The Mouse In The Morgue escrita por VickSaturn


Capítulo 3
Rescue


Notas iniciais do capítulo

Boa Leitura!!!



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A morena sentada a sua frente sorriu ao acender um cigarro como se o machucado em seu lábio não a incomodasse. Lacerações nos braços, contusões onde as mais recentes possuíam grotescos tons de roxo e os mais antigos tinham tons de amarelo ou verde, rosto dela também não escapou das agressões, na verdade, ela não pareceu se importar em ir ao extremo para que seu plano fosse bem sucedido. A moça soltou uma grande quantidade de fumaça pela boca deixando claro que apreciava a mesma através de um suspiro quase que apaixonado.

— Você não faz ideia do quanto eu senti falta disso. Anos sem sentir o sabor amargo da nicotina se impregnando na base da língua, a fumaça descendo por minha garganta e sendo tragada por meus pulmões. Intoxicar a si mesmo é tão fácil, não acha? É incrível como nosso corpo é instintivamente compelido por nosso cérebro a evitar coisas que podem nos machucar, mas ainda sim, ele é tão facilmente manipulável por certas pessoas, certas drogas, certas... Situações. Até que nos tornamos dependentes do que devíamos evitar. Sabe o que isso prova? — Perguntou retoricamente sorvendo mais uma vez a nicotina do cigarro antes de responder a própria indagação. — Que até algo que devia nos promover segurança pode falhar. O cérebro é um órgão complexo, mas imperfeito. Isso te lembra de algo ou alguém?
Ela voltou a soltar a fumaça em puro deleite.
— Fui obrigado a fazer o que fiz.
Disse o homem com a expressão imutável.
— Ah, eu sei. Imagino como deve estar sendo difícil escolher entre seu país e milhares de pessoas no lugar de seu irmão. — Ela suspirou inclinando-se para frente. — Obrigada. Em retorno, gostaria de saber se há algo que eu possa fazer para você, se há algo que você queira.
— Você atrás das grades.
Ela não se abalou.
— Algo que seja de possível efetuação, por favor.
— Quero que deixe meu irmão em paz.
Ela revirou os olhos.
— Ah Mycroft, pare de fazer pedidos impossíveis.
— O que você quer?
— Como a peste negra se propagou no século XV? — Ela sorriu. — Veja bem Mike, eu tenho uma pulguinha atrás da orelha e essa pulguinha se chama Sherlock.
— Não o mate.
Ela revirou os olhos.
— Não vou matá-lo. Mamãe me ensinou a não brincar com a comida e seria um sacrilégio desperdiçar um pedaço tão bom de queijo. 
— É assim como vê ele? Como algo comestível? 
— É assim que eu vejo todo mundo. Alguns, por exemplo, eu digo a meus homens que os quero como queijo suíço; cheios de furos, mas seu irmão é um tipo raro de iguaria que pretendo degustar por tempo indeterminado. Agora, por falar nele, devo me preparar para sua chegada.
Comentou levantando-se pronta para deixar a sala.
— Molly?
Ela parou na porta, sua mão direita brincou com a maçaneta.
— Sim?
— Por quê?
Ela o fitou por sobre o ombro, um sorriso singelo nos lábios.
— Você cumpriu sua parte do acordo Mycroft, agora vou cumprir a minha. Estou lhe devolvendo tudo o que é seu. De Londres à sua vida insipida e sem graça.
O Holmes mais velho assentiu.
— E Sherlock?
Molly Hooper riu.
— Obrigada pelo adorável pedaço de queijo, Holmes. 
(...)
Cairo, Egito
— Diante da crise politica, os atentados a cristões no Egito cresceram em grande escala e muitas igrejas foram destruídas ou queimadas por islamitas radicais.
— Então você acha que ela está em uma igreja cristã que foi queimada?
— Sim.
Respondeu Sherlock entrando em um dos carros-fortes de busca emprestado pela policia local seguido de John. Ao todo, era cinco carros blindados e grandes o suficiente para portar de cinco a seis homens armados.
— Baseado em que?
— Na cruz.
— Cruz?
— E na inscrição.
— Inscrição?
O detetive consultor puxou seu celular do casaco e entregou a Lestrade.
— Olhe no fundo dos olhos dela. Consegue ver? — Lestrade assentiu. — No momento em que Molly olhou seu agressor, e decidiu confrontá-lo, ela olhou a cruz de relance. Se você pensasse que ia morrer, supondo que você acreditasse no mesmo que Molly, o que você faria? O que ela procuraria em uma cruz em seus últimos minutos?
O carro começou a se mover.
— Perdão.
Murmurou John também olhando para a imagem por cima do ombro de Sherlock.
— Exato. Então ela confronta seu sequestrador, pensa que vai morrer e olha para cruz procurando por conforto e para pedir perdão. O outro ponto é fácil.
— A inscrição?
— Sim. Na cruz está pichado em árabe “República Árabe do Egito”. A partir dai, ficou muito fácil.
Uma careta se instalou no rosto de Lestrade.
— Foram muitas igrejas queimadas por muçulmanos, Sherlock. Como vamos encontrá-la?
— Sim, mas a parede foi queimada recentemente. A parede esta em uma cor de cinza muito forte, significa que aconteceu há pouco tempo. Depois de certo tempo a parede queimada adquire tons de branco e cinza claro como a de uma manhã nublada, mas essa não, essa está cinza escuro. Com essa informação, precisamos apenas procurar por igrejas que sofreram esse tipo de atentado em menos de três, quatro meses.
Greg aceitou a explicação.
— Tudo bem, o que você tem?
Sherlock puxou um mapa do bolso.
— Enquanto estava no helicóptero fiz algumas pesquisas, utilizei registros do país, ocorrências de fogo nos últimos meses. No total foram cinco. Tem que ser uma delas.
Explicou entregando o mapa ao oficial que dirigia o carro e explicando as rotas.
— Aliás, como conseguiu o helicóptero?
Perguntou Lestrade de repente.
— O nome de Mycroft ainda tem muita influência e quase tudo é possível para uma família que ainda se encontra de luto.
As duas primeiras igrejas tiveram resultados decepcionantes. A esperança de achar Molly surgiu na porta de ambas e morreu ao passarem por ela, pois nenhuma era a que estavam procurando. Antes de partirem para a próxima igreja, uma ideia aparentemente brilhante partiu de Lestrade.
— Como assim?
— Faltam três igrejas e temos três carros de busca. Vamos nos separar. O primeiro que encontrar Molly avisa os outros e nos reunimos em seguida.
— O que acha Sherlock?
Indagou John tapando o rosto com uma das mãos por conta do sol escaldante.
— Não é uma péssima ideia.
John seguiria para a igreja ao norte, Greg a oeste e Sherlock a leste. Coordenadas simples, homens armados até os dentes prontos para invadir o local e derrubar os sequestradores em caso de resistência. O trajeto levou poucos minutos para Sherlock e um pouco mais para que ele se certificasse de que todos estariam ali.
— Lestrade?
“Estamos prontos para entrar aqui”.
Respondeu Greg por seu comunicador.
— John?
“Tudo pronto aqui também, Sherlock”.
Sherlock foi o último a passar pela porta da igreja dando espaço para os homens armados que já se espalhavam pelo local aparentemente abandonado, mas que era exatamente o lugar que estavam procurando. Ali, logo na entrada ainda se encontrava a câmera, a cadeira em que Molly por diversas vezes foi atada estava caída no chão e não havia duvidas de que o sangue utilizado para pintar a mensagem na parede era da legista. Sherlock congelou naquele espaço. “A resposta está no inicio”, dizia a mensagem.
— Sr. Holmes?... Sr. Holmes? — Ele encarou o homem que anunciou. — Nenhum sinal da moça, Sr. Holmes.
— Sim, nenhum.
Sem aviso, o walkie-talkie na mão de Sherlock chiou.
— Sherlock.
O detetive levou o dispositivo para mais perto do rosto.
— John?
— Ela esteve aqui. Tem sangue pra todo lado Sherlock e tem uma mensagem na parede escrita a sangue.
As palavras jorraram do doutor.
— Mensagem? Que mensagem?
Levou alguns segundos, mas logo Sherlock sentiu o celular vibrar no bolso. Uma foto de uma parede chamuscada com a frase: “Ache o tesouro antes que ele se ‘afogue’”.
— Mais sangue aqui também. — Choramingou Gregory pelo walkie-talkie. — Aqui diz: “Mary sabe”. O que isso quer dizer, Sherlock? Onde ela está?
Frustrado, Sherlock saiu por onde entrou voltando para o carro blindado do lado de fora da igreja.

— Significa uma troca.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham curtido e até o próximo!
P.S.: se houver erros no texto, foi bug do nyah. Ele tem dado uns problemas na hora da postagem. Enfim, beijos!!!
VickSaturn



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