Sweet Dreams escrita por Pandora Sama


Capítulo 1
Shall we dance?




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É... Bem... Por onde começar. Posso dizer que fui arrastada pra uma festa de aniversário, mas aí seria algo meio agressivo e eu estaria sendo malvada. Ok. Não fui arrastada, mas convidada por uma amiga do trabalho a acompanhá-la a tal comemoração, mesmo que eu não conhecesse o aniversariante. Eu não sou muito de ir às festas/bailes/baladas, primeiro porque detesto aglomeração. Eca! Enfim... Depois de muita insistência da minha amiga, nós fomos. O lado bom dessa festa era que seria a fantasia! Perfeito! Assim ninguém ia notar minha presença caso tivesse algum conhecido chato. O lado ruim: Com que fantasia eu iria? Nunca fui muito criativa, e ainda mais agora que eu teria que me fantasiar. Ô tragédia! Quando ainda estava em casa, procurei em livros e pela internet alguma fantasia que combinasse comigo, foi então que bati o olho numa foto de Pierrot. Foi amor a primeira vista! Comprei a fantasia e não é que ela se encaixou direitinho em mim? Depois me maquiei de acordo com a vestimenta, ajeitei minha juba... Primeiro porque nem parece um cabelo de tão cheio! Ok ignore isso. Coloquei as sapatilhas e esperei minha amiga chegar. Depois de uma meia hora, saí de casa com ela. Ela estava muito melhor do que eu, falar a verdade. Vestida de vampira e muito, mas muito chamativa. Parecia aquelas meninas góticas. Usava um vestido de couro que ia até metade das coxas, botas de cano alto, maquiagem pesada, lentes azuis e uma peruca vermelha.

‘’Afinal, vamos a uma festa a fantasia ou você vai matar alguém?’’, ironizei.

‘’Engraçadinha. Já que é uma festa a fantasia, temos que colocar nossas vontades para fora, não?’’

‘’Só espero que não tenha ninguém pelado lá!’’

Rimos gostosamente, e assim seguimos no carro dela para a festa.

Nesse momento estou sentada num banco fora da casa, exatamente no jardim. A casa era realmente grande! Parecia um daqueles castelos da idade média, era bem iluminado e as pessoas ali combinavam perfeitamente com a situação festa-casa. Só eu que queria me afastar dessa luminosidade toda, mas não que o jardim fosse mais iluminado, mas pelo menos não tinha aquele dourado sufocante me cegando.

Depois de algumas horas, resolvi entrar para procurar minha amiga. Passei por várias pessoas até chegar à mesa com as comidas. Peguei uma taça e coloquei um pouco de ponche, então ao virar o rosto, deparei com a criatura que tirou totalmente a minha noção de tempo. A única coisa que eu lembro foi ter congelado no lugar, olhando aquela pessoa, que estava conversando com outra. É, eu tinha me encantado por alguém que nunca vi na vida e pra completar estava fantasiado! Que ironia. Foi então que a tal pessoa sumiu do meu campo de visão e eu fiquei desesperada! Onde estaria? Será que eu a veria de novo? Quando me acalmei um pouco mais, fiquei pensando se não poderia ser alguma mulher debaixo daquela fantasia, seria bem engraçado e embaraçoso para mim. Ou ambas, não sei. Só fui despertar quando senti um esbarrão em mim, e uma pessoa alegre pulando a minha frente. Minha amiga.

‘’ Nossa! Esse ponche é bom, né? Você está super viajando!’’

‘’Ah, vai se catar. Deixa-me beber um pouco. Mas e aí, se divertindo?’’

‘’Muito! Tem tanto gatinho nessa festa! E você, arranjou alguém?’’

‘’Ah... er...bem, não! Não vim aqui pra ficar com ninguém e...’’

Na hora parei de falar. Novamente aquela pessoa tinha aparecido! Agora estava apenas alguns metros longe de mim e da minha amiga, conversando com mais quatro pessoas.

‘’Ei! Já volto ok?’’, disse ela, e foi correndo ao tal grupo.

Meu coração bateu na garganta. Será que ela conhecia aquela pessoa? Comecei a ficar nervosa, mas não conseguia tirar o olho dela. Foi então que nossos olhares se encontraram. Na hora não senti nada. Virei uma pedra. A pessoa gentilmente ergueu a taça de champanhe em minha direção, fazendo um pequeno gesto com a cabeça. Só lembro-me de ter virado e saído dali bem depressa, andando como um robô. Céus, como sou estúpida. Parecia uma adolescente!

Caminhei pela casa, o coração batendo a mil, então vi uma porta e entrei ali. Queria me esconder de tanta vergonha que sentia. Encostei-me a porta e então notei que estava numa biblioteca. Não era grande, mas as estantes iam até metade do local. Teria espaço pra colocar mais mil livros ali. Era um local aconchegante, parecia mais um escritório. Tinha uma mesa grande, cadeiras, sofás. Um ótimo refúgio! Dei alguns passos e meus pés tocaram em algo fofo. Era um tapete. O maior tapete que eu já tinha visto na vida! Cobria todo o chão do lugar, e tinha várias cores em tom vermelho e dourado. Tirei então minhas sapatilhas, e caminhei ali. Era uma sensação tão gostosa caminhar sobre aquele tapete felpudo! Aproximei-me da mesa e fiquei folheando os livros, olhando as peças de bronze e prata que tinham sobre a mesa. Estava tão distraída que nem tinha me tocado quando uma voz se fez presente ali.

‘’Ótimo lugar, não acha?’’

Virei-me e senti meu queixo ir ao chão.

Era a tal pessoa que eu tinha visto.

Fiquei quieta, apenas observando-a, então nervosamente assenti.

‘’Gosto de ficar aqui também. É um lugar calmo e que ninguém provavelmente vá te encontrar. ’’

Bosta! Fala alguma coisa, sua retardada! Sim, esse foi o meu pensamento na hora. Mas, eu estava praticamente hipnotizada. Notei então que a pessoa trajava vestes negras, o peito semi-exposto, onde longas mechas douradas e brancas caíam de seus ombros. O mesmo ainda usava um lenço que envolvia seu pescoço, que era adornado por colares e um pequeno crucifixo. Aquilo não parecia nem um pouco ser uma fantasia, mas somente sua máscara denunciava o momento da festa. Era diferente, parecia de um pássaro, mas que estava adornada com alguns enfeites. Seus olhos me chamavam a atenção e eu estava me perdendo neles. Só depois de muito tempo, consegui responder a ele. Sim, era um homem.

‘’S-sim...é um bom lugar.’’

‘’Observei você a festa inteira. Parecia que desde que chegou, queria se esconder ’’

‘’Ah...é só o meu jeito...não sei lidar com tanta gente, sabe...’’

Foi então que ele se aproximou mais de mim. Dei alguns passos para trás e bati o quadril contra a mesa. Ótimo. Agora eu seria atacada por um tarado fantasiado de pássaro! Foi quando senti seus dedos tocarem delicadamente o meu queixo, erguendo meu rosto. Eu devia estar bem nervosa, pois vi um leve sorriso se desenhar nos seus lábios, um tanto atrativos por sinal.

‘’Só queria saber o seu nome’’, disse ele, seus lábios praticamente encostados aos meus, tanto que sentia sua respiração sobre meu rosto.

‘’M-Miyuki...’’

‘’Prazer. Karyu.’’, então ele tomou meus lábios num beijo rápido, carinhoso.

Fui aos céus.

Só fomos interrompidos por vários gritos de ‘Feliz Aniversário!’ e palmas, muitas palmas!

Corei até o pé de ver aquela gente toda, e em seguida minha amiga pulando em cima de mim.

‘’Sua sortuda!! Beijando o aniversariante  escondida!’’

É. Dessa vez o meu queixo caiu. Vim numa festa que não conhecia o aniversariante e no fim, tinha ficado com ele! É...até que não foi tão ruim assim.

Dessa vez, o Pierrot tinha encontrado um final feliz.

 

 

 

21/04/2010

 


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