Um caminhão de pequeno porte fugia em alta velocidade de algumas viaturas de polícia. Os policiais disparavam contra o veículo sucessivas vezes mas de nada adiantava. No caminhão havia dois bandidos e eles tinham acabado de assaltar um banco e portavam milhões de dólares

— Acelera isso aí, estão nos alcançando!

— Cala a boca e continua atirando — Ordenava um deles

         No meio da perseguição, a única coisa que se ouvia era o som das balas sendo disparadas e o dos pneus naquelas curvas bem fechadas. E foi em uma dessas curvas fechadas que o caminhão deu uma batida de lado bem forte mas continuou prosseguindo seu trajeto

— Ei, toma cuidado! O dinheiro está todo lá atrás! — Reclamava um dos bandidos.

      Ao chegarem na 96th Street, um dos disparos dos policiais estourou o pneu traseiro direito do caminhão fazendo-o andar em Zigue-zague até o motorista ser obrigado a frear, e foi o que ele fez. Porém, antes de frear, ele vira o volante, fazendo o caminhão parar de lado na pista para eles conseguirem usá-lo de barreira no confronto com a polícia que já iria começar. Os dois bandidos saem do veículo, pegam as suas armas e começam a disparar contra as quatro viaturas de polícia que tinha os alcançado

— Vamos comandante, eles foram obrigados a parar! — E assim se deu início a troca de tiros entre os policiais e os dois bandidos

— Se acalmem, vamos esperar um pouco mais e continuar enrolando. Uma hora a munição deles vai acabar — Ordenava um dos policiais. Como já era tarde da noite, não havia muitas pessoas na rua, porém, as poucas que por ali passavam naquela hora tiveram muito azar. Elas corriam e gritavam aos mesmo tempo.

      Nathan chega ao local com seu uniforme caseiro do Homem-Aranha. Ele estava em cima de um pequeno prédio que ficava bem em frente do lugar que acontecia o confronto

— Quatro viaturas, um caminhão e dois bandidos. Pelo o que eu ouvi no rádio, eles roubaram um banco. O dinheiro deve está na parte traseira do caminhão — Pensava consigo mesmo — Se eu estivesse com os disparadores de teia, poderia facilmente pegar as armas deles dessa distância. O que eu faço?...

      — Cara, nossas munições estão acabando, eu pensei que não chegaríamos a esse. Que azar... — Se queixava um dos bandidos para o parceiro.

  — Nós deveríamos estar preparado para tudo, mas agora não temos tempo. Ainda bem que eu trouxe isso — Naquele momento, ele puxa uma granada.

    Quando os bandidos param de disparar, os policiais ficam atentos — Agora é a hora, vamos!

    E então a granada é arremessada e todos escutam o barulho dela quicando no chão.

   — Cuidado! Todos se afastem! — Gritava o comandante.

   
Boom!!! — A explosão acontece e acerta algumas das viaturas tornando ela maior. Todos os policiais se afastaram a tempo menos um, que foi o que iria correr em direção aos bandidos. Ele até chegou a correr para escapar mas ficou gravemente ferido — Uma ambulância, rápido! — Ordenava o comandante.

      O sentido de aranha de Nathan o avisou da explosão, e ele só se agachou por puro impulso. Após o sentido de aranha ter sido ativado, sua visão começa a ficar desordenada. Uma tonteira também o perturbava — Droga, de novo isso — Essa era uma das sensações que Nathan sentiu na luta contra o Dilacerador. Ele coloca as duas mãos no chão e tenta focar sua visão em um só ponto. Ele não podia deixar ser derrotado por ele mesmo novamente, tinha que impedir que os ladrões fugissem com o dinheiro.

    — Não vamos conseguir levar todas as sacolas de dinheiro, vamos pegar só algumas. Pelo menos essa missão não vai ser um total fracasso e o chefe pode dar um desconto — Analisava o bandido.

  Uma parte dos policiais estava socorrendo o amigo ferido mas um deles, avistou os criminosos fugindo com o dinheiro — Atirem neles! Não os deixem escapar! — Mas logo depois dele ter dito aquilo, Nathan salta de cima do prédio e aterrissa bem em frente aos dois bandidos — Desculpem meninas, mas vocês não vão a lugar algum — Zombava Nathan.

   — Mas o que? Que aberração é essa? — Estranhava um dos criminosos.

    O outro bandido não estava muito afim de conversa e rapidamente tenta desferir socos em Nathan que desvia de todos. Na última tentativa, Nathan o pega pelo braço e o torce fazendo o ladrão grunhir de dor. O outro também tenta acertar Nathan, que acerta um chute em cheio no rosto do ladrão. Como tinha largado o braço que estava torcendo do bandido, o criminoso pega uma faca e vai tentando perfurar Nathan. No final, o garoto dá um leve tapa na mão em que o bandido segurava a faca e acerta uma sequência de socos no rosto do vagabundo.

      O que tinha levado um chute de Nathan, tenta pegar a faca que havia caído, mesmo estando deitado. Mas Nathan pisa em sua mão  e o nocauteia. Os policiais ficam impressionados, um deles ainda estava com a arma apontada na direção de Nathan e dos ladrões com a boca aberta. 

  — Ei, você! — Gritava o comandante, chamando Nathan. O garoto pensa que vai se encrencar pois ainda não é muito conhecido e vai embora correndo. Quando o policial chega na entrada da rua em que Nathan correu, já não havia mais nada. Ele já tinha fugido — Mas quem é esse cara? — Se pergunta.

Casa dos Parker

   Kate, irmã mais nova de Nathan que tem 10 anos, chega ao quarto do irmão mas não o encontra — Que estranho, ele não está aqui — A garota anda de um lado pro outro, olha de baixo da cama, no armário, atrás da mesa do computador mas nada dela achar o irmão. Ela desce correndo as escadas e chama por sua mãe — Mamãe, mamãe, mamãe!!

    Kristine, que estava na cozinha, leva um susto e vai rapidamente atender a filha — Fala Kate, o que houve?? — Perguntava enquanto colocava as mãos nos ombros da filha — O Nathan, ele não está no quarto!

    Hudson, que estava sentado no sofá se levanta e indaga desesperadamente — Você tem certeza disso filha?? Ele subiu, deve estar no banheiro!

  — Ele não está papai, eu já olhei em todos os lugares lá em cima. 

   Kristine olha assustada para Hudson, que ia ter que procurar pelo filho.

     Enquanto isso, Nathan chegava em casa. Ele havia levado a mochila com sua roupa comum e a deixou escondida enquanto lutava. Ao voltar, para seus pais não estranharem, ele a joga bem forte pela sua janela do quarto e entra em casa — Cheguei!

   Os seus pais vão correndo e o perguntam — O que? É só isso que você fala, cheguei? Aonde você foi?

    — Fui dar uma volta ta legal, eu não estava bem. E antes que perguntem, sai pela janela do meu quarto.

— É bem alto, você pulou de lá de cima? — Pergunta Hudson, deixando Nathan sem uma boa resposta.

— Sim...e nem é tão alto. Olha, eu vou subir, estou exausto!

 Todos ficaram olhando para Nathan com estranheza enquanto o garoto subia as escadas. Ao chegar em seu quarto, tudo começa a rodar para Nathan, seus sentidos começam a ficar desorientados e aquela sensação de como se houvesse algo espetando o seu peito tinha voltado. Por fim, ele deita na cama e apaga.

Casa dos Nolan

       Mary Jane estava em sua cozinha preparando algo e Melissa sentada no sofá mexendo no celular enquanto na TV passava o noticiário — Uma troca de tiros entre a polícia e dois criminosos aconteceu agora a pouco na 96th Street, em Upper East Side. Os bandidos haviam roubado cerca de 2 milhões de dólares de um banco e carregavam o dinheiro em um caminhão. A polícia conseguiu alcança-los mas quem realmente os capturou foi o menino ou homem fantasiado de Homem-Aranha de hoje mais cedo. Os policias disseram que pelo o que viram e ouviram na hora, se trata realmente de um jovem. O mais curioso é que ele não lança teias mas mesmo assim se veste de Homem-Aranha.

    Melissa ficou um pouco pensativa, ela queria saber se Nathan estava bem — Só falaram desse cara vestido de Homem-Aranha hoje. Eu acho que ele é só um palhaço qualquer querendo ganhar fama às custas do meu pai — Observava Melissa.

     — Não fala assim filha, talvez ele só esteja querendo ajudar e se inspire no seu pai — Diz Mary Jane

     Melissa não ligou muito e continuou em seu celular, o que tranquilizou Mary Jane que não queria que a filha ficasse curiosa com o caso.

        Também em sua casa, Kelvin já estava ciente das ações de Nathan e resolve ligar pro amigo. O celular tocava mas ninguém atendia — Será que ele já foi pra casa? — Se perguntava Kelvin enquanto rodava em sua cadeira do computador.

                                        [...]

Pela manhã, o despertador começava a tocar, mostrando que já era seis e meia da manhã. Nathan continuava a dormir como se nada estivesse acontecendo. Após alguns minutos, ele abre os olhos aos poucos. Mas ele não conseguia levantar, seu corpo estava muito pesado. Pelo menos as sensações estranhas do dia anterior havia parado.

        A mãe de Nathan, Kristine, preparava o café da manhã na cozinha e Kate assistia, com muito sono, a TV. Ela sempre fazia isso pela manhã. Hudson lia o jornal, do Clarim Diário, na mesa da cozinha, ele sempre gostou mais de jornal do que outros meios mais modernos. O ato heroico de Nathan estampava a primeira página. O título da notícia era “Garoto-Aranha impede roubo milionário: Ato heroico ou tramado?” A foto era amadora e mostrava Nathan fugindo do local após derrotar os criminosos.

          — Amor você já viu isso? Alguém fantasiado de Homem-Aranha está combatendo o crime, atuou duas vezes ontem. Uma delas na 96th Street, aqui perto — Comentava Hudson

   — Sério? Deve ser alguém que gostava muito do Peter — Respondia Kristine enquanto arrumava a mesa para o café da manhã — Eu vou lá chamar o Nathan, ele já faltou a escola ontem.

    Kristine sobe as escadas e bate na porta do quarto do filho — Nathan! Filho, acorda, está na hora da escola! — O garoto não acordava e continuava a dormir  — Nathan, eu vou entrar! Estou avisando!

   Kristine entra no quarto de Nathan e logo nota a bagunça. Ela vai caminhando lentamente até a cama do filho, senta do lado dele e percebe o seu cansaço. Ela passa a mão na cabeça de Nathan e pensa

— Você está passando por muita coisa ultimamente não é? — Naquela hora Kristine se sentiu incapaz, pois não podia fazer nada pra ajudar o filho. Eles iriam se mudar e Peter, que era como um pai pra ele, havia falecido. Porém, ela ainda não sabia que Nathan ainda tinha que lidar com sua recém "vida de herói". Era notório a tristeza em seu rosto. Ela então decide deixar Nathan dormir e se retira do quarto.

      Chegando na cozinha, Hudson a questiona — E então querida, o Nathan não vem?

— Eu decidi deixar ele dormir hoje, parece cansado. Ele está passando por muita coisa ultimamente. — Ela respondia.

    — Ele parece bastante chateado comigo. Não é de se espantar, eu nunca fui um bom pai para ele.. — Se culpava Hudson enquanto abaixava o jornal.

  — Não fale assim querido, tenho certeza que essa raiva dele logo passa. Você é e sempre foi um bom pai, nunca deixou faltar nada para nós. — Dizia Kristine que acariciava o marido tentando confortá-lo. Já Hudson, continuava com a triste expressão em seu rosto. Ele sentia que nunca foi tudo que deveria ser para seus filhos.

Casa dos Parker

       Melissa se preparava para ir para a escola. Ela penteava o cabelo e já estava praticamente pronta. Da sua janela, ela podia ver o quarto de Nathan mas naquele dia a cortina do quarto do garoto encontrava-se fechada. Ela parecia desapontada por não conseguir vê-lo, além do mais, ele ainda não havia respondido sua mensagem. Ao caminhar até a cama e pegar sua mochila, Melissa se depara com uma foto dela com seu pai, Peter. A princípio, ela estranha pois não lembrava da fotografia e muito menos que a deixava do lado de sua cama — A minha mãe deve ter colocado aqui — Pensava Melissa enquanto segurava o retrato. Ela passa o dedo lentamente no rosto do pai, que estava com um lindo sorriso na foto. Seus olhos ficaram avermelhados e uma pequena lágrima caiu. Ela coloca o retrato no lugar e se retira do seu quarto.

       Ao descer as escadas, Mary Jane e Phill, que estava responsável por sua guarda naquela semana, a esperavam na porta — Filha, o Phill já está aqui para te levar na escola — Naquele momento, Mary Jane percebe que a filha estava um pouco estranha — Está tudo bem?

    — Sim mãe, pode ficar tranquila. Olá Phill, como vai?

  — Eu vou bem, vamos indo?

 — Vamos sim, até mais mãe!

 — Até filha, cuidado! — Ela respondia

                                          [...]

      Algumas horas depois, Nathan acorda um pouco confuso, afinal, ele havia apagado de tanto cansaço — Que horas são? — Se perguntava enquanto passava a mão na cabeça. Ele se levanta da cama, coloca uma blusa, arruma sua mochila e vai até a cozinha. Chegando lá, ele encontra Kristine — Mãe?

   Ela preparava o almoço, mas após ouvir Nathan, rapidamente se vira e fica animada em vê-lo — Oi filho, levantou é? Já estava na hora — Ela sorria.

   — Cadê o meu pai e a Kate?

— Seu pai foi levar a sua irmã na escola e depois disse que iria visitar o Jimmy.

   — Hum... — Nathan ainda parecia estar chateado com o pai devido a ultima discussão. Quando olha para a mesa, ele se depara com a capa do jornal que seu pai lia, era do Clarim Diário e logo na capa estava estampado o seu feito do dia anterior

   — “Garoto-Aranha impede roubo milionário: Ato heroico ou tramado?” O que isso significa? Todos  viram que esse cara só está tentando ajudar. O tio Peter sempre falou que esse jornal nunca gostou do Homem-Aranha ou nada relacionado a ele... — Reclamava Nathan

— Como você sabe disso? Aconteceu ontem a noite, acho que você já estava na cama filho — Questionava Kristine. A pergunta deixou Nathan sem saber o que responder.

— B-b-bom eu...Li a notícia agora no meu celular quando acordei, foi isso.

— Claro, entendi — Kristine nota que Nathan estava com sua mochila e enquanto fazia o almoço, ela pergunta para o filho sem tirar os olhos do fogão — Vai pra escola? Se for rápido consegue pegar o segundo turno.

— Sim mãe, vou sim. Aliás, acho melhor eu ir indo — Nathan pega uma maçã e se dirige até a porta. Quando ele já estava quase saindo, sua mãe a chama — Filho, espera um minuto!

 — Algum problema mãe?

  Kristine pensava em um bom modo de fazer a pergunta para Nathan — Está tudo bem com você e Melissa? É que ontem você não a levou na escola, como sempre faz, e hoje também não. Aí pensei que ela podia ter ficado chateada. — É então que Nathan se lembra que Melissa tinha enviado uma mensagem para ele — Claro mãe, está tudo bem sim. Agora vou indo. — Ele beija sua mãe e se vai. Após fechar a porta, ele percebe a presença de alguns homens de perto perambulando pela rua. Nathan bate na porta da casa de Melissa e MJ. Quando a ruiva abre, um dos agentes perguntam se estava tudo bem e ela confirma. Nathan estranha a situação.

— Olá Nathan, você está bem?

— Estou sim, tia. Eu preciso falar com a senhora.

                                           [...]

 Klaus, mais conhecido como Dilacerador, entrava em uma sala escura. Havia um homem sentado em uma cadeira, com as pernas em cima da mesa, contando um bolo de dinheiro e com um cigarro na boca  — Klaus? No que posso te ajudar?

  — Bom, eu gostaria de pegar o resto do investimento que você prometeu.

— Conseguiu arranjar algo de interessante com aquele Morgan para mim?

— Ainda não, mas eu irei! Não é fácil enganar o Morgan, ele suspeita de tudo. E também foi ele que investiu na minha armadura.

  O sujeito que contava o dinheiro, coloca as pernas no chão, joga o cigarro no lixo e responde Klaus — Então peça para o Morgan te dá mais dinheiro! Além do fato de você não ter cumprido a sua parte do acordo, mesmo que eu quisesse, não poderia liberar mais grana pra você. Um maluco que estão chamando de Garoto-Aranha, acabou com os dois homens que foram buscar uma encomenda de dois milhões de dólares. Parte desse dinheiro, seria destinado para você. Sinto muito.

   Klaus fica extremamente irritado — Garoto-Aranha? Espera aí, eu enfrentei um idiota vestido de Homem-Aranha ontem mesmo. Seria ele? — O cara sentado na cadeira, que aparentemente era quem dava as ordens, jogou um jornal em cima da mesa — Sim, é ele mesmo. Esse desgraçado.

  — Vamos fazer assim, acaba com ele, que eu te dou o dobro da quantia que iria te dar inicialmente. Esse cara pode ser um problema para os meus negócios futuramente, ainda mais agora que a mídia só fala dele.

— Não se preocupe, eu não farei isso só por dinheiro, ele realmente me estressou ficando no meu caminho. Se não fosse por ele, meu dinheiro estaria aqui — Após falar o que queria, Klaus se levanta e vai embora com um expressão facial que manifestava ódio. Ele iria dar um jeito de se livrar de Nathan, que ele conhecia por Garoto-Aranha. Algo nada bom estava por vir.