Blue Neighbourhood escrita por Faye


Capítulo 1
Blue Neighbourhood


Notas iniciais do capítulo

>LEIAM, POR FAVOR!
É uma one shot que dividi em três capítulos (:
É em um Universo Alternativo e os eventos são meio rápidos, mas espero que isso não incomode ninguém >.<.
Há uma relação homossexual, não gosta, não leia! Não irei tolerar comentários homofóbicos. Ademais, alguém que esteja sofrendo com homofobia e tenha depressão, pense duas vezes antes de ler isso...
Espero que gostem *u*



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Capítulo Um - Wild

 

Estava sol. Os pequenos fios dourados tocavam sua pele levemente bronzeada, os olhos verdes intensos enquanto ele saia e não pôde evitar sorrir ao vê-lo lá.

Draco Lucius Malfoy. O rapaz de cabelos absurdamente loiros lavava seu carro, os cabelos caindo sobre a testa pálida, os olhos cinzas e intensos concentrados na tarefa. Harry engoliu em seco ao notar que ele não usava uma camisa, o corpo bem definido tinha algumas gotas de água escorrendo pelo abdômen bem definido, os braços bem definidos esfregando a caminhonete velha com força. Em seu pescoço era possível notar uma corrente com uma serpente de olhos verdes. Sorriu.

Eles viraram amigos em tarde quente de verão. Harry tentava brincar com seu boneco velho de Buzz Lightyear quando viu um menininho com cabelos loiros aproximando-se:

— Oi — o pequeno murmurou, coçando a orelhinha branca, ele parecia estar com muita vergonha: — Tudo bem? — Perguntou, mordendo o lábio. Sua mãe o incentivara a ir falar com o menino de cabelos negros e desgrenhados e grandes olhos verdes ocultos sob as lentes redondas.

— Tudo sim — Harry respondeu, incerto. Procurou ao redor tentando descobrir se seu primo insuportável estava por perto, descobrindo, satisfeito, que Dursley não ia tentar atazanar mais uma criança que tentava ser seu amigo: — Sou Harry Potter — estendeu a mão para Draco, que sacudiu delicadamente e soltou, lembrando-se das boas maneiras que seu pai o ensinara:

— Draco Malfoy — sorriu, delicadamente: — Por que está sozinho? Onde estão seus pais?

— Papai e mamãe morreram em um acidente de carro — Harry respondeu, desviando o olhar, sentindo seus olhos arderem. Seu maior sonho era saber quem seus pais foram, se eles o amaram. O menininho loiro arregalou os olhos, sentindo-se mau por ter feito tal pergunta:

— Sinto muito — disse, sentando-se na grama do jardim do novo amigo: — Talvez meu papai possa ser novo papai! — O menino disse, quicando com a bunda no chão. Harry sorriu abertamente, algo que há muito não fazia, e os dois começaram a brincar.

— Ei, Potter! Sei que sou lindo mas pode parar de me secar — seu melhor amigo disse, provocando. O moreno fora arrancado de seus pensamentos e revirou os olhos, empurrando o outro delicadamente: 

— Idiota! — Mostrou a língua para o melhor amigo, que bufou e falou:

— Muito adulto de sua parte, meu caro — estalou a língua, em uma clara provocação. Harry sentiu seu coração falhar uma batida diante do sorriso arteiro que Malfoy o lançara, e ele teve que se lembrar mentalmente de controlar seus hormônios de um adolescente de dezessete anos de idade.

Tudo em Draco Malfoy era um tom peculiar de azul. Sua casa de alta classe fora tingida em um tom azul claro, e ele suspeitava que aquilo havia sido obra de Narcissa Malfoy, já que Lucius, pai de seu amigo, era um homem sério demais para aquele tipo de coisa. Os olhos dele também gritavam em um tom cinzento de azul, as bordas mais escuras do que o centro... Draco Malfoy estava prestes a levá-lo à loucura. 

Ele não sabia ao certo quando foi que apaixonou-se perdida e completamente por alguém que deveria ser apenas só seu amigo, mas quando se deu conta, já era tarde demais. Ele havia caído dura e loucamente, e sentia que enlouqueceria se não sentisse o gosto daqueles lábios, ou o toque daquela pele. 

Seu maior sonho seria deixar aquela vizinhança com ele a seu lado, que os dois viajassem pelo país juntos, sem ter para onde ir. O pequeno porém era que ele não fazia a menor ideia dos sentimentos do outro; só sabia que Draco era bissexual, nada mais, e aquilo era incrivelmente frustrante!

— Pode vir aqui hoje à noite, a gente pede uma pizza e assisti Star Wars — Malfoy sugeriu, aproximando-se perigosamente de Harry. Ele precisou trincar para não tomar aqueles lábios que desejava como louco.

— Está tentando me puxar para o lado negro da força? — O menor questionou, astuciosamente. Draco o lançou um sorriso que parecia muito... Malicioso, e respondeu:

— Hoje e sempre, meu caro Potter — sua voz era um mero sussurro, os olhos cinzas eram intensos demais e ainda assim, insondáveis. — Apareça às oito — disse, afastando-se do melhor amigo.

...

Harry tocou a campainha e encolheu-se sob a jaqueta grande demais para seu tamanho. Draco abriu a porta e Harry perdeu o fôlego. Seu amigo sempre teve melhor gosto quando se tratava de roupas. O loiro tinha os cabelos desgrenhados e brilhantes sob a testa, uma camisa negra apertada delineava seu corpo e as mangas dobradas o davam um ar despojado, a calça jeans escurava completava o visual:

— Entre — ele pediu, dando licença para que Potter adentrasse na casa a qual ele já conhecia muito bem. Afinal, ele passara incontáveis finais de semana sob aquele teto. A sala era ampla e bem decorada, com um ar bem mais austero do que o exterior da casa. Na parede leste havia um grande sofá de couro com várias almofadas em tom de verde sobre o mesmo, na parede oposta havia uma grande estante de madeira escura onde a televisão de plasma fazia-se presente. 

No outro canto da sala, notava-se um grande piano de cauda e um aparador no qual jazia um vaso de narcisos. Harry sorriu diante da ideia e voltou-se para seu amigo, que o encarava de forma escrutinante:

— Deixa eu adivinhar, pizza de marguerita? — Questionou, já ligando para a pizzaria enquanto Harry assentia, sorrindo sapeca. Os dois se conheciam melhor do qualquer outra pessoa. O moreno sabia, por exemplo, que Draco odiava chocolate branco, que ele tinha um medo irracional de escuro e que não queria seguir os planos que seu pai estabelecera para ele. Lucius insistia que o filho seguisse a carreira dele; mas ele não podia... Seu sonho era ser cantor, só não tinha tido coragem de dizer isso ao seu pai.

O loiro fez o pedido e desligou o telefone, os dois sentando lado a lado no sofá. Draco ligou a televisão e colocou no canal que desejava, o qual passava uma maratona de Star Wars. Harry ajeitou-se no sofá e sequer notou o olhar de seu amigo sobre si...

Draco levantou-se e pegou um copo, colocando no mesmo um pouco de Tanqueray, precisava de um pouco de coragem líquida.

— Vai beber? — Harry questionou, lançando um olhar preocupado para o amigo. Não gostava de o ver bebendo, não depois da noite em que o rapaz fora parar na cadeia embriagado. 

— Só um gole — foi sincero. Como ele faria aquilo? Como diria para o seu melhor que estava completa e irrevogavelmente apaixonado por ele? Que o amava mais do que jamais amou alguém na vida? Isso certamente assustaria Harry e ele não tinha certeza de que seria capaz de suportar a rejeição. — Podemos conversar? — Murmurou, sua voz desesperada. Ele sabia que podia arruinar para sempre aquela amizade, aquela relação... Mas precisava correr o risco.

 

Malfoy havia sido apaixonado por Harry por dois longos anos, os quais ele passou entre a dor e incerteza de acreditar que o outro jamais corresponderia aos seus sentimentos. Mas ele via num futuro com ele. 

— Claro — Potter tentou soar confiante; contudo, estava nervoso, notou que suas mãos tremiam e respirou fundo, contando até dez mentalmente. Os lábios contorceram-se e Draco precisou contar até dez para não colar sua boca a do amigo. Harry o levava à loucura.

Seu coração parecia ter vontade própria sempre que via Potter, implorando para que ele aproximasse e o fizesse seu de todas as maneiras possíveis. 

Ele não sabia se seu amor era certo ou pecaminoso. Mas estava pouco se lixando. Ele nunca sentiu algo tão forte quanto aquilo, nunca soube que amor podia doer de forma tão saborosa... Mas agora descobria que Harry era seu sabor do céu na Terra.

— Eu não sei por que estou falando isso — foi sincero: — Pode me chamar de egoísta ou louco mas... — pigarreou: — E eu estou aterrorizado com as consequências mas farei isso... — deu de ombros: — Eu estou completa e absolutamente apaixonado por você.

Draco sequer pôde piscar, quando deu-se conta os lábios de Harry estavam colados contra os seus lábios nos dele em um beijo desesperado. O loiro gemeu com o contato, seu corpo reagindo ao dele em um ímpeto insano. 

Ah, Deus! Ele sonhou tanto com aquilo! Tomou o pescoço do menor, seus lábios marcando aquela pele como sua. Eternamente sua. Para sempre. Ele garantiria que fosse sua.

Se amor é loucura, então não me importo de ir para o sanatório.

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Capítulo Dois - Fools

Harry fez desenhos suaves nas costas nuas de Draco, redecorando a textura. Seis meses. Eles conseguiram manter o relacionamento em segredo por seis longos meses. Até hoje o moreno não fazia ideia de como conseguira, mas tinha plena consciência de que Lucius Malfoy iria desprezar a ideia de que seu único filho era homossexual. Harry jamais faria Draco arriscar o amor de seu pai rígido, era injusto.

— Bom dia — murmurou, beijando a testa do namorado. Malfoy sorriu e bocejou, as pernas nuas entrelaças, o pênis ereto roçando no abdômen de Harry e de repente ele desejou tomá-lo em seus braços novamente, mas controlou-se.

— Bom dia — o loiro disse, coçando os olhos em um ato que Harry achou simplesmente adorável. Era cansativo esconder de todos o relacionamento, principalmente quando alguém tentava cantar Draco. Potter simplesmente odiava não poder unir ambas as mãos e mostrar que ele já tinha dono, muito obrigado! — Dormiu bem?

— Muito — o outro respondeu, malicioso. — O senhor me leva à loucura, não esperava isso do Santo Potter — disse, descendo a mão pelas costas bronzeadas do outro, que se conteve para não o agarrá-lo ali mesmo:

— Tenho minhas surpresas — disse, mordendo o lóbulo de Draco, o qual gemeu diante do contato: — Só meu — sua voz saiu rouca e cheia de domínio.

— Contanto que você seja só meu — o outro retrucou, astuciosamente.

Harry era dele. Disso ele não tinha dúvida. Draco não havia sido seu primeiro homem, mas Potter queria muito que fosse o último. Era engraçado, pois só os mais tolos se apaixonavam por alguém tão estupidamente perfeito e ainda assim irritante quanto Malfoy. Acho que sou idiota então. Pensou, sem incomodar-se muito.

Ele se via tendo uma vida com Harry Potter. Se via realmente acordando todos os dias e encarando aqueles olhos verdes estupidamente lindos, se via em noites selvagens, seu corpo no dele em uma luxúria desconcertante. Além disso, imaginava-se levando-o café na cama, por mais absurdo que aquilo pudesse soar, ele faria de tudo para vê-lo abrir aquele sorriso que fazia o coração de Draco parar e acelerar uma vez mais. 

— Você se imagina comigo? — Perguntou, incerto. Não sabia se aguentaria uma resposta negativa: — Digo, se imagina tendo uma vida ao meu lado?

— Sim... É claro que sim! Eu quero ficar com você até que a morte leve um de nós — foi a resposta sincera do outro. — Me imagino chegando em casa e servindo uma pequena dose do seu tão amado Tanqueray — explicou, unindo sua testa ao do namorado: — Eu amo você — foi sincero.

Harry James Potter amava Draco Lucius Malfoy. Parecia loucura, estupidez. Mas não era. Ele não imaginava sua vida ao lado de mais ninguém. Pelo contrário. Não tinha mais certeza de que conseguiria viver sem ele. Sem aqueles olhos cinzas tão cheios de vida, sem os sorriso bobos e os toques quentes, sem o corpo... A alma. Ele era de Draco Malfoy, não havia mais retorno.

— Mas e quanto ao meu pai? A sociedade — o loiro questionou, fechando os olhos ao perceber a realidade o atingindo. Mesmo em pleno século XXI, as pessoas pareciam esquecer que o que eles sentiam também era amor. — As pessoas não irão aceitar tão bem e...

— Foda-se a sociedade! — Potter tentou não perder a calma: — Estou cansada desa balela toda! Se eu te amo e quero ficar com você a sociedade que cale a boca e aceite! Eu te amo e nada do que gente preconceituosa tem a dizer mudará isso — foi incisivo. Agora que achara o amor de sua vida não o deixaria ir. Por nada. 

— Também te amo — Draco murmurou, puxando-o para um beijo. Só que Draco não sabia se era tão forte e obstinado quanto seu amante. — Te amo muito — garantiu e o abraçou. Só assim se sentiria seguro.

...

— Você o que?! — Lucius Malfoy questionou, erguendo-se da mesa. A bengala em sua mão ameaçadoramente próxima do rosto de Draco, que afastou-se diante da ameaça velada:

— Eu sou gay — repetiu, sua voz trêmula. Sua mão segurou a mão dele com força, como se o reassegurasse. Ele sentiu-se um pouco mais calmo. — Estou apaixonado e...

— Cale a boca! — Lucius berrou, fazendo com que Narcissa pulasse da cadeira. Ele sempre controlava bem as emoções: — Narcissa, saia imediatamente! — Ele exigiu e antes que ela pudesse protestar, seu filho a lançou um olhar desesperado. Suspirando, derrotada, a bela mulher saiu da sala: — Agora você vai me ouvir bem cuidadosamente, Draco! Você irá se afastar de quem quer que seja e voltará para a casa, eu te mandarei para Londres no final de semana, fui claro?

— Mas, pai! — O menino levantou-se, da cadeira e Lucius ergueu a bengala novamente, fazendo dar um passo para trás: — Não pode fazer isso, eu amo Harry! — Tentou conter as lágrimas, realmente tentou, mas não conseguia. Havia prometido ao namorado que voltaria, que nada os separaria.

— Não me chame de pai, seu bastardo! — O mais velho gritou de novo. Sem que percebesse, ele sentiu o peso da bengala contra suas costelas e arfou, procurando por ar. O menino caiu no chão e gemeu de dor, sentindo o chute que seu pai o dera nas costas. — Você não é mais meu filho! — Cuspiu as palavras: — Afaste-se de Harry Potter eu juro que irei riscá-lo do mapa.

Draco parou de respirar. Não pela dor, mas sim pelo choque. Seu pai não ousaria! Não ousaria fazer isso! Ele não podia.

— Você não faria isso — sussurrou, sentindo o desespero o dominar. — Por favor, não faça isso! — Implorou, soluçando!

— Chega, eu não aguento mais ouvir essa choradeira! Ou você termina esse relacionamento — sibilou: — Ou Harry Potter será um homem morto.

Draco não conseguia se mover após seu pai sair bufando do escritório. Seu corpo doía, insuportavelmente. Os soluços fracos escapavam por seus lábios e ele estava prestes a ceder. Doía. Demais. Era como um ácido que corria lentamente, como uma dor que nada parecia apaziguar. Seu Harry. Ele não podia permitir aquilo, mesmo que significasse sacrificar sua própria felicidade. Não podia deixá-lo morrer.

Ele foi atrás daquele que seria seu ex-namorado no dia seguinte.

— Draco! — Harry abriu um sorriso luminoso ao ver o namorado na porta de sua casa; o outro, entretanto, não parecia tão feliz. — O que houve? — Questionou, incerto. 

— Precisamos conversar — o loiro murmurou, desviando o olhar do dele: — Eu quero terminar — cruzou os braços, seriamente.

— Não tem graça, Dray! — Potter disse, forçando uma risada. Algo dentro de seu estômago revirou. Draco ergueu o olhar e Harry deu um passo em falso, apoiando-se no sofá para não ceder. — Não! — Balançou a cabeça, finalmente compreendendo.

— Não é uma brincadeira, Potter — tentou soar o mais frio possível, já era insuportável ver a dor visível nos olhos do outro. — Está acabado! 

— Foi seu pai, não foi?! — Harry berrou, desesperado: — Dray, se for ele podemos dar um jeito, podemos fugir daqui juntos! — Bateu o pé no chão incessantemente:

— Não tem nada a ver como meu pai, Potter — Draco o lançou um olhar repleto de desprezo e logo se arrependeu ao ver as lágrimas no rosto do outro. Quis abraçá-lo, mas não podia. — Eu cansei de você — deu de ombros, odiando o gosto amargo da mentira: — Foi bom enquanto durou.

Harry não conseguia respirar. Seu corpo tremia violentamente. Ele jamais sentira tanta dor na vida, nem mesmo quando Dudley o batia, nem mesmo com as punições de seus tios... Nada doeu tanto quanto aquilo. Ele sentia seus lábios tremendo, o chão parecendo ceder sob seus pés. Ele havia perdido a única pessoa que amara. A única.

— Você é um idiota, Draco! — Ele berrou, sentindo seus joelhos cederem contra o chão duro. — Eu sou um idiota — murmurou para si mesmo. Malfoy fechou os olhos e não falou mais nada... Apenas afastou-se.

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Capítulo Final - Talk Me Down  

Harry abriu os olhos, incerto. Ele não sentia mais dor. Algo curioso, sendo que nas últimas semanas tudo o que ele sentia era a maior e pior dor de todas. Tentou bloquear os pensamentos e falhou.

Ele havia partido há semanas, sem respostas... Sem nada. Levando consigo toda a cor da vida de Harry. Seu mundo agora era um quadro em preto e branco. Ele tornara-se daltônico. Mas ali estava ele, agora, novamente, diante de um belo mausoléu.

Harry quis aproximar-se. Como quis. Quis sentir o gosto dos lábios, o abraço forte. Atravessou o cemitério, feliz ao saber que ninguém notara sua presença. Ele não sabia muito bem como tivera coragem de vir, mas sabia que Draco precisava dele.

Ele ainda queria tudo, e sentia-se estúpido por isso. Queria dormir ao lado dele, acordar ao seu lado. Queria ver os sorrisos, queria sentir os abraços. Queria ir para casa e encontrá-lo lá. Seu maior desejo era apenas uma fantasia e ele sabia... Mas a ilusão sem dúvida era melhor do que a realidade. 

Quis entrelaçar sua mão na dele mas hesitou, não quis invadir o espaço do outro. Notou que todos estavam indo embora, deixando apenas Draco Malfoy e ele ali. Harry suspirou e colocou a mão sobre o ombro do ex-namorado, deliciando-se com a sensação. O loiro suspirou e virou o pescoço para o lado, abrindo os olhos e Harry pôde jurar sentir as lágrimas contra sua mão.

— Fale comigo! — Pediu, porém o outro o ignorou. 

Draco aproximou-se da beirada do precipício sobre o olhar confuso do outro. Abriu um sorriso amargo ao ver o mar. Inimigo que Harry o ensinara a enfrentar há tantos anos. 

— Har, eu não consigo! — O menino loiro disse, olhando para as ondas furiosas. Ele estava aterrorizado.

— Ei, estou aqui — o outro prometeu, entrelaçando as mãos: — Eu nunca vou deixar que nada te aconteça.

— Vai estar comigo? — Draco perguntou, os pequenos olhos cinzas brilhando de medo e receio.

— Sempre — Harry prometeu e os dois caminharam juntos em direção ao desconhecido.

Draco ofegou, fechando os olhos. Ele simplesmente não conseguia mais aguentar. Era tudo demais. Ele voltaria para uma casa vazia... Sem ninguém. Sem ninguém que o importasse. Seu corpo estava dolorido graças as várias vezes que ele fora agredido física e psicologicamente por seu... Pai. As lágrimas frescas caiam por seu rosto pálido.

Ele nunca mais o veria. Jamais presenciaria as sobrancelhas arqueando em concentração. Nunca poderia ver os lábios naquele sorriso que ele tanto amava e que fazia seu coração parar e voltar a bater loucamente, em um ritmo só dele. E o pior, ele nunca veria os olhos verdes brilhando cheios de vida... Havia uma ponte entre eles... Harry se fora. Para sempre. O deixara para trás e nada no mundo poderia trazer o homem que amava de volta.

Ele não era forte. Seu Harry era. Ele não. Virou-se e encarou a gravura na tumba recém aberta: "Aqui jaz Harry James Potter, amado filho e namorado". Não havia ninguém ali para o impedir, ninguém para dizer para não fazer aquela uma besteira... E ele não se importava. Entretanto, secretamente, desejou que Harry estivesse ali e o puxasse da ponta o abismo, o abraçasse e dissesse que tudo ficaria bem.

Estava decidido. Iria cruzar a ponte. Suspirou, incapaz de ouvir os gritos desesperados de Harry, e fechou os olhos... Deu um passo em direção ao mar e se deixou cair...

 

 

 

 


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Notas finais do capítulo

Os três capítulos foram baseados no álbum homônimo de Troye Sivan, em três músicas, especificamente:
1º Wild
2º Fools
3º Talk Me Down
Creio que esse não foi o final que vocês queriam; mas é, infelizmente, um final muito real. Mesmo no século XXI, casais homossexuais sofrem as consequências por simplesmente amarem. Infelizmente, de acordo com pesquisas, oito em cada dez pessoas que cometem suicídio são homossexuais.
Não saiam sem comentar *u*



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