E foi à queima roupa! escrita por Myhells


Capítulo 3
Capítulo 3 - Amor, sublime amor... à queima roupa (parte 3/3)


Notas iniciais do capítulo

Fim do curta.

Breve informação: Esse capítulo é escrito em terceira pessoa como mencionado nos avisos. Pois, será alternado entre as duas terras (vocês entenderão quando lerem).



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Hotel de Seattle 06:00 pm.

 

A Doutora Harley Quinzel acaba de chegar de sua palestra na cidade de Seattle e parece estar exausta. Ela se despede do motorista, Jarbas, que a trouxe do evento como Ian havia dito. Ele explicou que havia pego toda sua bagagem no aeroporto e deixado com os funcionários na recepção do Hotel. Ela agradeceu e desejou-lhe uma ótima noite. Parou de contar na terceira pergunta que haviam feito para ela naquele congresso. Mas estava satisfeita por ter dado uma ótima abertura naquela conferência de três dias. Sua participação havia terminado e se quisesse poderia assistir aos próximos como alguém normal da platéia. Até cogitou a ideia de fazer milhares de perguntas para os outros amigos, mas percebeu que preferiria aproveitar aquela cidade do que curtir com a cara dos colegas palestrantes. O porteiro do hotel Grand Hyatt Seattle, desejou-lhe boa noite, ela assim retribuiu. Observou aquele local e estava impressionada com todo o luxo do lugar, era realmente de cinco estrelas, pensou.

 

Caminhou até o balcão de madeira nobre da recepção que havia quatro lustres sob eles, o iluminando. Os quatro atendentes saudaram-na e desejaram-lhe boa noite, perguntando se poderiam ajudá-la. Harley concordou, disse que havia feito uma reserva e que um motorista havia deixado sua bagagem com alguém da recepção. Todos confirmaram que sabiam dessa informação e que já haviam tomado as devidas providências. A mala da Doutora já havia sido encaminhada para o seu quarto no trigésimo andar, quarto 2299. Ela agradeceu por toda atenção e foi em direção ao elevador. Pressionou o botão e as portas abriram-se rapidamente.

 

— É assim que gosto, de agilidade - brincou. 

 

Entrou e logo as portas fecharam-se. Estava sozinha no elevador. Ele era bastante espaçoso e com carpetes vermelhos. Toda arquitetura em dourado, gostava dessa sofisticação clássica em um lugar. Esperou alguns minutos até parar no seu andar e saiu, procurando o cartão na sua bolsa para abrir a porta. Ela sabia que não deveria ter guardado, mas sua mania de guardar objetos a obrigou a fazer o oposto. Passou o cartão na porta e assim entrou. Era um belo local e continha uma bela vista. Tirou os saltos apressadamente e correu para fitar a janela jogando a bolsa no sofá de linho. O céu estava lindo com os tons de azul escuro magnífico, bem diferente de Gotham que parecia ser sempre cinza. O hotel havia mandado algumas cortesias para desejar as boas-vindas, uma garrafa de champanhe francês com morangos com calda de chocolate, sua combinação preferida. Ela leu o pequeno cartão que dizia: Aproveite a estadia! 

 

— Isso não podia ficar melhor!

 

Começou a desfazer o coque do seu cabelo e depositou os óculos no balcão do bar. Começou a retirar seu jaleco branco e jogar sobre o sofá da sala, estava seguindo para o quarto quando viu sua bagagem. Lá estava sua mala preta-básica. Ela pegou e notou que estava ainda mais pesada do que o de costume. Eu exagerei dessa vez? Parece que coloquei um corpo aqui dentro, pensou. Decidiu que deveria puxá-la ao invés de carregá-la. A conduziu até a cama, depois a pegou para colocá-la sobre a mesma. Limpou a testa como se tivesse feito um enorme esforço. 

 

— Tudo bem, vamos ver que clandestino eu matei dessa vez - brincou, abriu a mala e ficou confusa. - O quê? - arqueou uma sobrancelha.

 

 

Centro de Seattle, casa da Pamela Isley 06:10 pm.

A casa de Pamela era, totalmente, diferente das casas tradicionais encontradas por toda Seattle, ela preferia um galpão abandonado para cuidar de suas plantas do que uma casa com compartimentos limitados. Fora sua pesquisa e o desejo de chegar em casa, o que ela mais desejava era um banho. Seu lar era composto por várias plantas, samambaias que desciam do teto, flores enfeitando todos os lados e claro, sempre, bem cuidadas. Ela começou a retirar seus saltos, a calça jeans e a blusa social azul, deixando amontoadas pelo chão. A mala havia ficado perto do sofá, não parecia tão pesada como era. Olhou a fotografia dos pais, sua mãe estava a esquerda sorrindo alegremente, seu pai logo atrás dela e ela encontrava-se entre os dois. Todos eram alvos, ruivos e de olhos verdes. Ela deveria ter oito anos naquela foto. Prendeu os cabelos ruivos como um coque e avisou para suas plantas que estava em casa.

 

— A mamãe chegou queridas, desculpem ter passado esse tempo fora - disse enquanto falava com suas plantas que estavam na estufa que ela mesma havia construído. - Vocês parecem ter se divertido muito na minha ausência, estão ótimas.

 

Deu um beijo na flor e desejou-lhe boa noite.

 

Caminhou para o banheiro e começou a tomar um banho, estava aliviada por sentir aquele jato frio em seu corpo. Passou os dez minutos aproveitando toda aquela água. Saiu secando os cabelos, quando decidiu que deveria trazer sua mala para o quarto, puxou a bagagem até sua cama e colocou lá. Ainda estava caminhando sem roupa pela casa, quando resolveu sentar e abrir a bagagem. Estava surpresa, não havia nada seu ali dentro. Roupas vermelhas, pretas, jaquetas de couro preto e vermelho, um livro sobre psicologia criminal, lingerie transparentes e etc.

 

— Definitivamente essas NÃO são as minhas coisas! - observou um caderno preto no fundo e o pegou. Nele dizia "Diário da Harley Quinzel" - Um diário? 

 

Pamela abriu aquele diário.

 

— É só procurar seus dados pessoais e nada mais - disse para si. Mas, não havia nenhuma informação da pessoa, a primeira página já começava com a dona falando com seu diário.

 

"Diário,

 

Quando perderei essa mania de falar com você? Para uma adolescente de quinze anos é totalmente normal, para uma Doutora em Psiquiatria eu já não considero tão normal assim (...)"

 

"Pare de ler Pamela, você está invadindo o espaço dessa Doutora em psiquiatria ou seja lá quem ela for. Não acredito que ela ainda têm um diário." pensou ao sorrir de forma divertida pela primeira vez naquele dia. Mas seus olhos foram mais ágeis e ela retornou a leitura:

 

"Talvez isso deva ao fato de ter desenvolvido laços afetivos com você ou de nunca ter me julgado ou porque é meu melhor ouvinte. Todos precisamos ser ouvidos em algum determinado momento de nossas vidas."

 

— É verdade! - concordou Pam. - Chega Pamela Lilian Isley, não foi assim que foi criada! - fechou de chofre o diário e guardou onde havia encontrado. Observou mais a mala e lá estava um crachá com os dados da dona.

 

— Pertence a Doutora Harley Francis Quinzel, por favor ligar para este número.

 

Pamela procurou seu telefone e lembrou que havia deixado no bolso da calça que estava no chão da sala. Correu para lá e revistou os bolsos da sua calça, encontrando seu aparelho prateado. No exato momento ele começou a vibrar e tocar, ela se assustou abruptamente e após dez segundos resolveu atender.

 

— Pamela Isley - disse ela.

 

Alô, Pamela? - disse a outra voz.

 

— Harley? - Pamela falou de chofre, não sabia se podia ser a dona da mala, mas algo dizia que só poderia ser ela. Pamela só recebia ligações de duas pessoas: sua coordenadora-chefe, Luíza e de Mark. Mark iria aguardar ela ligar e Luíza não havia motivos para ligar agora, então só restava a dona da bagagem.

 

Sim, sou eu! O motorista que foi ao aeroporto pegar minha mala, ficou com a sua por engano. Sinto muito por isso.

 

— Eu percebi. Não tem problema algum, então...  

 

Como faremos para destrocar? - Harley retornou a falar.— Você vai trazer a minha mala ou eu levo a sua mala para que possamos nos encontrar?- Ela sorriu com a loucura da sua frase, o que fez a Doutora Isley sorrir também.

 

— Sim, eu levarei a sua mala para encontrar com a minha. Você mora aqui?

 

Não, estou numa conferência de psiquiatria, acabei de chegar de Gotham.

 

— Eu também! - confessou Pam. - Que coincidência.

 

Você mora em Gotham? - Indagou Harley um tanto curiosa.

 

— Não, eu acabei de vim de Gotham, estava visitando um amigo. Eu sou de Seattle mesmo.

 

—  Entendo, então como guia local o que você sugere? - deu mais um sorriso.

 

Em qual hotel você está? Eu passo aí agora, se não for incomodar.

 

Claro que não incomodará! Eu preciso mesmo das minhas roupas, pretendia jantar hoje à noite. 

 

Você têm um encontro? Eu passarei rapidinho então. Só me dar o número do quarto e o hotel e estaremos com as malas destrocadas - Pamela apressou-se em falar.

 

Não, não tenho um encontro, eu pretendia jantar só para conhecer a cidade. Estou no hotel Grand Hyatt Seattle, trigésimo andar, quarto 2299.

 

Anotado Harley! Te vejo em menos de vinte minutos.

 

Como você é rápida!

 

Eu moro a vinte minutos daí - explicou Pam.

 

Pamela colocou novamente sua roupa e saiu.

 

 

Grand Hyatt Seattle... quarto 2299

Harley havia tomado um banho, afinal encontrar com a Pamela, após uma conferência de horas não seria uma boa ideia. Mas teria que encarar aquela roupa novamente, lhe dava arrepios. A única coisa que sabia sobre Pam é que ela tinha muitos papéis sobre OGM e que deveria ser uma botânica, segundo as características que a psiquiatra dentro dela teimava em analisar tudo ao seu redor. Estava com os cabelos soltos dessa vez, o óculos continuava no balcão do bar e ela aguardava a subida de Pamela, pois já havia sido informada que havia chegado. Outra característica que a loira observou sobre a outra mulher, é que ela era pontual. O que Harley admirava em uma pessoa. Quando os vinte minutos foram completados a porta fora batida por três vezes. 

 

— Definitivamente, ela é MUITO pontual! - falou para si. - Um momento. - disse enquanto caminhou até a porta e abriu.

 

Pamela estava ali, na sua frente. Deveria ser três centímetros mais baixa que ela. Chutou 1,67 para a ruiva e deveria pesar em torno de cinquenta quilos. Ela tinha lindos olhos verdes e um cabelo ruivo, cor de cobre que descia até os ombros, ondulando nas pontas. Estava vestindo uma blusa azul e calças jeans. Harley a olhou dos pés a cabeça e sorriu esticando a mão para cumprimentá-la e falou:

 

— Olá, Doutora Harley Quinzel, prazer em conhecê-la e desculpe o transtorno.

Pamela retribuiu o aperto de mão e disse que não era incomodo algum.

 

Harley pediu para que ela entrasse e ficasse à vontade, ela afastou para dar passagem. E Pam agradeceu e entrou admirando o lugar.

 

— Você está em um belo hotel, acho que nunca entrei aqui depois do vigésimo andar. É bem diferente a arquitetura - começou Pamela.

 

— É bem diferente e bem caro, um assalto teria me custado menos.

 

Ambas riram da brincadeira de Harley. 

 

— Você pode deixar a mala aqui, gostaria de beber comigo? - Harley caminhava em direção ao bar, enquanto continuava a falar. - O hotel me deu algumas cortesias, sabe como são bajuladores.

 

Pam assentiu que sim e falou:

— Ah não, não quero incomodá-la.

 

— Por favor? Eu insisto - Harley começava a servir as duas taças. - acabei de voltar do congresso e minha outra opção é procurar em um guia o que deveria fazer sozinha ou dormir. Com você aqui, poderemos conversar, por exemplo, eu abri sua mala e... - deu a bebida para Pamela e a conduziu para o sofá, levando a garrafa de bebida com alguns morangos. - percebi que é botânica. Eu não abri por curiosidade, achei que a mala era a minha, sinto muito.

 

Pamela sorriu ao se sentar no sofá de linho e disse que não tinha problema.

 

— Eu também abri sua mala e percebi que é psiquiatra. Não se preocupe quanto à isso. Ambas abrimos por um momento a mala uma da outra.

 

 

Enquanto isso na Terra 1, cela de Arkham... após Hera ter sido liberada de sua solitária e quase asfixiada por falta do oxigênio que os humanos produzem para as plantas. 

— Oh Ruiva, não é tão legal o Asilo Arkham deixar a gente ser colegas de quarto? - indagava Arlequina sorridentemente, enquanto saltitava.

 

— Você é tão idiota! Você só está aqui, porque preciso de você para respirar! - explicou Hera.

 

— Aww! Eu sinto o mesmo sobre você, Ruiva! - confessou Arlequina, abraçando a outra rapidamente que revirou os olhos.

 

Rapidamente uma pequena fenda abriu diante delas revelando duas mulheres, uma loira e a outra ruiva. Pareciam estar tendo uma ótima conversa e não percebiam que elas estavam ali. Na verdade, Arlequina não sabia como aquilo havia surgido.

 

— Arlequina? - questionou Hera.

 

— Ruiva não fui eu! - disse se levantando e se aproximando da fenda, tentando enxergar quem eram. - Será que elas podem nos ouvir? Oi? Oi?? - começou a balançar os braços para chamar a atenção das mulheres.

 

— O que pensa que está fazendo? Está na cara que isso se trata do multiverso. E... elas são familiares... - Hera se levantou ficando ao lado da loira.

 

— Uh, Hera... é você! E está com uma loira - Arlequina começou a rir debochadamente. - Sempre soube que você gostava das loiras.

 

Hera revirou os olhos e voltou a fitar a fenda que aparecia na sua cela e ficou surpresa quando olhou a loira se levantar e era Arlequina, em sua versão Doutora Quinzel.

 

— Somos nós? - disse Arlequina chocada.

 

— Ha-Ha-Ha quem está rindo agora? - debochou a ruiva.

 

Uma hora depois...

O que elas estão fazendo? - indagou Hera.

 

— Você quer dizer nós, não é Ruiva? 

 

Os olhos de Hera se arregalaram para o que estava começando a acontecer e Arlequina falou:

 

— Como você é ousada Ruiva.

 

— Cala a boca! - Hera tapou os olhos de Arlequina que reclamou dizendo que queria ver mais. A outra jogou um travesseiro que atravessou pela fenda e fechou logo em seguida, retirando enfim, as mãos dos olhos de Arlequina.

 

— Ué, pra onde foi a Tevê do outro mundo? 

 

— Ocorreu uma falta de energia. - Hera se levantou e foi fitar as grades da janela da cela das duas, enquanto Arlequina reclamava que ela havia estragado a diversão.

 

— Que TÉDIO! O que nós poderemos fazer agora, Ruiva? - disse Arle deitada na cama de Hera.

 

A loira não percebeu quando a outra se aproximou da cama e subiu sobre a mesma, colocando uma perna de cada lado do seu tronco.

 

— O que nós poderemos fazer? - disse Hera ao aproximar o rosto de Arlequina.

 

— Ruiva? - indagou a outra.

 

— Eu vou te dar uma dica... - ela sussurrou no ouvido da loira e depositou um beijo em seus lábios. Arlequina ficou surpresa. Após alguns segundos a loira envolveu os braços na cintura da outra e a puxou para perto de si, retribuindo de forma mais fogosa aquele beijo.

 

 

Enquanto isso na Terra 2, no quarto 2299, 01:30 am.

Pamela acaba de acordar e vê ao seu lado a loira que havia ficado com sua mala. Ela parece estar dormindo profundamente, um objeto preto está seguro entre suas mãos. A ruiva achou melhor retirá-lo para que ela possa dormir mais confortavelmente. Com a ajuda do plenilúnio que brilha alto, iluminando o quarto daquele hotel, Pamela consegue ver que era o diário de Harley.

 

"Nos encontramos mais uma vez" pensa a jovem botânica. "Pamela se controla, não vai abrir esse diário de novo." 

 

Pamela morde os lábios, olha mais uma vez para Harley nua em sua cama e sorri. "Que loucura acabamos de fazer", pensou. Ela sente que algo está marcando o diário e não consegue controlar a curiosidade, abre na página que havia uma caneta preta. Estava escrito:

 

"Diário,

 

(...) conheci uma mulher incrível hoje! Pode ser meio estranho o que acabou de acontecer. Nem mesmo eu entendo ou sei explicar.

Eu só posso pensar uma coisa sobre isso Diário... (...) amor, sublime amor... à queima roupa!"

 

 

Fim.


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Notas finais do capítulo

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