Ella escrita por A Dreamer


Capítulo 2
Coincidências?




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Ao chegar na porta da frente nem me importo de tirar os saltos para não acorda-la, era isso que eu queria. E pelo o que parece funcionou.
Quando viro a maçaneta a luz do abajur ao lado da poltrona na qual está senta minha mãe, acende.
Merda. Merda. Merda. Os olhos dela não estão nada cheios de raiva, estão com uma calma letal. Sabe quando não estão com pressa de matar e preferem ficar se demorando, até que a morte seja a melhor das opções? Então, ela esta exatamente com esse olhar. O que eu fui fazer?
Fico para na porta por uns cindo minutos, e o silêncio parece uma tortura. Conto cada segundo esperando pelos gritos e broncas, mas nada. O que ela quer?
— Ande logo, fale logo. — eu digo, com a voz calma e olhando-a desafiadoramente.
Dessa vez ela desvia os olhos, mas não para mirar em outro lugar, mas para me ver. Ver o que estou vestido, a resposta para onde estive.
— Eu esperava que você usasse seu cartão para comprar livros e depois eu tivesse que devolver, mas não isso Ella, não de você.
— Esse é seu problema, você acha que não tenho opções. Mas eu tenho e adivinha. Achei um novo jeito de me divertir e agora não preciso mais de livros. Uma boa notícia não é?
Reviro os olhos e vou andando em direção a escada, afinal, amanhã — ou pode se dizer hoje — é segunda e ainda tenho aula.
Estudo de manhã, sempre fui para o colégio virando a noite lendo livros, por que não ir depois de virar a noite em uma boate? E não posso manter meu posto de a mais popular se nem sou vista não é?
— Vou me arrumar para o colégio.

E encerrando por aí subo as escadas até meu quarto.
Meu colégio é particular. Posso ser a mais popular, mas amigos de verdade só tenho 2. Laila e Richard, e não, não tenho atração por ele, apesar de ser até bonito, ele joga no mesmo time que eu. Mas não que a beleza seja o mais importante, nos 3 somos amigos desde crianças, Richard nunca deu em cima de mim, foi por isso que deixei ele se aproximar. Ele omitia sua sexualidade, mas mesmo sem contar para os pais, eles já sabiam.
Laila, bem, Laila é Laila. Eu sou vento e ela é fogo, o vento pode ser o combustível do fogo, pois é o oxigênio que o alimenta, mas sem vento, sem fogo. Sou quieta, e até manipuladora, posso não falar muito, mas minha mente nunca para. Já Laila, ela chama atenção por onde passa, sempre conhece e conversa com todos, mas como disse, sou eu quem a alimenta — não no sentido literal — e ela precisa de mim.
Arrumo meu material dentro da bolsa e coloco o uniforme.
Acho que a melhor parte da minha escola é o uniforme. Blusa branca, gravata, blaser preto, saia, meia alta e um sapato branco. É um uniforme, mas acho tão elegante.
Depois disso desço a escada e como cereais. A mesma rotina de sempre.
Ao terminar escovo meus dentes e arrumo a maquiagem, afinal, ainda estou com a maquiagem que sai e cheguei.
Retiro um pouco do preto do olho e passo um corretivo nas olheiras que ficaram devido à minha noite agitada. Não preciso que ninguém saiba que não dormi, ou onde eu estava. Não é da conta deles e não preciso que isso circule pelo colégio. Retiro o batom e passo um protetor hidratante.
— Ella.
Viro o rosto, nem tinha percebido que minha mãe estava a porta. Maquiagem é uma arte no final, e exige concentração.
— Não, não tenho tempo para o que tenha planejado dizer. Preciso ir agora para não chegar atrasada.
Ela me olha como se eu tivesse dado um tapa na cara dela. Mas não estou com um bom humor, não agora que nem dormi,
Pego minha bolsa, uma garrafa de água, minhas chaves e vou para o carro.

O estacionamento do colégio está lotado, mas mesmo assim minha vaga está vazia. Entre o carro de Laila e Richard. Eles já chegaram. Normalmente eu e Rick ficamos esperando Laila, mas essa não foi uma noite normal para mim.
— Dos livros para as boates.
— Quem diria que Ella Walbrooth sabe se divertir — disse Laila com um sorriso malicioso.
— Não sei por que, mas não estou nada supresa de vocês dois já saberem — digo retornando o sorriso.
— Ora, ora, ora, quando for se divertir lembre dos seus amigos. — disse Rick.
— Não fui lá para me divertir.
— Então foi para que? — indagou Laila, provavelmente já pensando que minha frase tem algo escondido.
— Para nada — Rick e Laila se entreolham, reviro os olhos e bufo, claro que só isso não vai basta. Não para eles — eu tinha que irritar minha mãe, mostrar que tenho opções. Mas não fiz nada lá além de só perder tempo.
— Ok então. — diz eles em sintonia.
Rick vem para mais perto de mim e joga o braço por cima do meu ombro.
— Vamos para as notícias — diz ele com malícia nos olhos — está vendo aquela BMW preta ali?
Não reconheço o carro, e eles percebem isso , pelo meu olhar confuso.
— O dono dele é bem melhor — cantarola Laila.
— Aluno novo?
— Sim, e o melhor, do nosso ano. Vamos ver quem tem sorte de pegar mais matérias com ele. — diz Rick.
— Não estou competindo — digo a eles.
— Mesmo com esse seu corretivo todo, seu mal humor lhe entrega — diz Rick e dou um beliscão nele.
— Vamos logo, tenho aula de Artes agora e não estou afim de discutir com a Sra Fhilldes.
Tranco meu carro e vou andando em rumo à entrada do colégio. Para a sala de artes. Enquanto Rick e Laila vão para as suas.

Nosso colégio era um antigo castelo, provavelmente com muitos quartos enormes, dizem que não precisaram construir nem uma das salas, pois já se tinha mais do que o suficiente. Eles reformaram, para a segurança, não por decoração. Quiseram manter um clima antigo, por mais que seja a escola, ela é linda. E essa decoração antiga me acalma.
Entro na sala e vou em direção ao meu lugar. Desde o começo do ano sento no mesmo então, ninguém ousa me desafiar. Ele já esta praticamente rotulado como o meu lugar.
Bem na hora que o sinal toca a Sra Fhilldes entra, sempre pontual. Como a maior parte dos professores, mas a diferença entre eles e ela, é que ela exige que os alunos também sejam.
— Peguem uma tela e tintas, quero uma recriação das suas obras favoritas — todo mundo começa a se levantar para pegar os materiais, quando alguém para a sua infelicidade própria chega atrasado.
— Cadê a sua pontualidade? Se tem um horário, é para ser seguido. – diz Sra Fhilldes.
— Ainda não tinha o meu. Estava pegando na recepção.
Aí não, essa voz. Mesmo tendo escutado só um pouco é fácil de lembra do convite seduzente por baixo dela. Mas como? Quem é ele e o que está fazendo aqui? No meu colégio.
Olho na sua direção pela primeira vez desde que entrou na sala, aquele cabelo loiro, olhos azuis profundos e bronzeado perfeito. Está ainda melhor que a algumas horas atrás.
— Turma. Parece que temos um aluno novo, Johnathan Havilliard. Escolha seu luga. Da próxima vez não terá essa desculpa. — diz Sra Fhilldes voltando sua atenção para sua mesa — Ella Walbrooth irá lhe ajudar.
Todos se viram para mim e juro que ouvi "por que sempre ela?" "a mais popular do colégio e ainda consegue o mais gato também?". Se fosse qualquer outro dia ou com qualquer outro "gato", eu teria sorrido. Mas não com aquele psicopata, não com ele.
Ele vem e minha direção e desvio os olhos para minha tela, como se estivesse desinteressada.
— Tem que fazer uma recriação da sua obra favorita— digo já andando em direção aos materiais com ele atrás — pegue aqui os materiais que quiser, no final da aula coloque-os de volta limpos.
Olho para ele e quando tenho certeza que ninguém pode ouvir digo.
— O que você está fazendo aqui?
— Pegando meus materiais.
Reviro os olhos e digo com a voz mais firme.
— Está me perseguindo?
— Porque estaria?
Ah como ele me dá raiva, respondendo uma pergunta com outra pergunta, evitando a resposta.
— Diga-me você, ontem me encarando. No estacionamento me segurando e agora na mesma escola?
— Falando assim parece que estou lhe perseguindo, mas coincidências acontecem Ella Walbrooth.
Viro as costas deixando ele para catar seus próprios pincéis. Ele que se vire.
Gostando ou não dele devo admitir. Ele ficou quase irresistível com o uniforme. O blaser preto sorteado em seus músculos, a camisa social branca com uns 2 botões abertos e a gravata meio frouxa. Provavelmente vai levar uma bronca, mas não que eu me importe.

 


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