Narrador

Quando era criança, Percy sempre ouvia de sua mãe o quanto determinado ele era. Agora, na frente da doceria Doce Azul, ele podia dizer que ela ficaria orgulhosa de sua determinação.

O melhor é que ele podia disser isso pessoalmente a ela.

[...]

O dia de Annabeth começou bem agitado. Primeiro, chovia. Segundo, Bash não queria ir a escola, ao invés disso, queria ir para a doceria com ela, e quando perguntou o porque- com medo do filho estar sofrendo alguma coisa na escola, preocupação de mãe-, Bash apenas disse que estava esperando alguém muito especial lá...

Depois, a caminho do colégio de Bash, afim de deixa-lo na escola, pegou muito transito, o que a fez se atrasar para o trabalho (a doceria). Quarto, assim que chegou no trabalho, Annabeth recebeu uma ligação da escola de Bash, falando que ele havia aprontado na escola e que Annabeth teria que voltar para busca-lo. Pegou mais fila e ainda teve que dar uma bronca em seu filho. Nesse meio período, ela não esperava que, assim que entrasse na Doce Azul, ela o encontraria.

Justo ele

A única coisa que pensou assim que o viu foi: Bash

Bash

Quando Jack me viu passar pelos portões do colégio, franziu as sobrancelhas e veio correndo em minha direção

—O que você esta fazendo aqui?!- Perguntou, agarrado o meu braço e me levando para longe da multidão- Temos 10 minutos antes do sinal tocar, ainda da tempo! O que você esta fazendo aqui? Era pra você estar na Doce Azul, esperando por Ele, como o combinado!

—Eu sei! Mas minha mãe não deixou faltar a aula!- Me expliquei o mais rápido possível.

—O que você disse para ela?

—Falei que precisava ir a doceria, se podia faltar a aula- Vi Jack bater na própria testa e depois falar

—Porque você não mentiu?! Qual é, Bash?! Você é o maior mentiroso que eu já conheci! Você podia ter contado um mentirinha

Por mais que odiasse admitir, Jack estava certo. Eu era ótimo em mentir, considerava a mentira como um superpoder que eu tive o prazer de ter. Porem, minha mãe era a minha Kryptonia. Nunca consegui mentir para ela, nem uma mentirinha boba, como, por exemplo, o bolo da quinta feira que ela fez, quando ela me perguntou se estava bom, eu não consegui disser um "sim" convincente o bastante para que ela acreditasse em mim.

—Primeiro- Respondi Jack-, ei! Segundo, você sabe que eu não consigo mentir para a minha mãe, terceiro, eu preciso que me ajude a sair daqui!

—Mas é claro que precisa! Você tem que conhecer Ele o quanto antes! Se não, nosso plano nunca dará certo! Como pretende sair daqui?!

—Porque sou eu que tem que inventar o plano?!

—Porque foi você que não conseguiu mentir pra mãe!- Jack deu de ombros- Além do mais, sei que você já tem algo em mente...

—Desculpa se os meus superpoderes falham na parecença dela!- Depois sorri para Jack e perguntei- Você ainda tem a Bela?

Jack sorriu enquanto respondia:

—Ela sempre esta comigo

[...]

Quanto tínhamos 7 anos, eu e Jack fizemos a Bela: A mais linda e destruidora catapulta do mundo feita por lápis! Bela era feita com apenas lápis (de cor preta) e elásticos (pintados de azuis, minha cor preferida), porem era forte, capaz de derrubar vários copos descartáveis (acredite, eu e Jack testamos), e também era a coisa mais bela que nos tínhamos visto a vida, por isso o nome. Bela já tinha nos colocado em varias confusões, mas sempre levamos ela na mochila.

Por isso não fiquei surpreso a vê-la na mão de Jack, esticando-a para mim, logo depois de um cutucão nas costas, dado por mim (ele sentava na minha frente, tornando nosso plano mais fácil ainda). Ajustei a mira de Bela na direção do professor de historia, estava preste a lançar a bola de cuspi que tinha feito antes do sinal bater, junto com Jack, quando ouvi uma voz irritante ao meu lado

—Você não devia fazer isso.- Falou Mary, uma garota de pele morena e olhos e cabelos castanhos

—Desde quando você diz o que eu devo ou não fazer?- Perguntei, irritado, o professor tinha saído da minha mira. Mary era uma certinha chata, que não deixava eu fazer nada, sempre me alertando o que eu devia ou não fazer, se o professor iria brigar ou não comigo.

—Você vai se meter em encrenca... Se fizer isso, vão chamar seus pais e você terá que sair mais cedo da escola...- Ela revirou os olhos- Além de levar uma bela bronca de sua mãe.

—Escuta só, Mary: Esse é o plano- mostrei a língua para ela.

—Porque você quer sair tanto da aula? Se você prestasse mais atenção saberia que é bem divertida, sabia?!

—Isso não é da sua conta, Rainha da Chatice!!- Virei me para frente, tentando, novamente, mirar no professor

—Passou a ser quando é o meu pai que você quer atirar!- Disse ela, um pouquinho mais alto. Ah é, o professor de historia era pai dela, o que a tornava mais chata ainda, odiava historia.- E não me chame assim!

—Rainha da Chatice! Rainha da Chatice!- Fiquei repetindo até que ela se levantou da sua carteira e começou a gritar

—Você é um idiota, Sebastian! Um baita de um babaca!

—E você é uma mimada sem graça que faz tudo que os outros mandam!!- Me levantei, gritando também- Aposto que nem sabe o significado de diversão!

—Hora, seu...- Antes que Mary falasse alguma coisa, o professor parrou bem na nossa frente, olhando para Mary com uma cara decepcionada

—Os dois para diretoria.- Falou apontando para a postar. Sorri, por mais que meus planos tenham ido para outro caminho, tiveram um bom resultado! E por mais incrível que pareça, por causa da Mary! A garota que só estraga tudo que eu faço! Parece que a senhora certinha tem seus lado escuro...

—Mas...- Ela começou- Eu... Eu não fiz nada! Foi ele que começou! Eu só estava...

—Mary, acompanhe Sebastian para a coordenação- Quando ela abriu a boca para falar, o professor acrescentou- Estou muito decepcionado com você.

Bufando, Mary agarrou o meu braço e me puxou para fora da sala, caminhando para a coordenação.

—Você é um boco, Sebastian!- Ela disse irritada

—Você é um boco, Sebastian!- Zombei dela- Cresça!

—Se enxerga!- Ela retrucou- Eu já tenho 9 anos, e você só 8 aninhos!

—Vou fazer 9 daqui a 3 meses!- Na minha turma, eu era o mais novo, todos já tinham feito 9 anos, enquanto eu ainda esta na faixa dos 8, e Mary sabia o quando isso me irritava

—Continua sendo criança- Mostrei a linga para ela, que parou em frente de uma porta, a coordenação. Antes que entrasse na sala, puxei seu braço

—Espera.- Ela me olhou franzindo as sobrancelhas, visivelmente espantada com o meu ato- Obrigada.- A palavra saiu com um gosto amargo da minha boca- Acho que, se não fosse você eu não teria conseguido...

—Porque é tão importante sair mais sedo da escola?- Perguntou, confusa e curiosa- As vezes eu vejo você na sala... Você é inteligente, só não demostra.

—Eu gosto da escola, Mary.., É só que, hoje, eu precisava fazer algo muito importante- Me expliquei, eu sabia que podia mentir para ela, porem sentia que devia alguma coisa

—Me conte mais- Insistiu. Olhei para ela pensativo- Eu quero ajudar...- Completou

—Amanha, na Doce Azul, no meu turno.- Ela ficou me encarando, até que assentiu com a cabeça. Quando estava, novamente, entrando na sala, eu perguntei, com um sorriso malicioso- Então quer dizer que você olha para mim durante a aula?

—Eu disse as vezes!- Respondeu encolhendo os ombros, entrando de vez na sala, mesmo não olhando diretamente para seu rosto, eu sabia que estava corando. Ri sozinho imaginando a cena.

Narrador

Assim que Percy entrou na doceria, procurou com os olhos sua mãe, perguntado para si mesmo se era uma boa ideia estar ali... Se Sally iria receber ele de braços abertos, ou se iria expulsa-lo dali e ordenar para que nunca voltasse novamente. Como não conseguiu vê-la, Percy passou a procurar um bom lugar para se sentar, e se surpreendeu com o movimento do lugar, não havia nenhuma cadeira vazia.

—Com licença, garoto?- Ouviu alguém o chamar. Percy se virou, dando de cara com um homem de aparência 40 anos e com cabelos curtos escuros, puxando pro cinzas por causa da idade, com um sorriso simpático- Quer se sentar comigo?

Surpreso com o convite do homem, Percy assentiu com a cabeça e se sentou na cadeira na frente do homem.

—Sou Rick- Se apresentou estendendo a mão, que Percy apertou, murmurando seu nome- Você é daqui, Percy?

—Sou- Percy suspirou- Mas tive que sair por uns tempos, mas agora estou de volta, e pretendo ficar- Completou com um sorriso no rosto.

—Porque teve que sair, amigo?

—É uma longa historia..- Percy deu uma risadinha sem graça. Rick fingiu olhar o relógio e deu um sorriso brincalhão enquanto respondia

—Eu tenho bastante tempo!

—Certo...- Respirou fundo e então começou a historia- Tinha uma garota...

—Ah meu caro, há sempre garotas!- Riu Rick, acompanhado por Percy, que logo continuou a contar a historia

—Ah, Rick- Suspirou, perdidos nos seus pensamentos- Ela era gentil, inteligente. E linda, tão linda... Eu a amava tanto... Só que o mundo não foi justo com nenhum de nos... A mãe dela apareceu, e não gostava nem um pouco de mim. Ela começou a falar que eu não era o bastante para a sua filha, que não havia como construirmos uma família juntos... Eu não ligava para o que ela falava, mas... Ela tinha razão, eu não tinha dinheiro suficiente para cuidar de nos dois, imagina de filhos! E eu queria dar o melhor para ela...

"Durante isso, eu havia conhecido o meu pai... Ele era rico, tinha uma boa vida e estava a beira da morte, por esse motivo veio me procurar, para que tivesse um herdeiro, eu fiquei feliz, pois além que receber uma bela quantia, eu teria um trabalho que me pagaria bem! Já que eu seria o herdeiro da empresa de meu pai. Porem, para que eu ficasse com a herança, eu teria que me mudar de pais, meu pai não morava em New York, tampouco perto daqui... então para dar a ela uma vida boa, eu teria que abandona-la...

"E foi isso que eu fiz. Mas prometi a mim mesmo que o quanto antes, voltaria e que nos ficaríamos juntos. Na minha cabeça, eu ficaria fora por um ou dois anos... Mas foram 8 anos, quase 9. Eu queria ter voltado antes, porem tinha varias pessoas querendo derrubar o meu cargo lá... Então tive que ficar e fazer com que as pessoas de lá confiassem em mim. Demorou muito... Mas eu estou de volta, com dinheiro e boa vida, e pretendo tela para mim novamente."

—É uma bela historia, garoto...- Comentou Rick- Mas como pode ter tanta certeza de que ela seguiu em frente?

—Sei que é arriscado, mas... Eu deixei a ela uma carta... Eu não escrevi muita coisa nela, dizia basicamente de eu voltaria logo, e que esperasse por mim, pois eu esperaria por ela... Então sei que, se ela em ama de verdade, ela estará esperando por mim.- Sorri- Só preciso procurar por ela.

—Uma carta?

—Se não em engano, eu trouxe o rascunho dela, deve estar no meio de minhas coisa no meu apartamento. Sabe, no meio da bagunça- Percy sozinho, enquanto Rick o encarava, pensativo- Rick porque me convidou para sentar com você?

—Você lembra alguém, não sei exatamente quem mas... Sei que é muito parecido com essa pessoa... Por esse motivo me pareceu simpático! E, vejam só! Eu estava certo! Estou te desejando muita sorte com essa garota, meu caro.

Percy franziu as sobrancelhas, por um momento, pensou em Sally, porem, além do formato da boca e do queixo, não havia puxado muito dela, era raro ouvir alguém dizer que eram parecidos... Pensou em quem poderia ser essa pessoa que Rick falava.

Até que um barulho de copos se quebrando e uma bandeja caindo no chão se ouviu pelo local. A mulher, de cabelos castanhos e olhos de cores indeterminados, suas mãos tampavam sua boca que formava um "O". Assim que Percy a viu, se levantou espantado e ao mesmo tempo feliz.

—Piper!- Exclamou, feliz

—O que...? Mas...? Quando...?- A garçonete não conseguia formular nem uma frase, enquanto corria em direção do seu amigo, e o abraçando com força, segurando as lagrimas que trasbordavam em seus olhos.

—Meu Deus, espere para ver a reação de Sally- Piper murmurou, ainda abraçando o amigo-, ela vai ficar tão feliz em ver você! Eu tenho tantas perguntas! Aliais...

Piper saiu do abraço de Percy o encarou no olhos, depois de segundos de espera, ela lhe deu um tapa no rosto. Sem reação, Percy colocou a mão sobre o local do tapa, e murmurou um "ai", e, em seguida, a olhou espantado, Piper somente apontou o dedo para ele e começou a falar

—Isso é por deixar nos deixar preocupadas!- Ela gritou, aparentemente furiosas, porem no fundo de seus olhos havia alivio de ver o garoto novamente- Antes de inventar essa palhaçada, você tinha parado para pensar no quanto deixaria sua mãe preocupada?! No quando me deixaria louca?! Você tinha parado pra pensar na situação da Anna...- Ela parou no meio da frase, arregalou os olhos e colocou uma das mãos na boca- Ai meu Deus! Annabeth!

—Onde ela esta, Piper?! Eu preciso vê-la!- Percy sorria feito uma criança.

—Ai meu Deu, ai meu Deus, ai meu Deus...- Era a única coisa que Piper conseguia falar.

—Piper? O que esta acontecendo?- Ouvisse uma terceira voz no lugar- Percy!- Logo, Sally correu para abraçar o filho cheia de alegria, diferente de Piper, Sally chorou muito no ombro dele, que chorou junto.

—Senti sua falta, mamãe- Murmurou ele, abraçando ela mais forte

—Meu bebezinho esta de volta- Disse, enquanto acariciava a bochecha de Percy- Como você cresceu... Se tornou um homem! Onde esta, meu filho? Você sabe o quanto me deixou preocupada?

—Desculpa, mãe...- Falou ele, se recusando a sair do abraço da mãe- Posso responder suas perguntas depois? Agora eu preciso saber onde esta Annabeth...

A mãe o olhou com os olhos arregalados, acompanhados com os de Piper. Nenhuma das duas sabia o que responder a Percy, não era uma coisa que se falava naturalmente, precisava de tempo e de uma boa estratégia... Porem não tinham tempo para isso.

—Quantas vezes vou ter que dizer Bash?! Você não pode...- A voz foi ouvida por Percy, que se virou rapidamente para vê-la, sem aguentar mais de ansiedade. Annabeth não soube o que fazer, ela se prendeu naqueles olhos, e ficou assim por exatos 10 segundos, quando se lembrou de algo. Bash.

Bash

Foi como minha vó me disse.

Ninguém precisou dizer.

Assim que o olhei, eu soube.