Bloodline escrita por Night View


Capítulo 2
Maybe we're not in the same page


Notas iniciais do capítulo

Mais um capitulo para vocês! Espero que gostem! ;)
Boa leitura!

Personagens:
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 Domingo era o dia das reuniões de família, dos almoços ao redor de uma mesa farta e na casa dos Mcgregor isso não era tão diferente. O clima ameno e acolhedor do fim de tarde entrava em total contraste com os dois jovens que praticavam golpes no quintal da casa. Clint sempre fizera seus filhos treinarem a arte da luta, assim como ele aprendera com seu pai, um homem tão metódico quanto ele.

— Muito lento! – Derek, o jovem de cabelos castanhos e olhos de mesma cor, ri do irmão mais novo, que agora se encontrava com as costas nuas em contato com a grama – Eu sei que herdei as virtudes dessa família, mas você bem que poderia fazer disso um desafio.

— Você acertou apenas uma sequência de golpes – o moreno diz após se levantar num movimento rápido – Não se vanglorie – mesmo com o tom casual, a raiva cintilava nos olhos verdes do mais novo.

— Vamos, Desmon. Não leve tudo a ferro e fogo – o irmão tenta suavizar a situação ao sentir o tom irritadiço do mais novo.

Assim como existiam momentos em que os dois se encontravam em perfeita sintonia, existiam aqueles em que o sarcasmo de Derek entrava em atrito com o humor volátil do mais novo e quando as brigas eram feias, custavam para que os pais os separassem. Contudo, quando isso acontecia, não demorava muito para que eles voltassem a se falar como se nada tivesse acontecido.

— Foco, garotos – a voz grave do pai os adverte e a troca de farpas cessa.

Por mais divergentes que fossem, os irmãos não desafiavam o pai. Querendo ou não, o moreno de olhos castanhos escuros já era intimidador pelo porte atlético e sua voz grave e autoritária completava o pacote. Sua esposa parecia ser a única capaz de amolecer o homem, deixando até seus filhos admirados.

— Pegue leve com nossos filhos, Clint – a loira de meia idade e cabelos longos surge com uma bandeja contendo bebidas e biscoitos – eles precisam de uma pausa – diz com um sorriso no rosto.

— Por isso você a melhor mãe que eu tenho – o mais velho diz animado, depois de desviar de um golpe dado pelo irmão.

Mesmo protestando, Clint não pode fazer nada enquanto os garotos se serviam. Por mais que tentasse, o marido nunca fora capaz de mudar a natureza doce e gentil da esposa, sendo incapaz de evitar o sorriso que se formou em seus lábios ao fitar seus olhos verdes. Ainda se surpreendia com a maneira que amava a mulher diante de seus olhos.

— Eles ainda são meus meninos, eu tenho que cuidar deles – exclama sorridente.

— Olhe de novo, querida. Uma de seus meninos já tem vinte anos e o outro dezessete! – exclama, não escondendo a satisfação na voz ao ver os homens que estavam criando.

— Não deveriam se desgastar tanto – a mãe comenta com um tom de preocupação.

— Somos os Mcgregor – o pai diz com orgulho – Fomos feitos exatamente para o combate. Eles ficarão bem.

A loira não gostou do que ouviu. Com um suspiro desejou que seu marido fosse mais tolerante com o mundo que o cercava e temeu que seus filhos ficassem exatamente como ele. Desmon já demonstrava traços fortes da mesma personalidade e isso a preocupava. Considerava um milagre seu marido ainda estar vivo, mas temia que seus filhos não tivessem a mesma sorte.

♦♦♦♦♦♦☽⚜☾♦♦♦♦♦♦

O dia estava tão nublado quanto o humor da ruiva e ela se sentia uma estranha em sua própria casa após a partida da tia. Sentada em sua cama, Rosalie se esticou e pegou uma das moedas que havia deixado sobre a mesinha ao lado de sua cama. Com o objeto em mãos, ela respirou fundo e se concentrou antes de abrir as mãos, soltando a moeda. O circulo dourado cintilou com a luz que o atingira enquanto girava no ar. Sorrindo ela deixou a mesma cair sobre a cama.

Seu pai nunca fora fã de magia, pelo menos não depois da morte de sua mãe. Aprendera a viver praticamente sem usá-la, mesmo sendo algo que gostasse. Num movimento quase que involuntário, levou os dedos ao anel de prata que usava na mão direita, um simbolo conhecido como Claddagh. No antigo clã de sua família, esses anéis eram usados como maneira de demonstrar lealdade a quem portasse um igual, diferenciando apenas por suas cores.

Pensativa, ela começou a girar no anel e a luz cintilou sobre a pedra azulada em formato de coração. Curiosamente estava pensando demais nas figuras que faziam parte do seu passado. Tudo que a garota queria era ter a chance de reencontrar aquelas pessoas que se transformaram em lembranças turvas em sua mente. Se perguntou sobre o destino daquela família. Será que havia sido tão desastroso como o da sua?

Antes que seus pensamentos sombrios tomassem conta total de sua mente, a campainha tocou, assustando-a. Rapidamente deixou o quarto e desceu as escadas no mesmo ritmo para atender a porta. Cassandra estava visivelmente irritada e a ruiva tinha uma ideia do que acontecera.

— Estes almoços de família vão te dar rugas! – Rosalie abre espaço para que a morena pudesse entrar.

— Nem me fale! – ela revira os olhos antes de entrar – Acredita que meu irmão arrumou uma namorada nova... De novo?! – Cassy se joga no sofá, largando sua bolsa ao lado – Que piranha aquela loira!

— Ela é tão ruim assim? – pergunta se sentando na poltrona vinho próxima a onde a amiga estava.

— Pior! Ela consegue ser pior que eu, amorzinho! – disse antes de esticar o braço para tirar os saltos que usava – Só que a diferença é que eu faço parte da família e ela não! – ela diminui o tom antes de completar – em teoria pelo menos.

Fato era que a jovem não era a “queridinha” de sua família pelo jeito livre de viver e pensar. Sua personalidade confiante e decidida entrava constantemente em conflito com os pensamentos antiquados de seus parentes que, por razões duvidosas, geralmente se aplicavam apenas ao seu comportamento.

— Você deveria parar de ir nessas reuniões, sério – a ruiva aconselha, preocupada com a amiga.

— Se eu não morasse com meus pais, a vida seria mais simples – a morena liga a televisão e logo o assunto é esquecido até a jovem lembrar dos acontecimentos recentes – Esqueci de contar, estou solteira! – exclamou com um sorriso no rosto.

Ela relatou tudo que havia acontecido. A ruiva não conseguiu conter as risadas e desejou ter estado lá apenas para assistir o momento. Nunca gostara do namorado da amiga, o achava um tanto quanto esnobe e arrogante, mas Cassandra dizia que o resto compensava. Aparentemente o garoto não estava dando mais conta do recado como costumava.

— Rose, eu sei que é folga da minha parte, mas – ela se sentou e olhou para a amiga – posso dormir aqui hoje?

— Claro, mas você sabe que um dia vai ter que voltar para casa, né? – ela riu na tentativa tentando de dar um ar mais leve na situação, antes de se levantar e ir para cozinha.

— Comigo aqui, você acaba de ganhar uma carona para faculdade. Pense pelo lado bom, você vai chegar no primeiro dia com uma veterana – comenta, desviando da pergunta enquanto mudava de canal – É uma boa coisa, não? – Cassy tenta barganhar.

— Acho que posso adotar você! – Rosalie diz animada, voltando com alguns sacos de biscoitos.

Entretidas com um festival de filmes que encontraram em uns dos canais, as garotas conversaram e riram noite a dentro.

♦♦♦♦♦♦☽⚜☾♦♦♦♦♦♦

O dia amanheceu cinzento e Nicole jurou que aquele dia seria chuvoso, o que para ela não era nada bom. Detestava ir trabalhar naquele escritório sem poder abrir uma janela por conta das gotas que sempre as golpeavam e também se preocupava com sua mãe, devido as dores que a mesma sentia no frio, vindas da idade avançada.

Odiava o emprego que ficava quase do outro lado da cidade, odiava ficar sentada naquela mesa e odiava ainda mais o fato de receber ordens. Todo dia repetia a si mesma o porque de estar onde estava: Precisava do emprego para pagar aquele grande apartamento e as despesas da mãe.

Fazia quase um ano que havia deixado o seu antigo “emprego” e detestava admitir que sentia falta daquela vida. Passara todo esse tempo tentando se convencer de que era estupidez viver de forma tão perigosa, mas quando a loira ligou na noite anterior teve de controlar a vontade de dizer que voltaria a caçar no mesmo instante.

Enquanto se preparava para deixar o apartamento para mais um dia, a morena se deteve a frente do espelho, onde o par de atacamitas a encararam de volta. Observou como a figura a sua frente tinha mudado. Havia deixado os cabelos negros crescerem quase até a cintura e já não os pintava mais. A cor morena de sua pele já não parecia tão resplandecente como costumava ser.e a avalanche de emoções a confundia. Não sabia se a vontade de aceitar o convite vinha unicamente do seu desajuste na vida que levava ou se era seu verdadeiro eu voltando à tona, o eu que gostava o da violência e da adrenalina de estar em perigo sempre.

Nicole fora a perdição da loira a algum tempo atrás e ao olhar as cicatrizes deixadas pela antiga vida, ela lamentou ainda lembrar dos olhos castanhos e inquisidores de seu antigo amor.

Afastou o pensamento ao sair do prédio e entrou em seu Elantra azul escuro, indo direto para o trabalho de secretária. No fim, deixou os problemas do trabalho soterrarem sua mente cheias de duvidas sobre sua vida e sobre si mesma.


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Notas finais do capítulo

Personagens:
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