Sangue Híbrido escrita por Logan Black


Capítulo 3
Brother




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/70546/chapter/3

Não conseguia acreditar em tudo o que seu pai dissera. Não podia acreditar. Saber que Sarah tinha uma descendente, saber que uma pessoa no mundo era igual aquela que amou. Não podia acreditar. Sabia que aquilo podia acontecer, mas ele tão azarado que nunca esperou que isso acontecesse com ele. E mais, mesmo que ela fosse parecida com a tataravó, ela não era Sarah, nem nunca será.

Chegou em casa extremamente irritado. Seu pai o encheu de baboseiras e chantagens. Não queria ser quem ele realmente era. Não queria se tornar o Rei dos vampiros. Queria continuar do jeito que estava sem ninguém encima dele, cobrando coisas que ele com certeza nunca faria. Se fosse para alguém ser o Rei, por que não o Vitor, seu meio irmão?

Por falar em Vitor, só naquele momento tinha percebido o cheiro dele. Ótimo, tudo o que precisava agora era da visita inesperada de seu meio irmão.

- Posso sentir seu cheiro, idiota, saia daí. – Disse, sentando-se no grande sofá da sala, ligando a TV.

- Por mais que eu queira meu cheiro não passa despercebido por você e pelo papai, mas só por vocês também.

De uma porta entreaberta no corredor, saiu um rapaz mais baixo que Erick, os cabelos castanhos compridos até o ombro esvoaçaram um pouco com os movimentos rápidos que fez até chegar ao sofá. Sua pele era quase tão clara que a de Erick, porém um pouco mais bronzeada. Seus olhos eram claros, tão claros que pareciam cor de gelo, se é que aquela cor existia, e o sorriso que trazia no rosto era um tanto maldoso.

- Pelo jeito papai lhe contou as novidades. – Disse, olhando o irmão diretamente nos olhos.

- Então você já sabia?

- Claro, fui eu quem a encontrou.

A declaração de Vitor mexeu com Erick. Então era isso, o irmão queria lhe provocar, saber qual seria sua reação. Não ia deixar que ele triunfasse nisso tudo. Vitor podia ser meio humano, mas sua astúcia e malicia eram características de um legítimo vampiro.

- Bom pra você. – Disse friamente.

- Tenho que admitir maninho, ela era realmente bonita. A Sarah.

- Sim.

- Uma pena eu não tê-la conhecido.

- Naquela época você não imaginava que iria existir.

- Mas se eu existisse-

- O que você quer?

- Dizer “oi” para o meu querido meio irmão.

- Não seja tão falso Vitor. E se você achou a descendente da Sarah-

- Mariah!

- Mariah... Tão linda, por que não ficou por lá e se casou com ela?

- Como assim?

- Seu plano era dizer que tinha encontra a descendente de Sarah para nosso pai, para que ele me contasse e aí eu fosse atrás dela para saber se era verdade. Uma armadilha. Você só queria ver o meu sofrimento, a minha angústia. Mas tem uma coisa que você não previu: o meu desinteresse.

- Desinteresse?

- Sim, Vitor. Meu desinteresse. Por mais que Mariah possa ser idêntica à Sarah, a Mariah é a Mariah, ela nunca será a Sarah, nunca.

Vitor ficou paralisado. Não previa realmente essa reação do irmão. Por mais que Mariah fosse a descendente de Sarah, não só pela semelhança física, mas também por ela era uma bruxa, esperava mais do irmão. Estava de fato indignado.

- Você mudou... – Disse por fim.

- Hahaha! Apesar de tudo, você só é meio vampiro Vitor, nunca saberá o que se passa na minha mente.

- Tenho minhas vantagens por ser assim.

- Você quer eliminar essa sua parte humana.

Erick estava sendo cruel. Jogar na cara de Vitor o seu verdadeiro desejo era como se quisesse que o irmão o atacasse, mesmo que fosse em vão, já que sua força nunca chegaria perto da de Erick.

- Não comece... – Disse Vitor ameaçadoramente. Era verdade que nunca ganhara de Erick numa luta, mas ainda assim, ele soava tão ameaçador quanto um verdadeiro vampiro.

Erick viu os olhos do irmão mudarem de cor. Estavam agora numa cor pouco mais escuras que antes, um azul escuro. Vitor ainda tinha uma metade humana. Uma metade que queria eliminar a qualquer custo, e a única forma disso acontecer era tomando o sangue de um vampiro totalmente puro-sangue, ou seja, seu irmão ou seu pai.

- Você é tão previsível, Vitor. – Disse Erick se levantando e indo até a cozinha. – Quer beber algo? – Tirava da geladeira uma garrafa de vidro cheia de um liquido vermelho-escuro. Era sangue.

- Engraçadinho. – Disse Vitor se levantando também, parou no balcão da cozinha, pegou um copo no secador e o encheu de água. Apesar de ser meio vampiro, sangue não lhe caía muito bem, sempre ficava enjoado.

- Fraco... - Erick sorria sarcasticamente. Adorava provocar o irmão. Adorava torturá-lo. Seu corpo ainda era vivo, ainda corria sangue, seu coração batia, era por isso que não podia beber sangue. Mas Erick sabia muito bem que o cheiro de sangue atiçava a fome de Vitor, o fazia sentir fome de alguma carne mal passada. – Tem carne na geladeira, fraco. – Disse enquanto bebia um pouco do sangue na própria garrafa.

- Vai deixar que eu fique aqui? – Perguntou Vitor, ignorando os insultos e as provocações do irmão.

- Por que você acha isso?

- Por nada...

Apesar de tudo, era assim o relacionamento de ambos. Provocações, somente provocações. Apesar de já serem irmãos há quase 100 anos, Erick sempre trataria Vitor como um ser humano normal, um ser humano com algumas vantagens.

- Você é fraco. Não agüentaria ficar aqui vendo o que faço.

- Caçando.

- Você ainda não pode caçar.

- Enquanto nosso pai continuar me enrolando...

- Você pode ser o rei.

- Não enquanto for meio humano.

- Não enquanto for fraco.

- ... – Odiava realmente quando Erick fazia tais insinuações. Não fora até lá para receber provocações dele. Fora até lá para provocá-lo.

- Você precisa aprender a tomar sangue sem vomitar. – Erick sorria, sempre gostou de provocar o irmão com essa sua fraqueza. Com essa sua humanidade. – Caso não consiga, nunca se tornará um vampiro completo.

- Você sabe que só o seu sangue ou o do nosso pai podem me transformar por completo.

- Nosso sangue é forte demais para você... Para um humano. Você tem que começar com sangue humano normal. – Ofereceu a garrafa para Vitor que fez uma careta. – Hahaha. Fraco.

Não conseguia mais suportar aquilo, toda aquela provocação. Se levantou bruscamente, utilizando da sua velocidade da sobre humana, segurou firme o pescoço de Erick, ou pelo menos tentou. Erick pegou firmemente o pulso de Vitor e começou a apertá-lo, logo o mais baixo afrouxou o aperto em seu pescoço, mesmo que aquilo não fizesse nem cócegas. O sorriso de Erick estava cada vez mais malvado, ante a visão de dor e sofrimento do irmão.

- Fraco sempre será fraco. Nada poderá mudar isso. Mesmo que você se transforme completamente, tenho 400 anos na sua frente. E sempre serei mais forte que você. – Pegou o irmão pela gola da camiseta preta, o levantou até que as pontas do pé não tocassem no chão, e o lançou contra a janela da sala.

Vitor chocou-se violentamente contra a janela, mas não caiu. A sacada ali era grande o suficiente para parar seu progresso. Levantou-se com dificuldade. Os cacos de vidro espalhados na sacada fez com que suas mãos doessem ao tocá-los. Estava com dificuldade para respirar, o cabelo estava bagunçado e tinha alguns pequenos cortes no rosto e braços. Tinha ódio nos olhos, quanto mais ódio sentia mais escuro seus olhos ficavam, agora era um negro intenso, tanto quando ficavam os de Erick quando estava com fome.

- Seu-desgraçado! – Conseguiu pronunciar com a respiração ainda falhando.

- Viu? Você sempre será um fraco. – Vitor não viu quando e nem como, mas enquanto falava Erick estava do seu lado, os olhos vermelhos brilhando. – Você nunca conseguirá me superar, Vitor, encare a realidade. – De novo aquele sorriso maldoso.

- Espere... E verá... – A presença de Erick estava o incomodando. Aquele era o poder dele. Impor uma presença ameaçadora e assassina, fazendo com que qualquer ameaça se afastasse rapidamente.

- Está quase anoitecendo. Quer sair? – Perguntou Erick, olhando para o céu que já adquiria uma cor azul marinho.

- Heh! Primeiro quase me mata para depois querer sair comigo?

- Quem disse que estava falando com você. – E então, de novo Vitor sentiu uma presença que o incomodava, conhecia aquela presença.

Mais uma pessoa se encontrava na sacada da sala. Ele era tão alto quanto Erick. Seus cabelos loiros cobriam a testa, os olhos estavam tão vermelhos quanto os de Erick agora, mas quando não estavam vermelhos era de um azul intenso. Pele igualmente branca como a de Erick, um sorriso misterioso nos lábios.

- Vejo que você voltou Vitor. – Disse o loiro.

- Olá, Henrique. – Vitor se sentia totalmente desconfortável diante da presença daqueles dois.

- Ainda humano... – Comentou Henrique, um sorriso malicioso aparecendo no rosto.

- Meio humano. – Vitor conseguiu se recompor e decidiu entrar na sala, ficar ali na sacada estava sendo totalmente desconfortável.

Henrique olhou para Erick, o sorriso desapareceu. Queria saber o que Vitor fazia ali e por que Erick ainda não o expulsara.

- Então...? – Começou a falar, mas Erick levantou a mão, impedindo-o de continuar.

- Nada que você precise saber. – Aquilo era um ponto final no assunto, decididamente.

- Ok... Ainda quer sair?

- Claro que quero!

O clima de repente mudou, como se nada tivesse acontecido. Vitor percebeu isso de dentro da sala, não conseguia acreditar como algo assim era possível. Até poucos instantes sua presença fazia com o que o irmão ficava hostil. Era só Henrique chegar que tudo mudava. Odiava Henrique por causa disso.

- Você vem junto Vitor? – Perguntou Henrique.

- Ele é fraco, não é digno de andar com a gente, um humano... – A provocação de Erick tocou fundo dessa vez. Conhecia muito bem o desprezo que o irmão tinha por si, e sua parte humana sempre ficava mal quando era tratado assim. – Humanos são extremamente fracos, você sabe.

- Sim, eu sei.

Vitor viu no olhar de Henrique algo como pena, ou seria ilusão? Henrique era um vampiro, vampiros não tinham emoção ou qualquer tipo de sentimento. O que Erick sentiu uma vez por aquela bruxa podia ser facilmente classificado como encantamento. Era nisso o que seu pai acreditava, mas às vezes duvidava disso.

- Vitor, arrume essa bagunça se quiser ficar aqui. – Disse Erick friamente enquanto ia em direção ao seu quarto com Henrique no seu encalço.

Vitor ficou sozinho na sala por um momento. Não sabia o que fazer ou o que dizer. Seu irmão aceitou com que ele ficasse lá, mas para ser sua faxineira?! Ele estava abusando isso sim. Levantou-se e foi até o elevador. Iria embora e que se dane seu irmão. Erick era hipócrita e arrogante, era tudo o que mais detestava e nunca sequer fora próximo a ele. Erick gostava de viver sozinho, de fazer tudo aquilo que gostava de fazer sem ninguém por perto, era um enorme idiota. Não iria ficar ali com aquele ser prepotente. Não suportaria ficar ali.

Quando o elevador chegou entrou com pressa, ainda sentia um pouco de dor pelo corpo, mas aquilo logo passaria, bastaria comer algo que fizesse aquela fome passar. O cheiro do seu próprio sangue lhe fazia sentir fome. O elevador fechou a porta e saiu de lá sem dizer tchau para Erick, mas prometia para si mesmo que iria voltar e se vingar de Erick, com certeza iria.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Sangue Híbrido" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.