cheio de detalhes pois, muita coisa eu quero revelar durante o erendo – e a maioria das informações serão dadas no capítulo dois.

Dedicado a Arabella Riddle, leitora que resolveu dar as caras e lançar sua oposta sobre: Qual seria o pai ou mãe Olimpiano de Sarah? Arabella, você chutou o primeiro Deus que eu imaginei para Sarah, mas não é a nossa ilustre Atena. Mesmo assim, dedico o capítulo a você pelo comentário lindo.

Boa Leitura! Vejo vocês nas notas finais.



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— Acha certo esse comportamento, Senhorita Miller?

A voz de Carlos Venoz, diretor do Colégio Estadual da cidade, ecoou pelos ouvidos de Kiara Miller. A adolescente abaixou o rosto, mas não conteve uma risadinha. Sarah Miller chutou a filha por baixo da mesa, fazendo ela se controlar e encarar o diretor, que parecia soltar fogo pelas narinas.

— Não acho certo, S-Senhor. – respondeu controlando a risada. – Eu peço perdão.

— Você deve pedir perdão ao Senhor Simon pelo alvoroço. – disse e Sarah interviu.

— De acordo com Kia, esse menino caçoou dela. – o diretor soltou uma risada, que foi levada como um deboche pela Miller, mãe e filha.

— Senhora Miller...

— Senhorita. – corrigiu de maneira digna.

O diretor assentiu de mal gosto.

— Senhorita. – falou com ênfase. – Sua filha, desde que entrou nessa escola, anda arrumando confusão.

— O que? Eu estava quieta, na minha! – Kiara se defendeu e como resposta, levou outro chute da mãe, discretamente.

— Como ia dizendo... A Senhorita Miller vem trazendo um histórico problemático desde muito cedo. Essa, suponho eu, deva ser a décima escola dela, descontando o jardim de infância. – falou tudo em um fôlego só. Sarah batia o pé no chão de maneira impaciente. – Temos também o histórico de hiperatividade...

— Eu tenho hiperatividade, peço que tenha respeito. – Sarah sibilou com uma voz perigosa. Diretor Venoz engoliu em seco, mas continuou seu discurso.

— Eu não posso manter sua filha em minha escola, sinto muito. – falou ele e Kiara abriu a boca em descrença.

— O quê? Não! Simon veio implicar comigo! O senhor não pode...

— Kia, ele pode. – Sarah interviu e se virou para o homem, sorrindo de maneira adorável - e um tanto perigoso. – Diretor Venoz, desculpe-nos pelo transtorno.

— C-Certo. – respondeu ele e Sarah se levantou de sua cadeira, estendendo a mão para ele.

— Espero que tenha um grande futuro. E espero que saiba enxergar os verdadeiros culpados em sua escola. – disse e se virou para Kiara. – Vamos querida?

Kiara deu mais uma olhada no diretor, que desviou, um tanto incômodo. A garota consertou os cabelos e seguiu a mãe, que pisava fundo. Ao sairem da sala, Sarah se virou para a porta e falou algo como "Vá para os corvos!", fazendo Kiara rir.

— Desculpe mamãe. – falou a menina, mas Sarah apenas acariciou seus cabelos e abraçou-a.

— Está tudo bem querida. Vamos achar outra escola para você. – comentou gratuitamente. – Vamos para casa, eu fiz bolo.

A casa do sítio mudou bastante nos dezesseis anos que se passaram desde o encontro de Sarah e Loki. A Miller era uma mulher feita agora, trabalhou como costureira e tinha seu próprio atelhier em uma pequena cidade a poucos minutos de sua casa. Com investimentos certos e conhecimento de pessoas, o pequeno atelhier acabou se transformando em uma enorme indústria, onde Sarah se orgulhava muito. Mas essa novidade não foi a única mudança em sua vida, e os portas-retratos nas estantes de madeira eram a comprovação de muita coisa ainda estava mudando.

Uma fotografia era destacada ali. Sarah segurava com cuidado uma garotinha de seus dois anos. Seu nome era Kiara Miller, uma criança nascida de uma aventura naquela mesma casa.

Porém, Kiara atualmente não tinha dois anos. As fotografias mostravam em ordem crescente a trajetória da menina. A última foto, no canto da sala, mostrava uma adolescente de dezesseis anos, de frente a uma fita amarela, que junto de sua mãe, segurava uma enorme tesoura, pronta para inaugurar o mais novo atelhier de costura.

Kiara Miller tem dezesseis anos agora e é feliz com sua mãe na casa do sítio. Claro, acontecimentos como os de cima eram comuns. Kiara era tão teimosa quanto a mãe, encrenqueira e um pouquinho brincalhona. Seu histórico de hiperatividade também não ajudava – este foi o único problema de saúde que herdara da mãe –, fazendo ela ser elétrica e nada parada.

Kiara, por estes probleminhas conjugais, não parava em nenhuma escola. Mesmo que se esforçasse ao máximo – fosse pelo comportamento ou pela aparência – ela nunca conseguia amigos. Kiara nem de perto é feia; os cabelos castanhos escuros e longos, ondulados como da mãe, mas que Kiara gostava de alisar vez ou outra, os olhos outrora eram verdes, outrora cinzas, dependendo da luz, a pele negra como de sua mãe e o rosto fino, onde sempre tinha um sorriso debochado e um olhar orgulhoso, erguido e majestoso, mesmo que ela não fosse de fato assim.

A casa no sítio era grande, mas não tanto para Sarah e Kiara cuidarem. Eram só elas, mesmo que de vez em quando – quase como uma contagem de dois em dois anos – Sarah colocasse um novo namorado dentro de casa.

E todos, na opinião de Kiara, eram horríveis.

Teve um homem chamado Traver. Ele era nojento e vivia mandando Sarah fazer algo. Ainda deixava o fedor de bebidas alcóolicas por onde passava, totalmente desprezível. Para se livrar dele, Kiara infernizou sua vida. Era um tipo novo de peça todos os dias, até que ele resolveu bater na menina – na época ela tinha apenas dez anos – e surpreendentemente Sarah impediu, expulsando o homem. Kiara pensou que ficaria em apuros, mas não. Sua mãe não disse absolutamente nada.

Teve outro que cheirava a salame estragado e era tão gordo, que acabou rolando escada abaixo por acidentalmente tropeçar em um cadaço abarrado entre as madeiras da escada – tudo bem, Kiara tinha uma pequena culpa –, fazendo ele ir direto para o hospital. Se ele voltou? Claro que não.

E teve milhares de namorados que Kiara fez questão de colocar para fora. Ficou tão boa nisso, que nos dias de hoje ela poderia ser considerada profissional no ramo.

— Vou me trocar, já volto. – disse Kiara para a mãe, que apenas assentiu, enquanto jogava a bolsa no sofá e ia para a cozinha.

Outro fato sobre Kiara Miller era que ela nunca soube quem era seu pai. Sarah dizia que os dois brigaram a primeira vez que se viram e que depois de um tempo acabaram se dando bem – até demais –, porém, ele precisou ir embora e Sarah alega que ele nunca soube sobre a existência da filha.

Kiara tinha um sobrenome, Odison; mas ela nunca achou nada sobre esse sobrenome esquisito. Parecia que seu pai simplesmente não existia, o que faz a menina pensar que ele poderia ser muito bem um agente do governo, ou que sua mãe havia mentido. Gostava de pensar que a primeira opção era a verdadeira.

Kiara entrou no quarto e jogou sua mochila na cama, ao mesmo tempo que um baque surdo aconteceu no andar debaixo da casa. A garota juntou as sombrancelhas, franzindo o cenho de modo confuso e pensativo, enquanto tentava distiguir se o som foi real ou obra de sua mente.

Quando ela ouviu outro barulho alto e alguma coisa metálica caindo, que Kiara agiu. Desceu as escadas de maneira desesperada, indo para o local do som. Em cima de sua mãe encontrava-se dois cães negros. Estes olharam para Kiara e a garota deu um passo para trás ao encarar os olhos. Parecia ter fogo ardendo naqueles globos oculares.

— KIA, ME PASSE O PÍNCEL! – disse de modo autoritário, mas a menina estava paralizada.

Os cães avançaram nela, fazendo-a cair. Kiara berrou, tentando se desvicilhar das mordidas daqueles... Kia estava na dúvida se eram realmemte cães normais. Sarah se levantou em um pulo, com uma agilidade inacreditável. Se xingou por estar com uma maldita saia justa, mas isso não a impediu de pegar o píncel no chão, transformando-o em uma espada de bronze e atacando os cães infernais.

Kiara parou de se debater ao notar que os cães sumiram em uma nuvem de poeira por conta do golpe que a mãe deu. Olhou de assustada para mãe, que respirava de maneira ofegante e segurava a espada com maestreza.

— Você está bem? – perguntou preocupada, abaixando a espada que imediatamente se transformou em um píncel.

Kiara encarou a mãe de modo interrogativo. O que exatamente estava acontecendo ali?

— Kia, sei que está confusa. – disse Sarah e suspirou. – Acho que a névoa não vai ser uma pedida agora. Não quero mais mentir e esconder isso.

Névoa? Kiara se sentou no chão, estava sem fala. Sua mãe escondia algo – a começar por um píncel que se transformava em uma espada – e havia acabado de ser atacada por cachorros pretos e assustadores.

— Por Zeus, Kia! – um trovão ecoou no céu com a fala de Sarah. Kiara pulou de susto, que diabos estava havendo? – Fale algo!

— O que é que está rolando?! – essa foi a primeira pergunta que ecoou no resinto. Sarah deu mais um suspiro, preparando-se para um longo e demorado discurso.

Pelo menos Kiara não estava mais em um estado de paralizia, o que a deixava mais calma. Veja bem, mais calma, e não totalmente calma.


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Notas finais do capítulo

Kiara significa “clara”, “brilhante”, “ilustre” ou “negra”, “obscura”. Um trocadilho aos pais dela, não acham?

A pergunta para este capítulo é: Será que Sarah dirá TODA a verdade para Kiara? Sim ou não? Pois pelo visto ela tem muito a esconder - principalmente na parte do pai da menina.

Eu sei que é pedir muito, mas poderiam comentar? Seria muito prazeroso ter vocês interagindo comigo, juro que sou legal e responderei com toda a educação possível.

Um beijo de uma simples filha de Hades e até o próximo capítulo! ;3