The Truth About Us escrita por Killer Quinn


Capítulo 1
Que a verdade seja dita


Notas iniciais do capítulo

OK OK, não era bem isso que vocês esperava depois de "My Dark Side" mas é sério gente, eu não consigo escrever mais one-shots dos dois.
Posso fazer várias versões que quiserem, mas nunca uma fic inteira.
Capitulo para todo mundo que pediu mais, mas esse foi especial para Rafa e Marcelle(que me ameaçaram de sequestro!)
Divirtam-se e não me sequestrem!



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Eram perto da quatro da manhã quando Coringa e Arlequina finalmente pararam para respirar. As noites intimas eram sempre violentas, geralmente com ela com os pulsos amarrados na cabeceira da cama, mas nessa noite em especial isso não havia acontecido. Ele a deixou com as mãos livres para agarrá-lo e arranhá-lo.

O corpo de Harley reagia com arrepios gelados a cada toque dele, cada beijo e sussurro em seu ouvido. Era tudo tão maravilhoso. Os braços dele eram a prisão da qual ela se negava a tentar fugir.

Coringa não notava o êxtase de sua parceira por estar ocupado demais com seu próprio prazer. O pouco tempo que passaram separados serviu para ele sentir a falta dela, falta do corpo perfeito e quente encostado no dele. Mesmo assim doía.

Doía possuí-la, e ele se culpava por demonstrar tamanha fraqueza. Mas também machucava quando Arlequina não estava lá, quando não cantarolava canções a qual ele odiava.

Involuntariamente sentiu raiva. Como ela ousava não ter medo dele?

Amor.

“É claro”. Pensou ele, Harley não escondia o amor que sentia por ele independente de seus erros e abusos. “Ela tem o melhor antidoto contra mim”.

Secretamente o palhaço a temia. Não por acha-la perigosa, mas pelas decisões que talvez ela se atrevesse a tomar. Coringa sabia que Arlequina poderia deixa-lo quando quisesse, em um único estalar de dedos. Mas ele sentia raiva em pensar que não conseguiria fazer isso, toda vez que ela ia embora o palhaço a trazia nem que por força.

—O dia vai ser lindo. –Harley o tirou dos seus pensamentos. A palhaça estava perto da janela, ainda contemplando a noite estrelada. Os cabelos loiros desciam lisos pelas costas pálidas que agora estavam escondidas pelo lençol branco da cama. –Não acha?

—Vai sim. –Ele concordou. Levantou-se e buscou a calça preta no chão. Depois de vesti-la se aproximou da palhaça. –Mas não vamos ver ele.

—Por que não? –O sorriso sumiu do rosto dela rapidamente.

—Não vamos sair de casa hoje, amor. –Alisou o rosto macio. –Tenho assuntos a tratar e nenhum de meus homens vão poder te acompanhar.

—Eu posso ir sozinha. –Ela debochou.

—Não, não pode. –Rosnou. –Waller está te procurando, é muito perigoso. Não vou te perder de novo.

—Então fique comigo. –Arlequina entendia as razões dele. Mas não queria ficar sozinha. -Perdemos muito tempo, vamos recuperá-lo.

—Eu não tenho tempo agora. –Retrucou.

—Você nunca tem tempo. –O semblante dela encrespou.

—Eu te dou tudo o que tenho querida. –Coringa segurou o rosto dela com as duas mãos. –Mas papai não tem tempo agora pra te dar.

Harley se afastou furiosa, sentou-se na cama frustrada.

—Achei que tudo ia ser diferente depois da nossa conversa. –Ela disse. –Quero dizer, depois de tudo o que falamos depois de tudo o que você fez para me resgatar.

—Vai ser tudo como antes. –Disse ele friamente. –Mas eu tenho que ir agora.

Ao sair o palhaço bateu a porta com força.

Aquilo a machucou como um tapa. As lágrimas roubaram sua última faísca de felicidade. Aquela tristeza ela conhecia bem, havia sentido por todos esses anos ao lado dele.

Arlequina notou que seu sonho vivido naquela noite havia sido somente isso: um sonho. Agora muito distante para que ela o alcançasse novamente. Tão distante quanto os braços dele.

Cada toque dele fazia com que ela se sentisse a mulher mais sortuda do mundo. Era tudo intenso perto dele, Harley sentia como se precisasse desesperadamente abraça-lo. Precisava se sentir parte dele, parte de seu corpo. Isso fazia ela se sentir feliz, mas também muito triste. Pois ela nunca havia ficado na presença de tão belo homem e ao mesmo tempo tão abusivo, sádico e cruel.

Pensando nele, ela permaneceu deitada na cama. Envolta pelos lençóis de seda pura.

Perto do meio dia ele retornou. Irritado e andando rapidamente pelo quarto com passos pesados.

—O que houve pudinzinho? –Ela fingiu um sorriso. Levantou-se preguiçosamente esperando que ele notasse o charme que ela emanava. –Algo errado?

—Nada que possa resolver. –Coringa sentou-se na cadeira perto da janela. Ele fitava o vazio.

Arlequina se aproximou. Envolveu-o com os braços.

—Eu sei como fazer alguns sorrisos, amor. –Sussurrou no ouvido do palhaço.

—Não perturbe Harley. –Ele bateu nos braços dela para que o soltasse.

—Vamos pudinzinho. –Ela não se abalou. Ele sempre era assim quando irritado. Harley o puxou para que ficasse em pé. –Fique comigo, divirta-se.

Em um rápido movimento ele a golpeou com um tapa no rosto.

Arlequina fraquejou, mas se manteve firme em pé. Sem lamentar ou chorar, apenas olhando para ele com deboche.

Coringa a analisou, aquele olhar dele que causava pânico em suas vítimas mas, que não intimidava sua parceira nem em seu interior.

“Estou afastando-a demais.” - Pensou consigo mesmo. “Ela não pode ir embora, não vou a deixar ir.”

Rapidamente Harley estava em seus braços. Com ele apertando-a e a puxando-a para si fazendo o corpo dela ficar pressionado contra o dele.

Arlequina não demorou a correspondê-lo. O lençol caiu quando ela o abraçou em resposta as caricias rudes que ele sabia fazer e que a fazia feliz.

“Eu te amo” - Ela sussurrou em sua própria e perturbada mente. –“Te amo tanto”.

O corpo da palhaça voltou a responder os carinhos com arrepios, o coração disparava indicando o quanto precisavam do veneno que o palhaço tinha nos lábios.

Os dois se arrastavam pelo quarto. Insatisfeitos e inquietos com as posições que tentavam. Nada parecia perfeito para o momento. Até que ele se deitou sobre ela, naquela posição que evitavam usar por todos esses anos por ser “tradicional” demais para a loucura em suas mentes.

Os ânimos se acalmaram com o prazer intenso do orgasmo. O primeiro juntos. Estavam agora realmente unidos. Eram perfeitos juntos, com suas mentiras e jogos mortais.

Harley repousava na frente dele na cama pouco tempo depois de toda a agitação. Coringa a olhava enquanto ela fechava os olhos sonolentos. Algo que Arlequina tinha era perfeito para o rei de Gotham, mesmo ele não entendendo o que era.

O silencio se prosseguiu por minutos, a palhaça estava quase adormecendo com a paz. Mas abriu os olhos mais uma vez, para contempla-lo.

—No que está pensando? –Ela perguntou baixinho.

—Viveria por mim? –Ele estreitou os olhos.

—Claro que sim. –Sorriu. –Já te prometi isso.

—Até seu último suspiro?

—Até meu último suspiro.

Coringa alisou os cabelos brancos dela e seguiu para o rosto.

—Eu faria qualquer coisa por você, pudinzinho. –Ela disse sendo sincera. –Eu farei o que puder para salvar a sua alma, pagarei o preço que for preciso.

—Sabe que não pode me salvar. –Ao a ver abaixar a cabeça triste ele a fez olha-lo. –Tudo o que eu preciso é que fique ao meu lado.

—Eu sempre estarei ao seu lado. –Harley segurou as lágrimas. –Independente do que aconteça. Não tenho medo.

—Sei que não tem. –Foi ele que sorriu agora. –Você é corajosa, isso ninguém pode negar.

Apesar dos olhos marejados ela sorriu pelo elogio. Soava tão sincero quando ele estava calmo.

“Odiara-me se soubesse?” - Perguntou-se em pensamento. “Será que me odiaria se soubesse que tudo o que quero é ter uma vida normal ao seu lado”?

—Queria saber o que aconteceu com você. –Ela disse. –O que aconteceu para se tornar o que é hoje.

—Não falaremos sobre isso. –Coringa adiantou-se. –Não agora.

—Mas você sabe tanto sobre mim. –Retrucou cautelosa. –Me pergunto se você era casado, se tinha filhos e um emprego ruim. Uma vida normal.

Ele sentou-se na cama irritado. Não se lembrava bem do seu passado e se negava em tentar. Arlequina não tinha direito de saber, não permitiria que ela chegasse a tal ponto.

—Era isso não era? –Ela continuou, apesar de saber dos riscos. –Você era casado.

—Fique quieta.

—Como ela era? O que aconteceu?

—Arlequina!

—Me conte pudinzinho.

Coringa não se conteve e apertou o pescoço dela. Atordoado por memórias que apareciam em sua mente como raios.

Ao notar que estava matando-a realmente ele afrouxou a pegada.

—Não me lembro dela. –Confessou. Afastou-se novamente de Harley. –Mas ela devia ter a sua idade quando nos conhecemos.

Arlequina respirou fundo. Segurou o pescoço com a mão. Sabia que ele iria estourar a qualquer momento, estava pronta pra isso.

—Jeannie? –Perguntou Coringa mais para si mesmo. Tentando lembrar o rosto da garota que causou tudo isso em sua vida. A real razão para ter se virado no monstro que todos temiam. –Não lembro o nome, mas ela era linda. Igual você é.

Surpreendendo a si mesma Arlequina não sentiu ciúmes. Era a primeira vez que ele se abria com ela, sinceramente.

—Conte-me. –Ela pediu abraçando-o pelas costas.

—Vocês são idênticas. Ela ria das minhas piadas sem graças igual você faz agora. –Ele esforçava-se para lembrar. –As duas sempre tão risonhas. Fazendo parecer fácil respirar.

Agora o segredo final dele foi revelado a ela. Um segredo que ela jurou a si mesma nunca revelar a ninguém. Iria guarda-lo até sua morte.

—Pudinzinho. –Ela lamentou. Deduziu que talvez a ex-esposa de seu Senhor C. Fosse a causa de tudo, o motivo para ele estar naquela noite no ACE CHEMICALS e acabar caindo nos tanques. Algo naquela noite deve ter motivado ele.

—Não consigo me lembrar de nada. –Coringa soou frágil como há tempos não soava. –Nada.

—Não precisa meu amor. –Arlequina segurou o rosto pálido e cheio de cicatrizes. –Você tem a mim agora. Estou aqui para você, sempre vou estar. Eu te amo pudinzinho.

Ele a abraçou. Deveria ser errado dar as únicas fraquezas que ele possuía para alguém, mas naquela vez nada importava além do quanto ele precisava dela. Quase tão desesperadamente quanto ela precisava dele.

Harley sorriu. Com as esperanças renovadas nele.

“Nunca vão entender nós dois”. –Ela queria que ele ouvisse seu pensamento. “Somos cartas sem naipes, você me ensinou isso”.

Pela primeira vez eles realmente conversaram. Dividiram duvidas e fraquezas que nunca haviam revelados a ninguém. Soava estranho fazerem isso, mas o momento era ideal.

Mas ninguém deveria saber dessa conversa. Ninguém deveria saber ou entender o segredo do rei e da rainha de Gotham: eram um casal finalmente, um casal que dividiam um amor único e de um jeito profundo que talvez outros seres humanos nunca haviam sentindo antes. O veneno que dividiam era nocivo, a relação era dolorosa e cheia de abuso. Mas eles não ligavam. Afinal era complicado para que as pessoas com naipes em suas testas entendessem aquilo.


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Notas finais do capítulo

É curto mais sério, eu me dediquei muito a ele.
Espero que tenham gostado e me alertem caso queiram mais uma versão!
~Beijinhos venenosos!